terça-feira, 31 de agosto de 2021

America’s Longest War Ends

A mais longa guerra da America terminou é o título da edição de hoje do The Wall Street Journal, mas também de outros jornais americanos, que ilustram a notícia com a fotografia de um Boeing C-17 Globemaster III, um avião de transporte militar desenvolvido para a Força Aérea dos Estados Unidos pela McDonnell Douglas. 
Foram vinte anos de uma presença militar americana e dos seus aliados no Afeganistão, iniciada na sequência dos ataques de 11 de Setembro de 2001, quando o presidente George W. Bush decidiu invadir o país para desmantelar a Al-Qaeda e capturar Osama bin Laden. Essa invasão iniciou-se com os bombardeamentos do dia 7 de Outubro de 2001 e foi feita à revelia das Nações Unidas. O governo Taliban foi derrotado em Cabul, enquanto Hamid Karzai se tornou o presidente do país e o aliado preferencial dos Estados Unidos. Depois foi o processo do costume, com o envio de soldados, a construção de bases e a entrega de material militar e muitos dólares, tendo chegado a haver 130 mil soldados estrangeiros no Afeganistão para combater, mas sobretudo para formar e treinar o novo exército afegão.
Em Maio de 2011 Osama bin Laden foi morto numa operação das forças especiais americanas realizadas no Paquistão e o presidente Obama anunciou um plano para reduzir a presença militar americana no Afeganistão. Em Junho de 2013 as forças afegãs passaram a ser responsáveis pela segurança do país e o governo americano já conversava com as lideranças dos Taliban para negociar a paz. Em 2014 foi eleito Ashraf Ghani para presidente do Afeganistão, quando os Taliban ganhavam terreno e o governo e as forças militares afegãs se afundavam em corrupção.
Apertados pela opinião pública e pela sangria orçamental, em Fevereiro de 2019 a administração de Donald Trump iniciou conversas de alto nível com o Taliban que, um ano depois, culminaram num acordo de paz. O novo presidente Joe Biden decidiu manter o compromisso assumido pelo seu antecessor e garantiu que todas as tropas americanas sairiam do país até 31 de Agosto de 2021, independentemente do andamento das negociações de paz entre os grupos rivais afegãos.
No dia 15 de Agosto os Taliban entraram em Cabul, mas o presidente Ashraf Ghani já tinha fugido. Os americanos também partiram, mas a guerra civil entre as várias facções afegãs, que dura há muitos anos, vai continuar, enquanto os americanos, conforme já prometeu Joe Biden, vão perseguir o terrorismo encabeçado agora pelo Isis-K. 
Parece, portanto, que embora com outro figurino, a guerra vai continuar.

domingo, 29 de agosto de 2021

Ronaldo é muito mais que um futebolista

Rosto do jornal mexicano Récord,
edição de 28 de Agosto de 2021
O futebol é um dos meus desportos favoritos e gosto de acompanhar os grandes jogos e o ambiente festivo que os rodeia, mas sobretudo entusiasma-me o que se passa dentro do campo durante os 90 minutos do jogo, com as habilidades dos grandes futebolistas, os grandes golos e as grandes defesas. Tudo o que decorre à margem desses 90 minutos não me interessa, porque são negociatas com demasiados interesses envolvidos ou são conversas e comentários feitos por alienados, mais ou menos disfarçados de comentadores. Por isso, não me interessam nem acompanho os longos espaços televisivos a discutir se foi ou não foi penalti, se o árbitro apitou bem ou mal ou se as equipas devem comprar ou vender jogadores. Tudo isso faz parte de um negócio de milhões que eu não quero entender, até porque não percebo de onde vêm tantos milhões. 
Porém, o caso de Cristiano Ronaldo é uma excepção nesse mundo do futebol e, por isso, não deve ser ignorado.
Ronaldo era jogador da Juventus de Turim e tem 36 anos de idade, que já é uma idade avançada para um jogador de alta competição, mas foi anunciada a sua transferência para o Manchester United, o clube que entre 2003 e 2009 o projectou para a fama e para o sucesso, tendo os seus adeptos entrado em euforia. Todos pensam que Ronaldo vai ser o dinamizador do ressurgimento dos red devils, que vai tirar o clube da sombra do seu rival Manchester City e que vai voltar a ser um dos maiores clubes do mundo.
Parece que Ronaldo vai ser o mais bem pago jogador do futebol inglês e a sua transferência foi notícia de primeira página com fotografia, pelo menos em duas dezenas de países e em várias dezenas de jornais. É realmente um fenómeno único, o caso deste homem que é mais conhecido no mundo do que o seu próprio país.

