Nos últimos anos,
a crise económica, a generalizada má governação e a inexistência de verdadeiros líderes
europeus, têm ampliado a insatisfação dos cidadãos, um pouco por todo o
continente, estando os sinais dessa insatisfação a revelar-se por diferentes
formas, sobretudo de ordem política e cultural.
Ontem na cidade
francesa de Nantes, a principal cidade do Departamento de Loire-Atlantique, cerca
de quatro dezenas de milhar de cidadãos com os seus tradicionais gorros
vermelhos e com bandeiras da Bretanha, manifestaram-se e reivindicaram que o
seu Departamento fosse integrado na região administrativa da Bretanha, de que
fazem parte os Departamentos de Finistère (Brest), Côte d’Armor (St. Brieuc),
Ile et Vilaine (Rennes) e Morbihan (Lorient).
A edição de hoje do Ouest-France,
mas também outros jornais franceses, destacaram a importância histórica da marcha
ontem realizada por uma Bretanha reunificada. Esta reivindicação tem um
carácter histórico e cultural, pois “o Loire inferior faz parte da Bretanha
desde há mais de mil anos e a Bretanha a quatro, não é a Bretanha”. A
mobilização pela “reunificação da Bretanha com 5 Departamentos” e pela defesa
da sua língua, tem-se acentuado nos últimos anos e, segundo as sondagens
conhecidas, a maioria dos bretões quer esta reunificação.
O curioso é que,
embora com objectivos distintos, a manifestação ontem realizada em Nantes
acontece depois do referendo escocês e numa altura em que a Catalunha se
radicaliza, significando que para além deste sentimento reunificador, também
haverá um sentimento autonomista entre os bretões, historicamente ligados ao
mar e ao Atlântico como nenhuns outros franceses.
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