segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Um breve encontro, um passo necessário

A guerra prossegue no território ucraniano, mas pouco sabemos sobre o que realmente se passa no terreno, para além das repetidas imagens televisivas que nos chegam e que nos mostram o sofrimento das populações na sua fuga em busca de segurança. Essas imagens são reais. As grandes novidades desta crise serão a ameaça de utilização de armamento nuclear por uma das partes (Rússia) e o enorme apoio internacional que tem a outra parte do conflito (Ucrânia), mas também a intensa utilização das plataformas comunicacionais, como a televisão e as redes sociais, que estão a fazer um novo tipo de guerra através de uma intensa manipulação da informação, mas que também servem para mobilizar solidariedades, para denunciar abusos e para reclamar pelo fim da guerra.
Putin foi longe demais e abriu uma caixa de Pandora. Hoje houve um breve encontro entre as partes e esse foi um passo necessário e um sinal de esperança. A Europa deveria ter estado nesse encontro a mediar, mas optou por apoiar uma das partes e lançar gasolina para a fogueira. Naturalmente, cada uma das delegações estará a estudar as propostas que recebeu da outra parte como base para uma negociação e para um desejável cessar-fogo, esperando-se que cada uma delas entenda bem o que é uma negociação, isto é, que saiba que tem que ceder alguma coisa para que o sofrimento da população fique por aqui.
Os tempos mudaram muito e as imagens que nos chegam das populações em fuga do território ucraniano, bem como as ameaças russas, têm gerado solidariedades por todo o mundo, inclusive na própria Rússia. Milhares de pessoas por todo o mundo têm participado em marchas de protesto contra a guerra e em apoio do povo ucraniano. O jornal The Washington Post foi um dos jornais que hoje destacou em primeira página a grande manifestação contra a guerra, ontem realizada em Berlim.   
Hoje o presidente Zelensky pediu a adesão urgente da Ucrânia à União Europeia. Não sei se será a melhor altura para abrir o processo de adesão que é sempre demorado, recordando aqui que Portugal esperou uns bons dez anos para satisfazer todos os critérios necessários.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

A resistência e a coragem de Zelensky

Sabe-se pouco sobre o que vai acontecendo no conflito que está em curso na Ucrânia, porque as notícias são contraditórias e resultam das necessidades de desinformação e da política de contrainformação de ambas as partes. Há referências a um possível encontro entre russos e ucranianos, nas próximas horas, o que não pode deixar de nos dar alguma esperança de estarmos a caminho de um cessar-fogo, de negociações e da paz.
Apesar de ter havido repetidas provocações, tanto por parte dos russos como por parte dos ocidentais e dos falcões da NATO, a inesperada e brutal invasão russa deixou o mundo perplexo. Pouco se sabe sobre o que se passa no terreno, sobre os combates, sobre as baixas ou sobre quem está a ter vantagem nas operações, mas são visíveis as imagens de milhares de pessoas que fogem das cidades e procuram refúgio nos países fronteiros, bem como as imagens do protesto que o mundo está a fazer contra a invasão das tropas de Putin e de solidariedade para com a Ucrânia.
Nestas difíceis circunstâncias e neste clima de incerteza, um homem já se impôs ao respeito dos seus concidadãos e ao mundo: Volodymyr Olexandrovytch Zelensky. Tem 44 anos de idade e é o actual presidente da Ucrânia, cargo para que foi eleito em Maio de 2019. Não tem passado político e, enquanto actor e comediante, desempenhou o papel de presidente da Ucrânia na série televisiva “Servo do Povo”, que foi transmitida entre 2015 e 2019 pela televisão ucraniana. Será um populista mas, inesperadamente, tem sido o rosto e a voz da resistência, num exemplo de coragem a lembrar a firmeza do presidente chileno Salvador Allende, que em 1973 foi deposto por um golpe militar chefiado pelo general Augusto Pinochet. 
Hoje o jornal regional francês Courrier picard, que se publica em Amiens, presta-lhe uma homenagem a que me associo. Bravo Volodymyr Zelensky!

