segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Viva António Guterres, lutador pela paz

António Guterres é um portuguêrs muito ilustre que, por vontade da comunidade internacional, desempenha desde 2017 as funções de Secretário-Geral das Nações Unidas. Costuma dizer-se que “grande nau, grande tormenta” e, na verdade, a assembleia onde se reúnem todos os países do mundo é uma grande nau, na qual se reflectem as grandes tormentas do mundo.
Na actual conjuntura mundial, António Guterres tem sido um defensor das grandes causas e, em primeiro lugar, a causa da paz, mas também as causas do apoio aos refugiados, do combate à fome e à pobreza, da defesa dos oceanos e das alterações climáticas, entre outras. Na actual situação do Médio Oriente em que os israelitas começaram por ser vítimas do terror do Hamas, o governo extremista de Netanyahu respondeu com uma desproporcionada violência que parece ter visado a destruição de Gaza e o extermínio do povo palestiniano. Depois, com um espírito vingativo inaceitável, atirou-se ao Líbano com o pretexto de aniquilar o Hezbollah. Perante o silêncio cúmplice dos Estados Unidos e da União Europeia, António Guterres foi o hom da coragem e do bom senso, ao apelar ao cessar-fogo e à paz, denunciando os crimes do Hamas, mas também o terror israelita, que já foi condenado pelo TPI e tipificado como uma sucessão de crimes de guerra. Na sua loucura destruidora, o extremismo de Netanyahu levou as suas tropas a atacar a UNIFIL, a força das Nações Unidas de manutenção da paz no Líbano.
António Guterres reagiu com coragem e os israelitas logo o consideraram “persona non grata” e proibiram-no também de entrar em Israel, mas 105 países, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia, o Brasil. a Alemanha e a França,  solidarizaram-se com António Guterres, destacando-se as declarações de Josep Borrell, o vice-presidente da Comissão Europeia, que pediu a Israel para parar de culpar Guterrez pela missão no Líbano, pois ela resulta de uma decisão do Conselho de Segurança”.
Em síntese, abaixo o extremista Netanyahu! Viva António Guterres!

domingo, 13 de outubro de 2024

O futebol para nos distrair das guerras

Razões pessoais diversas fizeram com que estivesse ausente deste espaço durante alguns dias, embora não estivesse indiferente ao que se passava à minha volta e no mundo, sobretudo em relação à crueldade israelita sobre os seus vizinhos palestinianos e libaneses. O mundo e os grandes poderes ocidentais têm assistido à brutalidade e à desumanidade com que os israelitas têm destruído Gaza e o Líbano, sem quaisquer considerações de natureza humanitária. Finalmente, depois de uma cumplicidade que choca os amantes da paz e do progresso, alguns desses poderes, nomedamente a França, a Itália e a Espanha, levantaram as suas vozes para exigir a Israel que pare imediatamente com os bombardeamentos e suspenda o morticínio que instalou no Médio Oriente. No entanto, as nossas televisões continuam cheias de comentadores ao serviço de Netanyahu e de apoio à sua vingança desproporcionada, o que é verdadeiramente lamentável e chocante.
A condenação de Israel pelo mundo civilizado já começou e o futuro é, de facto, cada vez mais incerto. Nesse contexto de grande preocupação, mas também de condenação da brutalidade israelita, temos que nos distrair e saudar a vitória da selecção nacional de futebol, que ontem bateu a Polónia por 3-1, depois de já ter batido a Escócia e a Croácia, ambas por 2-1.
Portugal “soma e segue” na Liga das Nações e como hoje diz o jornal desportivo Record, esses resultados são uma grande alegria para o povo, que bem precisa de alegrias que nos distraiam das guerras.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

