terça-feira, 30 de novembro de 2021

Ómicron: o desassossego e a inquietação

Foi em finais de 2019 que pela primeira vez foi detectada na cidade chinesa de Wuhan a síndrome respiratória aguda grave (SARS), classificada como SARS-CoV-2 ou, de forma mais simples, como covid-19. O mundo assustou-se com a elevada taxa de mortalidade da doença que se transformou numa pandemia global e a Ciência entrou numa corrida acelerada para produzir uma vacina. Um ano depois surgiram os primeiros resultados e milhões de pessoas começaram a ser receber uma vacina.
A doença começou a regredir, apesar de se manifestar por ondas, mas o mundo começou a ficar aliviado, com a sociedade e a economia a recuperarem um pouco por toda a parte. Porém, a doença persistiu e foi-se adaptando através de variantes.
No fim do Verão, quando a vacinação já atingira níveis muito satisfatórios, sobretudo na Europa e nas Américas, surgiu mais uma onda, para uns a quarta e para outros a quinta onda. Porém, o mundo acreditava que a crise pandémica estava em vias de ser ultrapassada e o retomava a normalidade. Até que há poucos dias as dúvidas reinstalaram-se quando foi identificada na África do Sul a variante Ómicron do novo coronavírus, que rapidamente se espalhou pelo mundo. Embora pouco se saiba a respeito desta variante, pensa-se que é mais transmissível dos que as anteriores e o seu aparecimento já foi confirmado em mais de uma dezena de países, entre os quais Portugal. 
O jornal francês La Dépêche destaca na sua edição de hoje a inquietação mundial que a Ómicron já está a provocar, embora as autoridades procurem sossegar as populações, ao mesmo tempo que aceleram o processo de reforço da vacinação com uma terceira dose. A ver vamos.

domingo, 28 de novembro de 2021

Um português venceu a Libertadores 2021

Jogou-se ontem em Montevideu a final da Taça dos Libertadores da América, um torneio organizado desde 1960 pela Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), cujo nome homenageia os líderes das independências sul-americanas e no qual participam as principais equipas de futebol dos países da América do Sul.
Nas 62 edições que já foram realizadas, o domínio tem sido de argentinos e brasileiros, que já venceram a competição 25 e 21 vezes, respectivamente, enquanto as equipas uruguaias venceram oito vezes, as colombianas e paraguaias três vezes e as equipas chilenas e equatorianas apenas uma vez, sendo as equipas com mais triunfos nesta competição os argentinos do Independiente (sete vezes) e do Boca Juniors (seis vezes).
Ontem jogaram o Palmeiras de São Paulo e o Flamengo do Rio de Janeiro e a equipa paulista venceu por 2-1, após prolongamento, num estádio cheio com milhares de entusiastas brasileiros que se deslocaram a Montevideu.
A equipa do Palmeiras venceu a competição pela terceira vez e a curiosidade está no facto do treinador português Abel Ferreira ter repetido o triunfo de 2020, tornando-se no primeiro treinador estrangeiro a ganhar duas vezes a Taça dos Libertadores da América, a mais importante competição futebolística da América do Sul.
Toda a imprensa brasileira destaca nas suas primeiras páginas a fotografia dos exuberantes campeões da Libertadores. Uma alegria para os brasileiros ou, pelo menos, para uma parte deles... 
Há uns dias, também o treinador Leonardo Jardim, vencera a Liga dos Campeões da Ásia, o que mostra como são qualificados esses profissionais do nosso futebol.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

