sábado, 9 de setembro de 2017

O imbróglio que está criado na Catalunha

As aspirações separatistas da Catalunha não são um problema recente, mas acentuaram-se nos últimos anos com os movimentos independentistas a reclamar um referendo sobre a independência da Catalunha. Os desafios ao poder de Madrid têm sido constantes e as duas posições têm-se extremado sem que haja diálogo.
Na passada quarta-feira o parlamento catalão aprovou a realização de um referendo sobre a independência da Catalunha no próximo dia 1 de Outubro, numa sessão a que não compareceram os deputados dos maiores partidos nacionais, caso do PP, do PSOE e dos Cyudadanos. Nessa mesma noite a Generalitat da Catalunha assinou o decreto que convoca o referendo independentista na comunidade autónoma da Catalunha. O governo espanhol chefiado por Mariano Rajoy declarou esta decisão inconstitucional e recorreu para o Tribunal Constitucional para que todas as decisões tomadas pelo parlamento e pelo governo regional da Catalunha relativamente ao referendo fossem anuladas. No dia seguinte, o Tribunal Constitucional espanhol suspendeu a lei aprovada pelo parlamento da Catalunha que permitia a realização do referendo independentista, ou seja, declarou o referendo ilegal. Entretanto, o Ministério Público espanhol já ameaçou com processos judiciais contra a Generalitat e os seus membros. Hoje, através de um dos seus ministros, a Generalitat da Catalunha anunciou que não será respeitada a decisão do Tribunal Constitucional espanhol de suspender a lei do referendo e, dessa forma, anular o referendo marcado para o dia 1 de Outubro, acrescentando que, se for essa a vontade popular, a Catalunha declarará a sua independência unilateralmente. Dizem as sondagens que tem diminuído o número de catalães que defende a independência, mas o governo espanhol garante que o referendo não se realizará. Porém, o diário catalão el Periódico destacou no seu título de primeira página a palavra desobediência, certamente a apontar um caminho aos independentistas.
Estamos, portanto, perante um grande imbróglio na Catalunha.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A catastrófica acção do furacão “Irma”

A tempestade tropical ou furacão Irma que foi classificado como categoria 5, a mais elevada na escala de Saffir-Simpson, pode já ser considerado o mais perigoso furacão que nos últimos anos se formou no Atlântico Ocidental. Na sua rota no mar das Caraíbas, o Irma tem devastado algumas das ilhas das Pequenas Antilhas, provocado algumas mortes e uma enorme destruição de bens. A imprensa francesa classifica como catastrófica a destruição causada pelo Irma em algumas ilhas francesas das Caraíbas e as imagens que nos chegam pela televisão mostram cenários de completa destruição. A imagem publicada pelo Daily News é expressiva e o título que substitui a palavra hurricane por horrorcane dá a exacta medida daquilo que está a acontecer.
O furacão aproxima-se agora da costa dos Estados Unidos e, segundo anunciaram as autoridades americanas, pode atingir a Florida durante o próximo fim-de-semana. Está a afectar uma área superior à superfície da França, o seu “olho” tem cerca de 50 quilómetros de diâmetro e, ocasionalmente, já terão sido registadas rajadas de vento de 360 quilómetros por hora. Na Florida todos estão alerta. É, verdadeiramente, uma onda catastrófica em movimento.
O Atlântico Oriental e às costas europeias e africanas estão livres desta catástrofe que todos os anos afecta e destrói as ilhas das Caraíbas e o sul dos Estados Unidos. Nesse aspecto, Portugal é um verdadeiro oásis, embora não esteja livre de outras catástrofes naturais.
 

