domingo, 6 de julho de 2025

Será que a China já ganhou?

É cada vez mais um lugar comum dizer-se que o mundo está sob os ventos da insegurança e da incerteza, não só devido aos conflitos que estão a desafiar a estabilidade em diversas regiões do globo, mas também por causa da rivalidade e da competição entre o Ocidente e o Oriente, ou entre o velho mundo que tem dominado o planeta e o novo mundo que está a despontar no continente asiático e que rejeita o modelo unipolar que tem dirigido o nosso planeta. A mais recente edição do Courrier International pergunta mesmo “se a China já ganhou” e, em subtítulo, escreve:
“Perante um Donald Trump errático que alienou parte do mundo, o regime chinês posiciona-se como um polo de estabilidade, tecendo pacientemente a sua teia. E parece mais forte do que nunca.”
A ilustração da capa desta edição é esclarecedora e “vale mais do que mil palavras”, com uma mancha de tinta vermelha em movimento que ameaça o planeta, pois já corre sobre a África e sobre a Europa, começando a cobrir o Atlântico.
A revista salienta que com a sua obcessão pelas tarifas alfandegárias, o presidente Donald Trump está a acelerar o advento de um “século asiático”, que está a ser construído em torno da China, acrescentando que essas tarifas se tornaram “a cola que une os países asiáticos”, levando-os a criar novos mecanismos de cooperação económica e comercial entre si.
Entretanto, a nossa Europa vai mergulhando na irrelevância, ou mesmo na decadência, com os seus dirigentes dominados por “esta vaidade a quem chamamos Fama”, como tão bem os definiu Luís de Camões, há quinhentos anos.

sábado, 5 de julho de 2025

Viva a independência de Cabo Verde

A República de Cabo Verde celebra hoje 50 anos de independência e está anunciada uma grande celebração oficial que conta com a presença de quatro chefes de Estado, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa. Aqui, também saudamos essa efeméride e associamo-nos ao semanário Nação que se publica na Cidade da Praia.
O país consta de um arquipélago de dez ilhas com uma superfície total de cerca de 4.033 km2, que fica situado na costa ocidental africana na latitude do Senegal. Descoberto pelos navegadores portugueses e colonizado desde meados do século XV, o arquipélago esteve sob soberania portuguesa até à proclamação da sua independência no dia 5 de Julho de 1975. A reivindicação independentista foi dirigida por Amílcar Cabral e pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), embora só tivesse tido expressão armada na Guiné. Porém, o sentido descolonizador do movimento do 25 de Abril em Portugal e os princípios da Carta das Nações Unidas, levaram a que, através do Acordo de Argel de 26 de Agosto de 1974, o governo português tivesse reconhecido formalmente "o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência".
Desde então, a República de Cabo Verde afirmou-se na cena internacional como um exemplo no contexto dos países africanos, com uma população instruída e com bons índices de desenvolvimento económico e social. O sentimento nacional é grande entre a população e “não há saudades do tempo colonial”, embora Portugal seja uma referência permanente para os cabo-verdianos, pela língua, pelas tradições culturais, pela memória histórica, pelos seus emigrantes que vivem em Portugal e pelo entusiasmo com o futebol, mas também por coisas que os portugueses muito apreciam como as mornas e coladeiras e por essa maravilha gastronómica que é a cachupa.
O país de Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Pedro Pires, Cesária Évora, Germano de Almeida, Corsino Fortes, Titina, Bana, B Leza, Tito Paris e tantas outras ilustres personalidades, é um grande país. E aqui neste velho Portugal, onde gostamos de chamar “nuestros hermanos” aos espanhõis e irmãos aos brasileiros, o que haveremos de chamar às gentes de Cabo Verde, que nos estão tão próximas histórica e culturalmente e que aprenderam connosco a dizer sodade?

Tour de France 2025: le départ et la fête!

