quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

DT e a ideia da Riviera do Médio Oriente

Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos a que os americanos chamam Don, é aqui referenciado pelas suas iniciais DT que, obviamente, não significam qualquer coisa como Doente Total, Deliquente Tarado, ou Doido Tirano.
O facto é que depois de provocar o Canadá, de ameaçar o Panamá e de fazer um assédio à soberania da Gronelândia, o DT veio agora manifestar-se a respeito de Gaza e, segundo hoje anuncia o New York Post, veio declarar que “we’ll take over Gaza”, ou “vamos tomar Gaza”, o que significa a expulsão de dois milhões de palestinianos e fazer daquela faixa mediterrânica a Riviera do Médio Oriente. A declaração do DT não é apenas uma declaração infeliz e desastrada em relação ao Direito Internacional e a todas as Resoluções das Nações Unidas, mas é também um perigoso caso de regresso a uma lei da selva, à violação de direitos humanos, à punição colectiva de um povo e a um caso de autêntica limpeza étnica. Ao lado do DT, estava o tirano Benjamin Netanyahu, que o TPI considera criminoso de guerra e que é o maior responsável pela destruição da Faixa de Gaza. 
Vários países já rejeitaram esta provocação do DT e qualquer violação dos direitos legítimos do povo palestiniano, assim acontecendo, para já, com a Arábia Saudita, Alemanha, Reino Unido, França, Rússia, Turquia, China e Brasil. O repúdio é geral. Entretanto, como tem acontecido nos últimos anos, tanto a União Europeia de Ursula von der Leyen e António Costa, como a República Portuguesa, estão calados, o que é um caso de cobardia, de cumplicidade e de submissão à política americana.

Os 40 anos de idade de Cristiano Ronaldo

O futebolista Cristiano Ronaldo nasceu em 1985 na cidade do Funchal e perfaz hoje 40 anos de idade pelo que, nas suas edições de hoje, os jornais desportivos portugueses o felicitam e lhe dedicam as suas primeiras páginas. O seu estatuto de mais internacional dos futebolistas portugueses, com 217 jogos e 135 golos pela selecção nacional, bem com os 923 golos que já marcou em toda a sua carreira, justifica essa homenagem.
Cristiano Ronaldo é, talvez, o mais famoso futebolista da história do futebol mundial e é, certamente, o português com mais notoriedade na nossa aldeia global e, muitas vezes, é mais conhecido ou tem mais notoriedade do que o seu próprio país. Jogou e foi idolatrado no Sporting, no Manchester United, no Real Madrid e na Juventus. Agora joga no Al Nassr da Arábia Saudita e continua a marcar golos, com a ambição de ainda jogar o Mundial de 2026 e de atingir a marca dos mil golos. Ganhou cinco vezes a Liga dos Campeões e foi campeão europeu em 2016, mas os troféus e os prémios conquistados são tantos que a sua enumeração não cabe neste apontamento.
Na sua ilha da Madeira deram o seu nome ao aeroporto e foi na sua cidade do Funchal que criou o museu onde estão depositados os seus troféus, mas não será certamente na sua cidade que desenvolverá a carreira de empresário internacional que todos lhe adivinham.
Por ocasião do seu 40º aniversário, alguma imprensa desportiva internacional não esteve desatenta e também felicitou Cristiano Ronaldo, caso do diário francês L’Équipe, que na sua edição de hoje salienta o seu enorme presígio internacional. 
E, naturalmente, também aqui deixamos as nossas felicitações ao CR7.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Andebol, um enorme orgulho desportivo

Terminou ontem em Bærum, nos arredores de Oslo, o 2025 IHF World Men's Handball Championship, ou o 29º Campeonato do Mundo de Andebol. A campeã foi a equipa da Dinamarca que na final derrotou a equipa da Croácia e se tornou tetracampeã do mundo, pois já triunfara em 2019, 2021 e 2023. No jogo para a disputa do 3º lugar, a França bateu Portugal por 35-34, o que significa que a equipa portuguesa teve um desempenho notável e conquistou o 4º lugar no Campeonato do Mundo, uma classificação absolutamente inédita no historial do andebol português e muito rara no nosso panorama desportivo.
Estiveram 32 equipas em competição e a equipa portuguesa obteve cinco vitórias (Estados Unidos, Brasil, Chile, Noruega e Espanha), um empate (Suécia) e duas derrotas (Dinamarca e França), mas estas duas equipas fazem parte da elite mundial do andebol, tendo a França sido campeã por seis vezes e a Dinamarca por quatro vezes, ou seja, a selecção portuguesa perdeu com "os tubarões".
A participação portuguesa foi realmente brilhante e para os desportistas portugueses foi mesmo inesquecível, destacando-se ainda que, entre os sete elementos da equipa ideal do mundo, foram eleitos dois jogadores portugueses. Para além do 4º lugar de Portugal há que destacar a classificação do Brasil (7º) e de Cabo Verde (23º), países que fazem parte da “Irmandade Lusófona”.
Nenhum jornal português, desportivo ou generalista, destacou devidamente o resultado da selecção nacional de andebol, tendo os jornais desportivos optado por tratar nas suas manchetes as vitórias futebolísticas do Benfica contra o Amadora e do Sporting contra o Farense. Uma tristeza. Um jornalismo panfletário. Um anti-jornalismo. Melhor andou o Večernji list que se publica em Zagreb e que, na sua edição de hoje, homenageia com orgulho os andebolistas croatas - os seus heróis de prata - que se classificaram em 2º lugar no 29º Campeonato do Mundo de Andebol.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Trump e o interesse económico americano

