Ontem foi o Dia Nacional da Catalunha ou Diada, em que se evoca o dia em que, depois de 14 meses de cerco, a cidade de Barcelona se rendeu às tropas de Filipe V em 1714 e foi de facto integrada na Espanha. Depois de muitos anos de repressão às ideias autonómicas, com o fim do franquismo renasceu a celebração do nacionalismo catalão e as iniciativas nacionalistas têm-se sucedido regularmente. Ontem, Barcelona assistiu a uma grandiosa e pacífica manifestação independentista como nunca acontecera, que juntou um milhão e meio de pessoas de todas as idades e condições sociais. Eram três quilómetros de manifestantes, uma enorme maré humana que agitava milhares de bandeiras catalãs. Foi uma autêntica e, aparentemente irreversível, explosão do independentismo catalão, convocada pela Assemblea Nacional Catalana (ANC), um grupo independentista cujo lema é Cataluña, nuevo estado de Europa.
A Catalunha vive um tempo económico e financeiro muito difícil, com graves problemas de défice orçamental e de dívida pública, para além de mais de 700 mil desempregados. Assim, esta manifestação teve raízes de resistência à austeridade do Estado e ao centralismo espanhol, mas também foi sustentada por um nacionalismo que tem aumentado nos últimos anos. Como salientou o jornal catalão La Vanguardia, foi evidente que “el pueblo de Catalunya se está manifestando contra la asfixia financiera y la recentralización” e que o caminho para a independência está aberto. Por isso, os principais dirigentes catalães avisam os poderes centrais para que as reivindicações sejam ouvidas. E nestas circunstâncias, até a Monarquia espanhola pode ser questionada.
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