A 112ª edição do Tour de France começa hoje em Lille e até ao dia 27 de Julho, os 204 ciclistas de 23 equipas irão percorrer 3.338,8 quilómetros distribuídos por 21 etapas. Dizem as crónicas que a corrida deste ano promete ser uma das edições mais emocionantes e exigentes da história recente, pela previsível luta entre o esloveno Tajed Pogacar (vencedor em 2020, 2021 e 2024), o dinamarquês Jonas Vingegaard (vencedor em 2022 e 2023) e o belga Remco Evenepoel, embora haja outros ciclistas dispostos a entrar nesta disputa, como Primoz Roglic, Adam Yates, Matteo Jorgenson e, naturalmente, o português João Almeida.
O Tour de France é a prova rainha do ciclismo mundial e é uma das provas desportivas que mais interesse despertam. A sua transmissão televisiva, que será assegurada pela RTP, é um “espectáculo dentro do espectáculo”, constituindo um programa de informação  turístico-cultural de grande qualidade.
Na prova deste ano participam os portugueses João Almeida e Nélson Oliveira e, naturalmente, espera-se que nos possam dar algumas alegrias.
Os portugueses não têm grande historial no Tour de France. Na classificação geral, Joaquim Agostinho é, até agora, o português mais bem classificado de sempre, com o 3.º lugar em 1978 e 1979. Seguem-se João Almeida com o 4º posto em 2024, José Azevedo com o 5.º posto em 2004 e Alves Barbosa com o 10.º lugar em 1956.
Este ano, o nosso João Almeida tem a obrigação contratual de ajudar Tajed Pogacar que é o seu chefe de equipa, mas todos esperamos que os dois portugueses possam juntar o seu nome ao dos cinco compatriotas que já venceram etapas no Tour de France: Joaquim Agostinho (4), Acácio da Silva (3), Rui Costa (3), Paulo Ferreira (1) e Sérgio Paulinho (1).
A corrida começa hoje e o jornal La Voix du Nord é apenas um dos jornais franceses que assinalou a partida desta grande festa desportiva dos franceses.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

R.I.P. Diogo Jota

Num terrível acidente de viação ocorrido ontem nas proximidades da cidade espanhola de Zamora, perdeu a vida o futebolista Diogo José Teixeira da Silva, conhecido no mundo do futebol como Diogo Jota e que era um talentoso futebolista português com sucesso internacional. No mesmo acidente também morreu o seu irmão André Silva de 25 anos de idade, que era futebolista do Penafiel.
Diogo Jota tinha 28 anos de idade e na sua carreira passara pelas equipas do Gondomar, Paços de Ferreira, Atlético de Madrid, F.C. Porto, Wolverhampton e, desde 2020, alinhava na equipa do Liverpool F.C., onde venceu uma Taça da Inglaterra, duas Taças da Liga Inglesa e a Premier League 2024-25. Fez parte das selecções nacionais de Sub-17, Sub-21, Sub-23 e, a partir de 2019, foi chamado à selecção nacional, ao serviço da qual fez 49 jogos, marcou 14 golos e ganhou duas Ligas das Nações de UEFA.
Num tempo em que a notoriedade mundial de Cristiano Ronaldo deixou na sombra muitos dos futebolistas portugueses de qualidade internacional, o talento de Diogo Jota foi reconhecido pelos adeptos do Liverpool que, na lógica específica do mundo do futebol, o veneravam.
A sua morte foi notícia destacada na imprensa portuguesa e na imprensa europeia, incluindo The Times, The Guardian, L´Equipe, La gazzeta dello Sport e outros periódicos, não só pelas suas qualidades humanas e futebolísticas, mas também pelo dramatismo do acidente que lhe roubou a vida e que é uma impressionante tragédia familiar. As imagens televisivas das homenagens que foram feitas a Diogo Jota e ao irmão, tanto em Portugal como na Inglaterra, demonstram o apreço com que todos o distinguiam. 
O futebol português ficou mesmo de luto.

