sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A manhosa caixa que mudou o mundo

A  caixa que mudou o mundo, fórmula que os profissionais da televisão gostam de usar para valorizar o seu trabalho, é o mais poderoso meio de comunicação de massa do mundo moderno, abrindo janelas, quebrando fronteiras e divulgando informação cultural, económica e política. Nessas circunstâncias, a televisão tornou-se uma presença permanente nas sociedades contemporâneas e o seu poder de formar e de informar, mas também de educar e de divertir, são enormes nas modernas sociedades, em que há dezenas de canais televisivos ao dispor do público, uns generalistas e outros temáticos. Em Portugal também é assim, embora o espectro televisivo seja dominado por três grandes canais: a RTP, a SIC e a TVI.
Porém, nos últimos tempos, todos estes canais enveredaram por uma programação medíocre, muitas vezes a roçar a foleirice, enchendo manhãs e tardes com programações em que são cultivados os valores mais rascas da nossa realidade cultural. Há, evidentemente, algumas excepções honrosas a essa mediocridade, mas são cada vez mais raras.
No plano informativo, a programação destes canais parece estar entregue a estagiários a quem foi imposta a missão de criar factos controversos ou sensacionalistas, em vez de relatar a verdade com isenção e rigor. Chega a parecer que ninguém tem mão na situação e que não há responsáveis pela verdadeira desgraça que é a informação televisiva, muitas vezes manhosa e desonesta. Nos seus alinhamentos noticiosos, os nossos canais televisivos repetem muitas vezes, dezenas de vezes, a mesma notícia, mesmo quando a realidade já ultrapassou a situação noticiada. Assim, tornou-se normal que um espectador veja uma mesma notícia vezes sem conta e durante vários dias, seja a declaração de um político ou um golo no futebol, uma anomalia na CP ou um abraço presidencial.
Como diria um amigo meu, as nossas televisões são uma boa porcaria e oferecem-nos diariamente um espectáculo demasiado ridículo e manhoso.

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