A revista Sábado explica sumariamente “como Jardim esbanja os milhões” na Região Autónoma da Madeira, que tem uma superfície de 801 km2 (é menor do que duas dezenas de concelhos portugueses, como Odemira, Évora ou Sabugal) e que, de acordo com o censo de 2011, tem 267 938 habitantes (menos população do que Sintra ou Vila Nova de Gaia).
Nessa tão atraente região atlântica reina o despesismo governamental, que gera o enriquecimento ilícito e cria o novo-riquismo social, assentes na promiscuidade entre a política e os negócios. Nem é preciso ser um especialista para compreender esta realidade, que todos conheciam e calaram durante muito tempo.
A revista Sábado exemplifica - uma marina que custou 105 milhões e está vazia, 12 estádios de futebol com bancada, relvado, iluminação e balneários (há 33 campos relvados); 39 piscinas públicas algumas das quais encerradas; heliportos que nunca foram utilizados; 70 restaurantes muitos dos quais encerrados; 12 parques empresariais alguns dos quais permanecem desertos; estradas para servir a acessibilidade dos amigos; subsídios aos clubes e associaçõesdesportivas; e muitos outros exemplos.
Apesar das dificuldades orçamentais, continuam a ser adjudicadas novas empreitadas e o líder do governo regional diz: “enquanto eu não morrer, não paro com as obras e não vou afastar ninguém da função pública”. A dívida foi escondida e cresceu. E continua a crescer, enquanto a generalidade do país aperta o cinto.
Agora há quem diga que as responsabilidades são apenas políticas e que o seu julgamento está na mão dos eleitores!
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Esbanjamento e promiscuidade
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
A ventania já chegou a Itália
Na sua última edição o jornal Frankfurter Allgemeine mostra-nos uma fotomontagem da Torre de Pisa a ser apoiada por uma jovem loira, possivelmente alemã, sob o título “inclinações italianas”. Na respectiva legenda, o jornal pergunta: “apoiar ou derrubar?”
A imagem é particularmente expressiva e mostra que, por vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras.
A Itália está a passar por grandes dificuldades financeiras e o governo de Berlusconi parece não ter soluções para além da receita habitual, centrada na austeridade. Há dias, o Parlamento italiano aprovou um plano de austeridade de 54 mil milhões de euros, com o objectivo de permitir atingir o equilíbrio orçamental em 2013 e reduzir a dívida que já atinge 120% do PIB. Apesar disso, a Standard and Poor's não acredita nesse plano nem na sua aceitação social, pelo que baixou o rating da Itália, devido também às fracas perspectivas de crescimento económico, que vão dificultar os objectivos da redução do défice e da dívida.
Significa que as dúvidas existentes quanto à solução das dívidas soberanas e quanto ao futuro do euro, já atingem claramente um dos países fundadores da CEE e do euro. Já não bastavam a Grécia, Portugal e a Irlanda. A ventania já chegou a Itália. Agora são os alemães a perguntar se a Itália deve ser apoiada ou deixada cair, como sugere a fotomontagem.
A imagem é particularmente expressiva e mostra que, por vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras.
A Itália está a passar por grandes dificuldades financeiras e o governo de Berlusconi parece não ter soluções para além da receita habitual, centrada na austeridade. Há dias, o Parlamento italiano aprovou um plano de austeridade de 54 mil milhões de euros, com o objectivo de permitir atingir o equilíbrio orçamental em 2013 e reduzir a dívida que já atinge 120% do PIB. Apesar disso, a Standard and Poor's não acredita nesse plano nem na sua aceitação social, pelo que baixou o rating da Itália, devido também às fracas perspectivas de crescimento económico, que vão dificultar os objectivos da redução do défice e da dívida.
Significa que as dúvidas existentes quanto à solução das dívidas soberanas e quanto ao futuro do euro, já atingem claramente um dos países fundadores da CEE e do euro. Já não bastavam a Grécia, Portugal e a Irlanda. A ventania já chegou a Itália. Agora são os alemães a perguntar se a Itália deve ser apoiada ou deixada cair, como sugere a fotomontagem.
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Um lugar melhor para viver
O jornal The Times of India (TOI) cujas edições se publicam em várias cidades indianas, tem maior a circulação mundial entre todos os jornais de língua inglesa, estimando-se que tenha diariamente cerca de 14 milhões de leitores. É, por isso, um meio de comunicação altamente influente na sociedade indiana.
“They Make India A Better Place” foi o destaque escolhido na sua última edição, a enaltecer e a preparar-se para premiar com os TOI Social Impact Awards, aqueles que procuram fazer da Índia um lugar melhor para viver, através de acções de solidariedade.
O jornal conhece bem a Índia, a sua heterogeneidade cultural, a sua diversidade linguística e religiosa, assim como as suas grandes assimetrias económicas e sociais; conhece os contrastes entre a exuberante fortuna de uns e a extrema pobreza de muitos milhões; conhece uma classe média cada vez mais fascinada pelos valores do consumo; conhece as enormes carências da população mais desfavorecida.
Nesse país de grandes contrastes, há um enorme espaço para a intervenção solidária de pessoas, grupos, organizações não governamentais, associações religiosas, fundações e outros tipos de entidades, que não esperam pela intervenção estadual e decidem dedicar-se à promoção do bem comum e ao apoio de causas sociais nas áreas da saúde, educação e combate à pobreza, mas também em outras áreas como o ambiente, o microcrédito, a reflorestação, a electrificação rural, o saneamento básico, etc. É a pensar nessas pessoas e entidades que trabalham para fazer da Índia um lugar melhor para viver que, todos os anos, o jornal atribui os TOI Social Impact Awards, que têm um grande impacto mediático e cujos efeitos são mobilizadores e multiplicadores.
