terça-feira, 12 de novembro de 2013

O rei vai nu

Ao fim de cerca de 30 meses de governação, começa a ser altura de dizer que o rei vai nu e que, no nosso país, tudo ou quase tudo está muito pior do que estava em Maio de 2011, porque o desemprego aumentou, o défice não diminuiu, a dívida agravou-se, as famílias empobreceram, os jovens estão a emigrar, o pequeno comércio faliu e não há investimento. Vivemos bem pior, embora o número de multimilionários tenha aumentado mais de 10% num só ano, mas isso nem sequer envergonha quem nos governa. Os nossos governantes – o “bando de meninos”, como lhes chamou António Lobo Antunes – deixaram-se humilhar pelos diktats da troika, levados pela sua impreparação, incompetência, ignorância, deslumbramento, irresponsabilidade e fanatismo ideológico. Isso tem sido a nossa desgraça, que o novo-riquismo de Barroso e Constâncio, que são a projecção internacional deste tipo de gente, tanto têm apoiado. O ataque ao Estado social é permanente e a nossa sociedade está decadente e vive amedrontada, pois não se vê uma estratégia nem um rumo para sair deste atoleiro. Eles não previram a recessão, nem são capazes de sair dela. Em vez de atacarem as causas do excesso da despesa que são as PPP, os juros especulativos que nos impõem, as rendas excessivas do sector da energia ou a proliferação de institutos públicos e empresas municipais, atiram-se aos pensionistas e aos funcionários públicos, com medidas socialmente inaceitáveis. Não toleram o Tribunal Constitucional nem quem lhes modere os apetites. Mentem descaradamente e têm medo de andar na rua. Esperava-se que os nossos eleitos defendessem os portugueses, mas revelam uma insensibilidade gritante e ofendem os seus legítimos direitos. Estão ao lado dos especuladores e não são capazes de mobilizar o país. E, no meio desta quase tragédia que tem sido esta governação Passos-Portas ou Portas-Passos, ainda há quem diga que “vamos no bom caminho”, ao mesmo tempo que se ouvem os aplausos ou os silêncios do palácio de Belém...

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