A luta contra a pirataria no golfo da Guiné

Um incidente ocorrido nas águas do golfo da Guiné em que esteve envolvida a fragata dinamarquesa HDMS Esbern Snare (F342), teve honras de primeira página no Jyllands-Posten, o jornal de maior tiragem da Dinamarca, que tem a sua sede na cidade de Aarhus.
Desde o passado mês de Outubro que aquele navio se encontra em missão no golfo da Guiné, a área que vai desde o Senegal até Angola e que é a região do mundo onde a pirataria marítima actualmente está mais activa, pois no ano passado ali ocorreram 22 incidentes em que foram raptados 130 tripulantes. Daí tem resultado um esforço internacional para combater esse tipo de criminalidade marítima que tem sido liderado pela União Europeia e na qual têm estado envolvidos meios navais de diversos países, incluindo Portugal.
A fragata dinamarquesa HDMS Esbern Snare detectara uma embarcação suspeita e lançou o seu helicóptero em direcção ao local, tendo verificado que era uma lancha com oito homens e com vários utensílios associados à pirataria, incluindo escadas de abordagem, que se aproximava de navios mercantes. Quando anoiteceu a fragata lançou os seus botes insufláveis rápidos (Rigid-Hulled Inflatable Boat ou RHIB) com pessoal dos fuzileiros dinamarqueses para interceptar a embarcação suspeita, mas esta decidiu não obedecer ao pedido para que parassem para serem vistoriados e respondeu aos tiros de aviso, com tiros feitos directamente às RHIB dinamarquesas. Do confronto que se seguiu, resultaram quatro piratas mortos, enquanto os outros quatro foram capturados, sem que qualquer fuzileiro dinamarquês tivesse sido ferido.
Segundo refere o jornal, foi o baptismo de fogo dinamarquês no golfo da Guiné e foi um caso que foi destacado no maior jornal do país, a mostrar como as actividades navais são acompanhadas pela imprensa dinamarquesa, porque interessam aos leitores e porque são estimulantes para quem anda envolvido em missões de risco.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Alemães entendem-se e formam governo

A Alemanha é, em termos económicos e demográficos, o grande motor da União Europeia e, por isso, tudo o que por lá acontece interessa aos europeus e ao mundo.
Durante os últimos dezasseis anos foi Angela Merkel que chefiou o governo e se tornou a figura dominante da política alemã. O seu último governo foi chamado “a grande coligação” pois juntou os dois maiores partidos alemães, isto é, a CDU (União Democrata Cristã) e o SPD (Partido Social-Democrata), mas depois de tantos anos Merkel entendeu que já era tempo de descansar e, no início do ano, anunciou a sua decisão de não se voltar a candidatar. Muita gente, na Alemanha e no estrangeiro, lamentou a saída de Merkel da “liderança” da Europa.
Os alemães depararam-se então com um quadro novo. As eleições gerais que se realizaram no passado dia 26 de Setembro foram ganhas pelo social-democrata Olaf Scholz, que por acaso era o vice-chanceler e ministro das Finanças no anterior governo de Merkel. Scholz obteve apenas 25,7% dos votos e, portanto, necessitou de negociar para construir uma maioria. Em vez de optar pela CDU que obteve 24,1% dos votos, optou por negociar com o Partido Verde de Annalena Baerbock que obtivera 14,8% e com o Partido Liberal de Christian Lindner que tivera 11,5% dos votos. Após quase dois meses de negociações foi anunciado o acordo de coligação governamental que parece ter satisfeito a imprensa e a opinião pública, pois logo foi baptizado como a “aliança semáforo”, por juntar o verde, o amarelo e vermelho, que são as cores dos respectivos partidos.
O Süddeutsche Zeitung, que é o maior jornal alemão, tratou de publicar a fotografia dos negociadores e, em nome da estabilidade, destaca a sua satisfação por terem chegado a um acordo, o que me faz lembrar o que aqui se passou recentemente em que não foi possível chegar a um acordo sobre o orçamento do Estado porque, há que dizê-lo, há muita gente na política para se servir e não para servir o interesse nacional.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

