sexta-feira, 27 de maio de 2016

A tempestade perfeita ameaça a Europa

Há poucas horas atrás, deram a volta ao mundo as imagens do acidente ocorrido com uma embarcação no mar Mediterrâneo, em que foi possível salvar 562 pessoas. Hoje, vários jornais da imprensa italiana destacam uma outra fotografia de um outro naufrágio e um desses jornais é o diário L’Unità que escolheu para título da sua edição de hoje “il naufragio dell’Europa”.
Realmente, o que se está a passar na Europa é cada vez mais um cenário de naufrágio ou de “tempestade perfeita”, com imensos problemas económicos, sociais e demográficos, com uma economia sem competitividade, com muitos milhões de desempregados e com grande instabilidade social em alguns países, com graves atropelos à solidariedade comunitária e com ameaças à democracia e até à paz, enquanto meia dúzia burocratas incapazes se pavoneiam todos os dias em frente das câmaras de televisão. O problema dos refugiados não é encarado com frontalidade e no meio desta bagunça, o que parece interessar são as questões financeiras, os défices e os equilíbrios orçamentais. Perante este cenário de descrença e de incerteza torna-se evidente a incapacidade de Merkel, Hollande e Cameron, ao mesmo tempo que emergem figurinhas de segundo plano, sem visão estratégica e sem qualquer ideia do projecto europeu, alguns deles sem qualquer legitimidade democrática, como sucede com Jeroen Dijsselbloem, Pierre Moscovici, Wolfgang Schäuble ou Donald Tusk. O presidente Jean-Claude Juncker desapareceu e Federica Mogherini, a High Representative of the Union for Foreign Affairs and Security Policy, chora demasiadas vezes. No meio deles, o pequeno e irrelevante Moedas é bem o símbolo da pequenez e da forma como vive a Europa, num ambiente a lembrar-nos o filme the perfect storm.

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