O ano que destruiu o Médio Oriente

A prestigiada revista The Economist que se publica em Londres, dedicou uma edição especial ao conflito em curso no Médio Oriente e escolheu como título “Irão, Israel e os Palestinianos - o ano que destruiu o Médio Oriente”. Num subtítulo em destaque pode ler-se “matar ou ser morto é a nova lógica da região” ou, ainda, “a dissuasão e a diplomacia seriam melhores”.
Muitos, sobretudo gente escolhida para o efeito, recordam que Israel tem o direito de se defender e é verdade. Porém, o que temos visto não é o exercício do direito de defesa, mas tão só uma desproporcionada onda de vingança, de violência e de brutalidade israelita contra instalações e pessoas, muitas delas inocentes, num quadro de genocídio generalizado dos povos palestiniano e libanês. Não há respeito por civis, por mulheres e crianças, ou por direitos humanos. O ditador Benjamin Netanyahu já foi condenado por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, mas não se ouvem as vozes que podiam travar ou moderar a brutalidade das suas tropas, como por exemplo Joe Biden, o pequeno Macron, ou Ursula von der Leyen, que se comportam como verdadeiros aliados de Israel e não como agentes diplomáticos que procuram a paz no Médio Oriente.
As televisões mostram-nos imagens aterradoras das destruições provocadas pelos bombardeamentos israelitas, não só em Gaza, mas também no Líbano e noutras regiões, embora a mensagem passada pelas televisões ocidentais alinhadas com Israel, como sucede com a CNN, seja diferente da mensagem passada pela Al Jazeera.
Ninguém compreende esta caminhada louca de ataques e de retaliações que provocam a morte e a destruição, que levam muitos milhares de pessoas a fugir e a procurar refúgio. Neste ano que já destruiu o Médio Oriente, há uma séria ameaça à paz mundial e Portugal continua a assobiar para o lado.

O mundo olha para o Líbano horrorizado

O conflito que começou há quase um ano no Médio Oriente com a violenta resposta israelita à acção terrorista do Hamas do dia 7 de Outubro na Faixa de Gaza, tem sido brutal, destruidora e desumana, pois é dirigida a todo o povo palestiniano. O governo extremista de Israel tem aproveitado a actual conjuntura para provocar sérios danos humanitários e patrimoniais aos seus vizinhos, de que já resultaram milhares de mortos e deslocados e daí que muitas organizações acusem o governo israelita de genocídio. Depois da destruição da Faixa de Gaza e de outras acções na Cisjordânia, as forças israelitas atiraram-se agora ao Hezbollah e invadiram o Líbano. 
As imagens que nos chegam dos bombardeamentos israelistas em território libanês, sobretudo na área de Beirute, sáo aterradoras e devem deixar envergonhados aqueles que, em vários países, continuam a fornecer armamento aos israelitas e a apoiar os seus desmandos. Nos edifícios bombardeados pelos aviões israelitas com bombas fornecidas por vários países, viviam pessoas inocentes que viram as suas vidas destruídas pelo terror israelita. 
O jornal The Independent mostrou uma fotografia dos efeitos da loucura israelita e chamou a atenção para a escalada que representa a invasão de Israel e a retaliação do Irão, que são coisas a que o mundo assiste horrorizado. Se os Estados Unidos andam distraídos com a sua campanha eleitoral, não se compreende o silêncio da União Europeia e das suas principais potências.