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Angola escolheu um novo Presidente

Foram ontem anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral, os resultados das eleições gerais angolanas realizadas no passado dia 23 de Agosto e o vencedor foi o MPLA e o seu candidato João Manuel Gonçalves Lourenço, que será o próximo Presidente da República, sucedendo a José Eduardo dos Santos.
O MPLA e o seu cabeça de lista João Lourenço obtiveram 4.164.157 votos (61,07%) elegendo 151 dos 220 deputados à Assembleia Nacional de Angola, enquanto a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) se afirmou como a segunda força política ao conseguir 1.818.903 votos (26,67%), ao eleger 51 deputados. Isaías Samakuva é, portanto, o líder da oposição angolana e terá pela frente uma tarefa política muito exigente.
Além daqueles dois partidos, ainda conseguiram representação na Assembleia Nacional a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) que obteve 9,44% dos votos e elegeu 16 deputados, o Partido de Renovação Social (PRS) que conseguiu 1,35% dos votos e a Frente Nacional de Libertação Nacional (FNLA) que obteve 0,93% dos votos, que elegeram um deputado. O futuro Presidente de Angola declarou-se aberto ao diálogo permanente com a oposição para incentivar um ambiente de concórdia, o que é indispensável para o desenvolvimento da democracia e para o progresso do país. Muitas práticas de corrupção e muitos comportamentos reprováveis terão que ser abolidos. O mundo espera que, com o ocaso de um dos mais antigos regimes pessoais do mundo, o povo de Angola possa prosperar.
No entanto, depois de 38 anos de poder de José Eduardo dos Santos, a tarefa de João Lourenço é realmente ciclópica e parece assemelhar-se ao que aconteceu em Portugal em 1969 quando AOS caiu da cadeira e Caetano não conseguiu libertar-se da herança recebida. Os tempos e as circunstâncias são outros, mas será que Lourenço conseguirá sobreviver à teia de interesses e às malhas de corrupção que se instalaram na nomenclatura angolana e de que ele próprio parece ser um símbolo?
Continuidade, evolução na continuidade ou ruptura? É fácil perceber o que aí vem. Os portugueses amigos de Angola esperam que a nova presidência reforce os seus laços com Portugal e que seja capaz de construir um país para todos os angolanos. 

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

As novas tropelias do imprudente Donald

As peripécias sucedem-se na polémica carreira presidencial do imprudente Donald Trump, não só na política externa, mas também na política interna. Ontem fez mais uma das suas tropelias e ordenou o fim do programa DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals), criado em 2012 por Barack Obama e que impedia que os jovens imigrantes trazidos ilegalmente para os Estados Unidos quando ainda eram crianças, pudessem ser deportados. A notícia saltou para a primeira página dos jornais americanos, como aconteceu por exemplo no Chicago Tribune.
Estima-se que cerca de 800 mil jovens beneficiaram da protecção da lei DACA e puderam começar novas vidas, mas também estudar, trabalhar, integrar as Forças Armadas e realizar o sonho de ser americano. Porém, o Donald está em vias de acabar com esse sonho e estará a preparar um cenário de deportações em massa, embora ainda não estejam definidos os pormenores relativos à aplicação desta decisão, para a qual o Congresso parece ir reagir.
A incerteza é enorme em muitas comunidades americanas, sobretudo as de origem mexicana. Barack Obama reagiu e classificou esta decisão do Donald como uma crueldade “contra patriotas que juram fidelidade à nossa bandeira”. Da mesma forma Rahm Emanuel, o mayor de Chicago, afirmou que o DACA continuará a existir em Chigago, enquanto Andrew Cuomo, o governador de Nova Iorque, declarou que “a medida é cruel, gratuita e devastadora para centenas de milhares de nova-iorquinos”. Ainda que o número concreto de possíveis afectados e as suas nacionalidades não sejam comhecidas, várias organizações que prestam apoio a imigrantes portugueses nos Estados Unidos afirmaram que algumas centenas de portugueses poderão ser afetacdos pelo fim do DACA.
Realmente, é caso para se dizer que com o Donald, cada cavadela cada minhoca.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Os portugueses nos 500 anos do Havre

