quinta-feira, 10 de julho de 2025

Trump ameaça o Brasil, mas Lula é firme

O presidente Donald Trump tem-se multiplicado em atitudes violadoras das normas de convívio internacional, por vezes com grosseria e sempre com arrogância, parecendo desafiar as soberanias de alguns países. Ameaçou o Canadá e a Dinamarca, deu luz verde a Netanyahu para destruir Gaza e criar uma Riviera de Médio Oriente, atacou o Irão sem ter quaisquer provas de que este país tinha ou preparava bombas nucleares e está agora a desafiar o Brasil ao impor taxas aduaneiras de 50% aos produtos brasileiros.
Esta medida surgiu como reacção punitiva aos países que integram o bloco das economias emergentes, designados como BRICS – dez estados-membros e dez parceiros-candidatos – entre os quais a China, a Índia, a Rússia e o Brasil, que representam 46% da população mundial e que realizaram recentemente a sua cimeira no Rio de Janeiro.
Donald Trump não gostou que os BRICS condenassem o ataque ao Irão e pedissem que Israel abandonasse Gaza, mas também veio declarar que era “terrível” a forma como está a ser tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é acusado pela Justiça brasileira por tentativa de golpe de estado, acusando o Brasil de estar a fazer “caça às bruxas”.
Naturalmente, o presidente Lula da Silva devolveu a carta de protesto que recebera do Donald e, num comunicado oficial publicado no jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que “a defesa da democracia no Brasil compete aos brasileiros”, “que ninguém está acima da lei” e que “somos um país soberano e não aceitamos a interferência ou tutela de quem quer que seja”.
Que pena não haver dirigentes na Europa com a firmeza de Lula da Silva.

Texas: meteorologia, geografia e tragédia

No passado fim-de-semana, a área central do estado americano do Texas e em especial o condado de Kerr, foi atingida por chuvas torrenciais que provocaram grandes enxurradas e inundações que, de acordo com a edição de ontem do jornal The Dallas Morning News já causaram 109 mortes, havendo ainda 160 pessoas desaparecidas.
A tragédia teve enorme repercussão pelo elevado número de perda de vidas e de bens materiais, incluindo casas e automóveis arrastados pelas águas, mas também por ocorrer no Verão, a época menos provável para que acontecesse. O governador do Texas, Greg Abbott, afirmou que “ninguém esperava uma parede de água de quase nove metros de altura”, referindo-se ao que aconteceu no rio Guadalupe que, em 45 minutos, subiu oito metros e transbordou.
A área por onde passa o rio Guadalupe tem uma geografia propensa a chuvas torrenciais e é conhecida como Flash Flood Alley (o beco das enchentes relâmpago), resultantes de fenómenos meteorológicos locais – o ar quente do golfo do México (que Trump quer que se chame golfo da América) encontra uma fileira de penhascos e colinas íngremes nesta região e condensa-se, podendo dar origem a chuvas intensas, que enchem rapidamente os rios, porque os terrenos naquela região não absorvem a água das chuvas. O fenómeno é conhecido e acontece por vezes, mas desta vez não foi previsto ou foi anunciado tardiamente, porque o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) “tinha perdido quase 600 dos seus cerca de 4 mil funcionários”, conforme a administração Trump decidiu em relação ao NWS e outras agências que foram “ forçadas a reduzir a sua força de trabalho”.
No Texas, como em muitas outras regiões do planeta, as medidas economicistas apressadas podem conduzir a grandes tragédias.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Pamplona e as Fiestas de San Fermin