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Guerra continua mas pouco sabemos dela

A invasão russa da Ucrânia prossegue e apesar de nos chegarem muitas notícias provenientes do território ucraniano, pouco sabemos sobre o que de facto está a acontecer e sobre os propósitos das tropas invasoras. Vemos a inesperada e corajosa intervenção do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, vemos algumas imagens pouco esclarecedoras de operações militares, mas não temos visto soldados, nem colunas militares, nem ataques aéreos. Ambas as partes estão a utilizar a desinformação e a contrainformação em larga escala, como é habitual nestes casos, para estimular os seus combatentes e para suscitar a compreensão ou o apoio internacionais. 
A população das cidades parece estar a abandoná-las e a procurar refúgio e segurança nos países vizinhos. Há notícia de operações em várias regiões do país mas, aparentemente, o objectivo russo é dominar a cidade de Kiev, a capital da Ucrânia e forçar a rendição do presidente Zelensky, havendo muitos jornais internacionais que, tal como o diário Público, publicam exactamente a mesma fotografia em que vêm soldados ucranianos a tomar posição para resistir às tropas russas.
Entretanto, a diplomacia poderá já estar a trabalhar para conseguir um cessar-fogo que permita reencontrar a paz. É a melhor notícia que nos pode chegar da Ucrânia, mas os negociadores terão de utilizar a inteligência e a sensatez, mas também os conhecimentos da História e saber que a negociação é uma arte e não um jogo de teimosos.
Há vários países europeus que, nas disputas Leste-Oeste, optaram por um estatuto de neutralidade. É o caso da Suíça, da Áustria, da Finlândia e da Suécia. Talvez esses exemplos sirvam para inspirar os diplomatas russos e ucranianos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Um dia muito negro na História da Europa

Na madrugada de hoje, Vladimir Putin falou aos russos e ao mundo para anunciar a iniciativa que todos temiam, mas que poucos acreditavam ser possível, isto é, a invasão da Ucrânia. Depois de muitos dias de diálogo, contactos diplomáticos, consultas e conversações, mas também de ameaças, acusações e insultos, tudo parecia caminhar no sentido de ser encontrada uma solução que resultaria de alguma cedência das partes e que recusasse a guerra e as suas consequências catastróficas. 
Porém, aconteceu uma crescente radicalização, sem que cada parte atendesse aos argumentos da outra.
No longo discurso que pronunciou esta madrugada, Putin considerou que a Rússia e o seu povo estavam cada vez mais ameaçados pelos Estados Unidos e pela NATO, afirmando que “decidi conduzir uma operação militar especial” e que “a Rússia moderna, mesmo após o colapso da URSS e a perda de uma parte significativa do seu potencial, é hoje uma das potências nucleares mais poderosas do mundo”, o que deve ser associado a outra passagem do seu discurso em que Putin também disse que “quem nos tentar impedir, deve saber que a resposta da Rússia será imediata”. Trata-se de uma declaração de guerra à NATO e ninguém sabe o que vai acontecer. É um dia muito negro na História da Europa. A iniciativa de Putin tem sido condenada com veemência, com as excepções do costume. Só a imprensa sul-americana não deu a notícia da invasão da Ucrânia porque quando Putin falou, a América do Sul ainda estava no dia anterior…
Em Portugal temos o presidente Marcelo a condenar a violação do direito internacional e temos o primeiro-ministro Costa a afirmar que está preparada uma força militar portuguesa para missões de dissuasão da NATO, mas que a NATO não vai intervir na Ucrânia. 
Todos condenam Putin e declaram solidariedade para com o povo ucraniano. Nós também. Que o cessar-fogo e a diplomacia cheguem depressa. Que tudo isto seja apenas um mau sonho.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O invasor Putin e as reacções ocidentais

Não é fácil consultar a imprensa que se publica nos países situados para além daquilo que Churchill chamou a Cortina de Ferro e que estiveram alinhados com a União Soviética, desde o fim da 2ª Guerra Mundial até à sua implosão nos anos 90 do século passado. Porém, a Polónia é uma excepção, pois a sua imprensa está disponível na internet. 
A Polónia foi pioneira na contestação ao sovietismo através do movimento sindical Solidariedade, que lançou os primeiros sinais que prenunciavam o colapso do comunismo na Europa Oriental e o fim da União Soviética e do seu modelo político-económico. Depois o país democratizou-se, foi integrado na NATO em 1999 e passou a fazer parte da União Europeia em 2004. Nessa altura, inspirado no jornal alemão Bildsurgiu em Varsóvia o jornal tablóide Fakt que é, actualmente, um dos jornais mais vendidos na Polónia. O jornal tem características conservadoras, nacionalistas e populistas e, com a ajuda do Google, é possível ler alguma coisa do seu conteúdo. Pois na sua última edição o jornal escolheu uma “imperial” fotografia de Vladimir Putin e o título “Putin zaborca”, que significa “Putin invasor”. Depois, publica as fotografias de Emmanuel Macron, Boris Johnson, Joe Biden e Olaf Scholz e escreve “Co teraz zrobi Zachód?” que, segundo o referido Google, quer dizer “O que vai agora fazer o Ocidente?”.
Embora se trate de um jornal de características populistas, ele traduz o sentimento generalizado naquele país de que Putin foi o invasor, mas também que estão à espera que o Ocidente faça alguma coisa…
Porém, é necessário estar atento à propaganda com que ambas as partes do conflito manipulam as opiniões públicas e, sobretudo, ao que dizem os comentadores encartados.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A Ucrânia e o passo em frente do Vladimir