Atentado em Cabul e... a guerra continua

Os acordos de Doha que levaram à retirada estrangeira do Afeganistão, também permitiram a entrada dos Taliban em Cabul, o que provocou uma onda de pânico e levou muitos milhares de pessoas, sobretudo aquelas que durante cerca de vinte anos mais colaboraram com as forças americanas e da NATO, a correr para o aeroporto de Cabul na tentativa de abandonar o país. A situação tornou-se caótica, como mostraram muitas reportagens televisivas que chegaram até nós.
Durante as operações de retirada de civis estrangeiros e afegãos no aeroporto de Cabul, verificou-se na passada quinta-feira um duplo atentado suicida em que morreram pelo menos 180 pessoas, entre as quais 13 militares americanos, além de ter havido cerca de duas centenas de feridos.
Os vinte anos de guerra custaram a vida a 1.909 militares americanos em combate, mas este atentado foi um dos mais mortíferos ataques sofridos pelos Estados Unidos no Afeganistão e só dois acidentes com helicópteros, acontecidos em 2005 e 2011, tinham provocado mais vítimas. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico-Província de Khorosan, conhecido pela sigla Isis-K e os Estados Unidos não demoraram a retaliar, anunciando ter morto os principais responsáveis pelo atentado.
Este atentado veio mostrar que a instabilidade e a guerra no Afeganistão vão continuar e que os Estados Unidos também irão “continuar” a ter uma presença no país, agora contra o Isis-K e ao lado dos Taliban, o seu anterior inimigo. As voltas que o mundo dá...
Numa atitude de reconhecimento em que os Estados Unidos são exemplares, o jornal The New York Times presta hoje homenagem na sua primeira página aos militares mortos no aeroporto de Cabul.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A rentrée política e as eleições autárquicas

Na sua edição de hoje o jornal Público dedica o principal espaço da sua primeira página à chamada rentrée política, com a fotografia dos nove líderes dos partidos representados na Assembleia da República. Todos são figuras mediáticas e com percursos políticos apreciados pelos cidadãos que os escolheram e que foram sufragados pelos eleitores. Todos beneficiam da liberdade com que se vive no nosso país, podendo ter discursos e projectos muito distintos. Todos se julgam detentores da verdade, como se na política houvesse verdades absolutas. Todos afirmam a sua vontade de chegar ao poder para conduzir a governação e assegurar mais prosperidade e mais segurança aos portugueses.
Poderia pensar-se que, sendo assim, todos deveriam convergir no sentido do progresso e do bem-estar do povo português, com coerência discursiva e com práticas irrepreensíveis ou mesmo imaculadas, sem abdicar dos seus princípios ideológicos, mas sem egoismos e sem quaisquer cedências a interesses particulares ou de grupo.
Porém, não é isso que se passa porque, muitas vezes, parece que estamos em tempos de “vale tudo” com a luta política a ultrapassar a verdade e o bom senso, com todos ou quase todos a usar a promessa demagógica, a reivindicação irrealista, a manipulação mentirosa da obra feita, o discurso populista irresponsável e a caça ao voto, ignorando com frequência a inteligência e os verdadeiros interesses do povo português.
Estamos a menos de um mês das eleições autárquicas e já se prometem novos tempos, uma terra para todos, mais e melhor futuro ou está na hora da mudança, entre outros slogans propagandísticos. Poucos acreditam nesse tipo de discurso e, dessa forma, a abstenção vai acabar por ganhar. A abstenção ganhou as últimas eleições europeias (69%), as últimas presidenciais (51%) e as últimas legislativas (51%), bem como as autárquicas de 2017 (45%).
Será que os nove líderes partidários podem fazer alguma coisa para melhorar a cidadania, a prática democrática e a participação eleitoral dos cidadãos, em vez de insistirem no discurso demagógico em que todos acabam por cair?

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O Brasil de Jair Bolsonaro e o futuro

As eleições gerais brasileiras estão previstas para serem realizadas no dia 2 de Outubro de 2022 e, nesse dia, entre outras eleições de nível federal ou estadual, os eleitores escolherão o novo presidente da República. Jair Bolsonaro é o presidente desde 1 de Janeiro de 2019 e vai ser avaliado pelo eleitorado brasileiro, mas tudo parece indicar que não será reeleito.
A sua popularidade tem vindo a cair e ele tem sido responsabilizado pela crise sanitária brasileira que, no seu início, ele classificou como uma gripezinha, mas que já provocou mais de meio milhão de mortos. Porém, o desagrado brasileiro com o comportamento presidencial de Bolsonaro tem múltiplos antecedentes em que revelou impreparação para tão importante cargo. Há um ano, certamente em delírio de aspirante a ditador, ele foi capaz de dizer que “eu sou a Constituição”. Os seus atropelos às normas que regulam a vida do país são frequentes e têm sido muitas as atitudes que geraram uma grave crise institucional, cujo ponto mais alto foi o desrespeito ao Supremo Tribunal Federal. A economia brasileira também já sente os efeitos da crise institucional, com a retoma da actividade económica a retardar-se. Em termos de prestígio internacional, o Brasil caíu muitos pontos devido à insensatez e à boçalidade de Jair Bolsonaro.
Uma eloquente forma de avaliar a situação é oferecida pela última edição da revista IstoÉ, cuja capa destaca a instabilidade política, social e económica gerada pelo comportamento de Bolsonaro que está a afectar o Brasil com uma sugestiva frase: ou o Brasil acaba com Bolsonaro ou Bolsonaro acaba com o Brasil.
O que não há dúvida é que a política brasileira vai interessar cada vez mais a margem oriental do Atlântico onde se fala português.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Ciclones tropicais, tempestades e furacões

