Por vezes tende-se a esquecer que a grave crise financeira por que passa a Europa resulta de erros políticos e de comportamentos económicos irracionais que se acumularam durante muitos anos, que se aprofundaram com a recente crise do crédito hipotecário, com a desenfreada especulação, a falta de liquidez bancária e com a quebra de confiança geral no sistema financeiro. A falência do Lehman Brothers, o quarto maior banco comercial dos Estados Unidos, veio mostrar que a generalidade da actividade bancária era fraudulenta, que a crise já afectara a economia real e que o sistema financeiro europeu já estava contagiado.
Todos os governos europeus, mais à direita ou mais à esquerda, cometeram o mesmo tipo de erros e nenhum está imune à crise financeira internacional. Em maior ou menor grau todos os países da Europa foram afectados, atenuaram o seu crescimento ou entraram em recessão e foram obrigados, ou obrigaram-se, a adoptar políticas de austeridade.
Até o Luxemburgo, que é o país com maior rendimento per capita da União Europeia e que, considerando apenas esse indicador, é o país mais rico da União Europeia, está confrontado com a recessão. E é curioso analisar a informação dos Serviços de Estatística da União Europeia – o EUROSTAT – para o ano de 2011: o Gross Domestic Product per inhabitant ou, simplesmente, o produto per capita do Luxemburgo é de 68.900 euros, seguida pela Holanda com 32.900 euros, enquanto a média da zona EURO27 é de 25.200 euros. Nem a Noruega (47.500 euros) nem os Estados Unidos (37.100 euros) se aproximam do rendimento luxemburguês, mas apesar disso o país não escapa à recessão europeia como noticia Le Quotidien. O centro do mundo está mesmo a mudar.
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