quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Por la unidad de España

O movimento autonómico catalão não arrefece, apesar dos estudos que vão aparecendo e que parecem mostrar que a independência da Catalunha se traduziria por um acentuado retrocesso económico e por um fiasco financeiro. O debate está lançado, mas acumulam-se as vozes que o consideram inoportuno. Por um lado, os efeitos desta discussão podem contagiar outras regiões autónomas espanholas e, por outro, a Espanha já atravessa demasiados e complexos problemas, não sendo desejável que entre numa espiral de instabilidade política.
Mariano Rajoy, o presidente do governo espanhol, já tomou posição inequívoca sobre o assunto: "Me he comprometido a hacer guardar la Constitución y las leyes". Porém, o Rei Juan Carlos também decidiu falar e tomou a iniciativa de fazer uma chamada de atenção à consciência da nação, através de uma mensagem real inédita que fez publicar na página web da Casa Real, recentemente criada. Segundo a imprensa espanhola, os destinatários da mensagem real seriam os governos autónomos independentistas, todos os partidos políticos e as forças sociais que podem encher as ruas com manifestações e greves gerais e, ainda, todos os que possam contribuir para um “otoño caliente”. No actual contexto político, a mensagem do Rei foi considerada determinante, não só porque pairam nuvens sombrias sobre o futuro da Europa e da Espanha, mas também porque está em causa “o bem-estar que tanto nos custou a alcançar”. Foi um real apelo à unidade, tendo a imprensa espanhola destacado alguns passos da mensagem real, como por exemplo os seguintes:
        - “O pior que podemos fazer é dividir forças, encorajar dissidências, perseguir quimeras, aprofundar feridas”.
        - “Só ultrapassaremos as dificuldades actuais actuando unidos, caminhando juntos, unindo as nossas vozes, remando no mesmo sentido”. 
        - Venceremos com o trabalho, o esforço, o mérito, a generosidade, o diálogo e o sacrifício dos interesses particulares face ao interesse geral”.

Não é preciso ser-se monárquico para apreciar este toque a reunir. Aqui no rectângulo não há toques deste tipo e parece que a embarcação está à deriva.

Portugal e Brasil: relações fortes

A cidade de Lisboa está engalanada com bandeiras e pendões que anunciam os espectáculos que, entre os dias 21 e 23 de Setembro, vão animar o Terreiro do Paço na abertura do "Ano do Brasil em Portugal", onde se inclui um concerto por Ney Matogrosso. Este evento enquadra-se no programa Ano de Portugal no Brasil – Brasil em Portugal, que foi acordado na X Cimeira luso-brasileira realizada em Lisboa no dia 19 de Maio de 2010, entre o primeiro-ministro português José Sócrates e o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva e que irá decorrer entre 7 de Setembro de 2012 (Dia da Independência do Brasil) e 10 de Junho de 2013 (Dia de Portugal). Trata-se de um vasto conjunto de iniciativas concebidas como oportunidades para actualizar as imagens recíprocas, através da promoção das culturas e da intensificação das relações económicas de ambos os países, celebrando as suas ligações históricas e culturais com um vasto programa que também terá uma componente económica, empresarial e tecnológica. Nos próximos dez meses, período em que serão promovidas actividades simultâneas em Portugal e no Brasil, os dois países pretendem mudar a imagem que cada um guarda do outro: Portugal quer que os brasileiros saibam que, para além da tradição, os portugueses vivem a modernidade, enquanto o Brasil quer que os portugueses conheçam a sua diversidade cultural. O programa anunciado para os próximos meses inclui muitas dezenas de iniciativas, incluindo eventos nas áreas da música, teatro, dança, circo, cinema, documentários, exposições, seminários, palestras, workshops, literatura, fotografia e gastronomia. Só temos que estar atentos ao que o Brasil nos vai oferecer aqui nos próximos meses.

É necessário reciclar os deputados

Num ambiente de crise política e económica inicia-se hoje o ano parlamentar e, portanto, é uma boa oportunidade para alguns comentários, como de resto faz hoje o jornal Negócios, ao informar que “metade dos deputados acumula funções com o privado”.
O problema não é novo e, já no ano passado, tinha sido afirmado que o Parlamento “tem sido o centro de corrupção em Portugal”, que era uma megacentral de negócios, que 1/3 dos deputados tinha negócios com o Estado e que "parece mais um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos”. Ninguém negou isto. Lamentavelmente, os deputados até parecem que estão ao serviço de quem os financiou e não de quem os elegeu. Como diz o povo, é uma pouca vergonha.