Começaram ontem em Pamplona, na região autónoma de Navarra, e vão decorrer até ao dia 14 de Julho, as Fiestas de San Fermin ou Sanfermines, que são uma das mais animadas e mais afamadas festas espanholas, pois atraem centenas de milhares de visitantes.
As Sanfermines têm origem muito antiga, mas a sua fama surgiu através da obra do escritor americano Ernest Hemingway e do seu livro The Sun Also Rises, traduzido em Portugal como Fiesta. As festas iniciaram-se ontem com o lançamento de fogo-de-artifício, ou chupinazo, lançado da sacada do palácio governamental e terminam à meia-noite do dia 14 de Julho. Entre os dias 7 e o dia 14 decorrem, todos os dias às 8 horas da manhã, os famosos encierros, isto é, largadas de touros que percorrem três ruas do centro histórico de Pamplona, na distância de 849 metros, que normalmente duram três a quatro minutos e, quase sempre, provocam acidentes mais ou menos graves no público que a eles assiste. Dizem as crónicas que, entre 1922 e 2009, morreram 15 pessoas nos encierros das Sanfermines.
A intensa mediatização internacional das Sanfermines atrai manifestações diversas, que procuram afirmar as suas mensagens na fiesta, enquanto plataforma comunicacional de excelência. Assim aconteceu ontem, quando a organização homenageou o povo da Palestina, enquanto um grupo de activistas protestou contra as touradas durante as festividades.
Porém, como mostra a edição de hoje do Diario de Navarra, as gentes de Pamplona gostam demasiado das suas Sanfermines.

R.I.P. Amadeu Garcia dos Santos

Na passada sexta-feira faleceu na sua casa em Lisboa, com 89 anos de idade, o General Amadeu Garcia dos Santos, um homem com fortes ligações ao movimento militar do 25 de Abril de 1974, a cujos ideais se manteve sempre ligado com absoluta coerência. 
Na operação libertadora que devolveu aos portugueses a Liberdade, a Democracia e a Paz, o então tenente-coronel do Exército Português tinha 38 anos de idade e era um dos mais graduados militares que, com grande coragem e patriotismo, estiveram no Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas, instalado num pavilhão do Regimento de Engenharia Nº 1, na Pontinha. Nessa medida, foi um dos mais determinantes militares que participaram na Operação Viragem Histórica, como responsável pela concepção e montagem das transmissões, uma área em que era perito por ser engenheiro, as quais asseguraram o sucesso das acções militares.
Após ter cumprido essa importante missão “regressou a casa”, mas as suas qualidades de inteligência e de competência “obrigaram-no” a aceitar os cargos de Chefe da Casa Militar do Presidente Eanes, de chefe do Estado-Maior do Exército e de presidente da Junta Autónoma de Estradas, onde o seu desempenho foi muito elogiado pela sua competência, coerência e frontalidade.
O general Garcia dos Santos foi um dedicado servidor da Democracia e dos ideais do 25 de Abril, que sempre defendeu com firmeza, designadamente como presidente da Assembleia Geral da Associação 25 de Abril, de que era sócio fundador, pelo que o seu nome figura, com toda a justiça, na galeria dos militares que mais se destacaram na preparação e na execução das operações do “dia inicial, inteiro e limpo”, como Sophia de Melo Breyner se referiu ao dia 25 de Abril de 1974.
Com o seu exemplo de coragem, de discrição e de inteligência, ele foi um dos grandes portugueses da sua geração e um dos símbolos maiores do 25 de Abril.

domingo, 6 de julho de 2025

Será que a China já ganhou?

É cada vez mais um lugar comum dizer-se que o mundo está sob os ventos da insegurança e da incerteza, não só devido aos conflitos que estão a desafiar a estabilidade em diversas regiões do globo, mas também por causa da rivalidade e da competição entre o Ocidente e o Oriente, ou entre o velho mundo que tem dominado o planeta e o novo mundo que está a despontar no continente asiático e que rejeita o modelo unipolar que tem dirigido o nosso planeta. A mais recente edição do Courrier International pergunta mesmo “se a China já ganhou” e, em subtítulo, escreve:
“Perante um Donald Trump errático que alienou parte do mundo, o regime chinês posiciona-se como um polo de estabilidade, tecendo pacientemente a sua teia. E parece mais forte do que nunca.”
A ilustração da capa desta edição é esclarecedora e “vale mais do que mil palavras”, com uma mancha de tinta vermelha em movimento que ameaça o planeta, pois já corre sobre a África e sobre a Europa, começando a cobrir o Atlântico.
A revista salienta que com a sua obcessão pelas tarifas alfandegárias, o presidente Donald Trump está a acelerar o advento de um “século asiático”, que está a ser construído em torno da China, acrescentando que essas tarifas se tornaram “a cola que une os países asiáticos”, levando-os a criar novos mecanismos de cooperação económica e comercial entre si.
Entretanto, a nossa Europa vai mergulhando na irrelevância, ou mesmo na decadência, com os seus dirigentes dominados por “esta vaidade a quem chamamos Fama”, como tão bem os definiu Luís de Camões, há quinhentos anos.

