sábado, 19 de abril de 2025

O grande desafio é entre os EUA e a China

São cada vez mais frequentes as revistas internacionais que ilustram as suas capas com as imagens de Donald Trump e Xi Jinping, isto é, com os presidentes dos Estados Unidos da América e da República Popular da China, assim acontecendo com a última edição do L’Express. Segundo esta revista francesa, trata-se de “um duelo que faz abalar o mundo”, tanto do ponto de vista comercial, como do ponto de vista militar.
Muitos analistas vêm considerando que a aproximação de Donald Trump a Vladimir Putin não é mais do que uma tentativa de desfazer a aliança entre a Rússia e a China, com o objectivo de enfraquecer os chineses e travar as suas ambições quanto a Taiwan e o regresso daquela ilha à soberania de Pequim.
Nesta perspectiva, as tensões da administração Trump com a Europa, o ostracismo aos dirigentes da União Europeia, a guerra das tarifas, as negociações relativamente ao futuro da Ucrânia e a vontade de anexar a Gronelândia, não passam de faits divers, porque o verdadeiro leitmotiv da política de Donald Trump é mesmo afrontar a China.
Donald Trump está no poder há apenas três meses e já ameaçou meio mundo, embora venham aumentando as vozes que internamente contestam as suas políticas e o seu apoio aos oligarcas americanos, num movimento em que se destaca Bernie Sanders, o senador independente pelo estado de Vermont que já foi candidato presidencial.
Como era de esperar, há muitos americanos, mas também muitos europeus, que rejeitam a arrogante política externa de Donald Trump mas, lamentavelmente, os líderes europeus e muitos comentadores televisivos não pensaram nisso.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A escolha de 2025 da World Press Photo

O prémio de Fotografia do Ano da 68ª edição do concurso World Press Photo foi ontem atribuído em Amesterdão à imagem de um menino palestiniano de nove anos de idade que perdeu os dois braços durante um ataque aéreo israelita na Faixa de Gaza. O menino chama-se Mahmoud Ajjour e a imagem foi captada pela fotógrafa palestiniana Samar Abu Elouf e foi publicada pelo jornal The New York Times.
O concurso reconhece e celebra anualmente o melhor fotojornalismo do ano anterior, através da apreciação de um júri independente, depois das avaliações feitas em Janeiro e Fevereiro pelos júris regionais. Este ano o júri final escolheu 42 vencedores em várias categorias entre as 59.320 candidaturas de 3.778 fotojornalistas de 141 países.
No actual cenário político e mediático, a imagem escolhida como a Fotografia do Ano convida aqueles que a observam a pensar para além da rotina do ciclo noticioso, cada vez mais influenciado pela desinformação, pela manipulação e pelo poder dos grandes interesses. Por isso, a escolha feita pela World Press Photo é também um grito de alerta para o que se está a passar na Palestina, perante o silêncio e até a cumplicidade de muitos países, designadamente da União Europeia, mas também de muitos mass media.
Numa busca feita por algumas centenas de jornais mundiais, só encontramos a Fotografia do Ano distinguida na primeira página do jornal irlandês Irish Examiner e do jornal dinamarquês Politiken, a demonstrar como a causa palestiniana tem sido subalternizada pelo mundo, o que tem permitido as atrocidades que os israelitas continuam a fazer.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

A Semana Santa mobiliza toda a Espanha

O Cristianismo está a celebrar as festividades da Semana Santa, uma tradição religiosa que recorda a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, as quais decorrem entre o Domingo de Ramos (13 de Abril) e o Domingo de Páscoa (20 de Abril).
O Domingo de Ramos celebra a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, a que se seguiram várias acções, incluindo a Última Ceia e, depois, a sua prisão, julgamento, condenação e morte na Sexta-Feira Santa. As celebrações da Semana Santa terminam no Domingo de Páscoa que é o dia da ressurreição de Jesus Cristo e que é um dia em que as famílias se reúnem para celebrar. 
Cada dia da Semana Santa tem um significado próprio e dá origem a cerimónias muito participadas, incluindo missas e procissões, em que os crentes assumem a sua fé, devoção e respeito, por vezes através de antigos rituais em que se sacrificam tal como Jesus Cristo se sacrificou.
A Espanha destaca-se de entre os países onde a tradição pascal é celebrada com mais intensidade, sobretudo nas cidades da Andaluzia e a imprensa espanhola tem dedicado algumas das primeiras páginas das suas edições à Semana Santa, assim acontecendo com a edição de Sevilha do diário ABC.
Porém, as festividades da Semana Santa ultrapassam o seu carácter religioso e têm sido transformadas em cartazes turísticos, por forma a atrair visitantes, pelo que nas multidões que participam nas diferentes cerimónias não há apenas crentes devotos, mas também muitos turistas.  

