quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Todos à espera da cimeira de Anchorage

Faltam apenas dois dias para o encontro de Anchorage entre Donald Trump e Vladimir Putin e muito se tem especulado sobre essa reunião que, entre outros assuntos, vai procurar uma solução para o problema da Ucrânia, onde tem morrido muita gente. Seria muito bom que houvesse “fumo branco” e que o povo e as cidades ucranianas voltassem a viver em paz.
Muito se tem especulado, sobretudo através dos incontáveis comentadores que tomaram conta das televisões portuguesas, sobre o que pode acontecer nesse encontro, se Zelensky estará ou não presente no Alasca, se haverá ou não um cessar-fogo, se haverá cedências das partes e que tipo de cedências. Há demasiada especulação daqueles que precisam de alimentar espaços noticiosos e audiências, esquecendo-se que a diplomacia está a trabalhar e que a sua principal regra de conduta é a discrição.
A capa do jornal New York Post diz quase tudo. Os europeus estarão fora a reunião de Anchorage e a sua voz vale cada vez menos, porque tem dirigentes medíocres que, desde 2014, se demitiram da sua função de árbitros de um conflito com características de “guerra civil”, preferindo ressuscitar as tensões da “guerra fria” ao prometerem ajudar a Ucrânia enquanto fosse preciso. Agora estão amuados com a iniciativa do Donald e sabem que a continuar com a sua teimosia vão ter de gastar muito dinheiro.
Não sei se há optimistas quanto ao que vai acontecer em Anchorage. Porém, desde já, há um aspecto bem positivo no encontro porque, certamente, vai arrefecer a tensão nuclear entre a Casa Branca e o Kremlin. Da mesma forma, o frente a frente entre Trump e Putin, que parecem ser homens de negócios, também parece ser um passo no bom sentido para o regresso da paz ao território ucraniano, como quase todos desejam.
Volodymyr Zelensky deveria estar nesse encontro, mas a sua presença talvez perturbasse em vez de ajudar…

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Sorte grande para o Morante de la Puebla

A festa brava, ou a fiesta que Ernest Hemingway consagrou no seu famoso romance The Sun also rises, é uma tradição ibérica cada vez mais contestada, mas que continua bem viva em muitas regiões peninsulares, sobretudo espanholas. Os festejos populares que acontecem durante o Verão, a par da componente religiosa incluem uma diversificada componente lúdica, com muitas atracções de feira, competições desportivas, espectáculos e concertos, que enchem o centro das cidades com música e alegria, mas também contemplam as corridas de touros que, por vezes, acontecem em dias sucessivos.
Na cidade de Pontevedra, em honra da padroeira da província, são anualmente celebradas as Festas da Virxe Peregrina, que se iniciam no segundo sábado de Agosto. É a grande semana daquela cidade galega, situada a cerca de 55 quilómetros da fronteira portuguesa.
A Plaza de Toros de Pontevedra, que é a única praça da região da Galiza e que recebe toda a actividade tauromáquica do noroeste de Espanha, apresentou os cartéis com os melhores diestros para a Feria de La Peregrina 2025, com corridas nos dias 9, 10 e 15 de agosto. Na corrida de ontem, que era o segundo dia da Feria Taurina, actuaram os matadores Morante de la Puebla, Alejandro Talavante e Daniel Luque, para lidarem touros da ganadaria Garcigrande, mas o diestro Morante de la Puebla, um ídolo sevilhano de 45 anos de idade, foi colhido com uma grave cornada durante a faena do seu primeiro touro.
O caso foi destacado como notícia de primeira página em vários jornais espanhóis, como por exemplo no diário madrileno ABC, mas poucas horas depois foi anunciado que Morante de la Puebla teve alta. Uma boa notícia para o diestro e para a sua família ou, dito de outra maneira,  que sorte grande ele teve.

