O diário económico
espanhol Cinco Dias anunciou que a
banca portuguesa está mais espanhola, antecipando já que a oferta pública de
aquisição (OPA) do banco CaixaBank sobre o português BPI vai ser bem
sucedida. A confirmar-se essa operação, depois do Banif ter sido engolido pelo
Santander, teremos mais um passo no sentido da chamada espanholização da banca
portuguesa.
Porém, o assunto
é muito complexo e muito confuso para quem não acompanha as negociatas da
finança, porque envolve muita gente. Tudo começou com o BCE a impor as regras da harmonização bancária da
União Europeia e a exigir que os dois principais accionistas do BPI,
respectivamente o espanhol CaixaBank (44,09%) e a angolana Santoro Finance,
Prestação de Serviços (18,57%) se entendessem em relação ao exercício do poder
no governo do banco, um problema que interessa à economia e ao sistema
financeiro português. Tudo parecia correr bem. A Santoro Finance cedia a sua
participação ao CaixaBank e a Santoro Finance ficava com a posição indirecta
que o CaixaBank tem no banco angolano BFA. Era uma quase troca e as autoridades
portuguesas festejaram o bom sucesso do entendimento e o fim da guerra pela
disputa no BPI, mas foi sol de pouca duração. Poucos dias depois a Santoro
Finance veio recusar o acordo, quando a imprensa angolana já anunciava que “Isabel
dos Santos era maioritária no BFA” e a imprensa espanhola anunciava o domínio
do BPI pelo Caixa Bank. Então, o CaixaBank arrancou com uma OPA sobre o BPI e começou a
tratar de arranjar 1600 milhões de euros para o efeito, enquanto a Santoro
Finance terá dado um passo atrás e já admitiu voltar à mesa das negociações. É preciso que o bom senso
regresse, mas não há dúvidas que a “nossa” banca só nos dá dores de cabeça. E não deixa de ser curioso lembrar a arrogância com que essa mesma banca sempre nos tratou nos tempos das vacas gordas.
Sem comentários:
Enviar um comentário