segunda-feira, 14 de abril de 2025

R.I.P. Carlos de Matos Gomes

Carlos Manuel Serpa de Matos Gomes, Coronel de Cavalaria e Capitão de Abril, deixou-nos ontem aos 78 anos de idade e, segundo foi comunicado pela família, “partiu sereno e com as músicas de Abril”.
Aquela triste notícia foi um choque para os seus amigos e enlutou todos os que com ele combateram na Guiné e lhe conheciam a coragem física, a lucidez da inteligência e os ideais democráticos, mas também a sua vasta cultura, a excelência da sua obra literária e os seus conhecimentos sobre a nossa história contemporânea.
Carlos de Matos Gomes foi um militar brilhante e um combatente de eleição que serviu nos Comandos, tendo participado em muitas operações militares, de que se destaca a Operação Ametista Real, uma das mais ousadas que se realizaram na Guiné, quando o PAIGC e os seus aliados cubanos já dominavam boa parte do território. A violência da guerra foi a sua inspiração para sonhar com a Paz e para lutar pela Democracia, sendo um dos primeiros capitães a conspirar activamente em torno do ideal que levaria ao 25 de Abril de 1974.
Com o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz publicou várias obras literárias sobre o tema da guerra colonial, em que se destaca o romance “Nó Cego” e, como investigador, publicou várias obras de natureza histórica em parceria com o Coronel Aniceto Afonso, de que sobressai “Guerra Colonial”. No ano passado, usando o seu próprio nome, publicou “Geração D” que é uma homenagem e uma biografia da geração que conheceu a ditadura, a repressão, a guerra colonial e fez o 25 de Abril de 1974.
O desaparecimento físico de Carlos de Matos Gomes, de que eu era amigo há mais de 50 anos, é uma perda irreparável para toda a geração que sonhou com um país livre, democrático, pacífico e socialmente justo.

Uma grande vitória de João Almeida

O ciclista João Almeida triunfou na 64ª edição da Volta ao País Basco, a famosa Itzulia 2025, que integra o calendário da UCI World Tour, tornando-se no primeiro português a vencer esta prova, que é caracterizada pela exigência do seu percurso e pelas suas íngremes e desafiadoras subidas.
Correndo com a camisola da equipa UAE Emirates e competindo com muitos dos grandes nomes do ciclismo mundial, o ciclista de A-dos-Francos teve um comportamento de elevado nível e os desportistas portugueses puderam ver a sua incontestável vitória na prova, mas também em duas das seis etapas da corrida, através da sua transmissão televisiva em directo. 
João Almeida já antes ganhara a Volta à Polónia e a Volta ao Luxemburgo, já brilhara no Giro de Itália e na Vuelta à Espanha, mas esta vitória no País Basco coloca-o em definitivo num elevado patamar do ciclismo mundial. Nas suas palavras, este foi o maior triunfo da sua carreira, mas pode mesmo afirmar-se que foi um dos maiores sucessos do ciclismo e até do desporto português.
Porém, nenhum jornal português, generalista ou desportivo, destacou o feito desportivo de João Almeida, para além de pequenas referências de primeira página. Os próprios jornais bascos que muito apostam no noticiário desportivo, também ignoraram esta vitória, muito provavelmente por João Almeida ser português. A excepção foi o jornal Gara, que se publica em Donostia (San Sebastián) e que é o terceiro jornal mais lido na Comunidade Autónoma Basca.
Aqui se regista o nosso aplauso pelo sucesso de João Almeida na famosa Itzulia 2025.

