A transparência política
é cada vez mais uma exigência das sociedades democráticas e obriga os governos,
os governantes e os políticos em geral a prestar contas pelos actos que
praticam, especialmente o cumprimento da lei, o uso de dinheiros públicos e a
prevenção de fenómenos de corrupção sob as suas diversas formas. Os cidadãos
exigem conhecer com detalhe os fundamentos das decisões governamentais, das administrações
públicas e das autarquias e querem conhecer as motivações para a escolha de uma
determinada decisão face a outras alternativas, bem como a “origem” dos fundos
e a forma da sua “aplicação”. No entanto, nos tempos de sensacionalismo informativo
que a sociedade atravessa, é preciso que haja um equilíbrio entre o que deve
ser informado e o que não deve ser informado publicamente mas, no caso dos agentes
políticos, também entre o dever de informar o público sobre as actividades dos
políticos, que não pode ultrapassar o seu direito à privacidade e bom nome.
Estas considerações são válidas para Portugal, mas também
para outros países, como por exemplo para o México, países onde os detentores
de cargos públicos fazem declarações de interesses e de rendimentos. O diário Excelsior
revela hoje que, de acordo com as declarações patrimoniais de 230 políticos
mexicanos oficialmente divulgadas na internet, a maioria dos políticos mexicanos são pobres mas que, em contrapartida,
as suas cônjuges são donas de avultadas fortunas familiares, com muitas
propriedades rústicas e urbanas, aviões e casas nos Estados Unidos, mas que
embora não tenham trabalho nem rendimento, se dedicam frequentemente a
actividades altruistas. Temos que reconhecer que os políticos mexicanos têm sorte com os casamentos...
Era curioso saber se, nestes assuntos, somos ou
não somos parecidos com o México, se somos ou não somos transparentes ou, então, saber porque andam tão distraídos os jornalistas
e os operadores da justiça.
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