A cidade portuária francesa de Le Havre tem festejado este ano os seus 500 anos e, por isso, preparou um extenso programa comemorativo.
Acontece que durante a 2ª Guerra Mundial a cidade foi ocupada pelos alemães e que na sequência do desembarque da Normandia de Junho de 1944 sofreu danos catastróficos e ficou praticamente destruída. Ainda antes do fim da guerra o arquitecto Auguste Perret foi designado para planear a reconstrução do centro da cidade. Cerca de 60 anos depois, no ano de 2005, Le Havre, a cidade reconstruída por Auguste Perret, foi inscrita na lista do património mundial da UNESCO.
No âmbito das comemorações dos 500 anos da cidade, a Rendez-Vous 2017 Tall Ships Regatta (RDV2017) organizada pela Sail Training International decidiu escalar o porto do Havre. Cerca de três dezenas de grandes veleiros, entre os quais se destacaram o Kruzenshtern, Mir, Sagres, Cisne Branco, Shabab Oman II, Alexander Von Humboldt, Shtandart, Jolie Brise e Santa Maria Manuela, entre outros, visitaram o porto e a cidade durante quatro dias para participar nas festividades comemorativas.
Como curiosidade regista-se a participação portuguesa através da barca Sagres e do lugre Santa Maria Manuela, assim como do Rancho Folclórico Orgulho Português do Havre, cuja participação também visou homenagear os 80 anos do navio-escola português. O diário Le Havre libre publicou uma desenvolvida reportagem sobre a RDV2017 e dedicou-lhe a sua capa com uma expressiva fotografia.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A ameaça norte-coreana está a agravar-se

A Coreia do Norte testou com sucesso uma bomba de hidrogénio desenvolvida para ser instalada num míssil balístico intercontinental. O anúncio foi feito pela televisão estatal norte-coreana mas, algumas horas antes, os sismógrafos japoneses e sul-coreanos já tinham detectado uma explosão de grande magnitude que provocou um sismo artificial. Julga-se ter sido o sexto teste nuclear norte-coreano e foi o mais potente de quantos já tinham sido realizados, o último dos quais em Setembro de 2016.
Com este teste, o regime de Kim Jong-un elevou o seu nível de ameaça e, um pouco por todo o mundo, os alarmes dispararam. Diversos países e organizações condenaram este teste nuclear com uma bomba de tão elevada potência que viola várias resoluções da ONU, ao mesmo tempo que exigem o fim dos programas balísticos e nucleares norte-coreanos.
A imprensa internacional destaca hoje esta notícia que está a causar justificado alarme em todo o mundo e o Libération utiliza a expressão “une bombe a retardement”, insinuando que o conflito tende a agudizar-se.
De facto, a corda já está demasiado esticada e todas as linhas vermelhas foram ultrapassadas. O regime de Kim Jong-un sabe que o confronto bélico significará a destruição do seu país e uma catástrofe para o povo norte-coreano, mas os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul sabem que não ficarão à margem de pesadas perdas e de avultados custos. O mundo sabe que a situação pode gerar uma crise mundial nunca vista antes ou uma catástrofe global. A China é a charneira entre as duas partes deste conflito, mas tem-se mantido afastada desta crise. Sabe-se lá porquê. O que se sabe é que o clima de confrontação se acentua todos os dias e o mundo está alarmado.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A arte e a técnica de Cristiano Ronaldo

