sexta-feira, 22 de maio de 2015

É lamentável que façam tanta propaganda

Daqui a cerca de quatro meses irão realizar-se eleições legislativas e a longa caminhada eleitoral já começou. Isso é visível nos debates parlamentares e nos debates televisivos, com cada um dos partidos a querer afirmar as suas posições e a pretender desvalorizar as intenções dos seus adversários. Goste-se ou não deste jogo, o facto é que tem sido assim. Porém, este modelo de luta eleitoral apresenta duas “inovações” curiosas.
A primeira é o facto do Partido Socialista (PS) ter encomendado a um grupo de reputados economistas a elaboração de um cenário macroeconómico para analisar e discutir o futuro e para servir de base a um programa eleitoral a apresentar ao eleitorado que, entretanto, foi aprovado nas suas linhas gerais.
A segunda “inovação” refere-se à atitude do governo e dos ministros, que existindo para nos governar e para garantir a paz social, o progresso económico e o bem-estar dos portugueses, parece terem deixado de nos governar e passado a fazer uma descarada e condenável propaganda, que deveria ficar reservada para os seus deputados, militantes e simpatizantes. Porque  não vale tudo. Não pode valer tudo! E o que lemos ou ouvimos?
Passos Coelho em entrevista aos seus amigos do jornal "Observador", diz que a Taxa Social Única (TSU) proposta pelo PS põe em causa o pagamento das pensões e afirma que o programa socialista é incompatível com a União Europeia. Em visita oficial à Trofa, ouvimos Paulo Portas dizer que o programa do PS contém propostas “perigosas” em matéria de Segurança Social e salientar que esse documento tem “sofrido algum zigzague”. Navegando nas mesmas águas, o privatizador Pires de Lima veio dizer que as propostas do PS em matéria de TSU eram contraditórias com toda a oposição que o PS tem feito e são muito “perigosas” do ponto de vista financeiro para a sustentabilidade da Segurança Social". Na Figueira da Foz falou Poiares Maduro para dizer que o programa eleitoral do PS aposta num crescimento que nunca será sustentável, porque é baseado no consumo interno. Também Nuno Crato afirmou em Lisboa que não acredita que o PS seja “o próximo governo” e considerou um "erro gravíssimo" suspender a prova de avaliação de professores, como consta da proposta de programa eleitoral socialista. Aguiar-Branco, em plena Base Naval de Lisboa e no seu já habitual registo de insensatez, acusou o PS de querer um modelo de governação “muito à engenheiro Sócrates” e disse que “é mais uma sondagem de ideias”, tal como já foi feito com o cenário macroeconómico. Apesar da sua pequenez académica, Maria Albuquerque criticou o cenário macroeconómico do PS e disse que “com a mesma receita e os mesmos protagonistas” de 2009, não é possível esperar um resultado diferente. Enquanto admite a possibilidade de avançar para a liderança do seu partido, Assunção Cristas também critica o PS e acusa-o por nunca ter feito o balanço da era Sócrates, mostrando-se perplexa por aquele partido se apresentar aos portugueses.
São assim. Falam, falam, falam. Em vez de governar, actuam na esfera político-partidária. Todos a falar, esquecendo a dignidade mínima das suas obrigações ministeriais, usando a função de Estado e o tempo de antena para atacarem o adversário. Devem estar assustados.

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