segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A Europa reage e começa a manifestar-se

Um pouco por toda a Europa, sobretudo no sul, estão a crescer os movimentos de contestação ao modelo de intervenção político-económica que tem sido imposto aos Estados-membros por Bruxelas (ou por Berlim), em nome das reformas estruturais do Estado e do sector público, da redução dos défices e da estabilização financeira. O problema é muito complexo e tem características específicas em cada país, embora o traço comum dessa intervenção sejam as políticas de austeridade, mais a arrogância de quem as impõe e o maior ou menor servilismo e insensibilidade social de quem as aceita. Nas últimas horas, os jornais noticiaram que a chanceler alemã quer que Paris e Roma introduzam mais reformas para reduzir o défice público e lancem novas reformas estruturais para apoiar as suas economias. Isso mesmo está referido na primeira página da edição de hoje do jornal DNA – Dernières Nouvelles d’Alsace que se publica em Strasbourg, que anuncia que “Merkel rappelle la France et l’Italie à l’ordre”. Esta declaração evidencia a arrogância dos mais fortes perante os mais fracos. As populações reagem, porque não compreendem nem aceitam os sacrifícios que lhe são impostos pelos especuladores da finança internacional e pelos seus aliados. Essa reacção nasce de pretextos diversos e tem características diversas. Na Grécia, na Itália e, até na Bélgica, tem gerado manifestações muito violentas contra a austeridade, que as televisões nos têm mostrado. Na Espanha tem servido para alimentar o independentismo catalão. Na França, onde se tem procurado fazer uma reforma das regiões (em nome da redução da despesa pública), estão a aparecer movimentos de contestação e de recusa do centralismo, desde a Bretanha à Alsácia. Hoje, no mesmo jornal de Strasbourg, a primeira página exibe uma fotografia de uma manisfestação em Mulhouse em que é exibido um cartaz com a seguinte mensagem: “Paris, nous n’avons pas besoin de toi”.
Não há dúvidas: a Europa anda muito desorientada!

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