domingo, 13 de abril de 2025

Estudando o Real Forte Príncipe da Beira

A edição de ontem do jornal The Washington Post destaca como tema principal da sua primeira página, a história de um forte português “perdido” na Amazónia, que os cientistas estão agora a estudar através de tecnologias com base nos raios X, que é uma forma de radiação electromagnética muito utilizada na Medicina para a análise das condições dos órgãos internos. 
Trata-se do Real Forte Príncipe da Beira, localizado na margem direita do rio Guaporé, no estado brasileiro de Rondónia, que começou a ser construído em 1775 por ordem do Marquês de Pombal. O Tratado de Madrid de 1770 tinha assegurado o direito português à posse dos territórios situados para leste do “meridiano de Tordesilhas” e os fortes da Amazónia faziam parte de um plano para a construção de um “cordão de fortes” para defender o território brasileiro de eventuais incursões espanholas, a partir da Bolívia, designadamente para pesquisa de ouro.
O Real Forte Príncipe da Beira é considerado a maior edificação militar portuguesa do Brasil colonial e foi construído no sistema Vauban, com base num quadrado com 118 metros de lado com um baluarte em cada vértice. Poucos anos depois, a presença portuguesa na região consolidou-se, o Brasil tornou-se independente e cessou a ameaça espanhola, pelo que o forte perdeu a sua importância estratégica e, em finais do século XIX, foi abandonado, tendo “desaparecido” por acção da vegetação tropical.
Em 1913 o forte foi “redescoberto” e, nos anos mais recentes, foi recuperado, inclusive com o apoio técnico português, sobretudo da Fundação Calouste Gulbenkian. A partir de 2009 iniciaram-se trabalhos arqueológicos, por iniciativa do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional, para compreender a história, não só do forte mas de toda a zona envolvente, onde se situavam povoações aborígenes e uma povoação europeia de nome Lamego.
A reportagem do The Washington Post divulga a história do Real Forte Príncipe da Beira, que os portugueses construíram, mas também o que está a ser feito com o apoio das tecnologias para conhecer o passado histórico e antropológico da região.

terça-feira, 8 de abril de 2025

O caos que o DT semeou e o pânico geral

A questão das tarifas decretadas pelo DT no quadro da sua política do MAGA para limitar ou desencorajar as importações de produtos provenientes do Canadá e do México, da Europa e da China, do Japão e do Brasil e da generalidade dos países, estão a causar muitos embaraços às economias mundiais e a dar origem a medidas de retaliação, enquanto se teme por uma quebra significativa no comércio internacional, na produção interna e no emprego de muitos paises, bem como no aparecimento de um surto inflacionista à escala global. Uma recessão mundial está no horizonte, em muitos países já se sente a emergência económica e, no caso de Portugal, que tem 4.231 empresas que exportam para os Estados Unidos, a situação pode trazer grandes dificuldades à economia.
Uma das características das modernas economias é a actividade accionista ou actividade bolsista que se desenvolve através das Bolsas de Valores e por intermédio do sistema bancário, permitindo que as grandes empresas se financiem e que o público aplique as suas poupanças por forma a conseguir melhores rendimentos, quer pelo recebimento de lucros e dividendos, quer pela valorização das acções que tenha adquirido. No mercado bolsista compram-se e vendem-se acções, cujo valor ou cotação depende de factores diversos da empresa e dos factores envolventes e das expectativas. 
As cotações da bolsa são actualmente um importante indicador económico: quando sobem também a economia está em crescimento e os agentes económicos estão confiantes; quando descem a economia cai e não há confiança nos agentes económicos.   
Hoje, a capa do jornal financeiro francês La Tribune mostra a evolução das bolsas mundiais e, perante a queda brutal que se verifica, ou “o caos semeado por Donald Trump”, o jornal escolheu o título “panique sur les marchés”. 
São, realmente, tempos de muita incerteza.