Na sequência das suas ameaças pré-eleitorais, Donald Trump deu início à sua anunciada guerra comercial, impondo tarifas aduaneiras de 25% aos produtos importados do Canadá e do México e uma taxa adicional de 10% aos produtos importados da China porque, segundo afirmou, “temos de proteger os americanos”. Além das razões económicas,  Donald Trump acusa esses países de serem responsáveis pela droga que entra nos Estados Unidos e que causa a morte a muitos americanos. Os governos canadiano e mexicano já reagiram e afirmaram que iriam responder, tendo o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau anunciado, de imediato, que iriam ser aumentadas as tarifas aduaneiras sobre os 155 mil milhões de dólares em produtos que o Canadá importa dos Estados Unidos.
Entretanto, o jornal Toronto Sun anunciava na sua edição de ontem – prepare-se para a confusão – ilustrando a guerra comercial que Donald Trump anunciou, com a imagem dos punhos de um boxeador canadiano e de um boxeador americano.
Sobre este assunto, o economista americano Paul Krugman, prémio Nobel da Economia em 2008, comentou que “Trump está a ser brando com a China e duro para com o Canadá” e pergunta se estas decisões são em nome do “interesse nacional” ou em nome do “interesse pessoal”, porque está a impor tarifas duras a um aliado que “nada fez de errado”, enquanto trata “com luvas de pelica” um rival económico e potencial inimigo militar.
Entretanto, Donald Trump também anunciou que pretende impor tarifas aduaneiras à União Europeia no futuro próximo. Está visto, portanto, que o MAGA (Make America Great Again) assenta na defesa dos interesses económicos dos Estados Unidos, incluindo naturalmente, as vendas dos sectores da defesa e do armamento, que o Mark Rutte veio tão descarada e grosseiramente impingir a Portugal, como se o nosso país não fosse um estado soberano.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

As festividades do Ano Novo Lunar

As comunidades asiáticas de todo o nundo começaram ontem a celebrar o Ano Novo Lunar que, segundo o zodíaco chinês, é o Ano da Serpente.
O calendário lunar é diferente do calendário gregoriano ou solar, que começa no dia 1 de Janeiro, enquanto o Ano Novo Lunar não tem uma data fixa e pode acontecer entre o final de Janeiro e meados de Fevereiro, dependendo das fases da Lua. Assim, enquanto o ano solar se baseia na órbita da Terra à volta do Sol e tem 365 ou 366 dias, o ano lunar, que inclui doze meses lunares, baseia-se no tempo que a Lua demora a passar as suas quatro fases e totaliza cerca de 354 ou 355 dias.
O Ano Novo Lunar, celebrado em várias culturas orientais, é uma época de renovação e de reflexão, sendo uma festividade que é caracterizada por rituais, tradições e actividades que duram vários dias, simbolizando prosperidade e reunião familiar. Além disso, o Ano Novo Lunar está ligado aos animais do zodíaco chinês e cada ano é representado por um animal identificado com os doze signos chineses. Na mitologia chinesa, mas também coreana e vietnamita, cada animal simboliza características específicas, trazendo diferentes energias à vida e, neste ano de 2025, o animal regente será a serpente, que entendem representar a intuição, a sabedoria e a astúcia.
Naturalmente, o Ano Novo Lunar é festejado em Macau como assinalava a edição de ontem do jornal macaense hojemacau, mas também é festejado em Lisboa onde se encontram as típicas decorações chinesas na via pública, nas lojas e nos restaurantes.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Carlos III rejeita nome de novo submarino

Está em construção nos estaleiros ingleses de Barrow-in-Furness o sétimo submarino nuclear da classe Astute, que se destina à Royal Navy e que se espera entrar ao serviço em finais de 2026. A ordem para a construção desta última unidade da classe Astute foi dada em 2018 e em Maio desse ano foi iniciada a sua construção, mas o seu nome já foi alterado duas vezes, pois antes chamou-se Ajax e, depois, foi baptizado como Agincourt
Porém, como hoje informa o jornal Daily Express, o rei Carlos III interveio recentemente para anular o nome original do submarino, cujo nome tinha recebido luz verde da Rainha Isabel em 2018, pelo que o governo britânico anunciou que o submarino seria rebaptizado como HMS Achilles, supostamente para evitar ofender ou incomodar os franceses.
Agincourt ou Azincourt foi uma batalha decisiva travada no norte da França em 1415, durante a Guerra dos Cem Anos, na qual os ingleses de Henrique V bateram o exército francês que era numericamente muito superior. Os ingleses sempre deram um grande valor simbólico a esta vitória que na época humilhou a França, que era o seu maior rival, até porque o seu rei Henrique V terá comandado pessoalmente as suas tropas e terá participado em combates corpo-a-corpo.
Agincourt antecipou em cerca de 400 anos outra importante vitória inglesa sobre os franceses de Napoleão, acontecida em 1815 nos campos de Waterloo. Apesar do rei Carlos III ter sido criticado pelos Conservadores, o governo trabalhista de Keir Starmer atendeu aos seus pedidos em nome das relações de boa vizinhança com os franceses.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

A emoção do regresso palestiniano a Gaza

Todos os grandes jornais internacionais publicaram hoje, com grande destaque, a fotografia de milhares de palestinianos regressando à sua terra de Gaza, o que só foi possível com o acordo de cessar-fogo entre o Hamas e Israel. A fotografia fala por si própria e mostra como perante um cenário de destruição deixado pela brutalidade da guerra, os palestinianos querem regressar a casa e ao seu “chão”, para reconstruir as suas casas e começar uma nova vida. Ao mesmo tempo, as imagens televisivas mostraram a emoção e até a alegria do regresso a casa dos martirizados palestinianos.
Cerca de 46.000 palestinianos foram mortos durante os 15 meses em que as forças israelitas massacraram Gaza e os seus habitantes, numa operação de vingança, injusta e injustificada, que excedeu largamente o seu direito de se defender que tão repetidamente invocaram, mas que esteve em clara violação dos direitos humanos e da moral internacional. No entanto, este cessar-fogo que entrou em vigor há nove dias é temporário e o ditador Netanyahu, nem procurará pretextos para recomeçar a sua fúria genocida, até porque agora tem o apoio de Donald Trump, que até já anunciou que os palestinianos têm que abandonar Gaza e ir para a Jordânia e para o Egipto.
Apesar deste cessar-fogo são muito limitadas as esperanças de paz naquela região, ou da formação de dois estados como foi decidido há muitos anos pelas Nações Unidas. Os palestinianos estão sem apoios políticos, designadamente da Europa, que continua a mostrar uma evidente cumplicidade com Israel. 
Pode ser que ao verem as imagens da capa do The Washington Post e de outros grandes jornais internacionais, os europeus com voz, como por exemplo Ursula van der Leyen, António Costa, Kaja Kallas, Emmanuel Macron, Olaf Scholz ou Keir Starmer, possam condenar a crueldade israelita e defender a dignidade palestiniana.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O Donald e a Europa em risco de colisão?