A costa leste dos Estados Unidos é uma área sujeita a ciclones tropicais formados no Atlântico oriental entre os 10 e os 30 graus de latitude, no golfo do México ou nas Caraíbas.
Os ciclones tropicais têm um ciclo de vida que dura entre duas a três semanas e, durante esse período, movem-se e as suas características evoluem, originando denominações específicas. Em função da velocidade do vento começam por ser designados como "depressões tropicais", depois tornam-se "tempestades tropicais" e, quando o vento sopra com mais de 119 km por hora, passam a ser designados como "furacões" (hurricanes).
O mais recente furacão que atingiu a costa leste dos Estados Unidos foi baptizado como Henri e, como previram as autoridades meteorológicas americanas, foi o primeiro furacão que nos últimos trinta anos atingiu o nordeste dos Estados Unidos, incluindo os estados de Nova Iorque, New Jersey, Maine, Vermont, New Hampshire, Massachusetts, Connecticut e Rhode Island. Para além do vento muito forte que derrubou árvores e postes de electricidade que deixaram milhões de pessoas sem energia, o principal impacto do Henri foi a chuva diluviana que provocou inundações, desabamento de terras e cortou estradas. Na noite de sábado, dia 21 de Agosto, no bairro de Manhattan da cidade de Nova Iorque, foi registado um valor da pluviosidade histórico, porque a chuva ultrapassou o anterior máximo registado em… 1888.
A intensidade furiosa do Henri levou a que a edição de ontem do jornal Newsday lhe dedicasse a sua primeira página e deixasse para segundo plano o “Afghanistan chaos”, o covid-19 e a demissão do governador Cuomo.

domingo, 22 de agosto de 2021

Afeganistão: emendar os erros cometidos

Na sua edição de hoje o centenário jornal canadiano The Globe Mail and Mail destaca a situação no abandonado Afeganistão e afirma que o Canadá e o Ocidente traíram aquele país, o que mostra que o problema afegão continua na primeira página da agenda mundial e que está para durar. A situação afecta os abandonados afegãos que confiaram no poder dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO, mas também está a abalar os governos que não souberam prever o que se iria passar e estão a ser contestados internamente, pela forma irresponsável como agiram e se deixaram humilhar. Hoje torna-se evidente que os americanos que em Doha conduziram as negociações com os Taliban, nomeadamente Zalmay Khalilzad e Mike Pompeo, não sabiam o que estavam a fazer, mas também se torna evidente que as mudanças presidenciais de Trump para Biden não foram feitas com a seriedade necessária. Donald Trump nem sequer compareceu à posse de Joe Biden e esse sinal repercute-se agora com a situação do Afeganistão, que está a servir para acentuar a clivagem entre os democratas e os republicanos americanos.
Está acordado que a retirada dos estrangeiros do Afeganistão deva acontecer até ao próximo dia 31 de Agosto, mas já há muitas vozes a defender que a permanência militar americana se estenda por mais algumas semanas ou até por mais tempo, se for necessário, sobretudo através da utilização de forças especiais aptas a executar operações de resgate. O Afeganistão é um país muito grande com 650 mil km2, quase quarenta milhões de pessoas e não é apenas o aeroporto de Cabul.
Por maior que tenha sido o erro cometido, ainda há margem para emendar o que tenha que ser emendado e o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode ter uma palavra a dizer.

sábado, 21 de agosto de 2021

Afeganistão: o mundo já não é o que era

Uma semana depois da rendição generalizada das autoridades e das forças governamentais afegãs, bem como da entrada dos taliban em Cabul, a situação é grave e não é possível prever-se o que se vai seguir. Ninguém, com sabedoria e bom senso arrisca prognósticos porque são tantos e tão diferentes os cenários possíveis, que só os analistas encartados e pagos se arriscam a fazer análises e previsões para justificar as suas avenças. Ainda nenhum desses sábios encartados apareceu na televisão a dizer simplesmente “não sei o que se vai seguir”. Alguns deles vão mesmo ao ridículo de discutir se a culpa disto tudo é do Obama, do Trump ou do Biden, mas raramente ousam criticar os líderes europeus que se envolveram num problema que não era deles. No entanto, todos os analistas parecem estar de acordo quando consideram que o que se está a passar é uma humilhante derrota dos Estados Unidos e da NATO, um facto que apenas a chanceler Angela Merkel parece reconhecer.
A mais recente edição da revista brasileira Veja dedica a sua capa ao que se está a passar no Afeganistão, tendo escolhido como título “uma derrota da civilização” e, como ilustração, mostra a Estátua da Liberdade envolvida numa túnica negra e num turbante afegão, enquanto alerta para a explosiva combinação entre política e religião, salientando que o fundamentalismo continua a ser uma ameaça à Humanidade.
Os efeitos da humilhação ocidental no Afeganistão vão repercutir-se durante muitos anos e vão afectar o actual quadro de relações internacionais, demonstrando, talvez pela primeira vez desde há três séculos, que a América e a Europa já não dominam o mundo, apesar dos seus aviões, dos seus mísseis e da sua tecnologia.
O Afeganistão mostrou que o mundo já não é o que era.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