Bom seria que, por cá, jornais e televisões alterassem muitas das suas linhas editoriais e programações, reconhecendo e estimulando aqueles (que ainda são muitos) que trabalham “para fazer de Portugal um lugar melhor para viver”.
“They Make India A Better Place” foi o destaque escolhido na sua última edição, a enaltecer e a preparar-se para premiar com os TOI Social Impact Awards, aqueles que procuram fazer da Índia um lugar melhor para viver, através de acções de solidariedade.
O jornal conhece bem a Índia, a sua heterogeneidade cultural, a sua diversidade linguística e religiosa, assim como as suas grandes assimetrias económicas e sociais; conhece os contrastes entre a exuberante fortuna de uns e a extrema pobreza de muitos milhões; conhece uma classe média cada vez mais fascinada pelos valores do consumo; conhece as enormes carências da população mais desfavorecida.
Nesse país de grandes contrastes, há um enorme espaço para a intervenção solidária de pessoas, grupos, organizações não governamentais, associações religiosas, fundações e outros tipos de entidades, que não esperam pela intervenção estadual e decidem dedicar-se à promoção do bem comum e ao apoio de causas sociais nas áreas da saúde, educação e combate à pobreza, mas também em outras áreas como o ambiente, o microcrédito, a reflorestação, a electrificação rural, o saneamento básico, etc. É a pensar nessas pessoas e entidades que trabalham para fazer da Índia um lugar melhor para viver que, todos os anos, o jornal atribui os TOI Social Impact Awards, que têm um grande impacto mediático e cujos efeitos são mobilizadores e multiplicadores.
Bom seria que, por cá, jornais e televisões alterassem muitas das suas linhas editoriais e programações, reconhecendo e estimulando aqueles (que ainda são muitos) que trabalham “para fazer de Portugal um lugar melhor para viver”.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
O esplendor português em Washington
No Verão de 2010 o MNAA apresentou em Lisboa a exposição “A Invenção da Glória. D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana”, que teve mais de 40 mil visitantes e foi justamente considerada por muitos como "o acontecimento cultural do ano".
As chamadas Tapeçarias de Pastrana foram encomendadas por D. Afonso V - três delas representam a tomada de Arzila e a quarta representa a queda de Tânger. Foram produzidas nas oficinas flamengas de Tournai e têm, cada uma, 4 metros de altura por 10 metros de largura.
Em 1532, poucas décadas depois de terem sido feitas, as tapeçarias apareceram em Espanha no inventário dos bens dos duques do Infantado, que mais tarde as cederam à Colegiada de Pastrana (Igreja de Nossa Senhora da Assunção), onde ficaram desde então. Como foram lá parar, ninguém sabe.
As tapeçarias estavam abandonadas e muito danificadas, até que em 2009 foram restauradas e desintectizadas, num dispendioso processo conduzido pela fundação espanhola Carlos de Amberes. Depois foram exibidas em Bruxelas, Guadalajara, Madrid, Toledo e, pela primeira vez desde o século XVI, voltaram a Portugal e foram expostas no MNAA.
As tapeçarias voaram agora para os Estados Unidos e, desde há dois dias, estão expostas na National Gallery of Art em Washington. Em Janeiro de 2012 seguirão para Dallas, depois para San Diego e Indianápolis, onde terminam esta itinerância americana no início de 2013.
É um grande acontecimento cultural que vai mostrar às elites americanas o esplendor de Portugal em finais do século XV e, também, que Portugal é muito mais do que um problema financeiro. Como dizia o jornal Público, esta exposição é uma lembrança de que Portugal já teve o mundo na mão, mas também uma nota para os Estados Unidos: a glória é uma coisa efémera.
As chamadas Tapeçarias de Pastrana foram encomendadas por D. Afonso V - três delas representam a tomada de Arzila e a quarta representa a queda de Tânger. Foram produzidas nas oficinas flamengas de Tournai e têm, cada uma, 4 metros de altura por 10 metros de largura.
Em 1532, poucas décadas depois de terem sido feitas, as tapeçarias apareceram em Espanha no inventário dos bens dos duques do Infantado, que mais tarde as cederam à Colegiada de Pastrana (Igreja de Nossa Senhora da Assunção), onde ficaram desde então. Como foram lá parar, ninguém sabe.
As tapeçarias estavam abandonadas e muito danificadas, até que em 2009 foram restauradas e desintectizadas, num dispendioso processo conduzido pela fundação espanhola Carlos de Amberes. Depois foram exibidas em Bruxelas, Guadalajara, Madrid, Toledo e, pela primeira vez desde o século XVI, voltaram a Portugal e foram expostas no MNAA.
As tapeçarias voaram agora para os Estados Unidos e, desde há dois dias, estão expostas na National Gallery of Art em Washington. Em Janeiro de 2012 seguirão para Dallas, depois para San Diego e Indianápolis, onde terminam esta itinerância americana no início de 2013.
É um grande acontecimento cultural que vai mostrar às elites americanas o esplendor de Portugal em finais do século XV e, também, que Portugal é muito mais do que um problema financeiro. Como dizia o jornal Público, esta exposição é uma lembrança de que Portugal já teve o mundo na mão, mas também uma nota para os Estados Unidos: a glória é uma coisa efémera.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Cercado por todos os lados
O Banco de Portugal e o INE detectaram falhas graves nas contas da Região Autónoma da Madeira! Os "buracos" já encontrados são, em termos proporcionais, muito maiores do que os detectados pelo Eurostat na Grécia. Trata-se de um valor que, embora seja "apenas" 0,7% do valor da economia portuguesa, representa mais de 20% do PIB madeirense.
Esta revelação constituiu um tremendo choque e uma desagradável surpresa para quem acompanha a evolução da grave crise financeira europeia: afinal os portugueses são tão mentirosos quanto os gregos!