O prestígio e a popularidade de Cristiano Ronaldo são um fenómeno muito raro no mundo do desporto, conforme se verifica uma vez mais na edição de hoje do diário desportivo espanhol as, que destaca na sua primeira página a fotografia de Ronaldo a marcar o primeiro golo da sua equipa no encontro de futebol entre as selecções nacionais de futebol de Portugal e das Ilhas Faroé, a contar para o apuramento para os Mundiais de 2018.
Esse jogo disputou-se ontem no Porto e terminou com a vitória portuguesa por 5-1, tendo Ronaldo marcado três golos. Quando eram decorridos apenas três minutos de jogo, o capitão da equipa portuguesa fez um remate acrobático, cheio de arte e técnica futebolística, marcando o seu primeiro golo. Não admira que um jornal português tivesse destacado essa imagem de grande espectacularidade que define a qualidade de qualquer futebolista, mas quando essa fotografia é destacada num jornal espanhol, exactamente no dia em que a Espanha e a Itália se vão encontrar em jogo decisivo para o mesmo Mundial de 2018, é mesmo um motivo de admiração e confirma o prestígio internacional do jogador português.
O festejado golo de Ronaldo foi marcado com um pontapé de bicicleta ou gol de chilena, como dizem os espanhóis, o que parece que nunca tinha acontecido na sua carreira: o jogador inclina o corpo para trás e levanta uma perna para rematar, o que faz quando tem o corpo suspenso no ar e paralelo ao solo.
Embora não tenhamos a intenção de futebolizar este espaço de actualidades que é a Rua dos Navegantes, o facto é que Cristiano Ronaldo a isso nos obriga.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Os furacões e as alterações climáticas

Os estados americanos do Texas e da Louisiana têm estado sob os efeitos devastadores da passagem do ciclone tropical Harvey e, segundo mostram as imagens que nos chegam pelas televisões, há extensas zonas inundadas e muitas habitações destruídas. A cidade de Houston, que é a cidade mais populosa do Texas e a quarta cidade mais populosa dos Estados Unidos suportou ventos ciclónicos e em quatro dias fortes chuvadas que atingiram 127 centímetros de altura e inundaram extensas áreas da cidade.
A imprensa americana, nomeadamente o diário Houston Chronicle, tem considerado esta crise como uma calamidade impiedosa, pela destruição material provocada e pelas mais de duas dezenas de mortes que provocou.
Os furacões gerados no golfo do México que historicamente atingem o território americano, não resultam de circunstâncias meteorológicas novas, mas a sua ocorrência não pode ser separada da problemática das alterações climáticas ou, pelo menos, será essa a percepção de muita gente que não entende de meteorologia. Por isso, não deixa de ser curioso que os Acordos de Paris assinados em Dezembro de 2015 para travar as emissões de gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e por muitas alterações ambientais, tivessem sido denunciados por Donald Trump, quando decidiu unilateralmente  abandonar os compromissos de Barack Obama assumidos nos Acordos de Paris.
Perante a calamidade provocada pelo Harvey, muitos americanos até vão pensar que tudo resultou da decisão do Donald.

A tristíssima ressureição do Cavaco

Como se fosse uma múmia ressuscitada, ele deixou por umas horas o conforto da sua mansão na Quinta da Coelha e voltou à intervenção política.
Sem ter a noção de que seu tempo passou e que nada tem de interesse para dizer, não percebeu que o convite que lhe fizeram para falar na Universidade de Verão do PSD foi uma mera deferência e decidiu aceitá-la. As televisões mostraram-no mais rancoroso e mais vingativo que nunca.
Não vimos um antigo Presidente da República confiante, experiente, conselheiro e sábio, mas apenas um indivíduo ressabiado e ridículo, sem um comentário sobre a incerteza do mundo ou sobre a evolução do nosso país, sem uma palavra de incentivo e de confiança dirigida aos jovens que o ouviam. Aquela figura não foi capaz de sair da sua pequenez de Boliqueime, nem dos seus complexos culturais profundos, não conseguindo libertar-se da sua esfera de antigo contabilista. Não realçou o crescimento económico nem a paz social, não mostrou contentamento pela redução do desemprego, não salientou a confiança dos agentes económicos. Limitou-se a criticar muita gente e chamou a atenção para a "verborreia frenética" da maioria dos políticos e para as relações entre a política e o jornalismo, numa lamentável e pindérica referência ao actual Presidente da República que tanto tem agradado aos portugueses, mesmo daqueles que não votaram nele.
Numa tirada de grande recorte intelectual de raiz rural com origem em Boliqueime, apontou para os governos socialistas que se confrontam com uma realidade que se "projecta de tal forma que eles acabam por perder o pio, ou fingem que piam". "Mas são pios que não têm qualquer credibilidade e reflectem apenas jogadas partidárias", referindo-se à França de François Hollande, à Grécia de Alexis Tsipras e, certamente, ao Portugal de António Costa.
Foi lamentável ver um antigo Presidente da República fazer uma figura destas, num papel em que a ignorância e a mesquinhez se fundem na mesma pessoa. Porque razão nos veio incomodar e não se ficou pelas praias algarvias a apanhar conquilhas?

terça-feira, 29 de agosto de 2017

A Catalunha desliga ou não da Espanha?