sábado, 5 de julho de 2025

Viva a independência de Cabo Verde

A República de Cabo Verde celebra hoje 50 anos de independência e está anunciada uma grande celebração oficial que conta com a presença de quatro chefes de Estado, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa. Aqui, também saudamos essa efeméride e associamo-nos ao semanário Nação que se publica na Cidade da Praia.
O país consta de um arquipélago de dez ilhas com uma superfície total de cerca de 4.033 km2, que fica situado na costa ocidental africana na latitude do Senegal. Descoberto pelos navegadores portugueses e colonizado desde meados do século XV, o arquipélago esteve sob soberania portuguesa até à proclamação da sua independência no dia 5 de Julho de 1975. A reivindicação independentista foi dirigida por Amílcar Cabral e pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), embora só tivesse tido expressão armada na Guiné. Porém, o sentido descolonizador do movimento do 25 de Abril em Portugal e os princípios da Carta das Nações Unidas, levaram a que, através do Acordo de Argel de 26 de Agosto de 1974, o governo português tivesse reconhecido formalmente "o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência".
Desde então, a República de Cabo Verde afirmou-se na cena internacional como um exemplo no contexto dos países africanos, com uma população instruída e com bons índices de desenvolvimento económico e social. O sentimento nacional é grande entre a população e “não há saudades do tempo colonial”, embora Portugal seja uma referência permanente para os cabo-verdianos, pela língua, pelas tradições culturais, pela memória histórica, pelos seus emigrantes que vivem em Portugal e pelo entusiasmo com o futebol, mas também por coisas que os portugueses muito apreciam como as mornas e coladeiras e por essa maravilha gastronómica que é a cachupa.
O país de Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Pedro Pires, Cesária Évora, Germano de Almeida, Corsino Fortes, Titina, Bana, B Leza, Tito Paris e tantas outras ilustres personalidades, é um grande país. E aqui neste velho Portugal, onde gostamos de chamar “nuestros hermanos” aos espanhõis e irmãos aos brasileiros, o que haveremos de chamar às gentes de Cabo Verde, que nos estão tão próximas histórica e culturalmente e que aprenderam connosco a dizer sodade?

Tour de France 2025: le départ et la fête!

A 112ª edição do Tour de France começa hoje em Lille e até ao dia 27 de Julho, os 204 ciclistas de 23 equipas irão percorrer 3.338,8 quilómetros distribuídos por 21 etapas. Dizem as crónicas que a corrida deste ano promete ser uma das edições mais emocionantes e exigentes da história recente, pela previsível luta entre o esloveno Tajed Pogacar (vencedor em 2020, 2021 e 2024), o dinamarquês Jonas Vingegaard (vencedor em 2022 e 2023) e o belga Remco Evenepoel, embora haja outros ciclistas dispostos a entrar nesta disputa, como Primoz Roglic, Adam Yates, Matteo Jorgenson e, naturalmente, o português João Almeida.
O Tour de France é a prova rainha do ciclismo mundial e é uma das provas desportivas que mais interesse despertam. A sua transmissão televisiva, que será assegurada pela RTP, é um “espectáculo dentro do espectáculo”, constituindo um programa de informação  turístico-cultural de grande qualidade.
Na prova deste ano participam os portugueses João Almeida e Nélson Oliveira e, naturalmente, espera-se que nos possam dar algumas alegrias.
Os portugueses não têm grande historial no Tour de France. Na classificação geral, Joaquim Agostinho é, até agora, o português mais bem classificado de sempre, com o 3.º lugar em 1978 e 1979. Seguem-se João Almeida com o 4º posto em 2024, José Azevedo com o 5.º posto em 2004 e Alves Barbosa com o 10.º lugar em 1956.
Este ano, o nosso João Almeida tem a obrigação contratual de ajudar Tajed Pogacar que é o seu chefe de equipa, mas todos esperamos que os dois portugueses possam juntar o seu nome ao dos cinco compatriotas que já venceram etapas no Tour de France: Joaquim Agostinho (4), Acácio da Silva (3), Rui Costa (3), Paulo Ferreira (1) e Sérgio Paulinho (1).
A corrida começa hoje e o jornal La Voix du Nord é apenas um dos jornais franceses que assinalou a partida desta grande festa desportiva dos franceses.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