O Dr. Jardim ficou cercado por todos os lados, como titulou o jornal i. Porém, parecendo não ter percebido a extrema gravidade do seu comportamento, começou por afirmar que agiu em "legítima defesa" contra o anterior governo, mas depois “trocou os pés pelas mãos” e veio dizer que não teve intenção de ocultar dívidas. Como é que um responsável político esconde um buraco desta dimensão durante três anos? Porque é atrevido, desonesto, mentiroso e, além disso, julga-se impune e tem muitas cumplicidades. Todos os governos e todos os presidentes da República, em maior ou menor grau, deram cobertura ao Dr. Jardim, por solidariedade partidária, por oportunismo político, por distracção ou por medo. Ele fez tudo o que quis, porque o deixaram fazer.
É altura de acabar com a reverência da República para com o Dr. Jardim. Não basta dizer que os madeirenses devem tirar deste episódio as devidas conclusões. É necessária uma atitude de firmeza, a começar pela criminalização do irresponsável gestor e pela suspensão da autonomia financeira da Madeira. Haja coragem! O Dr. Jardim não tem vergonha, mas envergonha o país. Com a sua arrogância e a sua irresponsabilidade traiu os madeirenses e a autonomia da Madeira. Não merece a confiança de ninguém. Esperemos para ver.
Esta revelação constituiu um tremendo choque e uma desagradável surpresa para quem acompanha a evolução da grave crise financeira europeia: afinal os portugueses são tão mentirosos quanto os gregos!
O Dr. Jardim ficou cercado por todos os lados, como titulou o jornal i. Porém, parecendo não ter percebido a extrema gravidade do seu comportamento, começou por afirmar que agiu em "legítima defesa" contra o anterior governo, mas depois “trocou os pés pelas mãos” e veio dizer que não teve intenção de ocultar dívidas. Como é que um responsável político esconde um buraco desta dimensão durante três anos? Porque é atrevido, desonesto, mentiroso e, além disso, julga-se impune e tem muitas cumplicidades. Todos os governos e todos os presidentes da República, em maior ou menor grau, deram cobertura ao Dr. Jardim, por solidariedade partidária, por oportunismo político, por distracção ou por medo. Ele fez tudo o que quis, porque o deixaram fazer.
É altura de acabar com a reverência da República para com o Dr. Jardim. Não basta dizer que os madeirenses devem tirar deste episódio as devidas conclusões. É necessária uma atitude de firmeza, a começar pela criminalização do irresponsável gestor e pela suspensão da autonomia financeira da Madeira. Haja coragem! O Dr. Jardim não tem vergonha, mas envergonha o país. Com a sua arrogância e a sua irresponsabilidade traiu os madeirenses e a autonomia da Madeira. Não merece a confiança de ninguém. Esperemos para ver.
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domingo, 18 de setembro de 2011
A cimeira de Wroclaw e o euro
A cimeira de Wroclaw que juntou os ministros das Finanças da União Europeia, terminou sem que, aparentemente, tivessem sido tomadas quaisquer decisões relevantes e mostrou que há grandes divisões quanto ao modelo e aos meios de resolução da actual crise, particularmente entre o BCE e os Governos europeus.
O colapso financeiro da Grécia está iminente e não há acordo quanto à concretização de um segundo plano de ajuda de quase 160 mil milhões de euros, que ficou adiada para o próximo mês de Outubro. Nessa reunião, Portugal começou por ser elogiado até que, algumas horas depois, chegou a notícia relativa aos desvarios da Madeira que a todos alarmou.
Porém, está agora muito claro que o problema grego e, por analogia, os problemas português e irlandês ou mesmo as dificuldades italianas e espanholas – os PIIGS –, são apenas a ponta de um grande iceberg, que é a existência de uma moeda única sem uma política financeira comum a servir economias desigualmente desenvolvidas e, ainda, a enorme incapacidade das actuais lideranças políticas e a sua falta de um verdadeiro espírito europeu.
A situação é grave como tem sido repetidamente afirmado. Nas últimas semanas sucederam-se as declarações, entendendo alguns que a Grécia deve ser apoiada a qualquer preço, enquanto outros entendem que o volume da dívida é de tal monta que o melhor é deixá-la falir. Parece estar a prevalecer a ideia de salvar a Grécia e com ela salvar o ameaçado euro.
Nesse sentido, a cimeira de Wroclaw parece ter sido interrompida para ganhar tempo. Assim se poderá reflectir sobre a economia e a sociedade - e não só sobre os mercados, os juros, os default e coisas parecidas - permitindo a formulação de uma estratégia europeia comum, que salve a moeda única e fortaleça o projecto europeu, que tanta paz e progresso tem proporcionado aos europeus.
O colapso financeiro da Grécia está iminente e não há acordo quanto à concretização de um segundo plano de ajuda de quase 160 mil milhões de euros, que ficou adiada para o próximo mês de Outubro. Nessa reunião, Portugal começou por ser elogiado até que, algumas horas depois, chegou a notícia relativa aos desvarios da Madeira que a todos alarmou.
Porém, está agora muito claro que o problema grego e, por analogia, os problemas português e irlandês ou mesmo as dificuldades italianas e espanholas – os PIIGS –, são apenas a ponta de um grande iceberg, que é a existência de uma moeda única sem uma política financeira comum a servir economias desigualmente desenvolvidas e, ainda, a enorme incapacidade das actuais lideranças políticas e a sua falta de um verdadeiro espírito europeu.
A situação é grave como tem sido repetidamente afirmado. Nas últimas semanas sucederam-se as declarações, entendendo alguns que a Grécia deve ser apoiada a qualquer preço, enquanto outros entendem que o volume da dívida é de tal monta que o melhor é deixá-la falir. Parece estar a prevalecer a ideia de salvar a Grécia e com ela salvar o ameaçado euro.