Um ano depois as coisas não se alteraram. O Parlamento mudou de gente e hoje vemos as bancadas com demasiados deputados-cassetes, sem experiência nem ideias próprias, arrogantes e impertinentes, mas que têm um bom emprego. De facto, a remuneração média dos representantes dos poderes legislativo e executivo passou de 5.605,5 euros em Outubro de 2011, para 5.686,6 euros em Abril deste ano, significando que deputados e governantes estão a receber mais 81 euros por mês do que recebiam em 2011. Em tempo de dificuldade e aperto, dá que pensar. E o povo não gosta.

Nas actuais condições de grande nervosismo por que passa a sociedade portuguesa é preciso fazer uma grande reviravolta no Parlamento e uma verdadeira reciclagem aos deputados.  É necessária uma redução do seu número para não mais de uma centena; o corte das muitas mordomias de que usufruem; a mudança do regime de incompatibilidades; a revisão do seu estatuto, a começar pela deputada-Presidente, que foi reformada aos 42 anos de idade sem se saber porquê e com uma pensão antecipada que é um fardo para os contribuintes. Tudo isto é indispensável para vencer a crise. E que gastem menos, e que tenham vergonha, e que não sejam motivo de chacota, e que mereçam o nosso respeito.

domingo, 16 de setembro de 2012

O povo unido jamais será vencido

Tal como aconteceu há 38 anos, na gigantesca manifestação que ontem se realizou em Lisboa e em mais três ou quatro dezenas de cidades portuguesas, a palavra de ordem mais ouvida foi “o povo unido jamais será vencido”.
Cidadãos de todos os estratos sociais e de todas as idades, juntaram-se aos milhares de forma pacífica e ordeira, desfilando sem distintivos partidários ou sindicais, em protesto contra a destruição dos tecidos económico e social que está a ser levada a efeito no nosso país. A indignação saíu à rua e muitos cartazes apenas reclamavam: “basta”.
Com os seus modelos e as suas receitas, a troika e os nossos governantes são cada vez mais o problema e cada vez menos a solução. A decisão e o anúncio de baixar a TSU para as empresas e de aumentar em 7% a parte suportada pelos trabalhadores foi demasiado chocante, revelou um profundo desprezo por quem trabalha e gerou a revolta. Foi a gota de água que fez transbordar o copo. Ninguém se recorda de uma medida governamental alguma vez ter gerado uma oposição tão unânime, da esquerda à direita, dos patrões aos sindicatos. Agora, como muito boa gente diz, ou o governo recua ou cai.
É caso para dizer “atenção aos próximos capítulos”.
O nosso problema é grave e exige sacrifícios, mas estes têm que ser bem repartidos e têm que ser explicados, sem arrogância nem teimosia. Portugal tem novecentos anos e tem valores cimentados ao longo de muitos séculos. O governo e a sua deslumbrada rapaziada saída das jotas e da mexeriquice partidária, esqueceu-se disso. Terão a legitimidade do voto popular, mas são uns ignorantes. Agora há que corrigir o mal feito e, uma das coisas a fazer imediatamente, é substituir a maioria do governo. Tirar de lá os incapazes. E os incompetentes. E os arrogantes. E os cegos. E os corruptos. Ainda há muita gente séria por aí.

sábado, 15 de setembro de 2012

Ninguém escapa à recessão europeia

Por vezes tende-se a esquecer que a grave crise financeira por que passa a Europa resulta de erros políticos e de comportamentos económicos irracionais que se acumularam durante muitos anos, que se aprofundaram com a recente crise do crédito hipotecário, com a desenfreada especulação, a falta de liquidez bancária e com a quebra de confiança geral no sistema financeiro. A falência do Lehman Brothers, o quarto maior banco comercial dos Estados Unidos, veio mostrar que a generalidade da actividade bancária era fraudulenta, que a crise já afectara a economia real e que o sistema financeiro europeu já estava contagiado.
Todos os governos europeus, mais à direita ou mais à esquerda, cometeram o mesmo tipo de erros e nenhum está imune à crise financeira internacional. Em maior ou menor grau todos os países da Europa foram afectados, atenuaram o seu crescimento ou entraram em recessão e foram obrigados, ou obrigaram-se, a adoptar políticas de austeridade.
Até o Luxemburgo, que é o país com maior rendimento per capita da União Europeia e que, considerando apenas esse indicador, é o país mais rico da União Europeia, está confrontado com a recessão. E é curioso analisar a informação dos Serviços de Estatística da União Europeia – o EUROSTAT – para o ano de 2011: o Gross Domestic Product per inhabitant ou, simplesmente, o produto per capita do Luxemburgo é de 68.900 euros, seguida pela Holanda com 32.900 euros, enquanto a média da zona EURO27 é de 25.200 euros. Nem a Noruega (47.500 euros) nem os Estados Unidos (37.100 euros) se aproximam do rendimento luxemburguês, mas apesar disso o país não escapa à recessão europeia como noticia Le Quotidien. O centro do mundo está mesmo a mudar.

