sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O mundo do nosso futebol enlouqueceu

O assunto não é novo, mas este ano parece estar a ultrapassar todas as marcas, isto é, a contratação milionária de jogadores de futebol parece estar a ultrapasar todos os limites. Chovem reforços, foi o título escolhido por A Bola para caracterizar o que está a acontecer com os maiores clubes de futebol portugueses que, apesar de acumularem dívidas de algumas centenas de milhões de euros, parece terem encontrado uma fonte de financiamento inesgotável que lhes permite estes caprichos e esta irracional competição fora dos estádios. A nossa economia tem enormes restrições ao crédito bancário, mas o futebol tem todo o dinheiro que quer. É um enigma. É um verdadeiro paradoxo. Não faz qualquer sentido que um país que tem tantos jovens ansiosos por uma oportunidade e que recentemente brilhou nos campeonatos do Mundo de sub-20 na Nova Zelândia e da Europa de sub-21 na República Checa, em que apenas foi derrotado na lotaria dos penaltis, faça tantas contratações de jogadores, muitas vezes em fim de carreira. Trata-se de uma opção desportivamente errada e de uma decisão financeiramente catastrófica, embora nos negócios haja sempre quem ganhe. E o futebol é um negócio. O que conta não são apenas os dotes futebolísticos dos artistas, mas o valor dos patrocínios, dos direitos televisivos, dos direitos de imagem e do valor que possam ter futuras transferências, ou seja, as tão citadas cláusulas de rescisão, para além das inúmeras comissões que estes negócios proporcionam. Os chamados jornalistas e comentadores desportivos vivem alienados com tudo isto e deslumbrados por um protagonismo que não esconde toda a sua mediocridade. As televisões aproveitam. O que se está a passar, mesmo para os mais fervorosos adeptos do futebol português, é uma vergonha e é frequente que as nossas grandes equipas entrem em campo sem um único jogador português. Num país com muito desemprego e com muitos milhares de pessoas no limiar da pobreza, tudo isto é um insulto. O meu entusiasmo pelo futebol arrefeceu quase completamente. A loucura tomou conta do futebol.

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