domingo, 6 de abril de 2025

O “Ruination Day” de Donald John Trump

Na sua mais recente edição, a prestigiada revista The Economist, que se publica em Londres desde 1843, escreve sobre o “Ruination Day” e apresenta uma imagem do DT a isolar os Estados Unidos do mundo, através da sua guerra das tarifas e da sua política do MAGA – Make America Great Again.
O “Ruination Day” é um dia que aparece referido em várias músicas da cantora e compositora americana Gillian Welch e que representa um dia amaldiçoado e trágico, em que houve acontecimentos muito graves. Nas suas canções, aquela cantora referiu o dia 14 de Abril em que o presidente Abraham Lincoln foi assassinado (1865), em que naufragou o Titanic (1912) e em que aconteceu o Dust Bowl, uma tempestade de areia que ocorreu nos Estados Unidos na década de 1930. Nem a data nem os acontecimentos referidos por Gillian Welch se consolidaram na opinião pública, mas o conceito de “Ruination Day” tornou-se popular no ponto de vista simbólico e poético, com o significado de qualquer data maldita em que tudo se desmorona.
No meio da confusão, da perplexidade e até do tsunami provocado pelas medidas tomadas pelo DT, The Economist inspirou-se em Gillian Welch e identificou essas medidas como um “Ruination Day”, pelos malefícios que vão trazer para a economia mundial, mas também para a economia dos Estados Unidos. As críticas surgem de todo o lado e os protestos já começaram a aparecer em solo americano. Perante a excentricidade política do DT, o senador Chuck Schumer que é o líder da minoria democrata no Senado, descreveu a sua política de tarifas como “absurda, louca e caótica”. Muitos analistas preveem uma generalizada recessão económica, com desemprego e inflação, mas também há quem preveja uma grande oportunidade para a China.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

A nova guerra comercial que o DT iniciou

No prosseguimento da sua política de MAGA (Make America Great Again) o presidente Donald Trump parece apostado em concretizar muitas das medidas que anunciou em campanha eleitoral, nas quais poucos acreditaram. No campo da política internacional destacam-se os apetites sobre os recursos naturais da Gronelândia e da Ucrânia, enquanto no campo do fortalecimento da economia americana a aposta parece centrar-se na produção interna de muitos bens que até agora eram importados. Na política económica não é mais do que a conhecida política de substituição de importações, que passa pela redução das importações e pelo estímulo à produção nacional, inclusive através do investimento estrangeiro nos Estados Unidos.
Enquanto prepara estas medidas - que podem ter efeitos muito perversos porque as economias são demasiado interdependentes - o DT vai avançando com “provocações ao Canadá e ao México” e com a prometida deportação de emigrantes ilegais que já ultrapassou as cem mil pessoas. Ontem, através de uma ordem executiva, o DT decretou uma guerra comercial ao mundo, ao aumentar em 10% as tarifas alfandegárias sobre os produtos importados pelos Estados Unidos, embora haja excepções mais gravosas, como a importação de automóveis europeus que passa a ter uma tarifa de 25%.
A fotografia do DT aparece nas primeiras páginas da imprensa de todo o mundo e as manchetes variam entre a simples informação de “aumento das tarifas”, como faz o jornal The Times, ou a informação do começo de uma "guerra comercial" como fazem por exemplo o El País e o Le Figaro. Porém, a imprensa portuguesa é uma excepção e em primeira página trata outros assuntos, como se estas medidas do DT não nos afectassem.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Turquia e Israel à beira de um confronto?

No dia 8 de Dezembro de 2024, depois de um período de quase quatro anos de contenção na guerra civil síria, os grupos rebeldes da oposição coligaram-se e fizeram uma ofensiva que, depois de ocuparem várias cidades, entraram em Damasco. O regime de Bashar al-Assad colapsou, depois de ter estado no poder durante cerca de 24 anos, tendo o seu líder abandonado o país e seguido para o exílio na Rússia. Pela rapidez com que aconteceu, a queda de Assad surpreendeu muita gente, até porque estava apoiado desde há muitos anos na Rússia e no Irão.
A nova Síria passou a ser governada por Ahmed Hussein al-Sharaa, também conhecido pelo seu nome de guerra Abu Mohammed al Jawlani, um engenheiro de 42 anos de idade, que antes pertenceu à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico do Iraque. Este homem foi transformado numa figura mediática, passou a usar gravata e a afirmar que o seu objectivo é a reconstrução do país, mas os seus vizinhos mais poderosos não acreditam nele. Assim, a Turquia e Israel viram uma oportunidade de intervir no complexo problema sírio para redefinir o jogo do poder no Médio Oriente.
A Turquia já acusou Israel de procurar expandir o seu território, para além dos Montes Golã que anexou em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, enquanto Israel critica a Turquia com a mesma acusação e pela sua contínua intervenção em território sírio com o pretexto de atacar os curdos. A tensão tem aumentado desde a queda de Assad e é mais um problema para a administração de Donald Trump, havendo mesmo um risco elevado de confronto armado entre Recep Tayyip Erdogan e Benjamin Netanyahu, como salienta a última edição da revista Newsweek.

