segunda-feira, 2 de junho de 2014

A herança cultural portuguesa de Ceuta

 
Na capa da edição de hoje do diário El Pueblo de Ceuta destaca-se o escudo português, que serve de enquadramento à imagem de Juan Jesus Vivas, o homem que desde 2001 preside à cidade autónoma espanhola de Ceuta. Para além das fotografias, a capa do jornal tem o título “o desgoverno de Vivas” e o ante-título “o executivo de Vivas acumula escândalo atrás de escândalo”. Porém, não são o “escândalo” ou o “desgoverno” referidos na notícia que motivam este apontamento, mas tão só o escudo português. De facto, o escudo português faz parte da bandeira de Ceuta e, diz-se, Portugal também está na alma de Ceuta.
Foi na manhã do dia 22 de Agosto de 1415 que os portugueses desembarcaram e tomaram a cidade de Ceuta, que a partir de então se tornou a primeira cidade europeia em África, mas também a primeira cidade euro-africana do mundo global que se começava a formar. Na expedição comandada pelo próprio Rei D. João I, integravam-se os seus três filhos mais velhos e, para além da tropa portuguesa, havia soldados ingleses, galegos e biscainhos. Quando em 1640 foi restaurada a independência portuguesa, depois dos 60 anos em que vigorou a União Ibérica, os moradores portugueses da cidade decidiram continuar ligados à Coroa espanhola, sem que o novo Rei de Portugal se opusesse. Porém, apesar de se desligarem de Portugal, os moradores de Ceuta conservaram a sua bandeira igual à de Lisboa e o escudo português, para além de manterem a sua matriz cultural portuguesa.
Cientes da importância da memória histórica para a afirmação da sua identidade, as autoridades de Ceuta já estão a preparar as comemorações dos 600 anos da chegada dos portugueses a Ceuta, como testemunho da sua entrada na modernidade e como símbolo de um espaço multicultural onde convergem quatro culturas e quatro religiões, tendo por pano de fundo a herança cultural portuguesa.

Sem comentários:

Enviar um comentário