A chegada de Donald Trump à Casa Branca está a provocar mudanças internas a que alguém já chamou uma revolução, pois algumas das suas ordens executivas são realmente demolidoras, como se pode observar na dureza com que está a ser feito o repatriamento de imigrantes ilegais para os países da América do Sul, ou na ideia de levar os palestinianos a abandonar a sua terra e de os levar para o Egipto e para a Jordânia.
Porém, os sinais em relação à Europa ainda estão pouco claros, talvez porque Donald Trump ande a tentar cumprir, mesmo com atraso, a sua promessa de acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas. Por isso, poucos avançam previsões quanto à forma como Donald Trump se vai relacionar com a Europa, pois nem sequer se sabe se ele vai respeitar as instituições e as tradições europeias, ou se vai assumir posturas imperiais.
Para além do que de ameaçador disse na campanha eleitoral, Trump falou em Davos na reunião anual do World Economic Forum e o que disse “gelou o sangue dos reponsáveis europeus presentes”, segundo escreveu a jornalista Teresa de Sousa. Defendendo o seu “make america great again”, Trump tratou de desafiar os empresários europeus a investir na America, sem condicionalismos ambientais e com leis laborais mais amigas do capital, afirmando que “não haverá melhor lugar na Terra para criar empregos, construir fábricas ou expandir uma empresa do que aqui nos bons e velhos Estados Unidos”. 
Na sua última edição o jornal católico francês La Croix analisa a forma como “a Europa se prepara para o choque Trump” e, destaca em primeira página, uma sugestiva ilustração que representa o “pêndulo Europa” e o “pêndulo Trump”, balançando sem sintonia e em risco de colisão. 
Úm bom exemplo a mostrar que uma imagem vale mais que mil palavras

O mundo não pode esquecer Auschwitz

No dia 27 de Janeiro de 1945, na sua caminhada em direcção a Berlim, o exército russo forçou as portas do campo de extermínio de Auschwitz, localizado a sul do território polaco, onde muitos milhares de seres humanos encontraram a morte e libertou alguns dos condenados que ali se encontravam. Hoje celebram-se 80 anos sobre esse dia libertador e o mundo vive alarmado pela ameaça de novos auschwitzes, embora com características muito diferentes. Auschwitz, ou Auschwitz-Birkenau, foi um campo de extermínio e tornou-se um dos maiores símbolos do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreu naquele local entre 1940 e 1945, juntamente com mais de 100 mil não judeus. Auschwitz foi criado em 1940 por ordem de Heinrich Himmler como campo de concentração e para ali passaram a convergir comboios provenientes da Europa ocupada pelos nazis, com destino às câmaras de gás daquele campo. Não se sabe exactamente quantas pessoas morreram em Auschwitz, mas os números oscilam entre um e três milhôes, que foram executados nas câmaras de gás, mas também devido à fome, doenças infecciosas, trabalhos forçados, execuções individuais ou experiências médicas.

O dia 27 de Janeiro foi oficialmente proclamado como o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, para assinalar e comemorar a libertação daquele campo de concentração e extermínio. Actualmente, o campo e as câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau são visitáveis e o “campo de concentração e extermínio nazi alemão de 1940-1945”, foi classificado em 1979 como Património da Humanidade pela Unesco. Hoje, alguns jornais como o Libération, evocaram o 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, que foi assinalado com uma cerimónia oficial que contou com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais. O mundo não pode esquecer Auschwitz

domingo, 26 de janeiro de 2025

Pergunta-se: se puede frenar a Trump?

A tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos deveria ter sido um acto de muita solenidade na presença de todos os anteriores presidentes, mas foi uma lamentável sessão de propaganda, uma provocação e um acto de humilhação para com Joe Biden, que a tudo assistiu sem pestanejar.
Depois, ainda na linha da sua peculiar propaganda, tratou de assinar várias ordens executivas mais ou menos polémicas, muitas delas a revogar as políticas de Joe Biden, mas também a conceder o perdão a mais de 1500 presos por invasão do Capitólio, a declarar a situação de emergência na fronteira com o México, a anunciar a retirada da Organização Mundial de Saúde e a declarar a saída do Acordo de Paris de 2015, cujo objectivo é a redução das emissões de gases que causam o efeito de estufa.
Menos de uma semana após a sua tomada de posse, o novo presidente dos Estados Unidos parece decidido a levar por diante todas as suas promessas e ameaças eleitorais, sobretudo no que respeita às deportações em massa de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, mas também em relação aos seus apetites imperialistas no Panamá e na Gronelândia.
Porém, este autoritarismo presidencial já está a suscitar reacções, tanto interna como internacionalmente. Um juiz federal bloqueou a ordem executiva de Trump que extinguia o direito à cidadania americana dos filhos dos imigrantes nascidos no país. Externamente, alguns líderes já denunciaram a arrogância de Donald Trump e, tanto quanto sabemos, “não se calaram” perante os seus discursos. O facto é que Donald Trump e as suas decisões são um dos assuntos do momento e a edição de hoje do jornal elPeriódico, que se publica em Barcelona, pergunta mesmo “se puede frenar a Trump”.
Esta é, provavelmente, a maior dúvida que o mundo actualmente tem.

sábado, 25 de janeiro de 2025

Braga, a Capital Portuguesa da Cultura

A mais recente edição do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias dedica vários textos subscritos por especialistas e que ocupam várias páginas, à cidade minhota de Braga que é, neste ano de 2025, a Capital Portuguesa da Cultura.
Braga é uma cidade moderna mas que tem uma história com mais de 2000 anos, na qual a cultura está bem presente no seu vasto e variado património arquitectónico, nas suas tradições, nas suas festas e romarias e, também, na multiplicidade de manifestações culturais que acontecem na cidade e na região.
Foi hoje que a iniciativa Braga 2025 iniciou o seu percurso como gestora, durante um ano, das iniciativas específicas da capital portuguesa da cultura. A respectiva organização, centrada na Câmara Municipal, tem promovido o evento no sentido de atrair visitantes â cidade e à região minhota, sugerindo aos bracarenses: “Abre a tua porta e deixa entrar. Deixa entrar a festa, deixa entrar os sons, os ritmos e os tons, e quem vier visitar”.
A cidade merece ser visitada pois possui um rico património arquitectónico, em que se destaca a Sé de Braga, com raízes no século XI. Porém, quando o Santuário do Bom Jesus recebeu em 2019 a classificação de Património Cultural Mundial da Unesco, a chamada “cidade dos arcebispos” passou a ter um ícone que lhe assegura um estatuto cultural ainda mais elevado. Para além da oferta de património, a Capital Portuguesa da Cultura vai incluir outras atracções como a Semana Santa, as festividades do São João, os festivais de Verão, o folclore e as romarias, os concertos eruditos e populares, as exposições, as iniciativas literárias e um programa cultural intenso, como refere o programa “Braga soa a Cultura”.
E porque mais cultura gera mais qualidade de vida, também a cidade e o seu território se tornam mais atractivos, criando mais riqueza e mais emprego, isto é, mais progresso. É pois uma boa altura para visitar Braga.