R.I.P. Diogo Jota

Num terrível acidente de viação ocorrido ontem nas proximidades da cidade espanhola de Zamora, perdeu a vida o futebolista Diogo José Teixeira da Silva, conhecido no mundo do futebol como Diogo Jota e que era um talentoso futebolista português com sucesso internacional. No mesmo acidente também morreu o seu irmão André Silva de 25 anos de idade, que era futebolista do Penafiel.
Diogo Jota tinha 28 anos de idade e na sua carreira passara pelas equipas do Gondomar, Paços de Ferreira, Atlético de Madrid, F.C. Porto, Wolverhampton e, desde 2020, alinhava na equipa do Liverpool F.C., onde venceu uma Taça da Inglaterra, duas Taças da Liga Inglesa e a Premier League 2024-25. Fez parte das selecções nacionais de Sub-17, Sub-21, Sub-23 e, a partir de 2019, foi chamado à selecção nacional, ao serviço da qual fez 49 jogos, marcou 14 golos e ganhou duas Ligas das Nações de UEFA.
Num tempo em que a notoriedade mundial de Cristiano Ronaldo deixou na sombra muitos dos futebolistas portugueses de qualidade internacional, o talento de Diogo Jota foi reconhecido pelos adeptos do Liverpool que, na lógica específica do mundo do futebol, o veneravam.
A sua morte foi notícia destacada na imprensa portuguesa e na imprensa europeia, incluindo The Times, The Guardian, L´Equipe, La gazzeta dello Sport e outros periódicos, não só pelas suas qualidades humanas e futebolísticas, mas também pelo dramatismo do acidente que lhe roubou a vida e que é uma impressionante tragédia familiar. As imagens televisivas das homenagens que foram feitas a Diogo Jota e ao irmão, tanto em Portugal como na Inglaterra, demonstram o apreço com que todos o distinguiam. 
O futebol português ficou mesmo de luto.

EUA nos seus 249 anos de independência

Hoje é o Dia da Independência dos Estados Unidos, um dia que celebra a Declaração de Independência de 1776 assinada em Filadélfia pelas Treze Colónias, quando estas se sublevaram e declararam a separação do Império Britânico. É o feriado mais festejado nos Estados Unidos, mas a edição de ontem do USA TODAY antecipava a festa nacional americana e destacava que em seis pequenas cidades é “sempre” o 4 de Julho – Gallup (New Mexico), Bedford (Virginia), Bristol (Rhode Island), Audubon (New Jersey), Gettysburg (Pennsylvania) e Cooperstown (New York). 
De acordo com o jornal, a festa da independência nestas seis comunidades “recorda a glória – e o sacrifício – da liberdade” e evoca os nomes dos fundadores dos Estados Unidos, em especial Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin, mas também Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos que preservou a União durante a Guerra Civil e conseguiu a emancipação dos escravos.
As festas do Dia da Independência nestas seis comunidades, como em nenhum outro lugar dos Estados Unidos, constam de paradas militares, de desfiles de bandas de música, de corporações de bombeiros e de majorettes sempre mostrando as cores vermelha, azul e branca da bandeira nacional americana, que é conhecida pela The Stars and Stripes.
Numa época de alguma turbulência nos Estados Unidos e de muita incerteza no mundo, o que se deseja é que o dia 4 de Julho de 2025 seja um dia de reflexão para os americanos e para as suas autoridades, no sentido de se encontrarem os caminhos que conduzam à paz no mundo.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Preservando a memória lusíada em Macau

