sábado, 25 de maio de 2013

As elites também criticam o governo



Numa época em que reina uma enorme desorientação, muita incerteza e até algum medo no seio da população portuguesa, a carta aberta que o Presidente da Câmara Municipal do Porto dirigiu ao governo é uma voz que desperta silêncios e que constitui um grito de revolta, como hoje salienta o Jornal de Notícias. A carta acentua a importância da reabilitação urbana para inverter as actuais tendências recessivas e para contribuir para o relançamento da actividade económica, porque constitui uma alavanca para a regeneração das cidades, a requalificação da construção civil, a atractividade turística, a animação do comércio, da restauração e da hotelaria, o repovoamento dos centros urbanos, a defesa do património histórico edificado e, sobretudo, a criação de emprego. 
Acontece que em 2004 foi criada a sociedade Porto Vivo, SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, SA, detida em 40% pela Câmara Municipal do Porto e em 60% pelo Estado, com a missão de conduzir o processo de reabilitação da Baixa Portuense. Porém, segundo denuncia a carta, o governo tem asfixiado a Porto Vivo, o que constitui “uma incompreensível agressão à economia local e uma notória falta de respeito pelo Porto”, o que só acontece devido a “uma estranha obsessão conjugada com um notório desconhecimento da realidade e uma escassa visão política”. É, portanto, um violento ataque ao governo e a carta foi subscrita por cinquenta personalidades dos mais diversos quadrantes políticos, incluindo fundadores do PSD, antigos ministros, empresários, académicos e outros notáveis da cidade do Porto. Não é habitual este tipo de manifestação das elites que, entre nós, constitui uma nova e promissora dimensão da acção política.É a voz da sociedade civil, para além da lógica partidária.

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