Há poucas horas
atrás, deram a volta ao mundo as imagens do acidente ocorrido com uma
embarcação no mar Mediterrâneo, em que foi possível salvar 562 pessoas. Hoje, vários
jornais da imprensa italiana destacam uma outra fotografia de um outro
naufrágio e um desses jornais é o diário L’Unità que escolheu para título da
sua edição de hoje “il naufragio dell’Europa”.
Realmente, o que
se está a passar na Europa é cada vez mais um cenário de naufrágio ou de “tempestade
perfeita”, com imensos problemas económicos, sociais e demográficos, com uma
economia sem competitividade, com muitos milhões de desempregados e com grande instabilidade
social em alguns países, com graves atropelos à solidariedade comunitária e com
ameaças à democracia e até à paz, enquanto meia dúzia burocratas incapazes se
pavoneiam todos os dias em frente das câmaras de televisão. O problema dos
refugiados não é encarado com frontalidade e no meio desta bagunça, o que
parece interessar são as questões financeiras, os défices e os equilíbrios
orçamentais. Perante este cenário de descrença e de incerteza torna-se evidente
a incapacidade de Merkel, Hollande e Cameron, ao mesmo tempo que emergem
figurinhas de segundo plano, sem visão estratégica e sem qualquer ideia do
projecto europeu, alguns deles sem qualquer legitimidade democrática, como
sucede com Jeroen Dijsselbloem, Pierre Moscovici, Wolfgang Schäuble ou Donald Tusk.
O presidente Jean-Claude Juncker desapareceu e Federica Mogherini, a High Representative
of the Union for Foreign Affairs and Security Policy, chora demasiadas vezes.
No meio deles, o pequeno e irrelevante Moedas é bem o símbolo da pequenez e da forma como vive a Europa,
num ambiente a lembrar-nos o filme the
perfect storm.
Sem comentários:
Enviar um comentário