domingo, 30 de março de 2025

Aí está a Espanha, as fiestas e as corridas

A temporada de touradas em Espanha vai começar e nos próximos meses vão acontecer centenas de corridas, que são a mais tradicional, mas também a mais controversa das fiestas espanholas. As touradas são uma tradição profundamente enraizada na cultura espanhola e realizam-se em quase todo o país mas, sobretudo, na Andaluzia (Sevilha, Córdoba, Málaga e Granada), Madrid, Castela-La Mancha, Castela e Leão, Comunidade Valenciana e Navarra.
A Feria de San Isidro em Madrid, na Plaza de Toros de Las Ventas, é a mais famosa feira taurina do mundo, mas também são muito apreciadas as corridas da Feria de Abril na Plaza de Toros de la Maestranza de Sevilha, das Fiestas de San Fermin na Plaza de Toros de Pamplona, onde ocorrem os famosos encierros, da Feria de Fallas na Plaza de Toros de Valencia, da Feria de Pedro Romero, ou corrida Goyesca, na Plaza de Toros de Ronda e da Feria de Malaga, na Plaza de Toros de La Malagueta.
A edição de hoje do Diario de Sevilla dedica a sua primeira página a Morante de la Puebla, o nome artístico de José António Mrante Camacho, um matador de toiros espanhol muito apreciado, que é natural de La Puebla del Rio, nos arredores de Sevilha.
A Feria de Abril de Sevilha começará no dia 5 de Maio e durará sete dias, mas as redacções dos jornais já começam a promover as corridas e as fiestas que se aproximam, bem como os diestros que vão emocionar os aficionados, como hoje acontece com Morante de la Puebla, o ídolo de Sevilha, com o seu "emotivo retorno a los ruedos". 
... e que viva la España!

A loucura e a surpresa nos apetites do DT

Donald Trump, ou simplesmente o DT, tomou posse há pouco mais de dois meses e a forma como tem conduzido a política interna e externa americana está a surpreender muita gente e a abalar o mundo. O DT já tinha ocupado a Casa Branca entre 2017 e 2021, eram conhecidas as suas extravagâncias e as suas posturas autoritárias, mas nada indicava que fosse possível fazer tanta maldade em tão pouco tempo. Muita gente, sobretudo na Europa, mas também nos Estados Unidos, está surpreendida e eu sou um deles. Igual surpresa foi a escolha para seu vice-presidente de J.D. Vance, um rapazola desbocado, arrogante e insensato, que vai fazendo o trabalho mais sujo da administração do DT, nos vários sítios por onde passa.
A forma como têm vindo a querer tomar conta da Gronelândia “de uma maneira ou de outra”, é chocante e de um atrevimento que não conhecíamos, mas os apetites do DT não se ficam apenas pela Gronelândia. A sua promessa de “acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas”, afinal não passou de uma forma de querer apossar-se das riquezas minerais e das centrais nucleares ucranianas e de, ao mesmo tempo, humilhar os europeus que, diga-se a verdade, bem se puseram a jeito.  
Na sua edição de ontem, o jornal francês Ouest-France que se publica em Rennes e é o principal diário da Bretanha, destaca uma fotografia do desbocado J.D. Vance em pose de conquistador num território que é dinamarquês, enquanto escolheu para título “l’apétit des États-Unis…”. É que, para além da Gronelândia e da Ucrânia, o DT ainda quer o canal do Panamá, a Faixa de Gaza e até o Canadá, a quem vem assediando para se tornar o 51º estado dos Estados Unidos. E sabe-se lá mais o quê. 
Como andam baralhados os comentadores profissionais que ocupam as televisões e que não previram que isto pudesse acontecer…