Nesse sentido, a cimeira de Wroclaw parece ter sido interrompida para ganhar tempo. Assim se poderá reflectir sobre a economia e a sociedade - e não só sobre os mercados, os juros, os default e coisas parecidas - permitindo a formulação de uma estratégia europeia comum, que salve a moeda única e fortaleça o projecto europeu, que tanta paz e progresso tem proporcionado aos europeus.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Os euro-valentões
Nicolas Sarkozy e David Cameron deslocaram-se à Líbia e foram recebidos como heróis em Tripoli e Benghazi. Antes tinham mandado os seus aviões e as suas bombas para “proteger os civis”, agora quiseram ser os primeiros a pisar solo líbio para assegurar o seu apoio à reconstrução daquilo que destruíram e, como esperavam, puderam claramente ouvir o principal responsável do CNT dizer:
“Nós temos o petróleo, vocês têm o conhecimento e as empresas”.
Em 1812 Napoleão tinha entrado na cidade abandonada de Moscovo a cavalo.
Em 1940 Hitler entrou em Paris, deslocando-se numa viatura descapotável.
Em 1959 Fidel de Castro entrou em Havana em cima de uma velha camioneta.
Agora, Cameron aterrou poucos minutos antes do A 330 presidencial francês. Esqueceram-se de levar consigo o senhor Rasmussen, o dinamarquês secretário-geral da NATO, mas não era necessário… Ele foi apenas um actor secundário desta conquista. Os novos conquistadores são eles. Em tempo de eurobonds, eles são os euro-valentões!
Da nossa parte já houve movimentos no sentido de haver uma participação portuguesa na reconstrução da destruída Líbia. Porém, uma sondagem internacional – a Transatlantic Trends 2011 – que agora foi divulgada, mostra que 77 por cento dos portugueses se opôs ao apoio militar concedido aos rebeldes líbios que têm combatido a liderança de Muammar Kadhafi, a mais alta percentagem entre todos os países inquiridos. Fomos fundadores e participantes activos da NATO, mas esta intervenção não se enquadrou nos desígnios de uma organização que é defensiva. Porém, Sarkozy e de Cameron não tiveram escrúpulos em "vestir a farda" da NATO para levar por diante a sua campanha pelo petróleo.
“Nós temos o petróleo, vocês têm o conhecimento e as empresas”.
Em 1812 Napoleão tinha entrado na cidade abandonada de Moscovo a cavalo.
Em 1940 Hitler entrou em Paris, deslocando-se numa viatura descapotável.
Em 1959 Fidel de Castro entrou em Havana em cima de uma velha camioneta.
Agora, Cameron aterrou poucos minutos antes do A 330 presidencial francês. Esqueceram-se de levar consigo o senhor Rasmussen, o dinamarquês secretário-geral da NATO, mas não era necessário… Ele foi apenas um actor secundário desta conquista. Os novos conquistadores são eles. Em tempo de eurobonds, eles são os euro-valentões!
Da nossa parte já houve movimentos no sentido de haver uma participação portuguesa na reconstrução da destruída Líbia. Porém, uma sondagem internacional – a Transatlantic Trends 2011 – que agora foi divulgada, mostra que 77 por cento dos portugueses se opôs ao apoio militar concedido aos rebeldes líbios que têm combatido a liderança de Muammar Kadhafi, a mais alta percentagem entre todos os países inquiridos. Fomos fundadores e participantes activos da NATO, mas esta intervenção não se enquadrou nos desígnios de uma organização que é defensiva. Porém, Sarkozy e de Cameron não tiveram escrúpulos em "vestir a farda" da NATO para levar por diante a sua campanha pelo petróleo.
Portugal a mandar na Europa?
Para quem gosta de futebol, os jogos da Liga dos Campeões e da Liga Europa disputados esta semana, proporcionaram grandes alegrias devido aos bons resultados das equipas portuguesas – F.C. Porto (2-1), S.L. Benfica (1-1), Sporting C.P. (2-0) e S.C. Braga (3-1).
Entusiasmado, o jornal A Bola apressou-se a titular “Portugal manda na Europa”.
Os títulos dos jornais costumam ter algum exagero, mas este ultrapassou o bom senso. Soltei uma gargalhada. Na actual situação económico-financeira do país e, exactamente no mesmo dia em que foi conhecido um buraco de mais de mil milhões de euros na Madeira, este título é desproporcionado, despropositado e demasiado ridículo. É uma enormidade jornalística. É ofensivo da inteligência dos leitorees. É uma mentira.
De facto, feita uma análise das quatro equipas portuguesas que participam nas competições europeias, verifica-se que têm mais jogadores brasileiros do que portugueses. Conjuntamente estas equipas têm 106 jogadores, dos quais apenas 24,5% são portugueses. Dos 56 jogadores utilizados nestes quatro jogos apenas 11 (19,2%) eram portugueses. Dos 8 golos marcados apenas dois foram marcados por jogadores portugueses (25%).
A Bola prestou grandes serviços à língua portuguesa quando era o único jornal em português que chegava a quase todo o mundo, mas tem-se vulgarizado. Agora, uma “avaliação da Moody’s” cortar-lhe-ia o rating. Nem no jornalismo desportivo vale tudo.
Entusiasmado, o jornal A Bola apressou-se a titular “Portugal manda na Europa”.
Os títulos dos jornais costumam ter algum exagero, mas este ultrapassou o bom senso. Soltei uma gargalhada. Na actual situação económico-financeira do país e, exactamente no mesmo dia em que foi conhecido um buraco de mais de mil milhões de euros na Madeira, este título é desproporcionado, despropositado e demasiado ridículo. É uma enormidade jornalística. É ofensivo da inteligência dos leitorees. É uma mentira.