Os trágicos acontecimentos ocorridos no passado dia 17 de Agosto em Barcelona e as manifestações de unidade contra o terrorismo que se seguiram, parece que não tiveram qualquer efeito sobre os separatistas catalães que já retomaram o seu discurso independentista.
Ontem, os dois principais movimentos separatistas – a coligação Junts per Sí e a CUP ou Candidatura de Unidade Popular – registaram no Parlamento da Catalunha uma proposta de lei intitulada Ley de Transitoriedad Jurídica y Fundacional de la República, que é uma lei de ruptura com a Constituição espanhola e que os separatistas querem aprovar antes do referendo que marcaram e esperam seja realizado no próximo dia 1 de Outubro, mas que é considerado ilegal pelas autoridades judiciais.
A proposta de lei inclui 89 artigos e está pensada para entrar em vigor se o sim vencer o referendo, nem que seja por um voto de diferença. Segundo o texto, o governo catalão passará a controlar o poder judicial e tomará as propriedades do Estado espanhol, mas não define como seria paga a parte catalã da dívida do Reino de Espanha. Como novidade, o texto indica o catalão, o castelhano e o aragonês como línguas oficiais da nova república e introduz o conceito de dupla nacionalidade catalã e espanhola.
Este documento visa a mobilização do eleitorado e a sua sensibilização para a credibilidade da proposta independentista, embora a oposição a acuse de barbaridade jurídica e golpe de estado.
De qualquer forma, se esta lei vier a entrar em vigor terá apenas um ano de validade, pois será o tempo necessário para a redacção de uma Constituição da república catalã, que seria depois ratificada em referendo.  
Hoje o diário ABC ilustra a situação por que passa a população catalã com uma tomada eléctrica com as cores da Espanha e uma ficha com as cores da Catalunha. Liga-se ou desliga-se? Os eleitores vão decidir se houver referendo, mas do que não há dúvidas é que os catalães têm um complexo processo pela frente.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Um campeão do mundo de Ponte de Lima

O desporto é um dos fenómenos sociais mais importantes do mundo contemporâneo e tornou-se um instrumento de afirmação dos países no contexto internacional, enquanto os grandes desportistas tendem, cada vez mais, a tornar-se verdadeiros símbolos nacionais. Porém, na história do desporto português os êxitos internacionais ainda são uma raridade e são muito poucos os desportistas portugueses que conseguiram sagrar-se campeões do mundo, pelo que o resultado ontem obtido pelo canoísta Fernando Pimenta justifica o destaque que lhe foi dado hoje pelo Diário de Notícias, já que a generalidade da imprensa generalista e até a imprensa desportiva portuguesa ignoraram o acontecimento.
Depois de já ter conquistado a medalha de prata na prova de K1 - 1.000, Fernando Pimenta venceu a medalha de ouro na prova de K1 - 5.000 nos Mundiais de canoagem que estão a decorrer em Racice, na República Checa. Em termos desportivos, o resultado conseguido por Fernando Pimenta é notável, resulta de um trabalho muito intenso e é um motivo de orgulho para os portugueses que gostam do desporto.
Embora alguns desportos colectivos como o futebol júnior e o hóquei em patins já tenham trazido títulos mundiais para Portugal, os títulos individuais são ainda mais raros. O atletismo já dera ao país alguns campeões do mundo, mas por serem mais imprevistos, os títulos individuais do ciclista Rui Costa em 2013 e agora do canoísta Fernando Pimenta são duas excepções.
Em 2013 foi a Póvoa de Varzim a celebrar.
Em 2017 é Ponte de Lima a festejar.
Aqui fica expresso o meu aplauso a Fernando Pimenta.