sábado, 28 de setembro de 2024

Crueldade do Benjamin chegou ao Líbano

Benjamin Netanyahu foi às Nações Unidas enquanto os seus aviões bombardeavam o Líbano, com brutalidade e sem qualquer respeito pela lei internacional, nem pelos direitos humanos e sem qualquer piedade para com o povo libanês, com o pretexto de anular o líder do Hezbollah. Houve muitos apupos e Netanyahu foi vaiado no edifício das Nações Unidas por muitas delegações, verificando-se o extraordinário caso de um homem que tendo um mandato de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra, se pavoneou com ameaças perante a assembleia do mundo. Como se dizia antigamente: "ao q'isto chegou".
O seu discurso foi agressivo e de uma arrogância intolerável, ignorando os apelos de meio mundo para que se contivesse e ameaçando todos os seus vizinhos, incluindo a Turquia que é membro da NATO e, naturalmente, o Irão. O jornal El País publicou hoje uma fotografia de Netanyahu a discursar em Nova Iorque, em que se pode observar a sua agressividade verbal e o seu ar ameaçador.
Há cerca de dois meses Netanyahu tinha sido ovacionado no Congresso dos Estados Unidos, onde agradeceu o apoio de Joe Biden e afirmou que “as mãos do Estado judaico nunca serão algemadas”. Agora voltou a encostar-se ao apoio americano, falando como se estivesse em casa, o que é um atropelo às boas normas das relações internacionais. A desfaçatez e a brutalidade do fanático ditador israelita impressionam e mostram como a liderança americana do mundo já não é o que era, pois Washington está dominada por falcões e não consegue moderar a crueldade de Netanyahu nesta guerra e lhe continua a fornecer o armamento, as munições, os aviões, a tecnologia e todo o apoio de que carece.
Este mundo é realmente complexo e, mais do que o conflito russo-ucraniano que parece uma guerra civil, o Médio Oriente é cada vez mais um barril de pólvora alimentado pela cegueira dos políticos e pelas indústrias do armamento.
Cada dia é mais difícil ser-se optimista em relação ao futuro. 

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Brutalidade do Benjamin continua impune

Sem que houvesse qualquer acontecimento de natureza terrorista como aquele que aconteceu por iniciativa do Hamas no dia 7 de Outubro do ano passado, o regime ultradireitista de Benjamin Netanyahu decidiu atacar o Hezbollah. Foi ontem que “un diluvio di bombe” foi lançado sobre Beirute e o sul do Líbano, como titulava esta manhã o Corriere della Sera, enquanto o jornal Irish Independent destacava que os bombardeamentos israelitas no Líbano mataram centenas de pessoas. O mundo deveria repudiar a matança violenta que os israelitas vêm realizando junto dos seus vizinhos, enquanto a Europa deveria condenar o regime extremista sem quaisquer hesitações, isolando-o logisticamente, sobretudo no que respeita ao fornecimento de material bélico. Porém, tanto os Estados Unidos como a Europa, apoiam objectivamente a violência israelita, sem quaisquer críticas substantivas e essa postura é uma vergonha para todos nós, mas também para todos os que defendem a paz no mundo.
A leitura da imprensa europeia e americana de hoje mostra que a brutalidade israelita e as centenas de mortes de inocentes palestinianos e libaneses que provoca, não parecem ser assunto de interesse, porque são muito poucos os jornais que noticiam a violência e a desumanidade dos bombardeamentos israelitas no Líbano, sendo ainda muito menos os que os condenam.
Entretanto, nas televisões portuguesas, prolifera a desinformação e as notícias tendenciosas que justificam a brutalidade israelita, juntamente com comentadores que não se cansam de justificar os crimes do regime de Benjamin Netanyahu. Não se imaginava tamanha vergonha na nossa terra, cuja Constituição afirma que Portugal se deve reger nas relações internacionais pela "solução pacífica dos conflitos internacionais".

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Um milhão de mortos e feridos na guerra

O conflito que tem devastado a Ucrânia desde Fevereiro de 2022 tem sido uma tragédia humanitária, com muitos mortos e feridos, muitíssimos refugiados, a destruição de muitas povoações e uma enorme devastação do património construído. A propaganda dos dois lados do conflito procura esconder o seu número de baixas por razões operacionais, mas também para manter a sua capacidade combativa e para fortalecer o ânimo nacional. Os números que são divulgados são manipulados para enganar o adversário, para lhe diminuir a vontade de combater, ou para estimular os seus próprios combatentes. É certamente, um dos aspectos mais imnportantes da guerra psicológica destinada a minar o espírito combatente do adversário.
Ontem, o The Wall Street Journal destacou em notícia de primeira página que, na guerra da Ucrânia, “o número de mortos e feridos gira em torno de 1 milhão”, o que mostra a dimensão desta tragédia que os vários líderes mundiais, sobretudo os europeus, não conseguiram travar antes, nem parecem querer travar agora. Tal número de baixas parece repartir-se em partes iguais pelos dois contendores e significa que se trata de uma tragédia sociológica, tanto para a Ucrânia como para a Rússia, pois ambos já perderam muita gente e têm enfrentado a fuga massiva dos seus homens e mulheres que buscam a paz e o sossego longe dos campos de batalha.
Porém, os belicistas e os falcões portugueses, muitos dos quais têm voz activa nas televisões, em vez de falarem nesta tragédia humanitária e de pedirem a paz para ucranianos e russos, falam sobretudo do envio de mais mísseis e de mais drones para alimentar esta espiral de destruição e de morte.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Incêndios florestais: a tempestade perfeita

