A edição de ontem
do jtm
– Jornal Tribuna de Macau anunciava com grande destaque a informação - “azulejos
sem reparação à vista” - mostrando a fotografia de um enorme painel de azulejos
portugueses localizado num muro de vedação existente no Parque Municipal Dr.
Sun Yat Sen, que se encontram deteriorados. Esse muro vai ser intervencionado
para alargamento do passeio adjacente, mas o Instituto para os Assuntos
Municipais (IAM) revelou que não tem planos para restaurar os azulejos desse muro que
faz parte do referido Parque Municipal e que integra a lista de bens imóveis
classificados do território.
Os azulejos são
uma das marcas da influência cultural portuguesa em Macau e são um exemplo da
coexistência estética entre as culturas portuguesa e chinesa, estando aplicados
em muitos locais daquele território e com diferentes funções decorativas ou funcionais.
Eu conheci Macau
nos tempos finais da administração portuguesa do território e recordo-me de ter
ficado impressionado com a profusão de azulejos que suportam a informação
sinalética das ruas, escritas em português e cantonense, mas também com os azulejos existentes em muitos outros locais, recordando-me dos painéis que
representam mapas e cenas de Macau antigo nas Portas do Cerco, no átrio
interior do edifício do Leal Senado de Macau, na área do farol da Guia, em
diversos fontanários espalhados pela cidade e nos painéis que decoram o
aeroporto internacional de Macau da autoria de Eduardo Nery.
A notícia de que
os painéis de azulejos estão deteriorados e não são para recuperar, é para
lastimar pois são uma das marcas identitárias das relações culturais entre
portugueses e chineses. Será que alguém pode fazer alguma coisa para salvar a marca da azulejaria portuguesa em Macau?
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