domingo, 27 de agosto de 2017

O protesto antiterrorista de Barcelona

Uma multidão calculada em meio milhão de pessoas tomou parte numa grandiosa manifestação ontem realizada em Barcelona em protesto contra o terrorismo e, em especial, contra as acções terroristas do passado dia 17 de Agosto. A fotografia que o jornal La Vanguardia publicou na sua capa é expressiva.
No desfile tomou parte o rei Felipe VI, tendo sido a primeira vez que um chefe de Estado espanhol participou numa manifestação, na qual participou também o primeiro-ministro Mariano Rajoy, numa demonstração de solidariedade para com as vítimas, mas também num acto de confiança na unidade do país perante qualquer ameaça jihadista.
No momento tão grave por que passa a sociedade espanhola em que o seu modelo de vida é posto em causa pelo terrorismo internacional, a unidade é um elemento essencial para afastar o medo e para recuperar a confiança nas instituições responsáveis pela segurança nacional. Por isso, a manifestação de Barcelona teve o apoio do Rei e das instituições centrais e autonómicas. No entanto, tanto o rei como o primeiro-ministro foram vaiados por alguns movimentos independentistas catalães que conseguiram aproximar-se da frente da manifestação, o que foi condenado por muitos órgãos da comunicação social. Nestas situações de gravidade extrema, sejam actos terroristas ou incêndios florestais, não pode valer tudo. Há que respeitar as vítimas e não é tempo para aproveitamentos políticos. Os independentistas catalães foram longe de mais e mostraram como estão radicalizados.
A manifestação procurou mostrar que a cidade não tem medo porque está protegida pelas forças de segurança, sentindo-se orgulhosa pela rápida resposta das equipas de emergência, sobretudo do pessoal médico e dos hospitais. No manifesto lido na Praça da Catalunha, foi afirmado que “não conseguirão dividir-nos porque não estamos sozinhos, pois somos muitos milhões de pessoas que condenam a violência e defendem a convivência em Manchester e em Nairobi, em Paris ou Bagdade, em Bruxelas e Nova Iorque, em Berlim ou Cabul”. Associemo-nos, portanto, à manifestação de Barcelona.

Aste Nagusia, a grande festa basca

Terminam hoje em Bilbau as famosas festas Aste Nagusia Bilbao 2017 que, muitas vezes, são consideradas a maior mostra da cultura do País Basco (ou Euskal Herria), a região histórico-cultural do extremo norte da Espanha onde vive o povo basco.
Ao longo de oito dias, o Ayuntamiento de Bilbao promoveu um extenso programa de actividades que incluiu mais de quatro centenas de iniciativas como as corridas de touros, o teatro de rua, inúmeros concertos desde o lírico ao pop-rock, fogos de artifício e, sobretudo, muitas actividades características da cultura basca. De entre estas, destacaram-se as bilbainadas, um género musical típico da região da Biscaia e os jogos e as danças tradicionais bascas.
Este ano a Aste Nagusia teve como particular atracção uma exibição levantamento de pedras, uma tradição rural basca, que foi aproveitada para homenagear a família Izeta da povoação de Aia, que tem mantido esta prática ao longo de sucessivas gerações. Então, Hodei Izeta levantou uma pedra de 178 kg, o dobro do seu peso corporal, fazendo-o por 4 vezes; Jesús Mari levantou uma pedra cúbica de 113 kg durante 3 minutos; Hodei e José Ramón levantaram uma pedra de 100 kg apenas com uma mão e fizeram-no 80 vezes. Os pequenos Izeta Jakes (9 anos) e Unax (7 anos) também participaram e levantaram pedras de 25 kg.
Porém, o momento alto desta iniciativa do desporto rural basco foi o “ataque” à “mitica piedra de Mungia” que pesa 4.300 kg e que foi protagonizado por sete indivíduos bascos de superior compleição física e treino nesta arte. Sete forzudos, cinco por detrás e dois pela frente, dizia o Deia, o jornal nacionalista basco que se publica em Bilbao. A pedra foi movida durante 20 minutos ao longo de 68 metros! A multidão incitou e aplaudiu. Desde há quase 50 anos que a pedra não era movida e, por isso, o jornal dizia que “este dia quedará en la historia de todos los bilbainos”.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Ronaldo é o campeão dos campeões