A lição de Sun Tzu e a derrota americana

Quatro dias depois da entrada dos Taliban em Cabul, começam a ficar mais claras as circunstâncias do que se está a passar. Os Estados Unidos estavam cansados da sua mais longa guerra e os seus cofres pareciam já não aguentar mais a sangria a que estavam sujeitos desde há quase vinte anos.
Quando em 2017 Donald Trump chegou à Casa Branca, prometeu acabar com os conflitos em que o país estava envolvido e as negociações relativas ao Afeganistão começaram no ano seguinte. Dessas negociações resultou o Agreement for Bringinf Peace to Afghanistan between the Islamic Emirate of Afghanistan which is not recognized by the United States as a state and is known as the Taliban and the United States of America […] signed in Doha, Qatar on February 29, 2020. Foi esse o ponto de partida para a retirada do Afeganistão das tropas americanas e da NATO, que está em curso.
Por imposição taliban que os americanos aceitaram, o presidente Ashraf Ghani Ahmadzai e o governo afegão não tomaram parte nas negociações e não foram parte do acordo de Doha, mas ficou estabelecido que os Taliban e o governo do Afeganistão teriam negociações para um cessar-fogo e o fim da guerra civil. A exclusão do governo afegão dessas negociações foi um grave erro e daí nasceu o actual imbroglio, a humilhante derrota americana e da NATO, a implosão do governo afegão e, consequentemente, a vitória dos Taliban. Os Taliban limitaram-se a seguir as lições de Sun Tzu, o famoso general, estratega e filósofo chinês do século V a.C. que escreveu em A Arte da Guerra que, “pelejar e vencer todas as batalhas não é a excelência suprema: a excelência suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem combater”. Foi o que os Taliban, tal como os Vietcong, fizeram aos americanos.
Alguns dos grandes estrategas militares como Mao Tse-Tung, Ho Chi Minh e Vo Nguyen Giap, reconheceram que o seu sucesso se inspirou exactamente nas lições de Sun Tzu e, até na recente Guerra do Golfo, é referido que os generais Norman Schwarzkopf e Colin Powell puseram em prática alguns dos princípios de Sun Tzu. Hoje a revista francesa L'Express não poupa o comportamento dos americanos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

O fim da guerra: estava tudo combinado!

O jornal The Irish Times que se publica em Dublin desde 1859, foi apenas um dos jornais internacionais que publicaram a impressionante fotografia de 640 afegãos que no aeroporto de Cabul conseguiram entrar num avião C-17 Globemaster da US Air Force e voar para o Qatar. Esta cena, bem como as imagens e os relatos que nos chegam de Cabul, mostram o pânico que se vive na capital afegã e revelam que, nem os Estados Unidos nem a NATO, acautelaram a sua saída do Afeganistão, que foi planeada e acordada com os Taliban desde há mais de dois anos.
Em Fevereiro de 2019 o presidente Donald Trump tinha previsto encontrar-se em Camp David com o presidente do Afeganistão e com os líderes talibans, mas estes encontros foram cancelados à última hora. Porém, os contactos prosseguiram e, em Fevereiro de 2020, foi anunciado que tinha sido assinado um acordo que abria o caminho ao fim da guerra e à retirada das tropas americanas e da NATO, dentro de catorze meses. O acordo foi assinado pelo enviado especial americano Zalmay Khalilzad e pelo líder taliban Abdul Ghani Baradar, ficando definido um cronograma para a retirada definitiva das tropas estrangeiras e com os Taliban a assumir o compromisso de não permitir que o território afegão fosse usado para planear ou executar acções terroristas. Nessa cerimónia que foi pública e se realizou em Doha, no Qatar, participou o secretário de Estado americano Mike Pompeo. Depois, no dia 20 de Setembro de 2020, Mike Pompeo e Abdul Ghani Baradar reuniram-se de novo em Doha, fizeram-se fotografar e negociaram os últimos detalhes da retirada americana. Certamente que os contactos prosseguiram e, ainda há poucos dias, se negociavam em Doha alguns aspectos da retirada, pelo que a não intervenção taliban na área do aeroporto de Cabul ou a retirada ordeira das tropas americanas, fazem parte dos acordos negociados. Afinal, estava tudo combinado. O que não terá sido previsto foi a demissão da liderança política e militar afegã.
Neste quadro, é confrangedor ver os inúmeros especialistas que enxameiam as nossas televisões e que raramente citam este acordo feito pela Administração Trump, a que Joe Biden deu seguimento para acabar com vinte anos de guerra. 
No entanto, o problema é que ninguém consegue prever o futuro do Afeganistão.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