EUA nos seus 249 anos de independência

Hoje é o Dia da Independência dos Estados Unidos, um dia que celebra a Declaração de Independência de 1776 assinada em Filadélfia pelas Treze Colónias, quando estas se sublevaram e declararam a separação do Império Britânico. É o feriado mais festejado nos Estados Unidos, mas a edição de ontem do USA TODAY antecipava a festa nacional americana e destacava que em seis pequenas cidades é “sempre” o 4 de Julho – Gallup (New Mexico), Bedford (Virginia), Bristol (Rhode Island), Audubon (New Jersey), Gettysburg (Pennsylvania) e Cooperstown (New York). 
De acordo com o jornal, a festa da independência nestas seis comunidades “recorda a glória – e o sacrifício – da liberdade” e evoca os nomes dos fundadores dos Estados Unidos, em especial Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin, mas também Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos que preservou a União durante a Guerra Civil e conseguiu a emancipação dos escravos.
As festas do Dia da Independência nestas seis comunidades, como em nenhum outro lugar dos Estados Unidos, constam de paradas militares, de desfiles de bandas de música, de corporações de bombeiros e de majorettes sempre mostrando as cores vermelha, azul e branca da bandeira nacional americana, que é conhecida pela The Stars and Stripes.
Numa época de alguma turbulência nos Estados Unidos e de muita incerteza no mundo, o que se deseja é que o dia 4 de Julho de 2025 seja um dia de reflexão para os americanos e para as suas autoridades, no sentido de se encontrarem os caminhos que conduzam à paz no mundo.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Preservando a memória lusíada em Macau

Não são muitos os portugueses que conheceram os territórios que, até 1951, constituíram o Império Colonial Português que, como então se dizia, ia do Minho a Timor, nem são muitos os que viram os benefícios da colonização e os malefícios do colonialismo. Independentemente das opiniões que cada português tenha sobre estas circunstâncias históricas, ninguém ignora que os portugueses deixaram marcas culturais intensas nas terras por onde passaram, visíveis na língua, nos costumes, no património edificado e nas mais diversas práticas culturais.
A cidade de Macau da República Popular da China é um exemplo de território onde permanecem as marcas culturais portuguesas. Em finais de 2024 o Instituto Cultural de Macau (IC) recomendou 12 manifestações culturais para serem integradas na lista do património cultural intangível, que incluía a Dança Folclórica Portuguesa e a Confecção de Pastéis de Nata. Essa lista foi sujeita a alargada consulta pública e os seus resultados foram agora revelados, designadamente pelo jornal Tribuna de Macau.
O IC recebeu 931 opiniões, tendo as 12 manifestações propostas obtido cerca de 70% ou mais de concordância, o que indica terem tido amplo apoio social. A inscrição da Dança Folclórica Portuguesa teve um apoio de 83,8%, por ser considerada “uma tradição antiga, que reflecte a diversidade cultural de Macau e o processo histórico”, além de que “faz parte da cultura única de Macau” e assinala os “laços históricos” com Portugal. Quanto à Confecção de Pastéis de Nata, verificou-se que houve 72,1% de opiniões favoráveis pois “reflecte a fusão das culturas chinesa e ocidental” e “representa a tradição e inovação culinária de Macau”. 
Aqui está um bom exemplo de preservação da memória portuguesa em terras asiáticas por iniciativa das respectivas autoridades.

sábado, 28 de junho de 2025

O fanfarrão Donald é o polícia do mundo

Donald John Trump, é um fanfarrão extravagante e, à medida que o vamos conhecendo, verificamos que também é um rufia encartado, embora se queira fazer passar por um homem de negócios de sucesso. Conseguiu ser eleito como o 47º presidente dos Estados Unidos e tudo isto até poderia ser irrelevante, ou ser apenas um problema interno dos Estados Unidos, mas na realidade não é.
Ele é a cabeça do mais poderoso país do mundo, mas parece ignorar que há outros poderes no nosso planeta. Começou por não resolver em 24 horas o problema da Ucrânia como tinha prometido, deu luz verde a Benjamin Netanyahu para destruir Gaza e acabar cruelmente com os palestinianos para ali construir uma Côte d’Azur do Médio Oriente e, sem que houvesse provas da construção de uma bomba nuclear, decidiu bombardear o Irão, o que até poderia ter tido outras consequências bem piores.
Na sua edição de hoje, a revista alemã Der Spiegel chama-lhe o “polícia do mundo” e apresenta-o como um duro xerife de um dos mais problemáticos bairros da sua cidade de Nova Iorque...
Um homem destes é muito perigoso, sobretudo quando tem entre os seus amigos alguns indivíduos nada recomendáveis como Benjamin Netanyahu, Vladimir Putin e Mark Rutte, mas também porque deixa aterrados os líderes europeus, seus irrelevantes vassalos - vaidosos, acomodados e sem coragem - com a devida excepção de Pedro Sánchez, que não compreende como esta União Europeia de António Costa e de Ursula von der Leyen já aplicou 18 pacotes de sanções à Rússia de Putin e não é capaz de sancionar os extremistas de Israel.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Y Viva España!

