Foram ontem
anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral, os resultados das eleições gerais
angolanas realizadas no passado dia 23 de Agosto e o vencedor foi o MPLA e o
seu candidato João Manuel Gonçalves Lourenço, que será o próximo Presidente da
República, sucedendo a José Eduardo dos Santos.
O MPLA e o seu cabeça de lista João
Lourenço obtiveram 4.164.157 votos (61,07%) elegendo 151 dos 220 deputados à
Assembleia Nacional de Angola, enquanto a União Nacional para a Independência
Total de Angola (UNITA) se afirmou como a segunda força política ao conseguir
1.818.903 votos (26,67%), ao eleger 51 deputados. Isaías Samakuva é, portanto,
o líder da oposição angolana e terá pela frente uma tarefa política muito exigente.
Além daqueles dois partidos, ainda
conseguiram representação na Assembleia Nacional a Convergência Ampla de
Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) que obteve 9,44% dos votos e
elegeu 16 deputados, o Partido de Renovação Social (PRS) que conseguiu 1,35% dos
votos e a Frente Nacional de Libertação Nacional (FNLA) que obteve 0,93% dos
votos, que elegeram um deputado. O futuro Presidente de Angola declarou-se
aberto ao diálogo permanente com a oposição para incentivar um ambiente de concórdia,
o que é indispensável para o desenvolvimento da democracia e para o progresso
do país. Muitas práticas de corrupção e muitos comportamentos reprováveis terão
que ser abolidos. O mundo espera que, com o ocaso de um dos mais antigos
regimes pessoais do mundo, o povo de Angola possa prosperar.
No entanto, depois de 38 anos de poder de
José Eduardo dos Santos, a tarefa de João Lourenço é realmente ciclópica e parece
assemelhar-se ao que aconteceu em Portugal em 1969 quando AOS caiu da cadeira e
Caetano não conseguiu libertar-se da herança recebida. Os tempos e as circunstâncias
são outros, mas será que Lourenço conseguirá sobreviver à teia de interesses e às
malhas de corrupção que se instalaram na nomenclatura angolana e de que ele próprio parece ser um símbolo?
Continuidade, evolução na continuidade ou ruptura? É fácil perceber o que aí vem. Os portugueses amigos de Angola esperam que a nova presidência reforce os seus laços com Portugal e que seja capaz de construir um país para todos os angolanos.
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