quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A tristíssima ressureição do Cavaco

Como se fosse uma múmia ressuscitada, ele deixou por umas horas o conforto da sua mansão na Quinta da Coelha e voltou à intervenção política.
Sem ter a noção de que seu tempo passou e que nada tem de interesse para dizer, não percebeu que o convite que lhe fizeram para falar na Universidade de Verão do PSD foi uma mera deferência e decidiu aceitá-la. As televisões mostraram-no mais rancoroso e mais vingativo que nunca.
Não vimos um antigo Presidente da República confiante, experiente, conselheiro e sábio, mas apenas um indivíduo ressabiado e ridículo, sem um comentário sobre a incerteza do mundo ou sobre a evolução do nosso país, sem uma palavra de incentivo e de confiança dirigida aos jovens que o ouviam. Aquela figura não foi capaz de sair da sua pequenez de Boliqueime, nem dos seus complexos culturais profundos, não conseguindo libertar-se da sua esfera de antigo contabilista. Não realçou o crescimento económico nem a paz social, não mostrou contentamento pela redução do desemprego, não salientou a confiança dos agentes económicos. Limitou-se a criticar muita gente e chamou a atenção para a "verborreia frenética" da maioria dos políticos e para as relações entre a política e o jornalismo, numa lamentável e pindérica referência ao actual Presidente da República que tanto tem agradado aos portugueses, mesmo daqueles que não votaram nele.
Numa tirada de grande recorte intelectual de raiz rural com origem em Boliqueime, apontou para os governos socialistas que se confrontam com uma realidade que se "projecta de tal forma que eles acabam por perder o pio, ou fingem que piam". "Mas são pios que não têm qualquer credibilidade e reflectem apenas jogadas partidárias", referindo-se à França de François Hollande, à Grécia de Alexis Tsipras e, certamente, ao Portugal de António Costa.
Foi lamentável ver um antigo Presidente da República fazer uma figura destas, num papel em que a ignorância e a mesquinhez se fundem na mesma pessoa. Porque razão nos veio incomodar e não se ficou pelas praias algarvias a apanhar conquilhas?

2 comentários:

  1. Como antigo PR e como tal para poder ser respeitado, pode falar como e criticar o que quiser, mas mantendo distanciamento e isenção e não ressentimento nem espírito vingativo.
    Intervenção dispensável porque infeliz.

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