O desespero afegão no aeroporto de Cabul

Foi demasiado rápido o que aconteceu no Afeganistão, com os Taliban a ocuparem as cidades, incluindo Cabul, depois do anúncio da retirada americana. A longa guerra civil afegã, afinal já era outra coisa porque uma das partes se encostou aos americanos e, como se viu, criou a sua área de conforto e deixou de lutar. Ninguém pensou que, depois de tantos anos de investimento americano em formação e meios, fosse possível que as Forças Armadas do Afeganistão e os seus líderes se rendessem tão cobardemente, que fugissem do país, que se entregassem sem luta. Parece que ninguém pensou que o vazio deixado pela retirada americana iria ser ocupado tão rapidamente pelos Taliban, com as suas exigências, a sua violência e a sua anunciada crueldade. O pânico instalou-se e muitos temem ser acusados de colaboracionistas. Em desespero, muitos querem abandonar o país. O caos está instalado e, infelizmente, as piores notícias ainda estão para vir.
Os americanos saem de onde nunca deviam ter entrado pois não tinham mandato das Nações Unidas. Gastaram rios de dinheiro e tiveram milhares de baixas. Perderam a sua aposta por não terem estudado a lição da derrota soviética de 1979-1989. Arrastaram os seus parceiros da NATO para um cenário que não faz parte da sua área de intervenção, nem dos seus interesses.
Agora o Emirado Islâmico do Afeganistão é uma realidade no centro da Ásia, montanhoso e sem acesso ao mar, com fronteiras com o Irão, o Paquistão, o Turcomenistão, o Uzbequistão, o Tajiquistão e até com a China. Provavelmente vai ser o centro do radicalismo islâmico e da instabilidade mundial.
Hoje, toda a imprensa mundial publica a fotografia de um avião militar americano no aeroporto de Cabul, literalmente cercado por aqueles que desesperadamente tentam fugir do terror Taliban.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

A retirada americana do Afeganistão

Quando o Presidente Joe Biden anunciou a retirada americana do Afeganistão foi aberto o caminho para uma profunda alteração da situação militar no terreno. O avanço das forças Taliban foi muito rápido e há três dias já se anunciava a tomada de Kandahar, a segunda mais importante cidade do país, bem como a eminente queda da capital do Afeganistão, pelo que a notícia dos avanços das milícias Taliban e a queda de Cabul não surpreenderam o mundo. Depois de uma longa guerra – a mais longa guerra que os Estados Unidos já travaram – o movimento Taliban alcançou a vitória e anunciou a recriação do Emirado Islâmico do Afeganistão, enquanto os Estados Unidos e os seus aliados, designadamente a NATO, sofreram uma humilhante derrota, a fazer lembrar a queda de Saigão e a retirada americana do Vietnam em 1975.
O conflito do Afeganistão tem por base uma guerra civil. Entre 1979 e 1989 a União Soviética foi defender o governo marxista afegão contra a ameaça mujahidin, atolou-se nas montanhas afegãs e retirou-se humilhada, havendo quem sustente que foi aí que começou o fim da URSS. Era o tempo da Guerra Fria e os Estados Unidos estiveram então na primeira linha do apoio aos mujahidin que tomaram o poder, mas alguns desses grupos não se entenderam, afastaram-se e uniram-se no movimento Taliban.
Após o trágico atentado de Nova Iorque contra as Torres Gémeas, os Estados Unidos entraram no Afeganistão em Outubro de 2001 à procura de Osama Bin Laden, mas nunca mais de lá saíram e até conseguiram convencer os seus aliados da NATO para entrar nessa aventura, em que Portugal alinhou com grande despropósito, até porque o Afeganistão fica bem longe do Atlântico Norte. Os Taliban foram afastados do poder em 2001, mas vinte anos depois regressam a Cabul, agora com Haibatullah Akhundzada como o seu comandante supremo. Os próximos tempos vão ser difíceis para o povo afegão, agora sujeito às mais radicais leis islâmicas, mas também vão ser preocupantes para o mundo, pois a Al-Qaeda, o radicalismo islâmico e o terrorismo podem reaparecer rapidamente.

domingo, 15 de agosto de 2021

Uma longa jornada com três mil textos

Esta manhã escrevi qualquer coisa sobre o 75º aniversário da independência da Índia e verifiquei que o número de mensagens ou posts que já coloquei nesta Rua dos Navegantes atingiu o bonito número de 3000, o que é um motivo de grande alegria!
Este espaço nasceu no dia 25 de Janeiro de 2011 e com ele, eu não me obrigava “a rotas nem calendários, nem escalas nem horários”, isto é, apenas pretendia criar um espaço que me ajudasse a manter o interesse pelo que vai acontecendo por aqui e pelo mundo, a conservar algum sentido crítico e a ter alguma actividade redactorial, não sendo minha intenção fazer dele um espaço de intervenção pública. Por isso, aqui emiti algumas opiniões, por vezes com críticas e outras vezes com aplausos, mas sem qualquer intenção de difamar ou ofender pessoas ou instituições.
A Rua dos Navegantes tem cerca de 127 meses de vida, o que significa que foram escritas 23,6 mensagens mensalmente, as quais têm tido algumas dezenas de leitores, não só em Portugal, mas também em regiões onde se fala ou onde há portugueses. Como se costuma dizer, os leitores ou os followers são poucos mas são muito bons.
Agradeço a todos e, de forma especial, aos meus amigos que têm comentado os textos de forma habitualmente tão generosa.
Thank you followers!