Na Cimeira da NATO que esta semana aconteceu nos Países Baixos estiveram presentes 32 cordeiros mansos e obedientes às ordens do homem que, apesar de todo o seu cadastro político, foi escolhido pelos americanos para dirigir o país e que é o fanfarrão Donald John Trump. Entre os cordeiros, estiveram Keir Starmer e Emmanuel Macron, Friedrich Merz e Recep Tayyip Erdoğan, Viktor Órban e Giorgia Meloni, mas também os primeiros-ministros do Canadá e da Dinamarca, países cuja soberania tanto tem sido ameaçada pelo dono da Trump Tower de Nova Iorque. As diferentes famílias políticas que governam a Europa, como os social-democratas, os socialistas, os democratas cristãos e outros, não revelaram quaisquer discordâncias com os diktats de Trump e aceitaram aumentar as suas despesas militares, como se os problemas principais dos seus países fossem a ameaça russa.
A Cimeira foi conduzida por uma aberração bajulatória chamada Mark Rutte, que provavelmente trabalha para o Donald, a quem publicamente chamou daddy, tendo os países presentes aceitado investir 5% do seu PIB em Defesa até 2035. Apenas Pedro Sánchez mostrou dignidade e realismo, talvez porque tenha conhecimentos de economia e saiba que as sociedades actuais não estão dispostas a alterar significativamente as suas escolhas entre “canhões ou manteiga”. Porém, a posição de Sánchez foi hostilizada por Trump que de imediato ameaçou a Espanha, como hoje revela o El País e toda a imprensa espanhola.
A Cimeira da NATO foi uma falácia que não teve outro objectivo para além de empurrar os países europeus para “gastar em grande” na compra de material de guerra americano que, muitas vezes, já é obsoleto quando chega ao seu destino. No entanto, também serviu para mostrar que nem todos são cordeiros e, parafraseando a famosa canção de Manolo Escobar, há que dizer: Y Viva España!

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Mark Rutte é a vergonha maior da Europa

Realizou-se na cidade holandesa da Haia mais uma Cimeira da NATO, uma aliança militar intergovernamental de que Portugal é membro fundador e em que os seus membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque desencadeado por uma qualquer entidade externa. Criada em 1949 por 12 países na sequência da 2ª Guerra Mundial e da ameaça soviética de expansão para oeste, a organização tem actualmente 32 países, mas a presença de António Costa, Ursula van der Leyen e Volodomyr Zelensky, que nada têm a ver com a NATO, mostra que a organização já não serve os seus fins estatuários defensivos, mas que se afirma cada vez mais como um vector da política externa americana e do nervosismo Leste-Oeste.
Donald Trump veio dos Estados Unidos qual imperador de regresso vitorioso a Roma e, a bordo do Air Force One, recebeu uma mensagem enviada por Mark Rutte, o secretário-geral da NATO, que o felicitava “pela sua acção decisiva no Irão, que foi verdadeiramente extraordinária e algo que mais ninguém se atreveu a fazer”. Depois referiu-lhe que “está a viajar para mais um grande sucesso em Haia esta noite”, em que os estados membros se iriam comprometer a gastar 5% do PIB em investimentos em defesa, escrevendo “não foi fácil, mas conseguimos convencê-los todos a comprometer-se com os 5%”. A mensagem deste sabujo continua: “Donald, levou-nos para um momento muito, muito importante para a América, a Europa e o mundo. Vai alcançar algo que mais nenhum Presidente americano conseguiu fazer em décadas. A Europa vai pagar em grande, como deve, e vai ser uma vitória sua”. Por coisas como estas, começa a ser evidente que as guerras interessam à indústria da defesa e que os americanos querem vender armamento “para a Europa pagar”, ou que a NATO é uma associação de aquisição de bens de defesa no grande supermercado americano. 
Mark Rutte revelou-se um servo de Donald Trump e dos Estados Unidos, um indivíduo sem pudor, um lambe-botas de baixo nível e um indigno representante da NATO mas, que se saiba, nenhum dos seus 32 países o criticou por se ter bajulado e humilhado face à vaidade de Trump, por elogiar o bombardeamento do Irão e por não se ter referido nem criticado a brutalidade israelita sobre Gaza, nem o genocida Benjamin Netanyahu.
Mark Rutte é a vergonha maior da Europa!