Andebol português a brilhar como nunca

A vitória sobre a selecção espanhola por 35-29 alcançada ontem em Oslo e a passagem aos quartos-de-final do 29º Campeonato do Mundo de Andebol, ou 2025 IHF World Men’s Handball Championship, é um acontecimento notável no panorama desportivo português! O jornal A Bola esqueceu por um dia o futebol e as futebolices que vegetam agregadas a esse belo especáculo desportivo, tratando de destacar na sua primeira página as fotografias de alguns jogadores da equipa nacional de andebol e escolhendo como manchete a frase “assim se faz história”.
Primeiro decorreu o Preliminary round e a equipa portuguesa defrontou os Estados Unidos (30-21), o Brasil (30-26) e a Noruega (31-28), conseguindo três vitórias. Está em curso o Main round e os adversários foram a Suécia (37-37) e a Espanha (35-29), faltando ainda o jogo com o Chile, com a curiosidade da Suécia já ter vencido o Campeonato do Mundo quatro vezes e a Espanha duas vezes.
Nunca o andebol português tinha chegado tão longe! 
A RTP está a cumprir a sua obrigação de serviço público e tem transmitido em directo estes jogos que realmente entusiasmam e que são um motivo de satisfação e até de orgulho para os desportistas portugueses.
Está garantido, portanto, que Portugal vai terminar o 29º Campeonato do Mundo nos oito primeiros lugares da classificação final, o que é inédito e constituirá (ou já constitui) um dos mais brilhantes resultados do desporto português.  
O meu mais entusiástico aplauso a esta equipa e a estes atletas!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Macau regista forte procura turística

O ano de 2024 foi um excelente ano para o turismo em Portugal, que recebeu um número recorde de 30 milhões de turistas estrangeiros, que geraram receitas superiores a 27 mil milhões de euros. Alguém escreveu que foi “um marco impressionante” e, de facto, é impressionante ver tantos turistas em Portugal, com todos os benefícios e malefícios que essa realidade nos traz. Ocorre-nos a “Miscelânea” que Garcia de Resende escreveu em 1554, na qual em poema diz: “Vemos no reino meter tantos cativos crescer e irem-se os naturais, que se assim for serão mais eles que nós a meu ver".
Estas notas são aqui evocadas a propósito da notícia da edição de hoje do jornal macaense ponto final que nos informa que “em 2024 entraram em Macau 34,9 milhões de visitantes, o que revela um crescimento de 23,8% face a 2023”, começando a aproximar-se dos 39 milhões de visitantes registados em 2019, antes das restrições pandémicas. Esses visitantes chegaram por terra (27,7 milhões), por via marítima (4 milhões) e por via aérea (3 milhões), destacando-se o número de visitantes do interior da China que foi de cerca de 24,5 milhões, enquanto o número de visitantes internacionais foi de cerca de 2,4 milhões.
O território de Macau tem cerca de 33 km2 de superfície e uma população residente da ordem das 700 mil pessoas, pelo que é espantoso como sendo tão pequeno recebe tanta gente, o que parece mostrar que o seu modo de vida e a herança cultural portuguesa fazem a diferença naquela região e atraem visitantes de todo o mundo. Significativamente, a capa do ponto final mostra as ruinas de S. Paulo e a fachada da antiga igreja da Madre de Deus, ex-libris do território, que estão incluídas no centro histórico de Macau, que é classificado pela Unesco.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

God save the world!

O cidadão Donald John Trump tornou-se ontem no 47º presidente dos Estados Unidos ou da mais poderosa nação do mundo e, no nosso planeta, nenhum outro ser humano tem tanto poder como ele. Por isso e naturalmente, os jornais publicados no mundo ocuparam as suas primeiras páginas com a notícia da tomada de posse de Donald Trump e com fotografias do homem que regressa à Casa Branca onde morou entre 2017 e 2021. 
As manchetes alusivas ao acontecimento, tanto nos jornais dos Estados Unidos como nos jornais estrangeiros, repetiam-se e insistiam na ideia de mudança que fora anunciada ou prometida durante a campanha eleitoral. Frases como “Trump era begins”, “Trump regains power”, “Trump back in power”, “Golden age starts now”, “America’s decline is over”, “New chapter”, “A tide of change” ou “The torch is passed”, foram, provavelmente, as mais repetidas pela imprensa, mas também houve jornais que escolheram a declaração “I was saved by God to make America great again”.
Foram muito raros os jornais que mostraram preocupação quanto ao futuro e quanto às ameaças e às promessas de Donald Trump. Porém, de todas as muitas dezenas de manchetes que tive a oportunidade de ler, a mais eloquente e criativa será, porventura, a que foi publicada hoje pelo ara, um jornal diário que se publica em Barcelona, que é inteiramente escrito em catalão, mas que escolheu para manchete uma frase em inglês: God save the world.
Esta frase reflecte uma ideia que poucos jornais assumiram neste dia e que é realmente muito ajustada à situação que o próprio presidente dos Estados Unidos anunciou e que está a alarmar muita gente.
A frase “Make America great again” é um desafio para Trump e uma ameaça para o mundo.

domingo, 19 de janeiro de 2025

O “imperador” Trump e a era da incerteza

A tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos da América vai acontecer amanhã em Washington e essa notícia começa a ocupar as primeiras páginas dos jornais mundiais, que publicam crónicas e fotografias sobre Donald Trump, a sua personalidade, as suas ideias e os seus projectos.
Com 78 anos de idade, o republicano Donald Trump foi o mais velho político a ganhar uma eleição presidencial americana e deverá cumprir o seu mandato até aos 82 anos de idade, mas a sua idade, a sua truculência, as suas ideias e as suas relações pessoais com alguns líderes mundiais preocupam muita gente, dentro e fora da América.
A revista alemã Der Spiegel, que se publica em Hamburgo, escreve que Donald Trump regressa à Casa Branca “mais poderoso e determinado do que nunca” e classifica-o como “o imperador”, acrescentando que a partir de amanhã viveremos no “mundo Trump”, envolvidos “pelo imperialismo, o autoritarismo e o egoísmo de Donald Trump”, que vai ser investido como o 47º presidente dos Estados Unidos.
Donald Trump tem vontade e poder para mudar o mundo, como têm mostrado as suas declarações dos últimos meses, mas as sondagens dizem que os europeus estão muito pessimistas em relação à forma como ele quer moldar a futura ordem mundial, não só em relação ao Médio Oriente e à Ucrânia, mas também quanto às reivindicações chinesas sobre Taiwan, ou as suas ameaças sobre a Gronelândia e o canal do Panamá.
Com Donald Trump na Casa Branca os próximos tempos vão ser de grande incerteza para o mundo e é caso para dizer que “prognósticos só no fim do jogo”.