A Síria, a guerra e a esperança no futuro

A guerra civil na Síria teve início em Janeiro de 2011 com protestos contra o governo sírio que surgiram na chamada Primavera árabe, mas que em Março evoluíram para uma revolta armada de grande violência. De um lado encontrava-se o governo de Bashar al-Assad e, do outro, a oposição síria, mas esta luta pelo poder fragmentou-se internamente com a divisão da oposição, com o aparecimento de grupos de natureza sectária e religiosa e com um crescente envolvimento de forças externas. Durante cerca de dez anos “meio mundo” envolveu-se na Síria, destacando-se o Irão, a Rússia e o Hezbollah libanês ao lado do governo sírio, enquanto do lado das várias oposições apareceram a Arábia Saudita e o Qatar, mas também os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Turquia, Marrocos, a Líbia e outros mais. Muitas vezes se ignorou quem combatia quem e chegou-se ao paradoxo de haver forças que combatiam outras forças que, noutra área, eram suas aliadas. Não há memória de uma situação destas. O melhor exemplo deste paradoxo é o Curdistão, mas tem havido outros, sobretudo nas fronteiras sírio-turcas. No que respeita aos países ocidentais, verifica-se que não aprenderam com as suas intervenções no Iraque, na Líbia e no Afeganistão, deixaram de ser respeitadas e foram obrigadas a retirar-se.
Até agora o resultado do conflito traduziu-se em mais de 500.000 mortos, sete milhões de deslocados internos e cinco milhões de refugiados nos países limítrofes. Segundo muitos observadores, a guerra civil da Síria tem sido uma guerra mundial e foi preparada antecipadamente com o apoio dos mass-media internacionais, para servir interesses estrangeiros, tal como aconteceu para destruir alguns líderes árabes, como Sadam Hussein e Muammar Kadaffi.
Porém, no passado mês de Maio houve eleições e os sírios tiveram uma taxa de participação de 78% e reelegeram Bashar al-Assad, contra dois candidatos da oposição. Certamente terá sido uma farsa, mas foi um sinal e um princípio a caminho da paz e da normalidade democrática, embora adaptada à cultura política daquelas regiões político-religiosas.
Sabemos muito pouco do que se passa actualmente na Síria, mas a guerra ainda não acabou. Por isso, a notícia hoje publicada pelo Tehran Times em que se anuncia que o Irão e a Síria reforçaram os seus laços como nunca tinham feito antes, é mesmo intrigante ou mesmo uma grande incógnita, embora também possa significar mais esperança no futuro. Sabe-se lá...

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

O galego é uma língua lusófona e está vivo

É sabido que a península Ibérica tem uma acentuada diversidade linguística e que para além do português e do castelhano (espanhol), ainda tem o catalão, o basco (euscara), o leonês e o galego. O galego é, juntamente com o castelhano, a língua oficial da Comunidade Autónoma da Galiza, tendo raízes comuns com a língua portuguesa, da qual só divergiu a partir do século XIV. As semelhanças entre as duas línguas são evidentes, como de resto também é o contexto sócio-cultural da Galiza e do Alto-Minho, daí resultando que, por vezes, o galego e o português são classificados no contexto galaico-português, havendo quem considere o galego como “o português da Galiza”.
Na sua edição de hoje o jornal La Voz de Galicia destaca que “o galego mantense como a língua maioritaria no 80% dos concellos”e apresenta várias conclusões a partir de um estudo do Instituto Galego de Estatística, que é a entidade que avalia o galego no quadro línguístico espanhol e da própria região autónoma.
Sabe-se que o galego é falado entre os mais velhos, mas o estudo agora divulgado concluiu que cerca de três quartos da população galega fala o galego e que mais de 90% dos residentes em 44 municípios galegos falam sempre em galego e não em castelhano. Na totalidade, cerca de 30% da população fala sempre o galego, o que é uma percentagem idêntica ao que sucede com o catalão na Catalunha, enquanto em Navarra e no País Basco só cerca de 20% da população usa regularmente a língua basca, o euscara. Se bem que o galego seja a língua maioritária para mais de metade da população, vive uma situação de estabilidade ou mesmo de algum retrocesso mas, apesar disso, o galego não é apenas a língua franca e coloquial da Galiza, pois parece estar na moda e é a língua preferida dos artistas, dos criadores e dos grupos musicais.