Os 75 anos da República da Índia

A República da Índia foi proclamada no dia 15 de Agosto de 1947 por Jawaharlal Nehru, mas o processo que conduziu à sua independência do Império Britânico foi muito complexo e até dramático, devido sobretudo à violenta rivalidade religiosa que existia entre hindus e muçulmanos, de que resultou a formação de dois estados: a Índia e o Paquistão.
Nehru foi escolhido pelo seu partido para ser o primeiro-ministro da República da Índia e ocupou esse cargo desde 1947 até à sua morte em 1964, mas para além da guerra que suportou com Muhammad Ali Jinnah e com a Liga Muçulmana, tratou de formar um estado federal a partir de um território superpopuloso, ocupado por inúmeras etnias, línguas e dialectos.
A diversidade cultural da Índia é enorme e a construção da unidade nacional tem sido uma prioridade desde 1947. Nesse sentido são incentivadas as mais diversas iniciativas, sobretudo no Independence Day (15 de Agosto) e no Republic Day (26 de Janeiro), que incluem paradas militares, actividades escolares e festas populares. A imprensa associa-se sempre as estas iniciativas de carácter nacional e todos os jornais lhe dedicam grandes espaços promocionais. Assim acontece hoje com a edição do Statesman de Nova Delhi que dedica a sua primeira página ao 75º aniversário da República da Índia, saudando a sua liberdade e os seus bravos heróis.
Os 75 anos da Índia independente têm levado o país para níveis de prosperidade económica, desenvolvimento tecnológico e prestígio internacional, mas subsiste um elevado nível de pobreza extrema, bem como fortes assimetrias regionais e muita desigualdade social, para além de uma grave e perigosa intolerância religiosa.

sábado, 14 de agosto de 2021

Ajuda a Moçambique: chegar, ver e vencer

O jornal moçambicano Savana noticiou na sua última edição que “Mocímboa cai com apoio da força ruandesa” e escreveu que foi “chegar, ver e vencer”, o que traduz um enorme elogio à acção das forças ruandesas que se encontram no norte de Moçambique para combater as forças insurgentes que, inspiradas ou manipuladas pelo Estado Islâmico, se têm revelado desde 2017 no distrito moçambicano de Cabo Delgado. 
A acção destas forças insurgentes tem aumentado e, nos primeiros meses do corrente ano, foram atacadas algumas povoações e ocupadas as vilas costeiras de Mocímboa da Praia e de Palma. A construção do complexo industrial da ponta Afungi foi suspensa, os trabalhadores estrangeiros retiraram-se e a comunidade internacional começou a pôr em causa a capacidade das autoridades moçambicanas para combater a insurgência islâmica. Mais de 700 mil deslocados e quase três mil mortos é o balanço que tem sido apresentado sobre as consequências das acções que o governo moçambicano classifica como terroristas.
Entretanto, os dezasseis países da Southern African Development Community (SADC) ou Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, decidiram constituir uma força conjunta para ajudar Moçambique, mas nessa altura já havia em Cabo Delgado um contingente de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral existente entre o governo moçambicano e as autoridades ruandesas.

Essas forças ruandesas reivindicaram na semana passada o seu primeiro sucesso, dizendo que ajudaram o exército de Moçambique a recuperar o controlo de Awasse - um pequeno mas estratégico posto militar situado perto de Mocímboa da Praia. Agora anunciaram que Mocímboa da Praia “foi capturada pelas forças de segurança do Ruanda e Moçambique”. A rapidez e a eficiência da acção ruandesa vieram dar ânimo às autoridades moçambicanas e mostrar que, apesar de todas as dificuldades, a insurgência pode ser dominada.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

As neblinas e o Monumento ao Baleeiro

Costuma dizer-se que nas ilhas dos Açores as quatro estações do ano se sucedem em cada dia e nem é preciso invocar as alterações climáticas para verificarmos essa realidade resultante da localização atlântica do arquipélago açoriano. Mesmo neste tempo de Agosto, em que seriam de esperar meteorologias benignas, os dias de sol intercalam-se com alguns períodos de chuva, enquanto algumas ventanias e muitas neblinas se esforçam por demonstrar que a vida meteorológica dos Açores é uma matéria complexa.
Há dias a neblina envolveu São Roque do Pico e o Monumento ao Baleeiro, localizado em frente do Museu da Indústria Baleeira, destacou-se e ofereceu um contraste nada habitual, a proporcionar uma fotografia inédita e interessante de um monumento que tantas vezes fotografei, mas sem que alguma vez tivesse conseguido este resultado.
Após cerca de um mês de deambulações por estas paragens do concelho de São Roque do Pico, esta é a melhor homenagem que posso fazer à terra onde estão sempre presentes as evocações da baleação e dos seus homens.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

