quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A reconciliação firmada em Pearl Harbor

Cerca de 75 anos depois da famosa operação aeronaval em que a Marinha Imperial japonesa atacou a base americana de Pearl Harbor nas ilhas Hawai, o Presidente Barack Obama e o primeiro-ministro Shinzō Abe encontraram-se exactamente no local onde no dia 7 de Dezembro de 1941 aconteceu esse ataque que provocou a morte de 2300 militares americanos e empurrou os Estados Unidos para a 2ª Guerra Mundial. Como foi afirmado nos discursos pronunciados no USS Arizona Memorial, nenhum outro local era tão apropriado para assinalar a definitiva reconciliação entre os Estados Unidos e o Japão.
Esta foi a primeira visita oficial de um líder japonês àquela base naval e esse gesto emblemático foi interpretado como o símbolo de uma autêntica reconciliação, a que ainda assistiram alguns sobreviventes dessa trágica manhã, entre os quais o luso-descendente Alfred Rodrigues. 
Porém, esta iniciativa também teve o cunho da reciprocidade. De facto, no passado mês de Maio o Presidente Barack Obama tinha sido o primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar Hiroshima, a primeira cidade japonesa sobre a qual foi lançada uma bomba nuclear no dia 6 de Agosto de 1941, que provocou a morte de 150 mil pessoas.  Nesse local encontra-se hoje o Hiroshima Peace Memorial e foi aí que Barack Obama e Shinzō Abe deram ao mundo uma primeira imagem de reconciliação. 
Estas visitas foram mensagens enviadas para o mundo, mostrando que é sempre possível encontrar a paz, mesmo depois das mais violentas guerras. O jornal Star Advertiser que se publica em Honolulu, fez uma alargada reportagem do acontecimento e, na sua primeira página, destacou exactamente a palavra reconciliação. Curiosamente, nem Barack Obama pediu desculpas ao Japão, nem Shinzō Abe pediu desculpas aos Estados Unidos, isto é, houve um respeito pela História e não houve lugar para esse tipo de hipocrisias.

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