De facto, feita uma análise das quatro equipas portuguesas que participam nas competições europeias, verifica-se que têm mais jogadores brasileiros do que portugueses. Conjuntamente estas equipas têm 106 jogadores, dos quais apenas 24,5% são portugueses. Dos 56 jogadores utilizados nestes quatro jogos apenas 11 (19,2%) eram portugueses. Dos 8 golos marcados apenas dois foram marcados por jogadores portugueses (25%).
A Bola prestou grandes serviços à língua portuguesa quando era o único jornal em português que chegava a quase todo o mundo, mas tem-se vulgarizado. Agora, uma “avaliação da Moody’s” cortar-lhe-ia o rating. Nem no jornalismo desportivo vale tudo.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Frei Luís de Sousa
Santarém – Rua Serpa Pinto
No centro histórico de Santarém está localizado o Palácio Landal, que foi edificado entre os finais do século XVII e o início do século XVIII, no local onde anteriormente existiu o solar quinhentista da Família Sousa Coutinho. Uma artística lápide de azulejo que está colocada na sua frontaria indica que em 1555 ali nasceu D. Manuel de Sousa Coutinho.
D. Manuel de Sousa Coutinho foi um fidalgo que viajou pelas Índias ocidentais e orientais, tendo sido feito prisioneiro por piratas e estado preso em Argel durante algum tempo. A partir de 1580 viveu na cidade espanhola de Valência, onde esteve ao serviço do Rei Filipe II. Regressado a Portugal, casou com D. Madalena de Vilhena, cujo marido - D. João de Portugal - desaparecera na fatídica batalha de Alcácer-Quibir. Desempenhou depois vários cargos, entre os quais capitão-mor de Almada. Após a morte da sua jovem filha D. Ana de Noronha, em 1613 tomou a decisão, juntamente com a sua esposa, de abraçar a vida religiosa, ingressando no convento dominicano de São Domingos de Benfica, enquanto a sua mulher ingressou no Convento do Sacramento também em Lisboa. Ao tornar-se frade, adoptou o nome de Frei Luís de Sousa, dedicando-se inteiramente à escrita e sendo considerado actualmente como um dos mais brilhantes autores de língua portuguesa.
Em 1844 Almeida Garrett dedicou-lhe o drama "Frei Luís de Sousa", uma das obras-primas do teatro português.
O Palácio Landal tem dois pisos com varandas e foi escolhido pelo Programa de Acção para a Regeneração Urbana de Santarém para uma intervenção de reabilitação e requalificação. Com essa intervenção pretende-se promover a paisagem urbana da cidade, mas também preservar uma memória histórica.
No centro histórico de Santarém está localizado o Palácio Landal, que foi edificado entre os finais do século XVII e o início do século XVIII, no local onde anteriormente existiu o solar quinhentista da Família Sousa Coutinho. Uma artística lápide de azulejo que está colocada na sua frontaria indica que em 1555 ali nasceu D. Manuel de Sousa Coutinho.
D. Manuel de Sousa Coutinho foi um fidalgo que viajou pelas Índias ocidentais e orientais, tendo sido feito prisioneiro por piratas e estado preso em Argel durante algum tempo. A partir de 1580 viveu na cidade espanhola de Valência, onde esteve ao serviço do Rei Filipe II. Regressado a Portugal, casou com D. Madalena de Vilhena, cujo marido - D. João de Portugal - desaparecera na fatídica batalha de Alcácer-Quibir. Desempenhou depois vários cargos, entre os quais capitão-mor de Almada. Após a morte da sua jovem filha D. Ana de Noronha, em 1613 tomou a decisão, juntamente com a sua esposa, de abraçar a vida religiosa, ingressando no convento dominicano de São Domingos de Benfica, enquanto a sua mulher ingressou no Convento do Sacramento também em Lisboa. Ao tornar-se frade, adoptou o nome de Frei Luís de Sousa, dedicando-se inteiramente à escrita e sendo considerado actualmente como um dos mais brilhantes autores de língua portuguesa.
Em 1844 Almeida Garrett dedicou-lhe o drama "Frei Luís de Sousa", uma das obras-primas do teatro português.
O Palácio Landal tem dois pisos com varandas e foi escolhido pelo Programa de Acção para a Regeneração Urbana de Santarém para uma intervenção de reabilitação e requalificação. Com essa intervenção pretende-se promover a paisagem urbana da cidade, mas também preservar uma memória histórica.
Há soluções para a economia portuguesa?
Nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai realizar-se no dia 30 de Setembro de 2011 uma conferência intitulada “Economia Portuguesa: uma Economia com Futuro”.
A conferência é organizada pela rede “Economia com Futuro”, uma rede de investigadores e professores de economia e de outras ciências sociais que procuram contribuir para a renovação do pensamento e discurso económicos, para o melhor conhecimento acerca da economia portuguesa e dos seus problemas e participar, em diálogo no espaço público, na descoberta de soluções com futuro.
Portugal passa por uma situação extremamente difícil. Tal como a Grécia e a Irlanda, mas também a Itália e a Espanha. A própria União Europeia, em particular a Zona Euro, corre risco de desagregação.
Que solução haverá para este problema, para além receita que está ser aplicada? Haverá saída para esta austeridade que privilegia a ditadura do mercado financeiro, o desrespeito pela ética, a insensibilidade perante as desigualdades e a pobreza, a secundarização do papel económico do Estado, o predomínio dos interesses financeiros sobre o conjunto da vida económica e da sociedade, a extensão injustificada das relações mercantis a domínios cada vez mais alargados da vida social, incluindo áreas tão sensíveis como a prestação de cuidados de saúde, a educação e a protecção na infância e na velhice?