O último aviso para salvar o planeta

No ano de 1988 foi criado, no âmbito das Nações Unidas, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, mais conhecido pela sigla IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), cujo principal objectivo é o estudo e a divulgação dos mais avançados conhecimentos científicos sobre as mudanças climáticas e, em especial, sobre o aquecimento global. 
O IPCC agrega milhares dos mais qualificados especialistas mundiais e, desde a sua fundação, tem produzido vários documentos importantes, o que levou o Comité Nobel a atribuir-lhe o Prémio Nobel da Paz em 2014. Desses documentos destacam-se os cinco relatórios de avaliação global já apresentados e, agora, a sua sexta avaliação ou sexto relatório sobre as alterações climáticas, que veio confirmar a enorme influência humana no aquecimento global e nos fenómenos a ele associados.
O nosso planeta está a aquecer a um ritmo sem precedentes e é necessário travar a fundo as emissões de gases com efeito de estufa, embora já não seja possível impedir alguns fenómenos já em marcha durante décadas, como a fusão do gelo polar e a subida do nível do mar, prevendo-se que até 2040 o planeta deve aquecer 1,5 graus e essa é a mais severa previsão feita até agora.
Com base neste relatório, o secretário-geral das Nações Unidas foi claro e afirmou que este relatório é “um alerta vermelho para a humanidade” e que é necessário ”o fim do uso do carvão e dos combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta”. António Guterres apelou ainda para que se unam todas as forças para evitar a catástrofe climática e pediu aos dirigentes mundiais, que em Novembro se vão reunir na conferência do clima em Glasgow, para que tomem medidas no sentido da efectiva redução das emissões de gases de efeito de estufa.
O jornal el Periódico de Barcelona diz que é “o último aviso para salvar o planeta”.

Lionel Messi e as lágrimas de crocodilo

Toda a imprensa espanhola da passada segunda-feira dedicou as suas primeiras páginas à conferência de imprensa do futebolista argentino Lionel Messi que, depois de ter integrado a equipa do Barcelona FC desde os 13 anos de idade e durante 21 anos, decidiu mudar de clube e não conseguiu evitar de chorar quando anunciou essa decisão. A Catalunha e a Espanha entraram em paranóia por terem perdido Messi, enquanto a euforia invadiu a cidade de Paris, para onde o futebolista se dirigiu em busca do dinheiro que o clube catalão já não lhe podia pagar.
O problema do Barcelona e de Lionel Messi foi o dinheiro. O clube estará falido, com uma dívida superior a mil milhões de euros, da qual cerca de 730 milhões são dívida de curto prazo, porque de uma forma irresponsável contratou quem quis e pagou tudo o que lhe pediram. Ninguém sabe o que o Barcelona FC pagou a Lionel Messi durante 21 anos, mas a imprensa refere que actualmente lhe pagava 110 milhões de euros anuais, correspondentes a cerca de 9 milhões de euros mensais. Se era verdade, era uma verdadeira obscenidade!
Messi encenou bem a cena do choro quando anunciou a sua saída de Barcelona, mas o facto é que o seu clube entrou em ruptura financeira exactamente para lhe pagar a ele e a outros dos seus companheiros. Afirmou que “não estava preparado para sair” e que “pensava que ia continuar em casa”, acrescentando que “fez tudo o que era possível para continuar”. Chorou porquê? Apenas porque queria ainda mais dinheiro. Estas declarações, bem como as lágrimas de crocodilo que derramou, apenas mostram como é o mundo do futebol – o dinheiro, só o dinheiro e mais dinheiro.
Gosto muito de futebol, mas isto não é futebol.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Heranças coloniais e derrubes de estátuas

A edição de ontem do jornal madrileno ABC destaca que “el odio a España se enseña en las escuelas de América” e ilustra a sua primeira página com uma fotografia em que um jovem arrasta uma cabeça de uma estátua de Colombo por uma rua da cidade colombiana de Barranquilla.
A rejeição das heranças coloniais, com todas as suas grandezas e desgraças, parece estar a tornar-se uma moda, em que se acentua a exploração dos colonizados pelos colonizadores, assim como a escravatura, o trabalho forçado, a apropriação de terras e recursos, bem como muitas outras facetas do domínio colonial. Aqueles que a História tem registado como pioneiros do descobrimento do mundo, do encontro de culturas e da globalização, caso dos Colombos, dos Gamas, dos Cartier, dos Janszoon ou dos Cook, tendem a ser contestados nas regiões que procuraram dominar, civilizar, cristianizar ou simplesmente trazer para o seu convívio cultural de acordo com os padrões da sua época. Nesse tempo não havia “direitos humanos” e esses padrões eram por vezes marcados por grande violência e crueldade, mas não eram uma prática exclusiva dos colonizadores para com os colonizados dos novos continentes, pois manifestavam-se com iguais características nas sociedades medievais europeias e algumas chegaram mesmo até aos nossos dias, como se viu no recente conflito da ex-Jugoslávia.
A actual contestação africana ou latino-americana que derruba estátuas e contesta a herança colonial, tem uma narrativa que é tão distorcida como aquela que agora rejeita. A reescrita da História faz sentido e pode ser necessária, mas não pode ser vista com os olhos do nosso tempo de modas, de redes sociais e de ajustes de contas. Diz o ABC que o ódio a Espanha se ensina nas escolas da América, mas se assim é, não faltará muito tempo para que essa moda se espalhe e que, em vez de caminharmos para uma sociedade mundial mais harmoniosa e mais justa, se multipliquem os factores de conflitualidade.