O indivíduo que aos 32 anos de idade é o mais português famoso de sempre, esteve ontem no Mónaco onde foi eleito o Jogador do Ano da UEFA de 2016/17, por votação de um júri composto por 80 treinadores dos clubes que participaram na fase de grupos da Liga dos Campeões de 2016/17 e por 55 jornalistas que representavam cada uma das federações-membro da UEFA. Cristiano Ronaldo (Real Madrid) recebeu 482 votos, enquanto Lionel Messi (Barcelona) ficou em segundo lugar com 141 votos e Gianluigi Buffon (Juventus) ficou em terceiro lugar com 109 votos. Já é um lugar comum ver Ronaldo a receber os principais prémios do futebol internacional e, por isso, não causou qualquer surpresa vê-lo ontem a receber mais dois prémios correspondentes à sua eleição como o melhor avançado e o melhor jogador da UEFA de 2016/17.
Cristiano Ronaldo é realmente um fenómeno futebolístico e marca golos como ninguém. É o maior goleador de sempre da história do Real Madrid com 407 golos em 396 jogos, é o maior goleador de sempre da Liga dos Campeões com 101 golos e, ainda, é o maior goleador da selecção portuguesa com 73 golos em 139 jogos. Na última edição da Liga dos Campeões foi o melhor marcador com 12 golos, incluindo dois em Cardiff no jogo da final com a Juventus.
Desde 2004 que vem acumulando recordes e troféus, entre eles duas Bolas de Ouro e duas Botas de Ouro. Com tantos prémios e com a veia comercial que também tem, em 2013 inaugurou um museu no Funchal para exibir todos os seus troféus. É caso para dizermos, como hoje diz o diário desportivo espanhol as, que Cristiano é o “rey de la Champions” ou que é o campeão dos campeões.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Um veleiro num porto é sempre uma festa

O navio-escola argentino Libertad está de visita ao porto de Santa Cruz de Tenerife e o jornal El Dia dedicou-lhe uma fotografia na capa a quatro colunas, escolhendo uma sugestiva legenda:
“Canarias recibe um ‘pedacito’ de Argentina”.
Nas ilhas atlânticas, como nos portos históricos da navegação à vela, a presença de um veleiro é sempre assinalada com grande destaque pelas autoridades, pela população e pela comunicação social, porque evoca muitas memórias de outros tempos. É assim em Tenerife, como no Mindelo, na Horta ou no Funchal.
No caso do Libertad, um veleiro de três mastros que está ao serviço da Marinha da Argentina desde 1963 e que já não visitava aquele porto desde 2009, o jornal noticiou a sua chegada com o título “Argentina llega por mar”.
Em Outubro de 2012 o navio foi protagonista de um episódio muito caricato, quando um tribunal do Ghana decidiu o seu embargo no porto de Tema, perto de Accra, por causa de uma acção interposta por um fundo financeiro especulativo, que reivindicava à Argentina o pagamento de uma dívida. As autoridades do Ghana aproveitaram a oportunidade e exigiram um fiança de 20 milhões de dólares para libertar o navio, o que foi recusado pela Argentina. Só a intervenção do Tribunal Internacional do Direito do Mar, que por unanimidade deu razão à Argentina, desbloqueou a situação. Mas foram quase três meses “de castigo” no porto de Tema. Agora em Tenerife será bem diferente e será certamente uma festa, como esperam os 20 mil argentinos que vivem nas ilhas Canárias.