segunda-feira, 23 de junho de 2025

O desporto que brilha não é só o futebol

Em finais do século XIX o cidadão francês Pierre de Coubertin criou o movimento olímpico e inspirou os Jogos Olímpicos Modernos, não apenas como uma forma de promoção do exercício físico como instrumento da educação integral dos indivíduos, mas também para a promoção da paz e da união entre as nações.
Numa altura que há várias guerras a perturbar o mundo, em que escasseiam os dirigentes capazes, em que caem bombas em Kiev, em Gaza, em Teerão e em Telavive, com toda a gente a viver tempos de incerteza, o sossego dos homens ainda pode ser encontrado no desporto.
Um exemplo disso aconteceu ontem em Portugal com as prestações internacionais de alguns atletas portugueses que muitas alegrias nos deram e que tanto nos ajudam a suportar a desinformação televisiva que nos entra em casa sobre o que acontece no mundo, que é frequentemente manipulada, sectária e mentirosa.
Ontem o ciclista João Almeida venceu com enorme brilhantismo a Volta à Suíça e todos pudemos ver a sua prova em directo pela televisão. Nos Campeonatos da Europa de Canoagem disputados na Chéquia, também os canoístas portugueses se destacaram ao conquistarem 4 medalhas de ouro e uma de prata, com destaque para o olímpico Fernando Pimenta que se sagrou campeão europeu nas provas de K1 1000 (pela 4ª vez) e de K1 5000 (pela 2ª vez).
Na sua edição de hoje, o jornal A Bola destacou o “Domingo de Ouro” de João Almeida e de Fernando Pimenta. Por um dia, o jornal esqueceu a futebolite aguda de que tanto sofre e, em primeira página, não nos serviu o Gyokeres, o Kokçu, o Otamendi ou o Pavlidis, nem as tricas à volta de Rui Costa ou de André Villas-Boas.
Viva o João Almeida, o Fernando Pimenta e os atletas brilham na Europa e de que tanto nos orgulhamos! 

domingo, 22 de junho de 2025

O mundo inseguro de Donald & Benjamin

Diz a edição de hoje do Daily News que os Estados Unidos bombardearam o Irão e se juntaram a Israel, dando ao histórico conflito do Médio Oriente uma nova e muito perigosa dimensão.
Solenemente, a partir da Casa Branca, ele tinha dito na 5ª feira que adiaria a ordem de um ataque ao Irão por até duas semanas para ver se uma resolução diplomática seria possível. Na 6ª feira, ele disse que poderia decidir se os Estados Unidos interviriam directamente na guerra contra o Irão antes de expirar o prazo de duas semanas, enquanto desvalorizava os esforços diplomáticos europeus. No sábado, ele mandou avançar os bombardeiros B-2 Spirit com as suas bombas GBU-57 Bunker Buster de 13 toneladas e, a partir de meios navais, mandou disparar 30 mísseis de cruzeiro Tomahawk sobre alvos iranianos. Ele não é homem de palavra! Ele é um perigo para o nosso planeta! 
Depois, com uma enorme fanfarronice, felicitou “os grandes patriotas americanos que pilotaram aquelas magníficas máquinas esta noite, e todos os militares dos Estados Unidos por uma operação como o mundo não via há muitas e muitas décadas”. Desta forma, ele faltou às promessas eleitorais que fez aos americanos quando lhes assegurou que os Estados Unidos estariam fora de conflitos estrangeiros dispendiosos, ao mesmo tempo que cedeu às pressões do extremista israelita que o TPI já classificou como criminoso de guerra.
O mundo está entregue a indivíduos tão perigosos como Donald Trump e Benjamin Netanyahu, que ignoraram o bom senso e as declarações de Rafael Grossi, o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que informou, inclusivamente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que os inspectores que coordena não reuniram provas que confirmem um esforço sistemático do Irão para a construção de uma bomba atómica”. Assim, esta grave iniciativa no Médio Oriente viola o Direito Internacional e é semelhante ao que aconteceu com a invasão do Iraque em 2003, desencadeada com o objectivo de derrubar o regime de Saddam Hussein e acabar com as suas armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas. É a lei do mais forte, ou a lei da selva. Os líderes europeus ficaram cobardemente calados, assustados e pequeninos. 
Sobre o que vai acontecer a seguir, há as mais diversas opiniões, mas com gente como o Donald e o Benjamin tudo me parece imprevisível. 
Este mundo está cada dia mais inseguro.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Os "incendiários" e a crueldade sobre Gaza