Vivemos uma situação climática muito angustiante em Portugal, que está sob uma “tempestade perfeita” em muitas regiões continentais, com temperaturas do ar acima dos 30 graus, humidade relativa do ar abaixo dos 30 por cento e ventos coma mais de 30 quilómetros por hora. Como destaca o jornal Público na sua edição de hoje, “em dois dias ardeu tanto como no resto do ano”. O presidente da Câmara Municipal de Aveiro, uma região muito afectada pelos incêndios, afirmou que “sobrevoei a Espanha e não vi um incêndio. Passei a fronteira e, só da janela do meu avião, vi sete”, o que nos deixa com demasiadas interrogações sobre o que se passa no nosso país, onde muita coisa se vem degradando rapidamente perante a passividade do Estado, dos seus dirigentes, dos seus servidores e da população em geral.
As condições meteorológicas são muito adversas e vão persistir durante alguns dias, com temperaturas elevadas e ventos fortes. Todos os anos, em maior ou menor escala, o problema repete-se com inúmeros incêndios, com populações ameaçadas e com milhares de hectares de floresta devorados pelas chamas. Todos os anos se conclui que se faz pouco pela prevenção, que é uma responsabilidade colectiva de que quase todos se demitem. Anuncia-se o envolvimento de meios aéreos e de milhares de bombeiros, enquanto as televisões mostram as imagens do fogo e do fumo e, sobretudo, anunciam “o número de operacionais envolvidos e o número de viaturas”, a mostrar que não é a eficiência do combate que mais interessa, mas antes a dimensão do negócio. Enquanto isto, as televisões dão cobertura a uma feira de vaidades dos que gostam de ser vistos – autarcas, bombeiros, especialistas encartados ou não, gente da protecção civil – muitos dos quais “falam, falam, mas não os vemos fazer nada”, como diria o RAP.
O quadro é muito preocupante, como se viu ontem com as declarações de um primeiro-ministro visivelmente preocupado.

domingo, 15 de setembro de 2024

A paz é cada dia mais urgente na Ucrânia

A guerra na Ucrânia iniciou-se no dia 24 de fevereiro de 2022 quando a Rússia invadiu o território ucraniano e já dura há 934 dias. É muito tempo e o balanço do conflito é trágico, como vemos diariamente através das televisões.
Embora a questão ucraniana seja muito antiga, a recente divisão dos ucranianos entre os pró-russos e os pró-europeus dera origem em 2014 à revolução da Praça Maidan, com a queda do presidente Yanukovich, os grandes combates no leste da Ucrânia envolvendo separatistas pró-russos e forças ucranianas e a anexação da península da Crimeia pelos russos. Os Acordos de Minsk de 2014 e 2015, destinados a acabar com os confrontos nas auto-proclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, não foram respeitados pelas partes. Depois, houve inúmeras tentativas diplomáticas para evitar a guerra, mas os responsáveis políticos dos dois lados não quiseram ou náo foram capazes de chegar a um acordo, devido às suas ambições políticas ou, quem sabe, à necessidade de alimentar as suas indústrias militares.
Tem sido com profunda ansiedade que, durante estes 934 dias, assistimos a discursos belicistas de políticos e de comentadores, indiferentes ao sofrimento do povo ucraniano e à destruição das suas cidades, como se houvesse solução militar para aquela guerra. Agora, através do Daily Mail e de outros mass media, temos Volodymyr Zelensky impaciente e perturbado, a insistir para que lhe sejam fornecidos mísseis de longo alcance, havendo algumas inteligências mundiais que parecem apoiá-lo, sem ponderar no tipo de resposta que possa vir do outro lado. Será que são necessárias mais mortes e mais destruições? E para ir até onde?
Há alinhamentos e opiniões para todos os gostos, mas ninguém de bom senso pode esperar que uma parte possa derrotar a outra. Há algum diálogo entre as partes e até têm trocado prisioneiros. Então, continuem a conversar. Entendam-se. Há que abrir o caminho à diplomacia, negociar, conciliar os vários pontos de vista, ceder em alguns aspectos e encontrar a paz. Fujam dos belicistas e dos vendedores de armamento…

