quarta-feira, 20 de abril de 2016

A espanholização da banca portuguesa

O diário económico espanhol Cinco Dias anunciou que a banca portuguesa está mais espanhola, antecipando já que a oferta pública de aquisição (OPA) do banco CaixaBank sobre o português BPI vai ser bem sucedida. A confirmar-se essa operação, depois do Banif ter sido engolido pelo Santander, teremos mais um passo no sentido da chamada espanholização da banca portuguesa.
Porém, o assunto é muito complexo e muito confuso para quem não acompanha as negociatas da finança, porque envolve muita gente. Tudo começou com o BCE a impor as regras da harmonização bancária da União Europeia e a exigir que os dois principais accionistas do BPI, respectivamente o espanhol CaixaBank (44,09%) e a angolana Santoro Finance, Prestação de Serviços (18,57%) se entendessem em relação ao exercício do poder no governo do banco, um problema que interessa à economia e ao sistema financeiro português. Tudo parecia correr bem. A Santoro Finance cedia a sua participação ao CaixaBank e a Santoro Finance ficava com a posição indirecta que o CaixaBank tem no banco angolano BFA. Era uma quase troca e as autoridades portuguesas festejaram o bom sucesso do entendimento e o fim da guerra pela disputa no BPI, mas foi sol de pouca duração. Poucos dias depois a Santoro Finance veio recusar o acordo, quando a imprensa angolana já anunciava que “Isabel dos Santos era maioritária no BFA” e a imprensa espanhola anunciava o domínio do BPI pelo Caixa Bank. Então, o CaixaBank arrancou com uma OPA sobre o BPI e começou a tratar de arranjar 1600 milhões de euros para o efeito, enquanto a Santoro Finance terá dado um passo atrás e já admitiu voltar à mesa das negociações. É preciso que o bom senso regresse, mas não há dúvidas que a “nossa” banca só nos dá dores de cabeça. E não deixa de ser curioso lembrar a arrogância com que essa mesma banca sempre nos tratou nos tempos das vacas gordas.

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