Um pouco por toda a Europa, sobretudo no sul, estão a crescer os movimentos
de contestação ao modelo de intervenção político-económica que tem sido imposto
aos Estados-membros por Bruxelas (ou por Berlim), em nome das reformas estruturais
do Estado e do sector público, da redução dos défices e da estabilização
financeira. O problema é muito complexo e tem características específicas em
cada país, embora o traço comum dessa intervenção sejam as políticas de
austeridade, mais a arrogância de quem as impõe e o maior ou menor servilismo e
insensibilidade social de quem as aceita. Nas últimas horas, os jornais
noticiaram que a chanceler alemã quer que Paris e Roma introduzam mais reformas
para reduzir o défice público e lancem novas reformas estruturais para apoiar
as suas economias. Isso mesmo está referido na primeira página da edição de hoje do jornal DNA –
Dernières Nouvelles d’Alsace que se publica em Strasbourg, que anuncia que “Merkel
rappelle la France et l’Italie à l’ordre”. Esta declaração evidencia a
arrogância dos mais fortes perante os mais fracos. As populações reagem, porque
não compreendem nem aceitam os sacrifícios que lhe são impostos pelos
especuladores da finança internacional e pelos seus aliados. Essa reacção nasce
de pretextos diversos e tem características diversas. Na Grécia, na Itália e,
até na Bélgica, tem gerado manifestações muito violentas contra a austeridade, que
as televisões nos têm mostrado. Na Espanha tem servido para alimentar o
independentismo catalão. Na França, onde se tem procurado fazer uma reforma das
regiões (em nome da redução da despesa pública), estão a aparecer movimentos de
contestação e de recusa do centralismo, desde a Bretanha à Alsácia. Hoje, no
mesmo jornal de Strasbourg, a primeira página exibe uma fotografia de uma
manisfestação em Mulhouse em que é exibido um cartaz com a seguinte mensagem: “Paris,
nous n’avons pas besoin de toi”.
Não há dúvidas: a Europa anda muito desorientada!
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