A estação televisiva CNN Portugal não se esqueceu de Gaza e, hoje, às 08.29 horas, anunciou que “ataques israelitas fazem 140 mortes em 24 horas”. Ontem, às 07.13 horas, tinha anunciado “70 mortes e 200 feridos perto de camião com ajuda” e, anteontem, pelas 09.28 horas, informara “mortas 50 pessoas, metade junto a centro de ajuda”. O que se tem passado em Gaza, mas também na Cisjordânia, no Líbano, na Síria e, agora no Irão, é uma loucura da extrema-direita israelita comandada por Benjamin Netanyahu, com o apoio de diversos países a pretexto do Estado de Israel estar ameaçado, mas ignorando que, desde 1948, esse mesmo estado tem ameaçado e concretizado essa ameaça contra os palestinianos, o seu modo de vida, a sua cultura e os seus territórios.
Quando os líderes europeus ignoram o que se passa em Gaza e repetem que “Israel tem direito a defender-se”, não só afirmam uma banalidade, uma evidência e uma la palissada, como traem os princípios da Carta das Nações Unidas, do Tratado de Roma e todas as Resoluções das Nações Unidas, que Israel nunca respeitou, pois tem sido um lobo vestido de cordeiro. É absolutamente lamentável que a Europa não levante a sua voz contra o extremismo israelita e que os seus principais dirigentes se calem perante o que está a acontecer em Gaza. Ao mesmo tempo, esses dirigentes alinham no mesmo tipo de narrativa mentirosa com que foi derrubado Sadam Hussein, agora com o fantasma da bomba atómica e, antes, com o fantasma das armas de destruição maciça.
Na sua edição de hoje, o jornal francês L’Humanité classifica Trump e Netanyahu como “os incendiários”. Porém, a narrativa que circula pelas agências noticiosas e pelos mass media, bem como a opinião dos comentadores que diariamente nos entra em casa também é incendiária, pois não olha a princípios de legalidade internacional e tem ignorado ou justificado todo o belicismo e crueldade israelita sobre a população de Gaza.

terça-feira, 17 de junho de 2025

A marca americana nas guerras actuais

Hoje, a edição internacional do The New York Times publica com grande destaque de primeira página três fotografias alusivas às guerras que estão em curso e que tanto preocupam o mundo. Nas respectivas legendas, surge sempre destacada a figura de Donald Trump, num caso porque “acabava a guerra em 24 horas” e, nos outros casos, porque já se transformou num porta-voz do regime de Netanyahu. O facto é que há três guerras na Europa ou junto das fronteiras da Europa, é enorme o nível de destruição em Gaza, em Kiev, em Teerão ou em Telavive, enquanto as indústrias do armamento continuam a engordar…
Todos estes conflitos mostram, uma vez mais, como a propaganda funciona e manipula os acontecimentos, bem como se usam sem pudor dois pesos e duas medidas. Tanto na Ucrânia, como na Palestina e agora no Irão, os Estados Unidos protegem os regimes de Zelensky e de Netanyahu, enquanto a Europa continua hesitante, pequenina e ineficaz, a exibir-se de cimeira em cimeira em desfile de vaidades.
Quando Israel decidiu atacar o Irão para anular o seu programa nuclear, de forma semelhante ao que se passou com às armas de destruição maciça de Sadam Hussein, os Estados Unidos mostraram como estão envolvidos no apoio a um criminoso de guerra que tem conduzido um genocídio em Gaza, enquanto Donald Trump já tratou de afirmar que “domina os céus do Irão” e de exigir a “rendição incondicional”.
A Europa deveria ter moderado o conflito da Ucrânia e não tomar partido, deveria ter condenado o regime de Netanyahu pela sua acção cruel e genocida em Gaza e, no conflito entre Israel e o Irão, deveria reclamar à diplomacia para procurar resolver a situação, mas em vez disso fornece armas a Israel e tem afirmado que “Israel tem direito a defender-se”, como diria um qualquer senhor de La Palisse.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Os indianos e o fim do “sonho americano”