sábado, 14 de setembro de 2024

Cádiz tem mais de 3.000 anos de história

Vindo do golfo Pérsico há cerca de três mil anos, o povo fenício instalou-se no litoral do Mediterrâneo Oriental e fundou cidades importantes como Sidon e Tiro. A partir dessas cidades e porque eram marinheiros e comerciantes, navegaram pelo mar Mediterrânro e fundaram colónias e feitorias em toda a sua orla marítima, tendo atravessado o estreito e navegado no Atlêntico, chegando ao sudoeste das ilhas Britânicas e tendo explorado a costa ocidental africana quase até ao golfo da Guiné. 
Foi uma grande civilização da Antiguidade e as suas colónias mais importantes foram Cartago, cujas ruinas se situam próximo da capital da Tunísia, e também Gadir, que deu origem à cidade espanhola de Cádiz e cujos habitantes são conhecidos como gaditanos.
A cidade de Cádiz é uma cidade portuária da província do mesmo nome que faz parte da Comunidade Autónoma da Andaluzia e costuma celebrar o seu passado fenício. Neste fim-de-semana e sob o lema "Orgullos@s de nuestra historia”, o município de Cádiz promoveu uma grande festa de raiz histórica e de afirmação da sua identidade cultural, que incluiu a reconstituição de um desembarque fenício e um desfile com cerca de mil participantes devidamente trajados. Logo que o desfile chegou às Puertas de Tierra foi apresentado o espectáculo inaugural de som, luz e cor, intitulado “Cádiz, hace más de 3.000 años”. 
A reportagem desta festa foi publicada hoje pelo Diario de Cádiz e não lhe faltam adjectivos elogiosos. Como informação adicional regista-se que existem testemunhos arqueológicos da presença fenícia em Portugal, na costa do Algarve e nas bacias hidrográficas dos rios Sado, Tejo e Mondego. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O centenário de Amílcar Cabral

A edição de ontem do semanário caboverdiano Expresso das Ilhas dedica a sua manchete a Amílcar Cabral, seguramente a personalidade maior de Cabo Verde, que hoje completaria 100 anos de idade.
Nascido em Bafatá (Guiné-Bissau) no dia 12 de setembro de 1924, veio a ser assassinado no dia 20 de janeiro de 1973 em Conacri (República da Guiné), quando tinha apenas 48 anos de idade e era a principal figura da luta pela independência das colónias portuguesas, mas também um respeitado líder anticolonialista mundial.
Em 1945 rumou a Lisboa onde frequentou o Instituto Superior de Agronomia, cujo curso concluiu com sucesso em 1950, mas nesse período envolveu-se em actividades políticas contra o regime de Salazar, sobretudo no âmbito da Casa dos Estudantes do Império, daí nascendo a sua adesão aos movimentos de libertação colonial, aparecidos depois da 2ª Guerra Mundial e acelerados com a conferência de Bandung. Em 1956, na cidade de Bissau, fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que dirigiu até à sua morte, acontecida em circunstâncias trágicas, quando “a independência estava ao virar da esquina”.
Durante a luta armada contra a presença portuguesa na Guiné iniciada em 1963, o PAIGC de Amílcar Cabral ameaçou seriamente as tropas coloniais com uma derrota militar, mas muitas vezes afirmou que a sua luta era contra o colonialismo e não contra o povo português e, várias vezes também, propôs negociações com as autoridades portuguesas para acabar com a guerra, mas a intransigência marcelista e o seu regime recusaram essa hipótese.
O insuspeito professor Adriano Moreira escreveu que “talvez Cabral tenha sido o mais lusotropicalista dos chefes do movimento revolucionário, com um notável uso da língua portuguesa, e uma invocação constante dos valores que são os da Carta da ONU”. Apesar de ter estado na Guiné do outro lado da luta armada, aqui presto a minha homenagem a Amílcar Cabral.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Cristiano Ronaldo já marcou 900 golos!