quinta-feira, 27 de março de 2025

A excelente lição que nos chega do Brasil

Os brasileiros assistiram estupefactos aos acontecimentos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília, quando milhares de pessoas invadiram e vandalizaram os edifícios monumentais que representam os três poderes da República Federativa do Brasil, respectivamente o Palácio do Planalto (poder executivo), o Congresso Nacional (poder legislativo) e o Supremo Tribunal Federal (poder judicial). Uma multidão de bolsonaristas contestava com violência os resultados eleitorais que tinham dado a vitória presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva e rejeitavam a própria democracia.
A perturbação foi controlada no limite, mas de imediato foi divulgada pela imprensa a informação de que tinha sido montada uma organização criminosa com o objectivo de concretizar um golpe de estado e assegurar que Jair Bolsonaro continuasse no poder. Na altura escreveu-se que havia sólidas provas que mostravam que vários oficiais de alta patente tinham tido participação activa na tentativa antidemocrática.
O facto é que a Procuradoria-Geral da República (PGR) conduziu as averiguações contra o ex-presidente Bolsonaro e mais sete dos seus aliados, vindo o Supremo Tribunal Federal a proferir agora a sua decisão unânime, declarando-os réus.
A decisão é inédita no Brasil. Pela primeira vez na sua história, um ex-presidente e vários oficiais de alta patente das Forças Armadas foram declarados réus por crimes ligados a uma tentativa de golpe de estado. A imprensa brasileira, designadamente O Estado de S. Paulo, destacou esta notícia com muito sensacionalismo. Na política não vale tudo.
Evidentemente que o processo vai ser longo e, lá como cá, é prematuro condenar os réus antes de julgamento, pois todos têm direito à presunção de inocência, mas este exemplo que nos chega do Brasil bem pode servir para condenar todas as jogadas antidemocráticas que por cá acontecem, através da desinformação e do controlo da comunicação social e das redes sociais.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Um cessar-fogo que é um sinal animador

As conversações que têm sido realizadas em Riad entre russos e ucranianos com a mediação dos Estados Unidos, conduziram a um acordo de cessar-fogo parcial e à aceitação de uma trégua relativamente aos ataques às redes energéticas dos dois países e à navegação no mar Negro, embora os russos condicionem essa aceitação ao levantamento das sanções ocidentais impostas ao sector agrícola russo. Os Estados Unidos comprometeram-se a assegurar o cumprimento destes acordos e a ajudar a restabelecer as exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes.
Porém, um dos aspectos mais significativo deste acordo é que não é indicado que o cessar-fogo seja por 30 dias, como estava planeado inicialmente, o que pode indiciar que as partes podem ir mais longe nas suas negociações e que Putin e Zelensky já terão compreendido que ambos terão que fazer cedências, sem as quais não se resolve o complexo imbróglio ucraniano. Há que ter esperança que as negociações avancem.
Como hoje escrevia o El Pais, este cessar-fogo é “la primera señal que apunta a una salida negociada en tres años de guerra” e é mais um pequeno passo a caminho da paz. Esse mérito é dos americanos, sendo mais uma “bofetada de luva branca” nos líderes europeus, que nada fizeram pelo fim da guerra e que continuam a pavonear-se em sucessivas cimeiras, antes para ganhar a guerra e, agora, para ajudar Zelensky e o seu regime. Quase todos adoptaram a narrativa que tem sido propagandeada, que exige o rearmamento da Europa para fazer face à ameaça russa, embora ela pareça preocupar muito pouco os povos da Europa como vem mostrando o Eurostat.

A eficiência na captura de um submarino

A notícia foi divulgada pela Polícia Judiciária e informava que um submarino vindo da América do Sul, que transportava cerca de sete toneladas de cocaína, tinha sido interceptado e capturado a sul do arquipélago dos Açores. Nunca tal tinha acontecido na Zona Económica Exclusiva portuguesa e, por isso e pela importante captura efectuada, esta acção vai ficar como um exemplo da eficiência portuguesa no combate ao tráfico de droga.
A acção que recebeu o nome de Operação Nautilus desenvolveu-se durante alguns dias com a cooperação da Marinha e da Força Aérea portuguesas, tendo sido o resultado de uma investigação em que cooperaram várias entidades ou agências portuguesas, espanholas, americanas e britânicas.
A Polícia Judiciária também informou que o submarino interceptado pertencia a uma organização criminosa e que havia cinco tripulantes a bordo, sendo três de nacionalidade brasileira, um espanhol e um colombiano, que foram detidos e transportados para Ponta Delgada a bordo de um navio da Marinha Portuguesa. O submarino foi rebocado e também já se encontra no porto de Ponta Delgada.
A imprensa portuguesa, tanto continental como açoriana, destacaram esta notícia, mas foi o jornal galego Diario de Pontevedra que publicou a mais esclarecedora fotografia deste submarino que, embora utilizado em acções criminosas, não deixa de admirar aqueles que andam, ou andaram no mar, pela ousadia de atravessar o Atlântico em tão precárias condições.
Naturalmente, também aqui se saúda a eficiência da Polícia Judiciária e a boa cooperação que lhe foi prestada nesta importante operação.