Apesar de ainda
ser uma espécie de “farol da civilização”, há uma lenta agonia da Europa na sua
relação com a América e com a Ásia, como prova a irrelevância que vai tendo em
todas as matérias internacionais de natureza política, económica e militar.
Depois de quatro
meses de incerteza tarifária, aconteceu no passado domingo na Escócia um acordo
entre Donald Trump e Ursula von der Leyen, pelo qual os Estados Unidos vão
aplicar uma taxa alfandegária de 15% à generalidade das exportações da União Europeia,
que ainda fica obrigada a investir 600 mil milhões de dólares nos Estados
Unidos, sobretudo em energia e armamento. Embora a taxa de 15% seja mais leve
do que os 25% que já vigoravam para a indústria automóvel, representa um forte
aumento em relação à taxa de 2,5% que estava em vigor.
Este acordo comercial entre os
Estados Unidos e a União Europeia, começou por ser aplaudido pelos dois lados
do Atlântico, mas rapidamente surgiram dúvidas sobre se foi uma capitulação,
como escreveu o jornal La Dépêche du Midi, ou se foi
simplesmente um caso de pragmatismo. Para alguns pragmáticos, a União Europeia
estava ameaçada com taxas de 30% e ao conseguir taxas de 15% conseguiu um bom
acordo, embora o Reino Unido tivesse conseguido taxas de 10%. Porém, muitos
líderes políticos e empresariais europeus já criticaram o acordo em termos
muito duros e consideraram-no escandaloso, tendo o primeiro-ministro francês
dito que foi “um dia sombrio” e que a União Europeia, que é “uma aliança de
povos livres se resignou à submissão”. Mais curioso e mais realista foi o
comentário do empresário francês Arnaud Bertrand que disse que o acordo é “uma
transferência unilateral de riqueza” e que "se
parece bastante com o tipo de tratado desigual que as potências coloniais
costumavam impor no século XIX, só que, desta vez, a Europa é a vítima".
Donald Trump impôs a sua vontade e não fez qualquer cedência, enquanto Ursula
von der Leyen lhe deu uma boa ajuda para ele levar por diante o Make America Great Again. Muita asneira tem feito esta senhora, o que nos faz pensar sempre em Jacques Dellors, um "Senhor Europa" como não houve outro.
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