Vladimir Putin anunciou o reconhecimento da independência das chamadas repúblicas rebeldes de Donetsk e Lugansk, situadas no leste da Ucrânia, o que significa um passo em frente no conflito que se vem desenvolvendo entre a Rússia e os Estados Unidos, no qual a Europa deveria ter um papel decisivo mas que se limita a um seguidismo dos seus falcões, que estão subordinados aos interesses americanos. De imediato, as novas repúblicas pediram o apoio russo e Putin mandou avançar os seus tanques como forças de manutenção da paz para a bacia de Donbass, que é a maior região industrial do país e que tem uma área semelhante a metade de Portugal, com quase cinco milhões de habitantes.
A Ucrânia está no centro da Europa e, em vez de ser olhada como parte da Rússia ou como parte da Europa Ocidental, deveria ser tratada como o país multicultural e multireligioso, cujo destino seria a moderação dos apetites históricos, tanto dos russos, como dos ocidentais. A ideia de levar a NATO para a Europa oriental, que já Henry Kissinger condenara, tem sido uma provocação para o orgulho russo. O antigo secretário de Estado americano assinou em 2014 um artigo no The Washington Post, intitulado “How the Ukraine Crisis Ends”, em que afirma que ”a Ucrânia faz parte da Rússia há séculos” e, de facto, o país só é independente há 23 anos, na sequência da queda do império soviético e da humilhação que foi feita aos russos.
E agora? A incerteza é completa sobre o que se vai passar. Hoje, as televisões vão encher-se de comentadores a criticar a iniciativa russa que foi precipitada, pois ainda havia muito espaço para a diplomacia, mas também vão fazer os seus prognósticos. Haverá confrontos militares entre russos e ucranianos? Os russos limitar-se-ão apenas ao controlo do Donbass ou tenderão a ocupar o leste da Ucrânia, onde se encontra o porto de Mariupol, para se ligarem ao território da República Autónoma da Crimeia? Etc, etc.
O certo é que vêm aí tempos muito difíceis, porque “Putin orders troops to Ukraine’s East”, como hoje destaca The Wall Street Journal.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

As milícias digitais como arma política

O Brasil parece estar sob a crescente influência das milícias digitais, uma expressão que se vem impondo na cobertura mediática para definir aqueles que actuam organizadamente nas redes sociais e em aplicações de troca de mensagens com o objectivo de influenciar resultados políticos, através da mentira, da difamação, da violência e da intimidação. Porém, as chamadas milícias digitais não são um exclusivo brasileiro, estiveram activas sob as ordens de Donald Trump e a sua acção é bem evidente nos nossos dias, como se vê na manipulação da opinião pública internacional a respeito do conflito na Ucrânia.
No que respeita à milícia digital bolsonarista, segundo revela a última edição da revista IstoÉ, trata-se de uma organização criminosa que é comandada por gente da confiança de Jair Bolsonaro e que difunde mentiras sob a forma de fake news para atacar a reputação dos seus adversários políticos, estando agrupada no chamado gabinete do ódio, instalado no terceiro andar do palácio do Planalto a poucos metros do gabinete do presidente Jair Bolsonaro. A Polícia Federal brasileira estará a investigar esta grave situação de ataque à democracia, que terá começado a manifestar-se durante a campanha eleitoral que em 2018 levou Bolsonaro à presidência, com 55% dos votos e com vitória em 16 dos 27 estados brasileiros.
O gabinete do ódio dispõe de diversos núcleos operacionais e é dirigido pelo senador Flávio Bolsonaro e pelo vereador Carlos Bolsonaro, filhos de Jair Bolsonaro. O seu principal objectivo é o ataque ao ex-presidente Lula da Silva, que tem sido alvo de mentiras, calúnias e notícias distorcidas, não só para o difamar, mas também para encobrir a gestão bolsonarista que levou o Brasil ao retrocesso económico e social.
O facto é que quem assiste diariamente aos noticiários televisivos portugueses, não tem dificuldade em constatar que, também por cá, existem milícias semelhantes às milícias digitais bolsonaristas.