sábado, 18 de janeiro de 2025

O terrível custo de 466 dias de conflito

Depois de muitos meses de guerra conduzida pelo governo de Benjamin Netanyahu e pelas Forças de Defesa de Israel contra o Hamas, parece que o cessar-fogo vai finalmente acontecer em Gaza a partir de amanhã. Atento à importância desse facto, o jornal britânico The Independent escolheu como primeira página da sua edição de ontem o balanço do “terrível custo de 466 dias de conflito”. 
Os números apresentados são arrasadores e mostram a dimensão da tragédia que aconteceu na estreita faixa de território que é Gaza, onde os condenáveis actos terroristas que o Hamas realizou no dia 7 de Outubro de 2022, tiveram uma resposta israelita que se revelou desproporcionada, cruel e atentatória do respeito pela dignidade humana, perante a indiferença ou até a conivência dos líderes dos Estados Unidos e da União Europeia. 
A punição imposta ao Hamas foi severa e estendeu-se a todo o povo palestiniano, tendo havido muitas vozes a classificar a acção israelita como um caso de genocídio. 
O jornal The Independent anuncia que aos 1.205 mortos no ataque de 7 de Outubro, incluindo os reféns mortos em cativeiro, os israelitas responderam com 46.788 palestinianos mortos e pelo menos 110.453 feridos; que 1,9 milhões de moradores de Gaza, correspondentes a 85% da população, foram forçados a abandonar as suas casas; que 69% dos edifícios foram destruidos ou danificados; que 345.000 palestinianos enfrentam “catastrophic hunger”; que 371 trabalhadores humanitários foram mortos em Gaza durante os 466 dias de conflito. 
Foi um “terrible cost” e ninguém está seguro de que a paz regresse àquela região, que as Nações Unidas decidiram em 1948 dever ser partilhada entre dois estados: um Estado árabe e um Estado judaico.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Tempos muito difíceis para Moçambique!

Moçambique é um país da costa oriental africana com fortes relações históricas e emocionais com Portugal, sendo governado pela Frelimo desde que o país conquistou a sua independência em 1975, mas o que se passa em Moçambique interessa aos portugueses no plano simbólico e no campo dos afectos.
No passado dia 9 de Outubro de 2024 realizaram-se as eleições presidenciais, em simultâneo com a eleição dos 250 deputados para a Assembleia da República e com a eleição dos membros das dez assembleias provinciais. No dia 16 de Outubro os relatórios preliminares mostravam que Daniel Chapo, um professor de Direito que foi o candidato da Frelimo, liderava a contagem dos votos. No dia 24, a Comissão Nacional de Eleições anunciou que Chapo vencera as eleições com 71% dos votos, que ganhara todas as eleições provinciais e que conquistara 195 dos 250 lugares de deputados. Vivendo o país em crise económica e com o desgaste de quase meio século de poder da Frelimo, aqueles resultados foram de imediato contestados pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) e pelo seu líder Venâncio Mondlane, que afirmaram que houve fraude eleitoral. 
Mondlane declarou-se vencedor e, poucos dias depois, eclodiram tumultos e muita violência por todo o território moçambicano, contestando os resultados eleitorais. Os confrontos entre a polícia e os manifestantes já provocaram quase três centenas de mortos e mais de cinco mil pessoas baleadas, segundo foi divulgado por diversas organizações não governamentais.
Apesar da contestação, Daniel Chapo foi investido como presidente de Moçambique no dia 15 de Janeiro, conforme noticiou o jornal O País que se publica no Maputo.
Porém, Mondlane não desiste e tem convocado manifestações em que a palavra de ordem é “matar um polícia por cada manifestante morto”, ou “dente por dente, olho por olho”, significando a vontade de continuar a contestação com violência e vingança.
Tempos muito difíceis para Moçambique!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Bravo a Charlie Dalin, o ultra marinheiro

O primeiro concorrente da 10ª da Vendée Globe 2024 chegou ontem a Les Sables-d’Olonne e, tendo partido no dia 10 de Novembro, terminou ontem a sua volta ao mundo em solitário em 64 dias, 19 horas, 22 minutos e 49 segundos. Chama-se Charlie Dalin, é um velejador francês de 40 anos de idade, natural da cidade de Le Havre, que pulverizou o record desta prova ao terminá-la com menos 9 dias que o anterior record.
Na sua edição de hoje o jornal desportivo L’Équipe chama-lhe com muita propriedade o Ultra MarinDos 40 concorrentes que iniciaram a prova em Les Sables-d’Olonne até agora apenas se verificaram seis abandonos, mas enquanto o vencedor já chegou ao fim, há seis concorrentes que ainda não passaram o cabo Horn, havendo 27 veleiros que navegam no Atlântico em direcção à meta. Nesta altura em que Charlie Dalin se afirma “o homem mais feliz do mundo” e festeja o seu sucesso por ter percorrido em solitário cerca de 27.667 milhas à volta do mundo no Macif Santé Prévoyance à fantástica média de 17,8 nós, o segundo classificado que é Paprec Arkéa de Yoan Richomme aproxima-se da meta. Na 8ª posição e a cerca de 2800 milhas da meta navega a velejadora suiça Justine Mettraux, que é a concorrente feminina melhor classificada.
Les Sables-d’Olonne está em festa pelo enorme sucesso desportivo e social desta prova, em que Charlie Dalin bateu o anterior record de 74 dias, 3 horas e 36 minutos. Ele é mesmo um ultra marinheiro!

domingo, 12 de janeiro de 2025

A Venezuela aguentará Maduro até 2031?