Terminou Tóquio 2020. Venha Paris 2024

Terminaram os Jogos Olímpicos de Tóquio com os Estados Unidos na liderança do chamado medalheiro global com 113 medalhas conquistadas, sendo 39 de ouro, 41 de prata e 33 de bronze, seguindo-se a China com 88, o Comité Olímpico Russo com 71, a Grã-Bretanha com 65 e o Japão com 58. Os nossos amigos brasileiros aparecem em 12º lugar com 21 medalhas, os nossos vizinhos espanhóis em 22º lugar com 17 medalhas e o nosso Portugal em 56º lugar com 4 medalhas. Foi a melhor prestação olímpica portuguesa de sempre, com quatro medalhas e quinze diplomas atribuídos aos atletas que se classificaram entre o 4º e o 8º lugar, mas porque houve 93 países que ganharam medalhas, ficamos na segunda metade da tabela.
Pode ser que surjam agora os apoios necessários para que a preparação olímpica para 2024 em Paris, permita que se dê mais um salto no campo da “convergência desportiva”. De facto, se analisarmos os resultados olímpicos dos países europeus de dimensão semelhante a Portugal encontramos alguns países que quase nos fazem inveja, como por exemplo a Hungria (20 medalhas), a Suiça (13), a Dinamarca (11), a Suécia e a Sérvia (9), a Croácia (8) e a Bélgica (7). 
Curiosamente o ponto final nos Jogos de Tóquio quase foi ignorado pela imprensa portuguesa e teve que ser o jornal macaense ponto final a assinalar o desempenho histórico de Portugal.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

A melhor prestação olímpica de sempre

O movimento olímpico português bem pode festejar porque, em 25 participações nos Jogos Olímpicos, nunca a nossa representação tinha ganho quatro medalhas!
Aconteceu quando era madrugada em Lisboa e Pedro Pablo Pichardo ganhou a medalha de ouro na prova do triplo salto com um salto de 17,98 metros, que se somou às medalhas já ganhas por Jorge Fonseca, Patrícia Mamona e Fernando Pimenta. A sua vitória foi tão clara que até pareceu fácil, levando-o a declarar que “toda a gente acha que é fácil, mas dá muito trabalho”.
Embora ainda não tenham terminado, os Jogos Olímpicos de Tóquio já garantiram o melhor resultado olímpico de sempre para Portugal e, este momento é, realmente, um momento alto do desporto português.
Durante o dia sucederam-se os justos elogios a Pedro Pablo Pichardo, o atleta de origem cubana que se naturalizou português, para quem esta medalha é ”a forma de agradecer ao país que me apoiou”. Entre os que primeiro felicitaram o atleta pela sua proeza estava o venerando Chefe do Estado, que nestas coisas que as televisões mostram muitas vezes, está sempre muito atento e gosta de aparecer.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A canoagem garante uma terceira medalha

Fernando Pimenta conseguiu o terceiro lugar na final da prova olímpica de canoagem K1 1000 metros e, dessa forma, assegurou a terceira medalha para Portugal. Assim, a delegação portuguesa já conquistou três medalhas olímpicas em Tóquio, o que iguala os melhores resultados de sempre conseguidos em Los Angeles-1984 e em Atenas-2004.
Fernando Pimenta já conquistara uma medalha de prata em Londres-2012 e, dessa forma, tornou-se o quinto atleta português que conseguiu duas medalhas olímpicas, o que aqui saudamos e aplaudimos.
Toda a imprensa portuguesa destacou o feito de Fernando Pimenta, mas houve um jornal desportivo chamado Récord, que deu mais destaque ao treinador de futebol do Benfica do que ao atleta medalhado em Tóquio, o que é um verdadeiro caso de mediocridade jornalística, que aqui queremos destacar. O próprio jornal A Bola, que é a "bíblia" do nosso futebol, não comete esse tipo de erros jornalísticos e nesta sua edição destaca o "beijo de bronze" de Fernando Pimenta.
Os jogos Olímpicos aproximam-se do fim, mas ainda é possível assegurar uma quarta medalha, o que faria de Tóquio-2020 o melhor ano olímpico da história do desporto português.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Mais uma medalha que chega de Tóquio

Ao nono dia de provas olímpicas pudemos começar a controlar o nosso stress porque o nosso país já tem uma segunda medalha olímpica, o que significa que no nosso historial olímpico já estamos ao nível do que é habitual, isto é, com 25 participações os nossos atletas ganharam 26 medalhas. Não são muitas, nem poucas, mas é o que tem sido possível.
Esta segunda medalha foi ganha ontem por Patrícia Mamona, a mais elegante participante na final da prova do triplo salto, que se classificou em segundo lugar e bateu o seu record nacional com 15,01 metros, numa prova muito bem disputada que foi ganha por uma super-atleta venezuelana. Toda a imprensa portuguesa salientou a proeza de Patrícia Mamona e o jornal O Jogo referiu-se-lhe com a frase “asas de prata”.
O sucesso da atleta portuguesa trouxe muita satisfação a quem acompanha as provas olímpicas não só pelo resultado desportivo que conseguiu, mas também pelo equilíbrio e sensatez das suas declarações à comunicação social.
Patrícia Mamona já dera algumas alegrias ao desporto português e em 2016 classificara-se em 6º lugar na prova do triplo salto nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Agora conquistou a medalha olímpica de prata e disse: ”Estava muito confiante na qualificação, muito tranquila e sabia que este momento era muito especial para mim. São cinco anos a trabalhar para este momento. Estou orgulhosa. Estou orgulhosa de todos nós. Portugal é um país pequeno, mas conseguimos fazer coisas grandes. Estou muito emocionada”.
Nós aplaudimos esta grande campeã!