A tempestade Eunice e uma bela fotografia

A passagem da tempestade Eunice pelo noroeste europeu traduziu-se em algumas mortes e muitas destruições em vários países, devido aos ventos que chegaram a atingir quase 200 quilómetros por hora, às chuvas torrenciais, à forte agitação marítima e às ondas gigantes que afectaram a sua orla costeira. As Ilhas Britânicas, devido aos seus condicionalismos geográficos, foram severamente afectadas e o jornal Daily Express classificou a tempestade como “the storm of the century”, enquanto um jornal espanhol escrevia que foi “la peor tormenta en décadas y causa el caos en Europa”. Na ilha de Wight, a sul de Southampton, pode ter sido registada a rajada de vento mais violenta alguma vez registada na Inglaterra: 196 quilómetros por hora. Mais de 400 mil pessoas ficaram sem electricidade na área de Londres e a cobertura da O2 Arena, a maior sala de espectáculos da capital britânica, foi levada pelo vento. Muitas árvores caíram, os aeroportos foram encerrados e milhões de pessoas foram aconselhadas a ficar em casa.
Na sua edição de hoje o jornal The Guardian também destaca a Eunice como a pior tempestade acontecida em décadas na Inglaterra e publica uma espectacular fotografia captada em Porthcawl, nas proximidades da cidade de Cardiff, em South Wales, a mostrar que apesar das destruições causadas pela tempestade, é possível captar fotografias excepcionais.

Ucrania: la guerra ci fa vergognare tutti

O jornal L’Osservatore Romano, que é a voz do Vaticano e do Papa, destaca na sua última edição a fotografia de um tanque e a frase “la guerra ci fa vergognare tutti”, isto é, a guerra que nos envergonha a todos. É verdade, esta guerra envergonha-nos a todos. Os falcões ocidentais com um tal Stoltenberg à cabeça, bem como aqueles que não os denunciam, parecem estar ávidos de uma guerra que significa tragédia e morte, destruição de património e lucro para as indústrias do armamento. As suas centrais de propaganda e os seus agentes querem ressuscitar a guerra fria e todos os dias anunciam a concentração de mais soldados russos nas fronteiras e a iminência de uma invasão do território ucraniano, apontando mesmo o seu modus faciendi. Há poucos meses assistimos à forma como esse exemplo de democrata que é Donald Trump insultou a unidade europeia e, agora, são exactamente os mesmos americanos que nos falam da unidade do Ocidente para fazer frente às tropas do ditador Vladimir Putin, como se os interesses americanos e europeus, ou das várias europas, fossem convergentes.
Aqui em Portugal é inquietante assistir ao desfilar televisivo de inúmeros pseudo-especialistas em geopolítica e em estratégia militar que, desonestamente, têm feito passar na opinião pública a ideia de que os russos são maus e que os americanos são bons, mas também que a Europa tem que alinhar ao lado do aventureirismo americano, tal como já fez no Iraque, na Síria e no Afeganistão, numa cruzada sem sentido e sem glória.
A compreensão do que se passa obriga-nos a conhecer a História e a ver com atenção o mapa da Europa. O Velho Continente não pode ser condenado a ser um mero peão americano neste complexo xadrez e compete-lhe ser a voz da diplomacia, da moderação e do apaziguamento, neste conflito de rivalidades e de interesses estratégicos que se vem desenvolvendo na Ucrânia e que nos envergonha a todos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Fortes temporais levaram o luto ao Brasil

O Brasil está de luto porque um temporal acompanhado de chuva torrencial provocou fortes inundações e deslizamento de terras de que resultaram 110 mortos e mais de 130 desaparecidos em Petrópolis, uma cidade situada na periferia do Rio de Janeiro.
Petrópolis é uma cidade histórica envolvida pelo belo Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que se caracteriza pelos seus picos arborizados e quedas de água, nela se localizando o antigo palácio imperial de D. Pedro II, o filho do imperador D. Pedro I e neto de D. João VI, bem como o Museu Imperial e a Catedral de São Pedro de Alcântara. 
É o local que, como nenhum outro, conserva a memória imperial do Brasil, mas também é um sítio castigado ciclicamente com tragédias provocadas por temporais. No ano de 2011 as chuvas torrenciais provocaram enxurradas de lama e pedras que mataram pelo menos 918 pessoas em toda a região mas, apesar disso, os sucessivos governadores do Rio de Janeiro não tomaram as medidas de prevenção requeridas, incluindo a recuperação de encostas, o reflorestamento das margens dos rios, a demolição de casas em locais de risco e a realização de uma campanha de sensibilização da população para o problema. 
Nada foi feito e, por isso, a tragédia não foi inesperada como referiu a edição de ontem do jornal O Globo do Rio de Janeiro. A imprensa brasileira deu grande cobertura a este doloroso acontecimento que levou a dor, o desespero e o luto à Cidade Imperial, enquanto as televisões divulgaram impressionantes imagens da destruição e da desolação que se abateu sobre a cidade de Petrópolis.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