domingo, 21 de novembro de 2021

Lula a caminho do Palácio do Planalto

Luiz Inácio Lula da Silva atravessou o Atlântico e veio à Europa, tendo passado por Bruxelas, Paris e Madrid. Apesar de ter declarado que só anunciará em Fevereiro ou Março se avança com a sua candidatura porque, como referiu, essa decisão vai depender não só da sua vontade, mas também das escolhas das forças políticas que o possam apoiar e de um programa comum. Porém, esta visita de Lula à Europa é realmente o início da sua campanha eleitoral e o facto é que as sondagens continuam a ser divulgadas e a anunciar que Lula está com 37% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 24%, Sérgio Moro tem 11% e Ciro Gomes tem 8%.
Na sua passagem por Madrid, Lula deu uma grande entrevista ao jornal El País e o homem que entre 2003 e 2010 foi o 35º presidente do Brasil e está com 76 anos de idade, quer voltar a ocupar o Palácio do Planalto “para recuperar o prestígio do Brasil e para que as pessoas possam comer três vezes por dia”.
De facto, há dez anos o Brasil atravessava um período de grande prestígio internacional e de crescimento económico, ao mesmo tempo que o programa Fome Zero tinha retirado milhões de brasileiros da pobreza e da fome. Hoje, todas as sondagens e estudos de opinião mostram que os governos de Lula são considerados como os melhores que o Brasil alguma vez teve, com mais inclusão social, menos desigualdade, aumento do emprego e do salário, democratização do acesso à universidade e a conquista da cidadania por parte de milhões de excluídos. Lula escandaliza-se e disse que “caminhamos para trás”, porque sendo o Brasil o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, tem milhões de brasileiros que voltaram a ter fome, mas também porque o Brasil que já era a sexta economia do mundo, está agora no décimo terceiro posto do ranking mundial da economia.
O Brasil escolherá, mas espera-se que vença a covid, a bolsonarite e o retrocesso.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Plataforma gigante a caminho do Rovuma

O Instituto Nacional de Petróleo de Moçambique anunciou e o jornal O País divulgou a notícia: o casco da plataforma FLNG (Floating Liquefied Natural Gas) destinado ao Coral Sul, o campo de gás que vai ser explorado na Área 4 da bacia do rio Rovuma, no norte de Moçambique, já largou da Coreia do Sul e vai a caminho do seu fundeadouro.
A infraestrutura flutuante tem 432 metros de comprimento por 66 metros de largura e pesa cerca de 140.000 toneladas, estando já instalado o módulo de habitação de oito andares, que poderão acomodar até 350 pessoas.
Será a primeira plataforma flutuante construída especificamente para a África a instalar em águas profundas e o início da produção de gás está previsto para 2022, a partir de seis poços submarinos perfurados a profundidades da ordem dos três mil metros, que alimentarão as unidades de liquefação insdtaladas na plataforma FLNG.
As concessionárias da área 4 da bacia do Rovuma incluem a Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma joint-venture entre a italiana Eni, a americana ExxonMobil e a chinesa CNODC que detém 70% do capital do projecto, estando os restantes 30% distribuídos pela Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique EP, pela Kogas Moçambique, Lda. e pela Galp Energia Rovuma BV. São capitais multinacionais de várias origens e ao vermos a lusitana Galp Energia envolvida neste projecto procuramos recolher mais informação, verificando que a Galp Energia Rovuma BV tem a sua sede na Holanda, isto é, "multinacionalizou-se", sabe-se lá porquê...
Para quem muito navegou naquelas águas da bacia do Rovuma, causa uma natural impressão imaginar uma tão grande estrutura num local onde o mar era livre e aquelas plataformas ainda não perturbavam a paisagem marítima, como vai acontecer em breve.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Balde de água fria ou o adeus ao Qatar?

Faltava apenas um empate para que a selecção portuguesa assegurasse a sua presença na fase final do Campeonato do Mundo de Futebol, que será realizado no Qatar no próximo ano. Faltava apenas defrontar a Sérvia e era em Lisboa, com o estádio da Luz a abarrotar de adeptos e de bandeiras. Faltava apenas ultrapassar os noventa minutos de jogo e a confiança era geral. O apuramento estava quase garantido. Eram favas contadas e até um golo no minuto inicial parecia abrir o caminho para a vitória. Os jogadores deixaram-se embalar, deixaram de correr, deixaram de lutar. Ao nonagésimo minuto surgiu um golo sérvio e toda a arrogância palavrosa do nosso treinador, que nos tinha garantido que estaríamos no Qatar, se desfez.
Uma derrota destas não é tragédia nenhuma, embora seja difícil de engolir porque a equipa jogou mal, muito mal, sem esforço, sem luta, sem alegria. Eles queriam ganhar, mas ninguém lhes disse que tinham de correr e de lutar. Não basta que a equipa seja constituída por artistas talentosos e muito endeusados pelos media, pois é preciso incutir-lhes um espírito ganhador, o que implica humildade, disponibilidade, coesão e muita disciplina da parte dos artistas, o que não foi o que se viu ontem. Foi o “eclipse total” como bem salientou o jornal O Jogo, embora se refira que os outros jornais que vivem do futebol e que dão pelos nomes de A Bola e Record, tenham escolhido títulos excessivos como as palavras “Miserável” e “Vergonha mundial”, esquecendo que com a sua laudatória habitual têm muita responsabilidade no “eclipse” que aconteceu. Passam cada edição a tratar os jogadores como bestiais, mas bastaram-lhes noventa minutos para que os tratassem como bestas
Em Março disputam-se os play-off e pode ser que a selecção portuguesa ainda se qualifique para o Qatar…