A actualidade e a importância do tema, o prestígio académico dos conferencistas e o envolvimento institucional da Fundação Calouste Gulbenkian, justificam a nossa presença. O Álvaro e o arrogante doutor em economia que vive de muitos tachos, bem podiam ir lá para ouvir outras vozes e, talvez, aprender alguma coisa.
Nota: É necessária uma prévia inscrição em http://www.economiacomfuturo.org/pages/conferencia/inscricao.php
A conferência é organizada pela rede “Economia com Futuro”, uma rede de investigadores e professores de economia e de outras ciências sociais que procuram contribuir para a renovação do pensamento e discurso económicos, para o melhor conhecimento acerca da economia portuguesa e dos seus problemas e participar, em diálogo no espaço público, na descoberta de soluções com futuro.
Portugal passa por uma situação extremamente difícil. Tal como a Grécia e a Irlanda, mas também a Itália e a Espanha. A própria União Europeia, em particular a Zona Euro, corre risco de desagregação.
Que solução haverá para este problema, para além receita que está ser aplicada? Haverá saída para esta austeridade que privilegia a ditadura do mercado financeiro, o desrespeito pela ética, a insensibilidade perante as desigualdades e a pobreza, a secundarização do papel económico do Estado, o predomínio dos interesses financeiros sobre o conjunto da vida económica e da sociedade, a extensão injustificada das relações mercantis a domínios cada vez mais alargados da vida social, incluindo áreas tão sensíveis como a prestação de cuidados de saúde, a educação e a protecção na infância e na velhice?
A actualidade e a importância do tema, o prestígio académico dos conferencistas e o envolvimento institucional da Fundação Calouste Gulbenkian, justificam a nossa presença. O Álvaro e o arrogante doutor em economia que vive de muitos tachos, bem podiam ir lá para ouvir outras vozes e, talvez, aprender alguma coisa.
Nota: É necessária uma prévia inscrição em http://www.economiacomfuturo.org/pages/conferencia/inscricao.php
terça-feira, 13 de setembro de 2011
A Madeira é uma nau frágil e sem rumo
A edição de hoje do jornal Público anuncia que a dívida de cada madeirense é de 30 mil euros, o dobro da média de todo o país. Com uma população de cerca de 262.456 habitantes, a dívida da Madeira atinge actualmente cerca de 8 mil milhões de euros, correspondente a cerca de 30.480 euros per capita, enquanto a dívida directa do Estado português é de cerca de 16.090 euros per capita e, nos Açores, atinge cerca de 12.149 euros per capita.
A Madeira destaca-se, portanto, como a grande devedora nacional, pois gasta muito mais do que aquilo que pode, contrai empréstimos, endivida-se e agora não sabe como pagar.
O orçamento da Madeira é uma equação simples. As receitas são cerca de 680 milhões de euros por ano que correspondem à totalidade dos impostos cobrados na região, mais as transferências anuais superiores a 200 milhões de euros que recebe a título de custos de insularidade e do Fundo de Coesão, enquanto o Estado Português suporta as despesas da Justiça, Defesa e Segurança Social. Por vezes, para aliviar a região, houve reforços orçamentais e perdões de dívidas em contextos políticos de ameaça. Nada faltou à ilha e ao seu gerente, que fez despesa em excesso, se comportou à maneira grega e até teve tempo para se divertir no Carnaval.
Ao longo de mais de trinta anos de governos maioritários e estáveis, a Madeira construiu vias rápidas e túneis, criou um verdadeiro exército de funcionários públicos, distribuiu benesses, protegeu clientelas e promoveu um impressionante novo-riquismo. Sem outra indústria para além do turismo, sem agricultura e sem pescas, a Madeira está em crise e a braços com um elevado desemprego e um novo ciclo de emigração. Nenhuma região do país recebeu tanto dinheiro do exterior, mas persistem as desigualdades sociais, a pobreza, o analfabetismo e o abandono escolar. Há um responsável que tem sido o rosto deste iminente naufrágio desde há mais de trinta anos, por vontade dos madeirenses. É um verdadeiro tigre de papel, arrogante, malcriado e ameaçador. Nem sei se é competente. É a altura de lhe serem pedidas responsabilidades porque, cada vez mais, a Madeira é uma nau frágil e sem rumo.
A Madeira destaca-se, portanto, como a grande devedora nacional, pois gasta muito mais do que aquilo que pode, contrai empréstimos, endivida-se e agora não sabe como pagar.
O orçamento da Madeira é uma equação simples. As receitas são cerca de 680 milhões de euros por ano que correspondem à totalidade dos impostos cobrados na região, mais as transferências anuais superiores a 200 milhões de euros que recebe a título de custos de insularidade e do Fundo de Coesão, enquanto o Estado Português suporta as despesas da Justiça, Defesa e Segurança Social. Por vezes, para aliviar a região, houve reforços orçamentais e perdões de dívidas em contextos políticos de ameaça. Nada faltou à ilha e ao seu gerente, que fez despesa em excesso, se comportou à maneira grega e até teve tempo para se divertir no Carnaval.
Ao longo de mais de trinta anos de governos maioritários e estáveis, a Madeira construiu vias rápidas e túneis, criou um verdadeiro exército de funcionários públicos, distribuiu benesses, protegeu clientelas e promoveu um impressionante novo-riquismo. Sem outra indústria para além do turismo, sem agricultura e sem pescas, a Madeira está em crise e a braços com um elevado desemprego e um novo ciclo de emigração. Nenhuma região do país recebeu tanto dinheiro do exterior, mas persistem as desigualdades sociais, a pobreza, o analfabetismo e o abandono escolar. Há um responsável que tem sido o rosto deste iminente naufrágio desde há mais de trinta anos, por vontade dos madeirenses. É um verdadeiro tigre de papel, arrogante, malcriado e ameaçador. Nem sei se é competente. É a altura de lhe serem pedidas responsabilidades porque, cada vez mais, a Madeira é uma nau frágil e sem rumo.