O nosso país está adiado há muito tempo

O Tribunal Constitucional decidiu, por unanimidade, declarar a nulidade das eleições legislativas de 30 de Janeiro em mais de uma centena de assembleias de voto do círculo da Europa e a repetição do acto eleitoral. Esta decisão considerou nulos 157.205 votos, correspondentes a cerca de 80% dos votos por correspondência que não chegaram acompanhados pela fotocópia do documento de identificação do eleitor, conforme determina a lei, mas vieram a ser misturados com os votos válidos em cerca de 150 secções de voto. A Comissão Nacional de Eleições já deliberou que a nova votação presencial se realizará nos dias 12 e 13 de Março e que os votos por via postal serão validados se forem recebidos até ao dia 23 de Março. Espera-se que este imbróglio não se volte a repetir e que todos os agentes envolvidos neste processo sejam mais atentos e responsáveis, até pelos avultados custos que envolve, não só políticos, mas também financeiros.
A posse do novo governo estava agendada para o dia 23 de Fevereiro, mas vai agora ser adiada em pelo menos um mês, o que levou o jornal Público a escrever um título desproporcionado, quanto ao conteúdo e quanto à dimensão – o país adiado. Ora o país está adiado há muito tempo e não é por causa da anulação das eleições do círculo da Europa e de só mais tarde termos um novo governo, mas por muitas outras coisas que vão acontecendo no território e no tecido social. O que adia o nosso país é a ausência de causas e a cegueira partidária dos nossos agentes políticos, o egoísmo das elites, o escandaloso compadrio nacional, mas também a falta de ambição, o conformismo e a vaidade, entre outras coisas. Há uma grande confusão, que precisa de ser clarificada, na Justiça, no Serviço Nacional de Saúde ou na Defesa Nacional, mas não só. Porém, a comunicação social que podia ser mobilizadora em tantas causas de progresso, opta por perseguir o sensacionalismo e as audiências, vai criando mitos e massacra-nos com a “espuma dos dias”, como são o caso Rendeiro, ou os incidentes do Porto-Sporting, ou a “invasão” da Ucrânia.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

A tensão russo-ucraniana continua alta

A tensão entre a Rússia e o chamado Ocidente, a propósito da Ucrânia, tem vindo a acentuar-se e o presidente Volodymyr Zelensky foi hoje informado que a invasão russa poderá acontecer na próxima quarta-feira. Poucos acreditam que isso possa acontecer, porque ninguém quer uma guerra no centro da Europa, sobretudo pela escala de destruição a que conduziria. Porém, os falcões iludem a opinião pública e tudo fazem para fazer renascer a rivalidade russo-americana ou a guerra fria, de que tanto carece a indústria do armamento americana para refazer o seu neo-keynesianismo militar, isto é, cria-se a ameaça e exige-se mais armamento. 
Nesse tabuleiro estratégico que é o território ucraniano, a Europa deve ser um mediador e não comportar-se ao lado de uma das partes e com submissão aos interesses estratégicos americanos.
O conflito está bem definido: por temer a Rússia, a Ucrânia quer ligar-se à NATO e à União Europeia, enquanto a Rússia se sente ameaçada e não aceita que a NATO integre a Ucrânia, depois de já ter integrado a Polónia, a Roménia, a Bulgária e os países bálticos. A Rússia sente-se ameaçada e também ameaça. Não se percebe quem provoca quem. A população ucraniana é muito heterogénea e tem muita gente de origem russa, mas o que seguramente justifica esta tensão é a enorme riqueza ucraniana, designadamente em reservas de urânio, titânio, manganés e mercúrio.
A diplomacia tem que actuar e parece que está a a trabalhar com as deslocações de Emmanuel Macron e de Olaf Scoltz a Kiev e a Moscovo, bem como com as videoconferências entre Vladimir Putin e Joe Biden. Há quem pense que Putin só espera por um pretexto para fazer qualquer coisa. Entretanto, o apoio dos falcões está a deslumbrar Zelensky que, em verdadeira histeria, está a armar a população e a dar-lhe instrução militar, incluindo a uma tal Valentyna Konstantynovka de 79 anos de idade, que se tornou capa do jornal The Times e estrela dos noticiários televisivos internacionais, a mostrar que a propaganda é uma arma muito poderosa.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