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Americanos evocaram o Veterans Day

A primeira Guerra Mundial terminou no dia 11 de Novembro de 1918, quando num vagão-restaurante na floresta francesa de Compiègne, foi assinado o Armistício. Nunca o mundo tivera um conflito tão doloroso em que houve dez milhões de mortos e vinte milhões de feridos entre os militares que combateram nessa guerra. 
No ano seguinte, os Estados Unidos comemoraram o Dia do Armistício que, alguns anos depois, foi transformado em feriado nacional e se tornou o Dia dos Veteranos, no qual se homenageiam todos os veteranos americanos – vivos ou mortos – com especial agradecimento aos veteranos vivos que serviram o país durante a guerra ou em tempo de paz. Assim, no dia 11 de Novembro de cada ano, os Estados Unidos assinalam o Dia dos Veteranos, recordando “as onze horas, do dia onze do mês onze” e, da mesma forma, também a Grã-Bretanha, a França, a Austrália e o Canadá comemoram este dia, embora com as suas próprias designações. O centro das cerimónias americanas decorre sempre no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington, onde estão sepultados mais de 400.000 pessoas, a maioria das quais serviram nas Forças Armadas, pelo que toda a imprensa americana de hoje destaca esse acontecimento, nomeadamente a edição do Chicago Tribune
Hoje os Estados Unidos têm cerca de 19 milhões de Veteranos, dos quais 11% são mulheres, sendo que 5,9 milhões serviram durante a guerra do Vietnam, 7,8 milhões na guerra do Golfo e cerca de um milhão na 2ª Guerra Mundial e na guerra da Coreia. As cerimónias de 2021 assinalaram que era a primeira vez, nas duas últimas décadas, em que os Estados Unidos não estão envolvidos em qualquer guerra. 
O que se salienta é a forma como alguns países prestam homenagem aos seus Veteranos, que é uma coisa ignorada pelas nossas autoridades e pela nossa sociedade civil, mesmo quando lhes atribuem um tal cartão de combatente com alguns pequenos direitos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Macron quer a sua 2ª dose de presidência

A edição do jornal La Marseillaise destacou ontem um discurso do presidente francês Emmanuel Macron, em que durante 27 minutos tratou da epidemia do covid-19 e da terceira vacinação da população, das perspectivas quanto ao emprego, da reforma do plano nacional de aposentações, da independência energética e da presidência francesa da União Europeia. Segundo a generalidade da imprensa francesa tratou-se de um discurso de campanha eleitoral e de ocupar a pole position na corrida eleitoral, tendo o jornal de Marselha escrito que Macron “quer a sua 2ª dose de Eliseu”, isto é, quer renovar o seu mandato como presidente da França.
As eleições presidenciais francesas vão realizar-se no dia 10 de Abril e se nenhum dos candidatos obtiver a maioria absoluta dos votos válidos na primeira volta, será realizada uma segunda volta no dia 24 de Abril de 2022 entre os dois candidatos mais votados na primeira volta.
Actualmente já estão anunciadas catorze candidaturas mas, curiosamente, os candidatos mais preferidos nas sondagens, são o actual presidente Emmanuel Macron com 24% e o jornalista e escritor Éric Zemmour com 15%, mas nenhum deles anunciou a sua candidatura. A cerca de seis meses das eleições presidenciais francesas, a extrema-direita destaca-se com Zemmour (15%) e Marine Le Pen (16%), enquanto o representante da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon e o ecologista Yannick Jadot, recolhem 9% das intenções de voto. Surpreendentemente, a socialista Anne Hidalgo, que é a presidente da Câmara Municipal de Paris, só recolhe 5,5% das intenções de voto.
Não havia grandes dúvidas sobre a recandidatura de Emmanuel Macron, mas com o seu último discurso sobre a vacinação dos franceses, ele também mostrou claramente que “quer a sua 2ª dose de Eliseu”.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Uma grande festa desportiva mexicana