Eles nem sequer dão o exemplo

Fui consultar o Orçamento do Estado para 2012 e verifiquei que foi fixado um défice de 7645 milhões de euros, equivalente a 4.5% do PIB. Entretanto, no final do 1º trimestre a execução orçamental tinha gerado um défice de 7.9%, que era maior do que aquele que se verificara em 2011, apesar das severas medidas de austeridade adoptadas. Depois, no final do 1º semestre, o défice situava-se em 6.9%. Soaram os alarmes. O "modelo" gaspariano não resultou. As receitas caíram brutalmente. Com arrogância e sem imaginação, o nosso primeiro e o gaspar voltaram-se para as mesmas soluções. Os sacrifícios voltam a ser exigidos aos mesmos. Não é de esperar que corra bem. A crise está a entrar numa dimensão de maior gravidade.
Entretanto, não são tomadas medidas do lado da despesa que sirvam de exemplo e que mobilizem os portugueses. Até parece que não há gorduras no Estado. Hoje o Correio da Manhã denuncia que é o próprio governo que ultrapassa o que pode gastar com os gabinetes ministeriais. Que não cumpre os limites orçamentais. E ficamos todos em estado de choque. Por isso, acabem com esses gabinetes sobredimensionados onde estão instalados os assessores e os chamados especialistas, sem experiência mas com chorudos salários, a quem não cortam subsídios. Tirem-lhes os nossos Audi’s e os nossos BMW’s que eles usam e façam-nos andar de autocarro. Vendam esses carros.  Cortem nas viagens e nas despesas deles. Cortem nas contínuas viagens do portas e do relvas. Cortem no gabinete do nosso primeiro. Cortem nos 16 milhões da Presidência da República. Cortem nos 87 milhões da Assembleia da República. Comecem por aí.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O sufoco de lá e o sufoco de cá

É costume dizer-se que Brasil e Portugal são países irmãos, separados pelo Atlântico. É verdade! Ambos nasceram de desobediências familiares graves, porque a independência portuguesa resultou da revolta de D. Afonso Henriques contra a sua Mãe, enquanto a independência brasileira saiu da revolta de D. Pedro de Bragança contra o seu Pai. São apenas curiosidades históricas, porque o que realmente liga Portugal e o Brasil são a língua portuguesa e algumas paixões comuns, como o futebol e a  gastronomia de excelência, para além de muitas personagens como o Caramuru, o Padre António Vieira, o Almirante Barroso ou o Chico Buarque, mas também muitas memórias comuns como foi a chegada de Cabral a Porto Seguro, a libertação da Baía ou a criação do Reino Unido de Portugal e Brasil. Porém, agora parece termos outras coisas em comum e a mais recente é o sufoco.
A edição de ontem do Jornal de Brasília destaca o sufoco (meteorológico) na cidade capital do Brasil, com 33 graus de temperatura, apenas 17% de humidade e 88 dias sem chuva. Apesar de se situar em zona tropical, trata-se realmente de um ambiente de sufoco!
Aqui, deste lado do Atlântico, também estamos a passar por um sufoco (político) provocado por um grupo de incompetentes que tomaram conta da loja, que erram e não emendam o erro, que insistem em receitas que não resultam, que são arrogantes e teimosos, que nem sequer ouvem os seus correligionários mais experientes. Está tudo a ficar farto deles. Trata-se realmente de um ambiente de sufoco. Que Deus nos livre dos sufocos! E desta sufocante cidade de Lisboa envio os meus solidários cumprimentos aos meus sufocados amigos de Brasília.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O povo diz que o regime apodreceu

Em Cascais, na parede que corre ao longo do Passeio Maria Pia e liga a Avenida Dom Carlos I à Marina de Cascais, passando junto do Clube Naval e do Marégrafo, foi pintado um graffiti.
Esse graffiti  revela o sentimento de desagrado que começa a tomar conta dos portugueses e cujo texto compara a esperança de um certo passado e o desencanto do nosso presente. Diz o seguinte:

Otelo amigo o regime apodreceu! Derrubemo-lo!