A selecção nacional de futebol iniciou ontem a sua caminhada na 4ª edição da Liga das Nações da UEFA, cuja 1ª edição venceu, defrontando a sua congénere croata. Jogou muito bem na primeira parte e ganhou por 2-1, mas não foi a vitória que entusiasmou a nossa comunicação social, pois o destaque foi dirigido para Cristiano Ronaldo que marcou o golo 900 da sua carreira, como hoje destaca o jornal Record.
A sua carreira é notável no mundo do futebol, pois jogou no Sporting, no Manchester United, no Real Madrid, na Juventus, de novo no Manchester United e, actualmente, no Al Nassr, marcando muitos golos e deixando uma forte marca nos estádios.
Os seus 39 anos de idade já lhe pesam e já não corre nem se eleva como antes, mas continua com o seu lugar reservado na selecção nacional, na qual se estreou em Chaves no dia 20 de agosto de 2003, num jogo de preparação contra o Cazaquistão.
Segundo a RSSSF (Rec. Sport Soccer Statistics Foundation), a organização que regista os dados estatísticos do mundo do futebol, Cristiano Ronaldo é o maior “artilheiro” da história em jogos oficiais, seguindo-se-lhe Lionel Messi (838), Josef Bican (805), Romário (772), Pelé (767) e Puskas (735).
No Brasil pergunta-se: então o Pelé não tem mais de mil golos? A RSSSF esclarece que esse número relativo a Pelé inclui todos os jogos amigáveis e não oficiais, afirmando que “Cristiano Ronaldo é o primeiro jogador a atingir os 900 golos na carreira”, ou seja, a RSSSF confirma que ele é o maior marcador de golos de todos os tempos e, naturalmente, um dos melhores futebolistas da história. 
Naturalmente, muitos portugueses têm orgulho neste futebolista que, por mérito próprio, é o mais famoso português da nossa história de 900 anos, curiosamente tantos anos quantos os golos de Cristiano Ronaldo.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Nicolás Maduro e o imbróglio venezuelano

As eleições presidenciais venezuelanas realizadas no dia 28 de julho tiveram resultados que foram contestados interna e externamente, tendo gerado muita instabilidade política e social desde então e que continua activa, quando já são passados quase quarenta dias. 
As ruas de muitas cidades, como a capital Caracas, encheram-se de manifestantes a constestar a fraude eleitoral e o resultado anunciado, ou a apoiar o presumível vencedor das eleições, que o actual presidente Nicolas Maduro anunciou ser ele próprio.
Houve confrontos e muitas centenas de cidadãos foram agredidos pela polícia, daí resultando 27 mortos, 192 feridos e cerca de 2.400 detenções. A generalidade da comunidade internacional continua sem aceitar os resultados anunciados pelo regime chavista e tem reclamado a consulta das actas que registaram o apuramento das votações em cada mesa eleitoral. Entretanto, segundo vem sendo deunciado nos meios de comunicação de diversos países, tem aumentado a repressão sobre a oposição venezuelana e sobre os seus dirigentes, tendo o jornal Perú 21 anunciado na sua edição de hoje que foi emitida uma ordem de detenção contra o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, que foi o candidato que enfrentou o ditador Nicolas Maduro. 
Porém, Edmundo González continua a afirmar que venceu as eleições, mas está escondido desde há um mês, pois não confia no aparelho repressivo chavista, nem no sistema de justiça venezuelano que está ao serviço de Nicolás Maduro. Perante a gravidade crescente da situação, os presidentes Lula da Silva do Brasil e Gustavo Petro da Colômbia manifestaram “profunda preocupação” pela decisão de deter Edmundo González e esperam encontrar-se com Nicolás Maduro nas próximas horas para encontrar uma solução pacífica para o imbróglio venezuelano. 
Se já há demasiadas tensões no mundo, porquê sustentar mais uma?