A Formula 1 é uma actividade desportiva ligada à indústria automóvel, que beneficia de avultados investimentos financeiros e publicitários, de uma grande cobertura mediática e de uma enorme popularidade. É um mundo sui generis, que anima as escuderias e as marcas, que desperta o fascínio e a adrenalina dos muitos entusiastas que acompanham os Gran Prix e o chamado circo da Fórmula 1, nas suas deambulações pelas duas dezenas de locais onde se realizam as provas do Campeonato Mundial organizado pela FIA.
A Formula 1 nasceu em 1950 e criou grandes ídolos e muitas narrativas lendárias em torno de figuras como Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Jim Clark, Jackie Stewart, Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna ou Michael Schumacher, mas actualmente também tem campeões tão famosos como Lewis Hamilton, talvez a maior figura de sempre da Formula 1, que já foi campeão do mundo sete vezes e tem cem vitórias em Gran Prix e 177 pódios. Porém, no corrente ano, quando faltam quatro provas para terminar o campeonato, o favoritismo do campeonato vai para o holandês Max Verstappen da equipa Red Bull Racing Honda, que ontem mesmo triunfou no Grande Prémio do México.
Nessa prova, o mexicano Sérgio Perez que corre pela mesma equipa, obteve o terceiro lugar e, porque “corria em casa” foi o delírio. Apesar de já ter vencido dois Gran Prix – no Barém (Bahrain) em 2020 e no Azerbaijão em 2021, estando actualmente no 4º lugar da classificação do campeonato – a imprensa mexicana aplaudiu unanimemente o terceiro lugar de Perez, como se o homem tivesse vencido a corrida ou até tivesse chegado à Lua. Toda a imprensa mexicana, inclusive a imprensa generalista em que se inclui o centenário diário Excelsior que se publica na Cidade do México, destacou o resultado de Perez, em alguns casos com fotografias ocupando todo o espaço da primeira página. Parece um exagero mas, provavelmente, se um terceiro lugar daqueles acontecesse em Portugal com um piloto português, a festa não seria diferente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Após a crise, aí está a retoma da Airbus

A aviação comercial foi uma das actividades mais afectadas pela crise pandémica e pelo consequente abrandamento da economia e do turismo, mas os resultados anunciados pelo fabricante europeu Airbus, relativos aos primeiros nove meses do ano, causaram uma onda de entusiasmo. A empresa que tem sede em Toulouse anunciou um montante de 2,6 mil milhões de euros de lucro nos primeiros nove meses do corrente ano e este resultado financeiro resulta do incremento das suas principais variáveis de gestão: as entregas e as encomendas de novas aeronaves. São números que anunciam a boa convalescença da empresa, como escreveu o jornal La Dépêche du Midi que se publica em Toulouse.
Em 2020 a empresa entregara 566 aviões, quando no ano anterior entregara 863, o que representou uma quebra de 34%. Nos primeiros nove meses do corrente ano já foram entregues 424 aviões, quando no mesmo período do ano passado tinham sido entregues 341, o que significa uma melhoria de 24%, esperando-se que até ao fim do ano sejam entregues seiscentas unidades. Neste quadro, as previsões da empresa já apontam para que a normalidade aconteça até 2024, mas para isso será necessário acelerar a produção, até porque há 5600 aviões A320 com a entrega atrasada.
A estratégia seguida por Guillaume Faury, que desde 2019 é o CEO do Grupo Airbus, pretende voltar a tornar a Airbus o maior fabricante aeronáutico mundial, aproveitando os problemas que perseguem a Boeing, designadamente a segurança do 737 Max e as dificuldades técnicas do 787 Dreamliner.
Portanto, após a crise, aí está a descolagem da Airbus, como titula hoje o La Dépêche du Midi.