A Venezuela é um país onde vive uma significativa comunidade portuguesa e luso-descendente, estimando-se que existam entre 400.000 e 1,3 milhões de pessoas de ascendência portuguesa. Com cerca de 30 milhões de habitantes, o seu território possui as maiores reservas de petróleo do mundo, correspondentes a cerca de 18% do total de reservas provadas.
A história recente do país foi marcada por Hugo Chávez, um militar que organizou uma tentativa falhada de golpe em 1992, mas que veio a ser eleito presidente em 1998 e ocupou a presidência entre 1999 e 2013. Com s sua morte, sucedeu-lhe o seu delfim Nicolás Maduro, que desde 2013 tem ocupado a presidência do país e governado sob o signo do chavismo, com poder absoluto e com repressão por vezes violenta da oposição.
No passado dia 28 de Julho realizou-se a eleição presidencial e Nicolás Maduro concorreu para um terceiro mandato, contra o diplomata Edmundo González Urrutia que se apresentou ao sufrágio porque Maria Corina Machado, a líder da oposição, foi proibida pelo governo de participar. O governo anunciou a vitória de Nicolás Maduro, mas tudo parece indicar que González venceu com ampla vantagem. A apreciação das actas das assembleias de voto poderia esclarecer quanto aos resultados, mas o govermo nunca as mostrou, apesar da pressão internacional para que o fizesse. 
Tanto Maduro como González se declararam vencedores, mas os Estados Unidos, a União Europeia a e generalidade dos países sul-americanos recusa-se a aceitar a vitória de Maduro, que tomou posse no dia 10 de Janeiro e, como refere o jornal El País, “se autoproclama presidente sin mostrar las actas”.
As fronteiras com o Brasil e com a Colômbia estão fechadas, aumentam as sanções económicas contra o regime chavista e a oposição não se desmobiliza no combate à ditadura de Maduro, que tem um mandato até 2031. Porém, não é provável que o consiga cumprir devido ao crescente descontentamento popular, à hostilidade internacional e à convicção generalizada que houve grossa fraude nas eleições de 28 de Julho.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Marcelo foi despedir-se de Jimmy Carter

Jimmy Carter, que foi o 39º presidente dos Estados Unidos entre 1977 e 1981, faleceu no dia 29 de Dezembro de 2024 na sua casa em Plains, no estado da Geórgia. Tinha 100 anos de idade e um enorme prestígio nacional e internacional, porque lhe foram sempre reconhecidos os esforços para aliviar tensões em pontos críticos do mundo, designadamente nas Coreias e no Médio Oriente, bem como na procura da paz na Bósnia e no Sudão. Quando em 1980 perdeu a sua reeleição para o seu adversário Ronald Reagan, afirmou que não iria usar o seu passado político para enriquecer. Assim, em 1982 fundou o Carter Center, uma organização não-governamental e sem fins lucrativos, com o objectivo de aprofundar os direitos himanos e aliviar o sofrimento humano em mais de oitenta países. Em 2002 foi distinguido com o Prémio Nobel da Paz em reconhecimento pelas suas décadas de esforços para encontrar soluções pacíficas para os conflitos internacionais. 
O presidente Joe Biden decretou um funeral de estado, que se realizou ontem na Catedral Nacional de Washington e que teve a presença de todos os cinco ex-presidentes vivos dos Estados Unidos — Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden — mas também de algumas (poucas) personalidades internacionais: Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá; Yoshihide Suga, ex-primeiro-ministro do Japão; Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal; Prince Edward, Duque de Edimburgo, representando o rei Carlos III; Gordon Brown, ex-primeiro-ministro do Reino Unido; António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas.
Significa que Marcelo Rebelo de Sousa foi o único presidente do mundo a despedir-se de Jimmy Carter. Marcelo não se ficou por funerais em Odemira, não resistiu e foi a Washington. Então não há por lá um embaixador de Portugal que nos possa representar?
A edição de hoje do jornal Toronto Star escreveu que “chefes de estado e ex-líderes se reúnem para prestar homenagem a Jimmy Carter”. Não é verdade, pois só lá esteve um presidente não americano. Foi Marcelo Rebelo de Sousa, que continua a gastar-nos o dinheiro com estes exageros de representação e que se vê na fotografia publicada no jornal, a olhar embevecido para Donald Trump.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

A calamidade está a abalar Los Angeles

O estado norte-americano da Califórnia está a ser afectado por uma enorme calamidade de natureza meteorológica, que parece ser mais uma consequência das alterações climáticas, um dos problemas mundiais a que, curiosamente, as administrações americanas não têm dado importância. As imagens que as televisões nos mostram dos incêndios florestais que estão a afectar os arredores da cidade de Los Angeles são terríveis e catastróficas. Anunciam-se cinco mortes e mais de 200 mil pessoas já foram retiradas das suas casas devido às chamas que ameaçaram ou invadiram algumas zonas residenciais dos arredores da cidade, algumas delas bem conhecidas como Beverly Hills, Hollywood, Palisades, Malibu, Pasadena e outras. 
O jornal Chicago Tribune escolheu como título “Inferno em L.A.” e o The Sacramento Bee optou pela manchete “Winds Fuel South State Infernos”, enquanto o Los Angeles Times escolheu “Like a Thousand Fires”, isto é, anuncia que parecem mil incêndios.
Mais de 400 mil pessoas no estado da Califórnia estão em casa sem electricidade por causa dos incêndios e algumas áreas, como a Sunset Boulevard, uma das avenidas mais populares do país, está em ruínas, como se tivesse sido duramente bombardeada, mas muitos outros bairros já foram devorados pelas chamas, que já devastaram mais de 27 mil hectares. As condições meteorológicas são extremas, com rajadas de vento de direcção variável, que ontem atingiram 160 quilómetros por hora, a transportar materiais incandescentes a longas distâncias e a multiplicar os focos de incêndio.
A calamidade que está afectar o Condado de Los Angeles é realmente brutal e não tem precedentes na história da Califórnia. Toda a imprensa americana noticia o enorme drama que está assolar o estado californiano e tem acentuado que arderam as multimilionárias mansões de várias celebridades dos meios cinematográficos.
A cidade que recebeu os Jogos Olímpicos de 1984, prepara-se para receber os próximos Jogos Olímpicos de 2028.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

