sábado, 4 de abril de 2015

Há sinais muito promissores no Irão

Depois de um longo processo de conversações, as últimas das quais realizadas em Lausana, chegou-se a um entendimento de base que limita o programa nuclear iraniano em troca do fim das sanções internacionais que têm vigorado, o qual foi subscrito pelo Irão e pelo chamado grupo P5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha).
Hoje, a edição do prestigiado e influente Le Monde chama-lhe um acordo histórico, mas enquanto os iranianos comemoraram esta notícia com grandes manifestações de júbilo nas ruas, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu considerou-o uma ameaça a Israel. Nos Estados Unidos há muita gente que não ficou nada satisfeita, pelo que o Presidente Obama vai ter pela frente a tarefa de convencer os seus opositores republicanos no Congresso.
Nos próximos três meses serão discutidos os pormenores do acordo final que será assinado em Junho, mas não é seguro que os acertos finais decorram sem problemas, sobretudo nos Estados Unidos, apesar de estarem garantidas as principais exigências americanas quanto à impossibilidade do Irão desenvolver armas nucleares e de estar assegurada a aceitação de regulares verificações por inspectores internacionais.
O Irão é um inimigo tradicional de Israel e tem estado envolvido, directa ou indirectamente, na complexa conflitualidade e na guerra que está em curso no Iraque e na Síria, para além de estar empenhado na luta contra as forças do Estado Islâmico. O Irão é uma peça muito importante na região e tem uma equação com muitas variáveis para resolver, mas o passo que agora deu é muito promissor no sentido de estabelecer uma relação de maior cooperação com os Estados Unidos e, por essa via, contribuir para a resolução dos graves conflitos daquela região.
(PS: A mesma edição do Le Monde destaca em primeira página o falecimento de Manoel de Oliveira).

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