Só as eleições podem desempatar este jogo

A Assembleia da República rejeitou por 117 votos contra e 113 votos a favor, a proposta de Orçamento do Estado para 2022, cuja votação aconteceu no passado dia 27 de Outubro.
O chumbo do Orçamento do Estado aconteceu pela primeira vez na vida democrática portuguesa e congelou um aumento de cerca de seis mil milhões de euros em relação ao Orçamento anterior, onde se incluíam medidas de benefício para as famílias e para os pensionistas. Não havia razões de peso para que o Orçamento fosse recusado, porque dessa forma atrasa-se o recebimento dos fundos europeus previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e, como sempre, “o tempo é dinheiro”. Além disso, depois da crise pandémica cria-se uma crise política que vai afectar a economia que começava a recuperar a bom ritmo com o desemprego mais baixo das últimas décadas e que vai congelar as intenções de investimento dos agentes económicos. Estava previsto o maior aumento do salário mínimo da história da nossa democracia, aumentos extraordinários das pensões mais baixas e a gratuitidade progressiva das creches, o que representava um acréscimo de rendimentos para as famílias.
Porém, em nome dos seus interesses particulares, os partidos chumbaram a proposta, o que os cidadãos comuns acham que foi uma loucura e um acto irresponsável, que prejudicou todos os portugueses e afectou a nossa imagem e prestígio internacionais.
Nestas circunstâncias, o Presidente da República decidiu devolver a palavra aos eleitores e marcou eleições legislativas para o dia 30 de Janeiro. Não havia outra alternativa sensata e, aqueles que mais esticaram a corda, não poderão esperar a compreensão dos portugueses quando eles forem votar daqui a noventa dias.
De facto, é muito difícil de aceitar a irredutibilidade do comportamento dos discípulos do ideólogo Louçã, que foram longe demais e não cuidaram de proteger os verdadeiros interesses dos portugueses, incluindo daqueles que lhe deram o voto que lhes tem garantido assento parlamentar.
Com o quadro actual, também o tempo das selfies marcelistas e de outras rapaziadas parece ter chegado ao fim...

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Um cavalo de muito sucesso na Venezuela

Na nossa habitual consulta da imprensa internacional fomos surpreendidos com a capa da edição de hoje do jornal venezuelano Meridiano e com o seu título: Lusitano manda
Efectuada a leitura da notícia verificamos tratar-se de um cavalo de nome Lusitano, que ontem ganhou a 75ª edição do Clássico Internacional Simón Bolivar que se realizou no hipódromo La Rinconada, em Caracas. O cavalo montado por Jean Carlos Rodríguez não pertencia ao grupo dos favoritos, mas surpreendeu todos os seus adversários e, segundo o referido jornal, "Jean Carlos Rodríguez condujo de manera magistral al ejemplar Lusitano, que ensayó una poderosa atropellada en la recta final del óvalo capitalino para adjudicarse el magno evento de calendario hípico”.
Este tipo de provas desperta grande entusiasmo na Venezuela e esta edição do Clássico Simón Bolivar, a mais importante competição hipíca do país, teve catorze concorrentes, repartiu mais de 78 mil dólares em prémios e registou a presença de Nicolás Maduro, o presidente da República da Venezuela.
Apenas o título do jornal e o nome do cavalo vencedor justificam que esta notícia seja aqui destacada, como simples curiosidade. Porém, regista-se que um outro cavalo puro-sangue inglês, igualmente famoso, se chamou Filho da Puta (1812-1835) e venceu nove das doze grandes corridas em que participou na Inglaterra. Foi pintado em 1815 por John Frederick Herring num quadro a óleo sobre tela e está exposto no Doncaster Museum, South Yorkshire, havendo inúmeras reproduções que decoram muitos bares ingleses.
Portanto há pelo menos dois cavalos de sucesso com nome português: o Filho da Puta na Inglaterra e o Lusitano na Venezuela.