O texto evoca um tempo passado. O tempo de Otelo e o simbolismo do 25 de Abril de 1974. Um tempo de boas memórias. De liberdade e de mobilização popular. De criatividade e de alegria. De esperança no futuro. De confiança.
Mas o texto também evoca um tempo presente. Compara o entusiasmo dos dias de 1974 com os dias angustiantes por que passamos em 2012 e reflecte a frustração, o desencanto, a indignação popular, a ameaça da pobreza e a perda de confiança que nos invade, apelando à mudança.
Para a geração que passou pelos dois tempos e a quem estão agora a roubar o que mensalmente pouparam ao longo de muitos anos, este graffiti é, sobretudo, um grito de angústia e um acto de protesto contra tudo o que nos está a acontecer.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Exporte-se o gaspar. Já!

As medidas de redobrada austeridade e de empobrecimento que estão anunciadas caíram como uma bomba sobre os portugueses e, como refere o jornal i, geraram uma onda de choque e de pavor. Formou-se uma corrente de indignação geral, gerada pela incompetência, brutalidade fiscal e desorientação dos nossos governantes que, como agora verificamos, estão impreparados para nos dirigir, que se ausentam para o estrangeiro quando o navio começa a meter água e que puxam cada qual para o seu lado, sem discurso coerente ou substantivo, sem sensibilidade social e sem cultura democrática. A trapalhada é total e as medidas anunciadas configuram um brutal ataque aos trabalhadores e aos pensionistas. O país começa a ficar destroçado e ninguém consegue compreender o porquê de tantos sacrifícios. A situação está a complicar-se devido às erradas opções governamentais e, todos os dias, há ameaças a pairar no ar e são anunciadas mais medidas que estão a deixar os portugueses em pânico, até porque muitas delas são absolutamente incompreensíveis. Hoje o jornal electrónico Dinheiro Vivo revelou que o contabilista gaspar até nem foi honesto. É um teimoso e auto-convencido. Embora só precisasse de cortar 850 milhões de euros para cumprir as metas acordadas com a troika para 2013, decidiu impor aos portugueses um esforço de redução do défice da ordem dos 4,9 mil milhões de euros, um valor quase seis vezes superior à redução necessária que foi combinada com a troika. Apeteceu-lhe? Obrigaram-no? Tudo isto está a ser feito sem sabermos o que se passa nas negociações. Sem sabermos para onde vamos. Sem termos quem nos comande e nos mobilize. Sem termos quem nos dê bons exemplos. Provavelmente, a solução dos nossos problemas passa por exportar o gaspar e depressa, antes que ele afunde mais o nosso país e nos continue a roubar. A roubar.

Cataluña, nuevo estado de Europa

Ontem foi o Dia Nacional da Catalunha ou Diada, em que se evoca o dia em que, depois de 14 meses de cerco, a cidade de Barcelona se rendeu às tropas de Filipe V em 1714 e foi de facto integrada na Espanha. Depois de muitos anos de repressão às ideias autonómicas, com o fim do franquismo renasceu a celebração do nacionalismo catalão e as iniciativas nacionalistas têm-se sucedido regularmente. Ontem, Barcelona assistiu a uma grandiosa e pacífica manifestação independentista como nunca acontecera, que juntou um milhão e meio de pessoas de todas as idades e condições sociais. Eram três quilómetros de manifestantes, uma enorme maré humana que agitava milhares de bandeiras catalãs. Foi uma autêntica e, aparentemente irreversível, explosão do independentismo catalão, convocada pela Assemblea Nacional Catalana (ANC), um grupo independentista cujo lema é Cataluña, nuevo estado de Europa.
A Catalunha vive um tempo económico e financeiro muito difícil, com graves problemas de défice orçamental e de dívida pública, para além de mais de 700 mil desempregados. Assim, esta manifestação teve raízes de resistência à austeridade do Estado e ao centralismo espanhol, mas também foi sustentada por um nacionalismo que tem aumentado nos últimos anos. Como salientou o jornal catalão La Vanguardia, foi evidente que “el pueblo de Catalunya se está manifestando contra la asfixia financiera y la recentralización” e que o caminho para a independência está aberto. Por isso, os principais dirigentes catalães avisam os poderes centrais para que as reivindicações sejam ouvidas. E nestas circunstâncias, até a Monarquia espanhola pode ser questionada.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