‘Wonder of the Seas’ é o maior do mundo

O maior navio de cruzeiro alguma vez construído fez esta semana uma escala técnica em Cádis e encheu as páginas dos jornais gaditanos, porque as suas excepcionais dimensões suscitaram o interesse público.
O gigantesco navio chama-se Wonder of the Seas, foi construído nos Chantiers de L’Atlantique em Saint-Nazaire e foi entregue à Royal Caribbean no passado dia 27 de Janeiro, passando a liderar a frota daquela companhia que até agora tinha o Symphony of the Seas, como a sua maior unidade. O navio foi registado em Nassau, nas Bahamas, tem uma tonelagem bruta de 236.857 toneladas, um comprimento de 362 metros que equivale a “tres campos y medio de fútbol, uno a continuación del otro” e 66 metros de largura. A área habitacional do navio tem dezoito decks, pode acomodar até 6.988 passageiros que dispõem de quatro piscinas e vinte restaurantes, sendo servidos por 2.300 tripulantes!
As dimensões do Wonder of the Seas podem ser melhor avaliadas quando comparadas com as dimensões de cada uma das dez unidades porta-aviões americanas da classe Nimitz, que deslocam “apenas” 100.000 toneladas, têm um comprimento máximo de 333 metros e que, em condições normais, alojam “apenas” 5.680 tripulantes.
O navio dirige-se para Fort Lauderdale, na Florida, para iniciar a sua actividade nas Caraíbas, esperando-se que no Verão seja deslocado para o Mediterrâneo, mas a intenção é que seja transferido para a Ásia Oriental para realizar cruzeiros a partir de Xangai e de Hong Kong para os portos do Japão, Vietnam, Correia do Sul e Taiwan.O jornal La Voz de Cádiz publicou uma desenvolvida reportagem sobre o novo navio e destacou que necessitou de “unos 70 camiones y 800 palés com material y comida para aprovisionarse”.
A viagem inaugural do Wonder of the Seas está anunciada para o dia 4 de Março de 2022 a partir de Fort Lauderdale. Para reservas, contacte a Royal Caribbean.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

No desporto até os mais fortes falham

Os Jogos Olímpicos de Pequim iniciaram-se no dia 4 de Fevereiro e vão decorrer até ao dia 20, o que significa que estão no seu sexto dia e que ainda não chegaram a meio. No entanto, até agora já foram distribuídas 135 medalhas por atletas de 25 países, entre os quais houve 19 cujos atletas ganharam medalhas de ouro, com destaque para a Alemanha com seis, a Noruega com cinco e a Áustria, Estados Unidos, Países Baixos e Suécia, com quatro cada um.
Embora os desportos de Inverno sejam pouco conhecidos em Portugal e por isso não despertem muito interesse, as estações televisivas temáticas têm acompanhado o evento, tal como alguma imprensa internacional, que vem destacando em primeira página os triunfos mais ou menos gloriosos dos seus nacionais e algumas das histórias que a opinião pública aprecia.
Uma dessas histórias refere-se a Mikaela Shiffrin, uma esquiadora americana de 26 anos de idade que foi campeã olímpica em Sochi (2014) e em Pyeongchang (2018), mas também campeã do mundo em dezenas de provas de esqui alpino, incluindo o slalom, o downhill, o combinado e outras disciplinas, sendo também detentora de múltiplos recordes. É uma verdadeira estrela do esqui mundial e o orgulho americano no que respeita aos desportos de Inverno, mas em Pequim não conseguiu terminar as duas primeiras provas em que participou, exactamente nas disciplinas em que é mais forte. Foi um descalabro em dois dias maus. Faltam-lhe três provas (super-G, downhill e o combinado alpino), mas Shiffrin está cada vez mais longe de concretizar o seu sonho de se tornar a primeira esquiadora americana a ganhar três medalhas de ouro olímpicas. Para os americanos, Mikaela Shiffrin é uma estrela mediática e um ícone dos desportos de Inverno. O seu coração está despedaçado como escreveu hoje The Jersey Journal, que mostra uma fotografia da desolação da atleta. O desporto, por vezes, é cruel.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Salvem a azulejaria portuguesa em Macau!

A edição de ontem do jtm – Jornal Tribuna de Macau anunciava com grande destaque a informação - “azulejos sem reparação à vista” - mostrando a fotografia de um enorme painel de azulejos portugueses localizado num muro de vedação existente no Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen, que se encontram deteriorados. Esse muro vai ser intervencionado para alargamento do passeio adjacente, mas o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelou que não tem planos para restaurar os azulejos desse muro que faz parte do referido Parque Municipal e que integra a lista de bens imóveis classificados do território.
Os azulejos são uma das marcas da influência cultural portuguesa em Macau e são um exemplo da coexistência estética entre as culturas portuguesa e chinesa, estando aplicados em muitos locais daquele território e com diferentes funções decorativas ou funcionais.
Eu conheci Macau nos tempos finais da administração portuguesa do território e recordo-me de ter ficado impressionado com a profusão de azulejos que suportam a informação sinalética das ruas, escritas em português e cantonense, mas também com os azulejos existentes em muitos outros locais, recordando-me dos painéis que representam mapas e cenas de Macau antigo nas Portas do Cerco, no átrio interior do edifício do Leal Senado de Macau, na área do farol da Guia, em diversos fontanários espalhados pela cidade e nos painéis que decoram o aeroporto internacional de Macau da autoria de Eduardo Nery.
A notícia de que os painéis de azulejos estão deteriorados e não são para recuperar, é para lastimar pois são uma das marcas identitárias das relações culturais entre portugueses e chineses. Será que alguém pode fazer alguma coisa para salvar a marca da azulejaria portuguesa em Macau?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

