segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A festa do reencontro das famílias

A rápida evolução das sociedades contemporâneas tem originado uma grande transformação do tecido social e das estruturas familiares. Essa evolução está relacionada essencialmente com o desenvolvimento da economia, do mercado do trabalho e da oferta de emprego, com a escolaridade, com o progresso tecnológico e, de uma forma mais geral, com a globalização.
A grande família ou a família alargada do tempo dos nossos avós e de raiz biológica, perdeu a importância simbólica e patrimonial, sobretudo na segunda metade do século XX, quando as condições económicas impuseram a redução da natalidade, a dispersão residencial e até uma certa fragmentação cultural das famílias. Com as famílias dispersas, os antigos laços de solidariedade que antes caracterizavam a sua estrutura, foram substituídos por outro tipo de relações assentes em novas regras de vizinhança, de afinidade cultural, de interesse profissional ou outras. Por isso, muitas vezes se diz que “não escolhemos a família, mas escolhemos os amigos”, justificando dessa forma um novo conceito de família não biológica.
Neste quadro, um encontro familiar alargado é, cada vez mais, um acontecimento raro. No entanto, as telecomunicações e, mais recentemente, as redes sociais, estão a permitir um certo tipo de reencontro da família tradicional, embora numa lógica diversa da anterior. Acontece sobretudo em festas de casamento, de baptizado e de aniversário, quando se reencontram avós e netos, irmãos e cunhados, tios e sobrinhos e, naturalmente, muitos primos. Todos diferentes, por vezes falando línguas e linguagens diferentes, veiculando culturas e projectos distintos, embora todos unidos por um apelido, por algumas referências identitárias ou por longínquas memórias comuns.
Quase sempre à volta da mesa. Bem dispostos. Como convém.
É assim a moderna festa do reencontro das famílias.

1 comentário:

  1. Que grande exaltação do momento. Efectivamente, reflectindo bem, estas reuniões retiram-nos do cinzentismo do dia a dia, projectando-nos para o que mais interessa.
    Bem hajam.
    JP

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