O Donald "avança" com a Donroe Doctrine

Numa mensagem ao Congresso dos Estados Unidos proferida em 1823, o presidente James Monroe definiu os pontos essenciais da política americana contra a interferência europeia no continente americano. Esses princípios ficaram consagrados na história como a Doutrina Monroe e estabeleciam que os países do continente americano “não podem ser susceptíveis de colonização por nenhuma potência europeia”, ou mais simplesmente, anunciavam a "América para os americanos". 
Nos finais do século XIX, os Estados Unidos tornaram a Doutrina Monroe num instrumento do seu imperialismo e passaram a intervir militar, política e economicamente um pouco por todo o continente e, sobretudo, na região das Caraíbas. Assim nasceu o conceito de “quintal dos Estados Unidos”, significando a sua área de influência e de interesse estratégico na América Latina. Depois da 2ª Guerra Mundial este conceito evoluiu e os interesses dos Estados Unidos tornaram-se globais.
Agora, ainda antes de assumir a presidência dos Estados Unidos, veio o Donald Trump mostrar apetência pela compra da Gronelândia (our land), pela anexação do Canadá (51st state), pela ocupação do canal do Panamá (Panamaga) e pela mudança de nome do Golfo do México (Gulf of America).
A edição de hoje do jornal New York Post chama Donroe Doctrine a estes apetites, ou a esta Trump’s vision for the hemisphere, isto é, a esta mistura da Doutrina Monroe com as ideias do Donald.
Assim vão as coisas, ainda antes que Donald Trump tome posse e ocupe a Casa Branca.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Trump já provocou a queda de Trudeau?

Os nomes e as imagens dos mais importantes líderes democráticos mundiais são tantas vezes repetidos nos mass media que se tornam familiares para a opinião pública e, por vezes, até parece que têm “mandatos perpétuos”, embora sejam resultantes do processo democrático e do voto popular.
Quando Helmut Kohl foi chanceler da Alemanha durante 16 anos parecia que nunca mais abandonaria o lugar, mas depois veio Angela Merkel que também ocupou aquela função dirante 16 anos. O cargo de primeiro-ministro no Reino Unido foi desempenhado por Margaret Thatcher durante 11 anos e por Tony Blair durante 10 anos, enquanto Felipe Gonzalez foi primeiro-ministro da Espanha durante 14 anos. Kohl, Merkel, Thatcher, Blair e Gonzalez são apenas alguns dos líderes que quase parecia que tinham “mandatos perpétuos”.
Justin Trudeau, que chefia o Partido Liberal e é o primeiro-ministro do Canadá, também parecia ser um caso de “mandato perpétuo”, pois ocupa esse cargo há 9 anos. Porém, ele e o seu governo tornaram-se impopulares devido à inflação de 6,8% em 2022, ao contínuo agravamento do custo de vida, à crise na habitação e dos serviços públicos, sobretudo a saúde. A eleição de Donald Trump também perturbou a política canadiana, quando este afirmou que o Canadá “vive de subsídios dos Estados Unidos” e que os canadianos “adoram a ideia de se tornarem no 51º estado americano”. 
Justin Trudeau tem 53 anos de idade e não resistiu à pressão interna, nem às ”ameaças” de Trump (que também quer dominar a Gronelândia e o Panamá). Demitiu-se e a sua demissão fez hoje a manchete de toda a imprensa canadiana, nomeadamente do jornal The Gazette que se publica em Montreal. Como se não bastassem as tensões que ocorrem por esse mundo, podemos ter mais esta...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

A grande festa das cabalgatas de Sevilha

A Cabalgata de Reyes Magos é uma tradição natalícia que consta de um ruidoso e animado desfile de carros alegóricos, que se realiza no dia 5 ou no dia 6 de Janeiro na generalidade das cidades espanholas, em Andorra-a-Velha e em Gibraltar, mas também em algumas cidades polacas, checas, mexicanas e venezuelanas e, também, na portuguesa vila de Monção.
A tradição das cabalgatas é recente. A primeira realizou-se em 1866 no município de Alcoy, na província de Alicante da Comunidade Valenciana, mas rapidamente se estendeu por toda a Espanha, sendo uma representação da chegada dos Reis Magos – Melchior, Gaspar e Baltazar e os seus pajens – que em vistosos carros alegóricos percorrem as ruas das cidades, lançando caramelos e guloseimas para as crianças.
A cidade de Sevilha parece ser aquela onde as cabalgatas actualmente despertam mais entusiasmo, “con casi una veintena de cabalgatas”, que percorrem as ruas da cidade durante mais de três horas, sob o entusiástico aplauso de muitos milhares de pessoas, segundo anunciava o Diario de Sevilla na sua edição de ontem.
Porém, as cabalgatas também têm sido muito criticadas por se terem transformado num “produto turístico”, perdendo todo, ou grande parte, do seu significado religioso. Hoje, as cabalgatas são discutidas nesse “parlamento popular” que são as redes sociais. E se alguns protestam porque as cabalgatas perderam o seu sentido religioso e dizem “qué sacrilegio!”, outros respondem dizendo que "en esta ciudad, somos así, y que nadie nos cambie", ou que "la ciudad de la alegría, de las ganas de vivir, de la pasión. Sevilla en estado puro".

domingo, 5 de janeiro de 2025

Baixa do Cassange: massacre há 64 anos

O dia 4 de Janeiro é o Dia dos Mártires da Repressão Colonial em Angola e, na sua edição de ontem, o Jornal de Angola prestou tributo às vítimas dos acontecimentos que ficaram registados na história como o “massacre da Baixa do Cassange”.
Aconteceu que nos primeiros dias do ano de 1961 os trabalhadores agrícolas das plantações algodoeiras da Companhia Geral de Algodões de Angola (Cotonang), uma sociedade luso-belga com actividade na Baixa do Cassange, um território localizado entre os distritos de Malange e da Lunda-Norte, decidiram protestar contra as suas condições de trabalho, armaram-se de catanas e canhangulos e desafiaram as autoridades portuguesas, destruindo plantações, casas e pontes. A reacção dos colonos portugueses foi violenta e teve apoio militar, designadamente da Força Aérea Portuguesa, que bombardeou a região e provocou baixas entre os manifestantes.
Controlada pela censura, a imprensa portuguesa da época não noticiou estes acontecimentos, mas houve quem tivesse estudado o assunto e publicado (Revista Militar, nº 2517, Outubro, 2011). Esse estudo conclui que “teria havido entre duzentas e trezentas mortes entre os revoltosos, muitos das quais poderiam ter sido evitadas se não fosse a histeria inicial de que estavam imbuídos e cerca de uma centena de feridos, tratados no Hospital de Malange”.
Porém, o MPLA tem aproveitado estes acontecimentos para condenar o regime colonial, para justificar a sua luta de libertação e para fortalecer a unidade nacional do país. Assim, instituíu o Dia dos Mártires da Repressão Colonial, afirmando que “o heróico feito de 4 de janeiro de 1961 deve ser transformado em fonte de inspiração para todos os cidadãos, de Cabinda ao Cunene” e considerando que “o exército colonial matou milhares de camponeses”. Porém, parece que em boa verdade, o condenável massacre colonial da Baixa do Cassange, que aconteceu há 64 anos, atingiu algumas centenas e não milhares de trabalhadores.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