O Papa Francisco em Timor é uma festa!

O Papa Francisco chegou ontem à Indonésia para uma visita apostólica, tendo a edição de hoje do jornal The Jakarta Post destacado esse acontecimento que ocorre no maior país muçulmano do mundo. Trata-se da viagem mais longa do pontificado do Papa Francisco, em que percorrerá 32 mil quilõmetros com 44 horas de voo, com passagens por quatro países.
A Indonésia é constituída por milhares de ilhas entre a Ásia e a Austrália, sendo esta visita papal considerada um facto muito importante no actual contexto mundial, como afirmou Joko Widodo, o presidente da Indonésia, que convidou o Papa a visitar o país. Segundo as fontes do Vaticano, trata-se de construir pontes entre universos culturais diferentes e de estimular o diálogo interreligioso, tendo o Papa Francisco associado a “unidade na multiplicidade indonésia” à unidade das diferentes religiões, que perseguem o bem comum, a justiça social e a paz no mundo.
Depois da visita à Indonésia, o Papa Francisco seguirá para a Papua Nova-Guiné, Timor-Leste e Singapura.
No que respeita a Timor-Leste, um país onde se fala português e em que 95% da população é católica, a chegada do Papa Francisco acontecerá no dia 9 de setembro e, depois de cerca de 48 horas em Dili, seguirá para Singapura no dia 11 de setembro. A visita papal a Timor-Leste vai ser uma grande festa para a população e tem um significado especial porque a Igreja Católica foi um referencial de liberdade para os timorenses durante a violenta ocupação indonésia do território (1975-2002), tendo sido essencialmente através dela que se processou a comunicação interpessoal que permitiu a luta da resistência timorense.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

O treino das Marinhas latino-americanas

O diário chileno El Mercúrio que se publica em Santiago do Chile, destaca na sua última edição a realização do UNITAS LXV (65), um exercício naval multinacional que se enquadra nos propósitos do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, ou Tratado do Rio, um pacto de defesa mútua interamericano assinado em 1947 no Rio de Janeiro.
No exercício do corrente ano, que vai decorrer até 12 de setembro, participam 25 países, com 17 navios, dois submarinos, 20 aeronaves e mais de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais e, entre os países participantes, estarão “delegaciones europeas y del Asia Pacifico”.
Diz a organização que o UNITAS é o exercício naval mais antigo do mundo, pois realiza-se anualmente desde 1960 sob a orientação operacional dos Estados Unidos e com a participação de várias Marinhas latino-americanas, com o objectivo de treinar, capacitar e estabelecer vínculos de confiança entre si. Nessa altura, o exercício destinava-se à preparação das Marinhas para fazer frente à ameaça soviética no contexto da Guerra Fria mas, com o tempo, os seus objectivos foram-se ampliando para novos aspectos da guerra no mar e para os novos cenários mundiais. A partir de 1999 o UNITAS passou a dividir-se em três fases que se realizam alternadamente no Atlântico, no Pacífico e nas Caraíbas. 
O exercício UNITAS LXV (65) vai decorrer na costa chilena do Pacífico e terá como bases os portos de Valparaíso e de Punta Arenas, no estreito de Magalhães.