Moçambique é um
país da costa oriental africana com fortes relações históricas e emocionais com
Portugal, sendo governado pela Frelimo desde que o país conquistou a sua
independência em 1975, mas o que se passa em Moçambique interessa aos
portugueses no plano simbólico e no campo dos afectos.
No passado dia 9
de Outubro de 2024 realizaram-se as eleições presidenciais, em simultâneo com a
eleição dos 250 deputados para a Assembleia da República e com a eleição dos
membros das dez assembleias provinciais. No dia 16 de Outubro os relatórios
preliminares mostravam que Daniel Chapo, um professor de Direito que foi o
candidato da Frelimo, liderava a contagem dos votos. No dia 24, a Comissão
Nacional de Eleições anunciou que Chapo vencera as eleições com 71% dos votos,
que ganhara todas as eleições provinciais e que conquistara 195 dos 250 lugares
de deputados. Vivendo o país em crise económica e com o desgaste de quase meio
século de poder da Frelimo, aqueles resultados foram de imediato contestados
pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) e pelo seu
líder Venâncio Mondlane, que afirmaram que houve fraude eleitoral.
Mondlane
declarou-se vencedor e, poucos dias depois, eclodiram tumultos e muita
violência por todo o território moçambicano, contestando os resultados
eleitorais. Os confrontos entre a polícia e os manifestantes já provocaram
quase três centenas de mortos e mais de cinco mil pessoas baleadas, segundo foi
divulgado por diversas organizações não governamentais.
Apesar da
contestação, Daniel Chapo foi investido como presidente de Moçambique no dia 15
de Janeiro, conforme noticiou o jornal O País que se publica no Maputo.
Porém, Mondlane não
desiste e tem convocado manifestações em que a palavra de ordem é “matar um polícia
por cada manifestante morto”, ou “dente por dente, olho por olho”, significando
a vontade de continuar a contestação com violência e vingança.
Tempos muito difíceis para
Moçambique!