Não são muitos os portugueses que conheceram os territórios que, até 1951, constituíram o Império Colonial Português que, como então se dizia, ia do Minho a Timor, nem são muitos os que viram os benefícios da colonização e os malefícios do colonialismo. Independentemente das opiniões que cada português tenha sobre estas circunstâncias históricas, ninguém ignora que os portugueses deixaram marcas culturais intensas nas terras por onde passaram, visíveis na língua, nos costumes, no património edificado e nas mais diversas práticas culturais.
A cidade de Macau da República Popular da China é um exemplo de território onde permanecem as marcas culturais portuguesas. Em finais de 2024 o Instituto Cultural de Macau (IC) recomendou 12 manifestações culturais para serem integradas na lista do património cultural intangível, que incluía a Dança Folclórica Portuguesa e a Confecção de Pastéis de Nata. Essa lista foi sujeita a alargada consulta pública e os seus resultados foram agora revelados, designadamente pelo jornal Tribuna de Macau.
O IC recebeu 931 opiniões, tendo as 12 manifestações propostas obtido cerca de 70% ou mais de concordância, o que indica terem tido amplo apoio social. A inscrição da Dança Folclórica Portuguesa teve um apoio de 83,8%, por ser considerada “uma tradição antiga, que reflecte a diversidade cultural de Macau e o processo histórico”, além de que “faz parte da cultura única de Macau” e assinala os “laços históricos” com Portugal. Quanto à Confecção de Pastéis de Nata, verificou-se que houve 72,1% de opiniões favoráveis pois “reflecte a fusão das culturas chinesa e ocidental” e “representa a tradição e inovação culinária de Macau”. 
Aqui está um bom exemplo de preservação da memória portuguesa em terras asiáticas por iniciativa das respectivas autoridades.

sábado, 28 de junho de 2025

O fanfarrão Donald é o polícia do mundo

Donald John Trump, é um fanfarrão extravagante e, à medida que o vamos conhecendo, verificamos que também é um rufia encartado, embora se queira fazer passar por um homem de negócios de sucesso. Conseguiu ser eleito como o 47º presidente dos Estados Unidos e tudo isto até poderia ser irrelevante, ou ser apenas um problema interno dos Estados Unidos, mas na realidade não é.
Ele é a cabeça do mais poderoso país do mundo, mas parece ignorar que há outros poderes no nosso planeta. Começou por não resolver em 24 horas o problema da Ucrânia como tinha prometido, deu luz verde a Benjamin Netanyahu para destruir Gaza e acabar cruelmente com os palestinianos para ali construir uma Côte d’Azur do Médio Oriente e, sem que houvesse provas da construção de uma bomba nuclear, decidiu bombardear o Irão, o que até poderia ter tido outras consequências bem piores.
Na sua edição de hoje, a revista alemã Der Spiegel chama-lhe o “polícia do mundo” e apresenta-o como um duro xerife de um dos mais problemáticos bairros da sua cidade de Nova Iorque...
Um homem destes é muito perigoso, sobretudo quando tem entre os seus amigos alguns indivíduos nada recomendáveis como Benjamin Netanyahu, Vladimir Putin e Mark Rutte, mas também porque deixa aterrados os líderes europeus, seus irrelevantes vassalos - vaidosos, acomodados e sem coragem - com a devida excepção de Pedro Sánchez, que não compreende como esta União Europeia de António Costa e de Ursula von der Leyen já aplicou 18 pacotes de sanções à Rússia de Putin e não é capaz de sancionar os extremistas de Israel.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Y Viva España!

