domingo, 28 de setembro de 2014

A Bretanha e a sua identidade cultural

Nos últimos anos, a crise económica, a generalizada má governação e a inexistência de verdadeiros líderes europeus, têm ampliado a insatisfação dos cidadãos, um pouco por todo o continente, estando os sinais dessa insatisfação a revelar-se por diferentes formas, sobretudo de ordem política e cultural.  
Ontem na cidade francesa de Nantes, a principal cidade do Departamento de Loire-Atlantique, cerca de quatro dezenas de milhar de cidadãos com os seus tradicionais gorros vermelhos e com bandeiras da Bretanha, manifestaram-se e reivindicaram que o seu Departamento fosse integrado na região administrativa da Bretanha, de que fazem parte os Departamentos de Finistère (Brest), Côte d’Armor (St. Brieuc), Ile et Vilaine (Rennes) e Morbihan (Lorient).
A edição de hoje do Ouest-France, mas também outros jornais franceses, destacaram a importância histórica da marcha ontem realizada por uma Bretanha reunificada. Esta reivindicação tem um carácter histórico e cultural, pois “o Loire inferior faz parte da Bretanha desde há mais de mil anos e a Bretanha a quatro, não é a Bretanha”. A mobilização pela “reunificação da Bretanha com 5 Departamentos” e pela defesa da sua língua, tem-se acentuado nos últimos anos e, segundo as sondagens conhecidas, a maioria dos bretões quer esta reunificação.
O curioso é que, embora com objectivos distintos, a manifestação ontem realizada em Nantes acontece depois do referendo escocês e numa altura em que a Catalunha se radicaliza, significando que para além deste sentimento reunificador, também haverá um sentimento autonomista entre os bretões, historicamente ligados ao mar e ao Atlântico como nenhuns outros franceses.

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