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Crónica de uma tragédia anunciada
Há uma tragédia grega anunciada. A crise económica e social agudiza-se. Os protestos intensificam-se. O desemprego acentua-se. O desespero das famílias aumenta. No segundo trimestre deste ano o produto caiu 7,3% em relação ao mesmo período de 2010 e a dívida já atingiu 160% do produto. As metas acordadas com os credores estão por cumprir e os juros da dívida a um ano já ultrapassam os 100%. Os alemães endureceram o discurso e podem estar inclusivamente a preparar planos para reagir ao incumprimento grego, um cenário que os mercados já dão como praticamente certo.
O problema grego alastra. As bolsas mundiais afundam. O risco de bancarrota aumenta. O perigo de contágio é agora maior. A falência da Grécia ameaça arrastar Portugal para o abismo, porque a espiral da crise não poupa ninguém. A Espanha e a Itália estão cada vez mais envolvidas no problema das dívidas soberanas e os seus juros não param de aumentar. A França já está sob a mira dos mercados que a colocam muito próximo do olho do furacão da crise da dívida soberana.
Portugal parece que continua em banho-maria, aplicando uma austeridade não repartida e sem que se vejam as soluções que nos foram prometidas para a promoção do crescimento económico.
Num cenário de falência da Grécia, o sistema financeiro europeu entraria em colapso, sobretudo a banca francesa e alemã, que teriam que suportar prejuízos de 92 mil millhões de euros, enquanto a banca portuguesa perderia 1,6 mil milhões em dívida pública grega.
Sucedem-se declarações mais ou menos contraditórias que fazem aumentar a desconfiança. Paul Krugman diz que a turbulência na Europa já não é um problema de países pequenos como a Grécia e que o euro corre o risco de entrar em colapso. Trichet parece confiar. Merkel parece desconfiar. Barroso diz que, ao defender o euro, a Alemanha tem muito mais a ganhar do que a perder. Sarkozy esvaziou os cofres com os ataques à Líbia. Felipe Gonzalez diz que “a Europa está à beira do precipício”.
Eu acho que Gonzalez tem razão. Há mesmo uma tragédia anunciada.
O problema grego alastra. As bolsas mundiais afundam. O risco de bancarrota aumenta. O perigo de contágio é agora maior. A falência da Grécia ameaça arrastar Portugal para o abismo, porque a espiral da crise não poupa ninguém. A Espanha e a Itália estão cada vez mais envolvidas no problema das dívidas soberanas e os seus juros não param de aumentar. A França já está sob a mira dos mercados que a colocam muito próximo do olho do furacão da crise da dívida soberana.
Portugal parece que continua em banho-maria, aplicando uma austeridade não repartida e sem que se vejam as soluções que nos foram prometidas para a promoção do crescimento económico.
Num cenário de falência da Grécia, o sistema financeiro europeu entraria em colapso, sobretudo a banca francesa e alemã, que teriam que suportar prejuízos de 92 mil millhões de euros, enquanto a banca portuguesa perderia 1,6 mil milhões em dívida pública grega.
Sucedem-se declarações mais ou menos contraditórias que fazem aumentar a desconfiança. Paul Krugman diz que a turbulência na Europa já não é um problema de países pequenos como a Grécia e que o euro corre o risco de entrar em colapso. Trichet parece confiar. Merkel parece desconfiar. Barroso diz que, ao defender o euro, a Alemanha tem muito mais a ganhar do que a perder. Sarkozy esvaziou os cofres com os ataques à Líbia. Felipe Gonzalez diz que “a Europa está à beira do precipício”.
Eu acho que Gonzalez tem razão. Há mesmo uma tragédia anunciada.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
A festa do reencontro das famílias
A rápida evolução das sociedades contemporâneas tem originado uma grande transformação do tecido social e das estruturas familiares. Essa evolução está relacionada essencialmente com o desenvolvimento da economia, do mercado do trabalho e da oferta de emprego, com a escolaridade, com o progresso tecnológico e, de uma forma mais geral, com a globalização.
A grande família ou a família alargada do tempo dos nossos avós e de raiz biológica, perdeu a importância simbólica e patrimonial, sobretudo na segunda metade do século XX, quando as condições económicas impuseram a redução da natalidade, a dispersão residencial e até uma certa fragmentação cultural das famílias. Com as famílias dispersas, os antigos laços de solidariedade que antes caracterizavam a sua estrutura, foram substituídos por outro tipo de relações assentes em novas regras de vizinhança, de afinidade cultural, de interesse profissional ou outras. Por isso, muitas vezes se diz que “não escolhemos a família, mas escolhemos os amigos”, justificando dessa forma um novo conceito de família não biológica.
Neste quadro, um encontro familiar alargado é, cada vez mais, um acontecimento raro. No entanto, as telecomunicações e, mais recentemente, as redes sociais, estão a permitir um certo tipo de reencontro da família tradicional, embora numa lógica diversa da anterior. Acontece sobretudo em festas de casamento, de baptizado e de aniversário, quando se reencontram avós e netos, irmãos e cunhados, tios e sobrinhos e, naturalmente, muitos primos. Todos diferentes, por vezes falando línguas e linguagens diferentes, veiculando culturas e projectos distintos, embora todos unidos por um apelido, por algumas referências identitárias ou por longínquas memórias comuns.
Quase sempre à volta da mesa. Bem dispostos. Como convém.
É assim a moderna festa do reencontro das famílias.
sábado, 10 de setembro de 2011
Um justo prémio
A Fundação Champalimaud instituiu em 2007 o "Prémio de Visão António Champalimaud", a atribuir a instituições de qualquer país do mundo que se destaquem no combate às doenças que afectem a visão.