A mais recente edição da prestigiada revista indiana India Today inclui uma reportagem com abundante informação sobre as medidas tomadas ou anunciadas pela administração do presidente Donald Trump, em relação aos estudantes estrangeiros e às escolas que os recebem. Na capa, uma ilustração mostra a Estátua da Liberdade com o dedo a apontar a saída do país para um grupo de jovens estudantes, enquanto um destacado título diz que é “o fim do sonho americano” para milhares de estudantes indianos, cujo projecto de vida têm sido assente em estudos universitários nos Estados Unidos.
Muito do progresso de que tem beneficiado a Índia nos últimos anos, que já a colocam como a quarta potência económica global, tem sido apontado à formação académica que muitos milhares de estudantes adquirem no estrangeiro e, em especial, nos Estados Unidos. Porém, segundo salienta o India Today, “a repressão de Donald Trump está a fechar a porta aos estudantes indianos”.
No ano lectivo de 2023-24 havia 1.126.690 estudantes estrangeiros nas escolas americanas e 332.000 eram indianos, o que representava cerca de 29,4% do total. Nesse ano, o número de estudantes indianos em algumas universidades impressiona: no Georgia Institute of Technology em Atlanta (3.000), na Columbia University de Nova Iorque (1.250), na Harvard University em Cambridge, Mass (650), na University of Illinois em Champaign (1.400), na New York University em New York (2.000) e assim sucessivamente.
No mesmo ano, a procura de escolas estrangeiras pelos indianos também foi elevada no Canadá (137.608), no Reino Unido (98.890), na Austrália (68.572), na Alemanha (34.702), Rússia (31.444) e em Singapura (17.000).
A reportagem também indica os números astronómicos que “o sonho americano” custa às famílias indianas, mas Donald Trump que tanto gosta de negócios, parece nem olhar para essa gigantesca receita para os cofres das universidades americanas que ele quer controlar, enquanto símbolos maiores da excelência americana.

domingo, 15 de junho de 2025

Donald Trump e a “American disorder”

Donald Trump tomou posse como o 47º presidente dos Estados Unidos no dia 20 de Janeiro de 2025 e, desde então, uma onda de inquietação tem abalado o mundo e, naturalmente, também os Estados Unidos. 
Essa inquietação resulta do comportamento pessoal, fanfarrão e muito extrovertido do próprio presidente e das medidas tomadas pela sua administração, que se manifestam nas tentativas para resolver os conflitos em curso no mundo, nas alterações radicais às práticas comerciais, nas ameaças às anexações territoriais de territórios vizinhos como o Canadá e a Gronelândia e, mais recentemente, nas acções tendentes a reforçar o poder federal americano e a minimizar os poderes estaduais, sobretudo quando são exercidos por membros do Partido Democrata.
Na sua mais recente edição, a revista The Economist publica um editorial intitulado “American disorder” e, como subtítulo, pergunta “o que acontece quando um radical artista de palco tem o comando de um exército”. O texto refere que, ao decidir enviar tropas federais para Los Angeles para assegurar a ordem pública e controlar os imigrantes ilegais ou indocumentados, o presidente Donald Trump está a provocar a desordem no estado da Califórnia. Essa é a opinião da presidente da Câmara de Los Angeles, Karen Bass, e do governador da Califórnia, Gavin Newson, que foi claro ao dizer que Trump “prefere o teatro à segurança pública”. Esta situação poderá vir a afectar outras grandes cidades, sobretudo as que são governadas por democratas, onde Trump deseja que apareça um ciclo de protesto, violência e repressão, que façam dele o homem forte de que os Estados Unidos precisam para resolver esse conflito.
No entanto, segundo refere o editorial do The Economist, “o que serve Trump é perigoso para os Estados Unidos” e, por isso, “este é um momento perigoso para os Estados Unidos”.