A paz no mundo deve começar em nós…

Na altura da passagem do ano é costume fazerem-se balanços sobre o ano que findou e formularem-se votos para o novo ano, sendo frequente expressarem-se desejos de saúde, paz, harmonia, prosperidade e outras coisas boas. Os jornais não fogem a essa regra, pois fazem balanços do ano que findou e relatam as festas do fim do ano, mostrando as imagens do fogo-de-artifício em Sydney, em Kuala Lumpur, no Dubai e em muitos outros locais do mundo.
Na sua primeira edição do novo ano de 2025, para além das imagens do fogo-de-artifício, a generalidade dos jornais internacionais noticiou o atentado terrorista de New Orleans, tentou perspectivar o que vai ser a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos, divagou sobre o futuro das guerras na Europa Oriental e no Médio Oriente e, poucas vezes, tratou a paz com o devido destaque.
O Correio Brasiliense, o principal jornal de Brasília, foi uma singular excepção, ao publicar uma pomba da paz na sua primeira página e ao escolher para manchete a frase “A paz deve começar em nós…” e, acrescentando depois, “… Não importa qual a sua fé, o que importa é a vontade de lutar para um mundo melhor, essa é a mensagem de religiosos de vários credos ouvidos pelo Correio aos brasilienses. Devemos sempre manter a capacidade de largar o ódio, pois essa pode ser a única maneira de pacificar nosso planeta. É preciso recomeçar. Afinal, o caminho da vida é o da liberdade e da beleza… Feliz 2025!”
Esta mensagem que diz que a paz deve começar em nós e que é preciso recomeçar, apelando à paz e ao fim do ódio, bem precisava de chegar aos ouvidos de meia dúzia de dirigentes mundiais, mas também aos dirigentes menores que continuam a incitar ao ódio, mas também àqueles que, nomeadamente na Europa, se calam e que, por isso, consentem.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Há que condenar todos os terrorismos

O novo ano de 2025 começou de forma muito dolorosa para os Estados Unidos devido a uma acção de grande violência ocorrida na cidade de New Orleans, que as autoridades já classificaram como terrorista. Às primeiras horas do dia 1 de Janeiro, quando uma enorme multidão celebrava a chegada do novo ano na Bourbon Street, uma das mais importantes e mais frequentadas ruas de New Orleans, no estado da Luisiana, um motorista lançou a sua pick-up Ford Ranger a alta velocidade sobre as pessoas, daí resultando 15 mortos e 35 feridos.
O autor deste criminoso acto era um cidadão americano de 42 anos de idade, veterano do Exército, tendo sido encontrados armas e explosivos na sua viatura, além de uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico, também designado por ISIS e por Daesh.
A grave ocorrência e as cenas de horror que se seguiram foram relatadas por toda a imprensa americana e por muita imprensa internacional, que condenaram de forma unânime esta brutal acção terrorista, que pode significar que aquela organização não morreu no Médio Oriente e ainda vive, inclusive nos Estados Unidos. O lamentável e desumano acto que ceifou muitas vidas inocentes, veio mostrar que o terrorismo, enquanto acção de violência extrema contra tudo e contra todos, acontece por toda a parte e obriga a alterar o modo de vida de cada comunidade. 
O terrorismo é criminoso, não faz discriminação religiosa e não é de esquerda nem de direita. Os ataques terroristas de Londres, Paris, Nice, Estocolmo, Manchester ou Barcelona, visaram atingir sempre o maior número possível de vítimas. Ontem, nas Twin Towers de Nova Iorque, nas bombas humanas dos Tigres Tamil do Sri Lanka, no atentado de Paris contra o Charlie Hebdo ou, mais recentemente, no cruel massacre que ocorre em Gaza e na Bourbon Street de New Orleans, a Humanidade deve condenar com firmeza todos os tipos de terrorismo.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Pico, ou a beleza no coração do Atlântico

A revista Volta ao Mundo é uma referência no que respeita à divulgação de destinos turísticos e na sua edição de Janeiro de 2025 destaca a ilha do Pico, referindo-se-lhe como uma “[ilha] de beleza no coração do Atlântico”. Ao escolher a ilha do Pico entre “12 destinos para amantes de séries e filmes”, entre os quais se incluem a cidade de Budapeste e as ilhas Canárias, a revista presta uma boa homenagem àquela ilha açoriana que designa como “a ilha baleeira, a ilha de pedra, a ilha cinzenta, a ilha sofredora, de cujo ‘chão roto’ um frei tirou um vinho ímpar, vai para séculos”. Para quem gosta da ilha ou nela tenha raízes familiares ou culturais, esta reportagem é uma excelente maneira de iniciar o ano de 2023. 
Porém, a leitura da reportagem deixa uma sensação de vazio ao leitor. De facto, a própria reportagem anuncia que “a Volta ao Mundo viajou a convite da Alma do Pico Nature Residence”, um empreendimento localizado na vila da Madalena e, naturalmente, tem o formato editorial que se classifica como publireportagem, isto é, um texto de publicidade que elogia um produto ou serviço, por vezes de forma exorbitante e desproporcionada, que é publicado para parecer um artigo jornalístico objectivo, independente e verdadeiro. Dessa forma, ao comprar a revista, o leitor e o potencial visitante estão a comprar gato por lebre. Evidentemente que o texto se fundamenta na verdade e na recolha de depoimentos de vários residentes mas, como escreveu o poeta popular António Aleixo (1899-1949), “pra mentira ser segura e atingir profundidade, tem que trazer à mistura qualquer coisa de verdade”.
E há tanta coisa grandiosa, interessante, atraente e verdadeira na ilha do Pico, que não é necessário recorrer a este tipo de reportagens por encomenda.