Este prémio é atribuído nos anos ímpares e é o maior na área da oftalmologia a nível mundial, tendo o valor de um milhão de euros. Em 2007 foi atribuído à Aravind Eye Care System (Índia), em 2009 ao Helen Keller International e, este ano, ao Programa Africano de Controlo da Oncocercose - African Programme for Onchocerciasis Control (APOC).
A escolha do APOC, que foi criada em 1995 no âmbito da Organização Mundial de Saúde, é o reconhecimento dos resultados já obtidos na prevenção, controlo e combate da oncocercose, uma doença parasitária conhecida como a “cegueira dos rios”, que já infectou mais de 18 milhões de pessoas e que é uma das principais causas de cegueira. Só em 2010, o APOC realizou 73 milhões de tratamentos, protegendo mais de 120 milhões de pessoas em risco, através de acções que envolveram 153 mil comunidades, em 19 países africanos, entre os quais Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Estas acções do APOC desenvolvem-se com o envolvimento das comunidades locais e de voluntários, em regiões muito isoladas e em áreas onde normalmente não existem profissionais de saúde.
O prémio homenageia todos os homens e mulheres que, anónima e diariamente, estão no terreno a prevenir e a combater a doença, ajudando quem mais precisa, mas é também um prémio que chama a atenção da comunidade internacional e de alguns países que preferem gastar o seu dinheiro em bombardeamentos.
É por isso, um justo prémio.
Este prémio é atribuído nos anos ímpares e é o maior na área da oftalmologia a nível mundial, tendo o valor de um milhão de euros. Em 2007 foi atribuído à Aravind Eye Care System (Índia), em 2009 ao Helen Keller International e, este ano, ao Programa Africano de Controlo da Oncocercose - African Programme for Onchocerciasis Control (APOC).
A escolha do APOC, que foi criada em 1995 no âmbito da Organização Mundial de Saúde, é o reconhecimento dos resultados já obtidos na prevenção, controlo e combate da oncocercose, uma doença parasitária conhecida como a “cegueira dos rios”, que já infectou mais de 18 milhões de pessoas e que é uma das principais causas de cegueira. Só em 2010, o APOC realizou 73 milhões de tratamentos, protegendo mais de 120 milhões de pessoas em risco, através de acções que envolveram 153 mil comunidades, em 19 países africanos, entre os quais Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Estas acções do APOC desenvolvem-se com o envolvimento das comunidades locais e de voluntários, em regiões muito isoladas e em áreas onde normalmente não existem profissionais de saúde.
O prémio homenageia todos os homens e mulheres que, anónima e diariamente, estão no terreno a prevenir e a combater a doença, ajudando quem mais precisa, mas é também um prémio que chama a atenção da comunidade internacional e de alguns países que preferem gastar o seu dinheiro em bombardeamentos.
É por isso, um justo prémio.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
September 11th 2001
Foi exactamente há dez anos que a televisão global nos mostrou a maior tragédia humana que até agora pudemos ver em directo: o ataque às Torres Gémeas de Nova York. Todos acompanhamos a violência das imagens que sucessivamente nos chegavam. Vimos os incêndios, os rolos de espesso fumo e o momento da grande derrocada. Imaginamos a angústia das pessoas encarceradas. Não sabíamos quantas eram, mas sabíamos que eram muitas. Soube-se depois: quase 3 mil mortos e mais de 6 mil feridos.
Nesse dia, de facto, todos fomos americanos.
Os Estados Unidos eram, então, a nação mais poderosa e mais próspera do mundo e vivia em paz. Com o ataque às Torres Gémeas o país sofreu um choque brutal, uma enorme dor e o seu orgulho nacional ficou ferido. Veio a resposta ao chamado “eixo do mal” e foram abertas duas guerras, primeiro no Iraque e, depois, no Afeganistão.
As guerras são caras e foi necessário um desvio colossal de recursos para as suportar. A dívida americana aumentou e tornou-se a maior ameaça à segurança nacional do país. O défice orçamental tornou-se gigantesco. O sistema financeiro e a economia estão a viver tempos difíceis. O poder e a prosperidade americanas estão muito ameaçadas. Entretanto, a Europa foi contagiada, ao mesmo tempo que o dragão chinês e o produto “made in China” consolidaram a sua presença no mundo.
A evocação do 11 de Setembro está a ser feita em todo o mundo por jornais e televisões. Na realidade foi uma data histórica para os Estados Unidos e para o mundo. O actual poderio da superpotência já não é o que era. Tudo mudou e nada ficou como dantes, depois da manhã de 11 de Setembro de 2001.
Nesse dia, de facto, todos fomos americanos.
Os Estados Unidos eram, então, a nação mais poderosa e mais próspera do mundo e vivia em paz. Com o ataque às Torres Gémeas o país sofreu um choque brutal, uma enorme dor e o seu orgulho nacional ficou ferido. Veio a resposta ao chamado “eixo do mal” e foram abertas duas guerras, primeiro no Iraque e, depois, no Afeganistão.
As guerras são caras e foi necessário um desvio colossal de recursos para as suportar. A dívida americana aumentou e tornou-se a maior ameaça à segurança nacional do país. O défice orçamental tornou-se gigantesco. O sistema financeiro e a economia estão a viver tempos difíceis. O poder e a prosperidade americanas estão muito ameaçadas. Entretanto, a Europa foi contagiada, ao mesmo tempo que o dragão chinês e o produto “made in China” consolidaram a sua presença no mundo.
A evocação do 11 de Setembro está a ser feita em todo o mundo por jornais e televisões. Na realidade foi uma data histórica para os Estados Unidos e para o mundo. O actual poderio da superpotência já não é o que era. Tudo mudou e nada ficou como dantes, depois da manhã de 11 de Setembro de 2001.
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