A última edição
do The
Economist é dedicada aos protestos que estão a multiplicar-se por todo
o mundo e, sobre essa matéria, aquela prestigiada revista destaca que “uma onda de raiva está a varrer as cidades do mundo” e avisa: “Politicians beware”.
Os protestos têm-se generalizado um pouco por todo o mundo e as suas origens
são muito diferentes. No Brasil as pessoas reagiram contra os preços dos
transportes públicos, na Turquia contestaram um projecto imobiliário em
construção, na Indonésia manifestaram-se contra o preço dos combustíveis, na
Grécia lutam contra o encerramento da estação televisiva oficial e no Egipto protestam
contra a incapacidade governativa. Na União Europeia os protestos são contra as
brutais políticas de austeridade, enquanto a primavera árabe se transformou num
protesto permanente contra tudo. Houve motins dos jovens emigrantes na Suécia e
dos jovens dos bairros de Londres, por serem excluídos da prosperidade que vêem
à sua volta. No ano passado os jovens indianos ocuparam as ruas das suas
cidades após a violação de uma estudante, em protesto contra a falta de
protecção do Estado às mulheres. Bruxelas e Pequim estão alarmadas e, como diz
a revista, os tempos que aí vêm são preocupantes. Em Portugal, também a
manifestação de 15 de Setembro de 2012 foi, possivelmente, um sinal de protesto
como não se vira desde 1974.
Os protestos têm realmente as mais diferentes origens e revelam um
grande descontentamento popular, uma enorme indignação contra os políticos e
contra a corrupção, contra as desigualdades e a injustiça social, contra a
arrogância política e policial. Nascem de forma quase expontânea e agregam
milhares de manifestantes, sobretudo da classe média e sem outro caderno
reivindicativo que não seja a luta contra um poder em que não se revêm e que não os
protege. Alimentam-se nas redes sociais e nas ruas, sem o suporte dos partidos
políticos ou dos sindicatos. É já uma nova ordem social. The Economist evoca as
grandes movimentações sociais de 1848 (Europa), de 1968 (América e Europa) e
1989 (Império Soviético), acrescenta-lhes 2013 (everywhere) e salienta que todos esses casos têm aspectos comuns e
estão na origem de transformações sociais muito profundas.