Na Cimeira da NATO que esta semana aconteceu nos Países Baixos estiveram presentes 32 cordeiros mansos e obedientes às ordens do homem que, apesar de todo o seu cadastro político, foi escolhido pelos americanos para dirigir o país e que é o fanfarrão Donald John Trump. Entre os cordeiros, estiveram Keir Starmer e Emmanuel Macron, Friedrich Merz e Recep Tayyip Erdoğan, Viktor Órban e Giorgia Meloni, mas também os primeiros-ministros do Canadá e da Dinamarca, países cuja soberania tanto tem sido ameaçada pelo dono da Trump Tower de Nova Iorque. As diferentes famílias políticas que governam a Europa, como os social-democratas, os socialistas, os democratas cristãos e outros, não revelaram quaisquer discordâncias com os diktats de Trump e aceitaram aumentar as suas despesas militares, como se os problemas principais dos seus países fossem a ameaça russa.
A Cimeira foi conduzida por uma aberração bajulatória chamada Mark Rutte, que provavelmente trabalha para o Donald, a quem publicamente chamou daddy, tendo os países presentes aceitado investir 5% do seu PIB em Defesa até 2035. Apenas Pedro Sánchez mostrou dignidade e realismo, talvez porque tenha conhecimentos de economia e saiba que as sociedades actuais não estão dispostas a alterar significativamente as suas escolhas entre “canhões ou manteiga”. Porém, a posição de Sánchez foi hostilizada por Trump que de imediato ameaçou a Espanha, como hoje revela o El País e toda a imprensa espanhola.
A Cimeira da NATO foi uma falácia que não teve outro objectivo para além de empurrar os países europeus para “gastar em grande” na compra de material de guerra americano que, muitas vezes, já é obsoleto quando chega ao seu destino. No entanto, também serviu para mostrar que nem todos são cordeiros e, parafraseando a famosa canção de Manolo Escobar, há que dizer: Y Viva España!

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Mark Rutte é a vergonha maior da Europa

Realizou-se na cidade holandesa da Haia mais uma Cimeira da NATO, uma aliança militar intergovernamental de que Portugal é membro fundador e em que os seus membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque desencadeado por uma qualquer entidade externa. Criada em 1949 por 12 países na sequência da 2ª Guerra Mundial e da ameaça soviética de expansão para oeste, a organização tem actualmente 32 países, mas a presença de António Costa, Ursula van der Leyen e Volodomyr Zelensky, que nada têm a ver com a NATO, mostra que a organização já não serve os seus fins estatuários defensivos, mas que se afirma cada vez mais como um vector da política externa americana e do nervosismo Leste-Oeste.
Donald Trump veio dos Estados Unidos qual imperador de regresso vitorioso a Roma e, a bordo do Air Force One, recebeu uma mensagem enviada por Mark Rutte, o secretário-geral da NATO, que o felicitava “pela sua acção decisiva no Irão, que foi verdadeiramente extraordinária e algo que mais ninguém se atreveu a fazer”. Depois referiu-lhe que “está a viajar para mais um grande sucesso em Haia esta noite”, em que os estados membros se iriam comprometer a gastar 5% do PIB em investimentos em defesa, escrevendo “não foi fácil, mas conseguimos convencê-los todos a comprometer-se com os 5%”. A mensagem deste sabujo continua: “Donald, levou-nos para um momento muito, muito importante para a América, a Europa e o mundo. Vai alcançar algo que mais nenhum Presidente americano conseguiu fazer em décadas. A Europa vai pagar em grande, como deve, e vai ser uma vitória sua”. Por coisas como estas, começa a ser evidente que as guerras interessam à indústria da defesa e que os americanos querem vender armamento “para a Europa pagar”, ou que a NATO é uma associação de aquisição de bens de defesa no grande supermercado americano. 
Mark Rutte revelou-se um servo de Donald Trump e dos Estados Unidos, um indivíduo sem pudor, um lambe-botas de baixo nível e um indigno representante da NATO mas, que se saiba, nenhum dos seus 32 países o criticou por se ter bajulado e humilhado face à vaidade de Trump, por elogiar o bombardeamento do Irão e por não se ter referido nem criticado a brutalidade israelita sobre Gaza, nem o genocida Benjamin Netanyahu.
Mark Rutte é a vergonha maior da Europa!

