Nos últimos
tempos as notícias que nos chegam do Brasil são alarmantes, não só pela crise
económica e social que se está a aprofundar, mas também pela tensão política que
está a dividir o país. As cenas absolutamente condenáveis a que assistimos pela
televisão são indignas de um qualquer país democrático e não se enquadram em
nenhum quadro constitucional. Goste-se ou não de um Presidente da República, a
Presidente da República Federativa do Brasil é um símbolo da nação brasileira e
resultou da escolha do povo em eleições livres. No exercício das suas funções,
pode ou não ter cometido ilegalidades, pode ou não ser destituida, mas a sua
figura não pode ser julgada e insultada num ambiente em que os deputados,
muitos deles acusados de corrupção e de enriquecimento ilícito, se comportaram
como se pertencessem a uma vulgar torcida de futebol ou a um bando de
malfeitores.
Nesse ambiente de
grande tensão, a notícia que hoje nos chega de Porto Alegre através do diário ZH é bastante desanuviadora: o veleiro
Cisne Branco, a que o jornal chama
“embaixada flutuante” vai estar no cais de Porto Alegre e vai poder ser
visitado pela população nos próximos dias. O navio pertence à Marinha do
Brasil, foi construido nos estaleiros Damen Shipyard em Amesterdão e foi
encomendado para as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, tendo
entrado ao serviço no ano de 2000. Actualmente, representa o Brasil em eventos
náuticos nacionais e internacionais, podendo ser utilizado como navio-escola.
Se os deputados brasileiros pudessem visitar o Cisne Branco e inspirar-se no seu simbolismo histórico-cultural, certamente sentiriam um brutal arrepio pelo seu
lamentável comportamento que envergonhou o Brasil e talvez aprendessem a tomar
as suas legítimas decisões de forma ordeira e sem ofender a dignidade presidencial.
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