Os resultados das
eleições europeias deixaram muitos milhões de cidadãos europeus confrontados
com uma realidade que se vinha desenhando mas que nunca se tinha revelado de
forma tão evidente: a gestão europeia tem sido orientada essencialmente para a satisfação de interesses particulares e os ideais de Jean Monnet, Robert Schuman,
Konrad Adenauer e Paul-Henri Spaak têm sido atraiçoados. O capital de
esperança gerado pelo Tratado de Roma, que apostava na construção de uma
comunidade de paz, prosperidade e solidariedade, tem sido desperdiçado pela
incompetência, egoísmo e leviandade de muitos líderes europeus, nos quais é
justo incluir essa medíocre figura política que é o Comissário Barroso.
Os recentes resultados
eleitorais falam por si e a ameaça de desagregação europeia é cada vez mais
forte. A participação eleitoral global ficou-se pelos 43%, enquanto a insatisfação e o
cansaço das populações perante a arrogância de Bruxelas e Frankfurt se traduziu
num enorme protesto de rejeição das políticas de austeridade que estão a minar
a coesão social e a aumentar a desigualdade, sobretudo na orla sul da Europa.
Submissos à tutela alemã e anestesiados pelas suas vaidades pessoais, os
dirigentes políticos europeus e a dispendiosa burocracia que instalaram, apenas
têm criado o descrédito dos partidos políticos tradicionais e aberto as portas
a ideologias erráticas, populistas ou hegemónicas. Os partidos
eurocépticos progrediram no Reino Unido, na Itália, na Grécia, em França e até
na Alemanha. Vários países registaram participações eleitorais abaixo dos 20%. O triunfo da Frente Nacional devastou a paisagem política francesa
e, embora com contornos diferentes, evoca-nos um tempo que ensombrou a Europa e
o mundo e que já parecia perdido no tempo. Na Espanha os dois grandes partidos
- PP e PSOE - perderam cinco milhões de votos e, em Portugal, mais de 6,4
milhões de eleitores inscritos não votaram e quase 250 mil votaram em branco ou
nulo.
A União Europeia
está realmente a passar por um mau momento e há um futuro de grande incerteza
no seu horizonte, sobretudo se não houver coragem para ouvir os cidadãos e para
contrariar a arrogância e a rapina da finança internacional e dos seus
servidores.
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