segunda-feira, 23 de junho de 2025

O desporto que brilha não é só o futebol

Em finais do século XIX o cidadão francês Pierre de Coubertin criou o movimento olímpico e inspirou os Jogos Olímpicos Modernos, não apenas como uma forma de promoção do exercício físico como instrumento da educação integral dos indivíduos, mas também para a promoção da paz e da união entre as nações.
Numa altura que há várias guerras a perturbar o mundo, em que escasseiam os dirigentes capazes, em que caem bombas em Kiev, em Gaza, em Teerão e em Telavive, com toda a gente a viver tempos de incerteza, o sossego dos homens ainda pode ser encontrado no desporto.
Um exemplo disso aconteceu ontem em Portugal com as prestações internacionais de alguns atletas portugueses que muitas alegrias nos deram e que tanto nos ajudam a suportar a desinformação televisiva que nos entra em casa sobre o que acontece no mundo, que é frequentemente manipulada, sectária e mentirosa.
Ontem o ciclista João Almeida venceu com enorme brilhantismo a Volta à Suíça e todos pudemos ver a sua prova em directo pela televisão. Nos Campeonatos da Europa de Canoagem disputados na Chéquia, também os canoístas portugueses se destacaram ao conquistarem 4 medalhas de ouro e uma de prata, com destaque para o olímpico Fernando Pimenta que se sagrou campeão europeu nas provas de K1 1000 (pela 4ª vez) e de K1 5000 (pela 2ª vez).
Na sua edição de hoje, o jornal A Bola destacou o “Domingo de Ouro” de João Almeida e de Fernando Pimenta. Por um dia, o jornal esqueceu a futebolite aguda de que tanto sofre e, em primeira página, não nos serviu o Gyokeres, o Kokçu, o Otamendi ou o Pavlidis, nem as tricas à volta de Rui Costa ou de André Villas-Boas.
Viva o João Almeida, o Fernando Pimenta e os atletas brilham na Europa e de que tanto nos orgulhamos! 

domingo, 22 de junho de 2025

O mundo inseguro de Donald & Benjamin

Diz a edição de hoje do Daily News que os Estados Unidos bombardearam o Irão e se juntaram a Israel, dando ao histórico conflito do Médio Oriente uma nova e muito perigosa dimensão.
Solenemente, a partir da Casa Branca, ele tinha dito na 5ª feira que adiaria a ordem de um ataque ao Irão por até duas semanas para ver se uma resolução diplomática seria possível. Na 6ª feira, ele disse que poderia decidir se os Estados Unidos interviriam directamente na guerra contra o Irão antes de expirar o prazo de duas semanas, enquanto desvalorizava os esforços diplomáticos europeus. No sábado, ele mandou avançar os bombardeiros B-2 Spirit com as suas bombas GBU-57 Bunker Buster de 13 toneladas e, a partir de meios navais, mandou disparar 30 mísseis de cruzeiro Tomahawk sobre alvos iranianos. Ele não é homem de palavra! Ele é um perigo para o nosso planeta! 
Depois, com uma enorme fanfarronice, felicitou “os grandes patriotas americanos que pilotaram aquelas magníficas máquinas esta noite, e todos os militares dos Estados Unidos por uma operação como o mundo não via há muitas e muitas décadas”. Desta forma, ele faltou às promessas eleitorais que fez aos americanos quando lhes assegurou que os Estados Unidos estariam fora de conflitos estrangeiros dispendiosos, ao mesmo tempo que cedeu às pressões do extremista israelita que o TPI já classificou como criminoso de guerra.
O mundo está entregue a indivíduos tão perigosos como Donald Trump e Benjamin Netanyahu, que ignoraram o bom senso e as declarações de Rafael Grossi, o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que informou, inclusivamente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que os inspectores que coordena não reuniram provas que confirmem um esforço sistemático do Irão para a construção de uma bomba atómica”. Assim, esta grave iniciativa no Médio Oriente viola o Direito Internacional e é semelhante ao que aconteceu com a invasão do Iraque em 2003, desencadeada com o objectivo de derrubar o regime de Saddam Hussein e acabar com as suas armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas. É a lei do mais forte, ou a lei da selva. Os líderes europeus ficaram cobardemente calados, assustados e pequeninos. 
Sobre o que vai acontecer a seguir, há as mais diversas opiniões, mas com gente como o Donald e o Benjamin tudo me parece imprevisível. 
Este mundo está cada dia mais inseguro.