O incrível deputado lambe-botas

A intervenção do nosso primeiro provocou um tsunami geral de desagrado, que se agravou com entrada em cena do contabilista gaspar. Puseram o país em pânico. Roubaram-nos uma boa parte da esperança. Insistem no caminho errado. Teimosa e arrogantemente. O copo encheu e ameaça entornar-se porque quem semeia ventos, colhe tempestades. E já começou a chover. O mota, o crato e o gaspar já foram vaiados, mas há os que fogem às tempestades anunciadas e andam a monte a gastar o nosso dinheiro, como se andassem numa patriótica missão. É o caso do portas (Moçambique, Brasil e Venezuela), do relvas (Timor e Brasil) e do álvaro (Macau). Há também a cristas que levou a cabo a importante missão de presidir em Tróia à eleição das melhores praias portuguesas. E há os que estão escondidos como acontece com a madame cruz e o alguidar-branco. Estão todos desorientados!
O nosso primeiro parece estar só, igualmente desorientado, cercado pela troika e pelos seus lacaios em Portugal. O papel que foi ler à televisão é um disparate completo. A mensagem deixada nessa modernidade que é o Facebook, é uma infantilidade. Ele navega sem rumo. Caíu-lhe em cima o carmo e a trindade. Ninguém perdoou a incompetência do cachopo. Nem o Marcelo, nem o Mira Amaral, nem o Bagão Félix, nem o Freitas do Amaral, nem o Alexandre Relvas. Ninguém o poupou. Nem a JSD. Até houve quem chamasse estúpido ao rapaz.
No meio desta unanimidade geral, com mais de trinta mil comentários no Facebook, eis que alguém se levanta em defesa do nosso primeiro. Foi o amorim, aquele incrível deputado lambe-botas! Ele que já tinha defendido o relvas. Ele que já era a imagem televisiva da sabujice. Ele que até usa bandeirinha na lapela do casaco. No seu famoso Manifesto Anti-Dantas, dizia Almada Negreiros que “o Dantas cheira mal da boca”. Se comentasse as atitudes do amorim, Almada diria certamente que metem nojo, que ele é um nojo!

Eles comem tudo e não deixam nada

A ganância e a insensibilidade dos nossos governantes continuam a afrontar quem trabalha. Parece que voltamos ao tempo da escravatura e que apenas servimos para alimentar os devaneios contabilísticos desta gente. Até há pouco tempo usavam a banca, mas como a coisa correu mal, arranjaram outra forma de assaltar os nossos bolsos. Os borges e os gaspares – verdadeiros agentes da troyka – aconselharam o nosso primeiro, que anunciou a decisão antes ir cantarolar com o Paulo de Carvalho. Enquanto a TSU aumenta de 11 para 18%, outros deixam de pagar 23,5% de TSU e passam a pagar apenas 18%. É uma transferência directa dos salários de quem trabalha para os lucros e dividendos dos accionistas. É um 25 de Abril ao contrário ou, como disse Silva Lopes, é um “Robin Wood ao contrário”. É um roubo e, naturalmente, quem rouba são os larápios. Uma vergonha. Uma falcatrua.
Porém, a medida anunciada revela muita ignorância de economia, uma matéria em que eles devem ter equivalências como o relvas, mas pouca sabedoria. Éstá nos livros e é evidente, que a perda de rendimento disponível das famílias vai fazer baixar o consumo interno, o que significa mais quebra do produto nacional e mais recessão. As pessoas irão menos vezes ao Pingo Doce e ao Continente. Estes farão menos compras aos fornecedores e estes produzirão menos. Haverá mais desemprego, o que significa mais pobreza, mais tensão social, mais insegurança e mais instabilidade. O Correio da Manhã calcula que os grandes tubarões ganharão 100 milhões de euros, neles se encontrando a SONAE, o BCP, a Jerónimo Martins, a EDP e a Mota-Engil. Não foi nada disto que eles prometeram, nem têm mandato para isto. Andam à deriva e vão de mal a pior!