O futsal é o jogo que nos dá mais alegrias

O futsal é um jogo de pavilhão que resultou da evolução do futebol de salão, sendo a sua variante mais importante. Costuma dizer-se que toda a gente gosta do futsal porque toda a gente jogou futebol de salão, quando apenas era necessário dispor de um recinto de 25 por 15 metros, duas balizas e dez jogadores. 
O estatuto desta modalidade e a sua popularidade demoraram a ser conquistadas até que a FIFA o adoptou oficialmente como jogo de pavilhão, organizando um Mundial a partir de 1989, enquanto a UEFA veio a organizar um Europeu a partir de 1996.
Portugal também elegeu o futsal e a modalidade tem progredido muito. Nos últimos cinco anos a selecção nacional não teve qualquer derrota nos seus confrontos, daí resultando a vitória nos torneios em que participou, isto é, o Europeu de 2018, o Mundial de 2021 e, ontem, o Europeu de 2022. Neste campeonato disputado em Amesterdão e em outras cidades holandesas, a equipa portuguesa ultrapassou as equipas da Sérvia, da Ucrânia, dos Países Baixos e da Finlândia. Seguiu-se a emocionante meia-final com a Espanha e, finalmente, a espectacular vitória sobre a Rússia. Não é costume, exceptuando o caso do hóquei em patins em tempos idos, que Portugal tenha um desempenho desportivo tão triunfante no panorama internacional. O jornal A Bola chamou-lhes “valentes e imortais”, mas outros jornais chamaram-lhes “campeões da raça”, ou escreveram que “é tudo deles”.
Foi realmente uma grande vitória e uma grande alegria para os portugueses. O meu aplauso!

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Uma aliança russo-chinesa que é um aviso

Vladimir Putin foi a Pequim para assistir à inauguração dos Jogos Olímpicos de Inverno e encontrou-se com o seu homónimo chinês Xi Jinping, daí resultando um abundante noticiário e uma forte mensagem de unidade russo-chinesa, veiculadas pela imprensa internacional.
Na sua edição de hoje o jornal espanhol La Vanguardia destaca que “China y Rusia se alían para hacer frente al poder de EE.UU.”, instando os americanos a travar a expansão da NATO e a dissolver a aliança militar do Indo-Pacífico”, enquanto o jornal El País salienta que os dois países “frente al enimigo común, [mostraram] una elocuente exhibición de unidad”. Do outro lado do Atlântico, também o jornal brasileiro Estado de S.Paulo destacou em título de primeira página que “Putin e Xi decidem selar aliança contra Otan e EUA”. Os mais influentes jornais americanos noticiaram a abertura dos Jogos Olímpicos e, quase em tom de aviso, escreveram em títulos de primeira página: “a show of strength and unity” (The Washington Post), “Putin, Xi unite in challenge to U.S.” (The Wall Street Journal) e “China shows it has arrived” (Houston Chronicle).
Este encontro entre Xi e Putin reforçou a aliança russo-chinesa e traduziu-se no apoio chinês às posições russas sobre a Ucrânia e sobre o alargamento da Nato, mas também no apoio russo às teses chinesas sobre Taiwan e de contestação à aliança estratégica designada por AUKUS.
Bom seria que os falcões da Nato ouvissem os líderes moderados europeus e que se contivessem no discurso e no envio de material militar para a Ucrânia, por vezes a parecer criar um pretexto para uma intervenção russa. Que os nossos comentadores geopolíticos se desencostem. 
Quem semeia ventos pode colher tempestades. O assunto é sério e cabe aqui perguntar uma vez mais: quem provoca quem?