domingo, 9 de setembro de 2012

Asia’s next revolution

Os três gigantes asiáticos – China, Índia e Indonésia – têm impressionado o mundo com o seu dinamismo, o seu espectacular crescimento económico e a sua rápida passagem para um patamar de prosperidade, que começam a ser característicos da Ásia moderna. À medida que esses países progridem, está a surgir uma nova classe média que se torna mais exigente em padrões de consumo e em direitos sociais, pelo que aumentam as suas reivindicações por novas políticas públicas, incluindo pensões sociais, seguros de saúde, subsídios de desemprego e outros esquemas de protecção social.
Esses três países têm, conjuntamente, quase 3 mil milhões de habitantes, o que representa mais de 40% da população do planeta, mas são países com enormes disparidades regionais de rendimento dentro das suas fronteiras. A criação de Estados sociais ou Estados-providência já é uma reivindicação e os primeiros esquemas de protecção social já estão em curso, através de redes de segurança social básicas. Porém, esses países têm que resistir à tentação de ir demasiado depressa e têm que aprender com os erros dos países ocidentais, que foram longe demais. Neste momento, já há preocupantes sintomas da repetição desses erros porque a protecção social já está a agravar desigualdades, ao beneficiar os trabalhadores urbanos dos serviços e da indústria, em detrimento das zonas rurais mais pobres e mais carenciadas, onde predomina a economia informal, o analfabetismo, a doença e até a fome. A forma como cada país vai resolver este problema é uma incógnita mas, como bem avisa The Economist, estamos perante uma nova revolução asiática.

 

sábado, 8 de setembro de 2012

A corda já está demasiado esticada

Ontem o governo anunciou novas medidas de austeridade, alegadamente para cumprir os compromissos do défice e para estimular o emprego, tendo esse anúncio sido destacado por alguma imprensa estrangeira, como foi o caso do El País.
Começa a ser insuportável ouvir dizer hoje o contrário do que foi dito ontem. Dizem que é em nome da verdade e da transparência, mas eu digo que é um caso de arrogância, insensibilidade social e incompetência. No ano passado comprometeram-se a não aumentar impostos nem a cortar subsídios, mas enganaram-nos. Depois, erraram nas previsões da receita. E enganaram-se quando insistiam que a redução da despesa se fazia pelo corte das gorduras. Atacaram sempre aos mesmos, isto é, os trabalhadores e os pensionistas. Perdoaram os desmandos e as falcatruas da banca. Encaixaram-se. Tomaram conta de tudo e arranjaram empregos para os seus jovens militantes como assessores. Os outros que emigrem e... não sejam piegas. Os ricos estão mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
O governo decidiu agora aumentar a contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social e reduzir a das empresas, o que representa a perda de um salário mensal para o sector privado. Os trabalhadores do sector público continuam na mesma, tal como os pensionistas. Significa que a politica de austeridade continua e que a falta de equidade se mantém, pois ataca-se o trabalho e não se apoquentam nem o capital, nem a riqueza. É uma verdadeira obsessão neo-liberal. É um vale tudo. Os sacrifícios são desigualmente repartidos. Os pensionistas são tratados como se fossem um fardo e não tivessem direitos. Os avisos que, por formas diversas, lhes chegam dos senadores da República não os comovem. E não há as tais medidas de redução da despesa pública que, pela voz de catroga, tanto animaram a conquista do poder. Parece que ontem, com o anúncio feito à socapa e antes do futebol, foram sacados 1.400 milhões de euros dos nossos bolsos. Para onde vai esse dinheiro? A corda já está demasiado esticada.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Luxemburgo: “comme à la maison”

Hoje, no Luxemburgo, a selecção nacional de futebol inicia a fase de qualificação para o Mundial-2014, que será disputado no Brasil. A presença no Brasil afigura-se como um objectivo que ultrapassa o aspecto futebolístico e se coloca num patamar simbólico de prestígio nacional. É quase uma questão de Estado! Portanto, a fase de qualificação tem que ser encarada desde o início com objectividade, determinação e profissionalismo.
No jogo desta noite estarão frente a frente as equipas que actualmente ocupam o 4º e o 106º lugar no ranking da FIFA e, por isso, há uma elevadíssima dose de favoritismo para a equipa portuguesa, até porque nos seis jogos oficiais que as duas equipas já disputaram, aconteceu que Portugal ganhou cinco vezes e apenas perdeu uma.
O jogo vai ser, naturalmente, uma grande festa para a vasta comunidade portuguesa residente no Luxemburgo. É um momento de grande exaltação e de orgulho nacional para quem vive fora do seu país e tem que se adaptar às culturas dos países de acolhimento. Nas bancadas não faltarão dísticos, nem bandeiras, nem incentivos aos futebolistas portugueses e, como titula hoje o jornal luxemburguês Le Quotidien, eles jogarão “comme à la maison”. Só é necessário que joguem com ambição e deixem as suas pequenas vaidades fora do campo.