Os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim

A cerimónia inaugural dos XXIV Jogos Olímpicos de Inverno realizou-se ontem no Estádio Nacional de Pequim, conhecido desde 2008 como o Ninho de Pássaro, tendo o presidente chinês Xi Jinping feito a tradicional declaração solene de abertura. Nesta edição vão participar 2900 atletas representando 91 países, entre os quais Portugal, que embora não tenha qualquer tradição nos desportos de inverno, se fará representar por três atletas, certamente imbuídos do verdadeiro espírito olímpico.
Os Jogos Olímpicos deveriam ser a festa maior do desporto mundial, mas são cada vez mais sujeitos a incidências que os afastam do espírito com que foram recriados em 1896 pelo barão Pierre du Coubertin e que se traduz na frase “o importante é competir”.
As disputas políticas entram frequentemente nos Jogos e, assim acontece agora em Pequim, com boicotes diplomáticos e com algumas acusações ao governo chinês por suposta violação de direitos humanos nos seus territórios. Foram os Estados Unidos que no dia 6 de Dezembro anunciaram um boicote diplomático aos Jogos, declarando que não enviariam qualquer representante oficial à China como forma de protesto. Dois dias depois, a Austrália, o Canadá e o Reino Unido solidarizaram-se com a posição americana, a que se seguiram a Bélgica, a Dinamarca, a Lituânia e o Kosovo, enquanto o Japão se aproximou desta posição. Três outros países – a Nova Zelândia, a Suécia e os Países Baixos – invocaram a pandemia do covid-19 para não enviar qualquer representante diplomático à China.
Estes boicotes de natureza política são lamentáveis e não acontecem pela primeira vez. Entretanto, Pequim torna-se a primeira cidade que recebe tanto os Jogos Olímpicos de Verão como os de Inverno, embora tenha sido necessário produzir neve artificial para satisfazer todos os requisitos das diferentes modalidades.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Angola e o longo caminho para a liberdade

O Jornal de Angola evoca hoje o dia 4 de Fevereiro de 1961, quando “o heroísmo abriu caminho para a liberdade”. Nesse dia, um grupo de nacionalistas angolanos - brancos, mestiços e negros - desencadeou ataques simultâneos à cadeia de São Paulo, à Casa de Reclusão Militar e ao quartel da Companhia Móvel da Polícia de Segurança Pública, na cidade de Luanda. Nesse mesmo dia, o vespertino Diário de Lisboa noticiava que “três grupos armados tentaram a noite passada libertar presos em Luanda” e, no dia seguinte, o mesmo jornal informava que “eram estrangeiros na sua maioria os componentes do grupo que assaltou as prisões de Luanda”.
Enquanto a imprensa lisboeta, que era controlada pela censura, desvalorizava o que acontecera em Luanda, a partir de Conacry onde se encontrava instalado, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de imediato reivindicou a autoria daquelas acções. Aquele dia 4 de Fevereiro passou a ser considerado como a data de início da guerra de libertação nacional que, com muitos protagonistas e muitos episódios, só viria a terminar no dia 11 de Novembro de 1975, com a proclamação da República Popular de Angola.
Porém, com o fim da guerra de libertação e a independência nacional, os angolanos não tiveram a paz e o progresso a que aspiravam, pois imediatamente eclodiu a guerra civil angolana que só terminou em 2002, isto é, há menos de vinte anos. Significa que Angola enfrentou duas guerras consecutivas durante mais de quarenta anos e, nesse sentido, a data de 4 de Fevereiro de 1961 assinala e relembra o início do longo percurso angolano para a liberdade.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A falta de chuva e a seca meteorológica

A falta de chuva e a consequente seca meteorológica estão a criar grandes problemas em Portugal, sobretudo em relação ao abastecimento público de água, à produção de energia hidroeléctrica, à irrigação das explorações agrícolas e à regeneração das pastagens que afecta a actividade pecuária. Na sua edição de 15 de Janeiro, o jornal Público alertava que “quase todo o país estava em seca meteorológica“, no dia 26 de Janeiro a edição do Jornal de Notícias informava que “a seca alarma a agricultura e agrava a qualidade da água” e, no dia 30 de Janeiro, o Diário de Notícias destacava que “a falta de chuva pode ‘hipotecar’ campanhas agrícolas deste e do próximo ano”.
A seca em Portugal iniciou-se em Novembro e tem-se agravado nas últimas semanas em todo o território nacional, conforme foi relatado pela comunicação social nas últimas semanas, sendo mais severa no sul e no nordeste transmontano. O governo já tomou diversas medidas para minimizar os efeitos da seca, destacando-se a interdição ou condicionamento da produção de hidroelectricidade nas barragens de Alto Lindoso, Alto Rabagão, Vilar/Tabuaço, Cabril e Castelo do Bode, bem como a interrupção da utilização de água para rega na albufeira algarvia da Bravura, em Odeáxere. 
O curioso desta situação é-nos mostrada na edição de hoje do jornal La Región, de Ourense, ao noticiar que Portugal estabeleceu limites à produção de electricidade no Lindoso, acrescentando que “la decisión de las autoridades lusas responde a la sequia y trata de evitar daños ecológicos com una medida que contrasta com la inacción de las espanõlas pese a vivirse la misma situación”. Significa que, por vezes, andamos à frente dos nossos vizinhos e dos nossos parceiros comunitários.