sábado, 9 de agosto de 2025

Romaria d’Agonia: havemos de ir a Viana

As Festas d’Agonia que ontem começaram na cidade de Viana do Castelo, são um dos maiores acontecimentos culturais e religiosos de Portugal e, desde 1772, realizam-se todos os anos. Este ano, a Romaria dedicada a Nossa Senhora da Agonia vai estender-se até ao dia 20 de agosto e, como sempre, vai atrair milhares de visitantes fascinados pela diversidade dos eventos religiosos, em que se destaca principalmente a Procissão ao mar e ao rio, em que as embarcações vianenses decoradas a preceito, transportam a imagem da Senhora da Agonia pelo rio Lima. Porém, na parte cultural da Romaria destacam-se os tapetes florais criados pela imaginação dos moradores, os sons dos Zé Pereiras, dos bombos e das concertinas, das bandas filarmónicas e dos grupos folclóricos, as arruadas, os concertos e os cantadores ao desafio. 
Porém, um dos pontos mais altos da Romaria é o concorrido e espectacular Desfile da Mordomia, que ocorrerá no dia 14 de agosto, no qual mais de mil mulheres de Viana do Castelo desfilam com os ricos trajes tradicionais minhotos. Depois, no dia 16 de agosto, ocorrerá o habitual Cortejo Histórico-Etnográfico, com mais de 3.000 figurantes que mostram as melhores tradições da cidade.
Tudo acontece num ambiente ímpar de festa e diz-se que quem esteve na Romaria não a esquece e regressa. Como escreveu o poeta Pedro Homem de Melo e Amália cantou, "havemos de ir a Viana", embora o regresso nem sempre seja possível...
Todos os anos, a Romaria é publicitada por um cartaz oficial que tem um rosto e uma imagem oficial, escolhida através de um concurso. Este ano, a imagem central do cartaz é a jovem mordoma Bruna Oliveira Torre, de 17 anos, natural de Abelheira, a envergar o traje de domingar, feito em memória do primeiro traje da família, que foi confeccionado pela avó. 
A todos os meus amigos vianenses, em especial ao FSM, aqui fica o meu aplauso por esta singular manifestação de vitalidade e dinamismo cultural.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

A completa e criminosa destruição de Gaza

A edição de hoje do jornal The Guardian publica uma fotografia aérea do território de Gaza a toda a largura da sua primeira página e, como título, escolheu a frase: “Vista do ar, Gaza é como o rescaldo do apocalipse”. A utilização da palavra apocalipse diz tudo sobre a crueldade do extremismo israelita e a gravidade da situação que está transformada num verdadeiro crime contra a humanidade, cujo responsável é Benjamin Netanyahu, que bem pode ser baptizado como “o carniceiro de Telavive”. 
Hoje, também o The Wall Street Journal (WSJ) informava, com destaque de primeira página, que “muitos israelitas questionam a moralidade da continuada guerra na Faixa de Gaza”, acrescentando que “os protestos e as críticas a Netanyahu vêm aumentando em paralelo com a crise humanitária”.
Apesar da questão israelo-palestiniana dever ser analisada com cuidados redobrados devido à propaganda e à desinformação de ambas as partes, estas informações têm toda a credibilidade e mostram o extremismo de Netanyahu e a destruição completa que, sob as suas ordens, foi feita num território com o pretexto de libertar reféns e acabar com o movimento Hamas. Estão contabilizadas mais de 60.000 mortes, todos os dias morrem palestinianos sob os bombardeamentos israelitas ou com fome, enquanto o monstro a quem o TPI emitiu ordem de prisão por crimes contra a humanidade e crimes de guerra, continua na sua criminosa acção de vingança e extermínio, com o silêncio do mundo ocidental, ou mesmo com o seu apoio. Segundo o WSJ, diversas organizações de direitos humanos israelitas, bem como um antigo director da Mossad, acusam Netanyahu de genocídio, mas as lideranças europeias parecem não ver isso.
No meio desta vergonha que é o comportamento irresponsável, leviano e cobarde de muitos líderes europeus, pouco mais podemos fazer que mostrar solidariedade para com aqueles que estão a ser mortos diariamente pela fome e pelas bombas.  

A catástrofe de Hiroshima foi há 80 anos

Foi no dia 6 de agosto de 1945, exactamente há 80 anos, que um avião bombardeiro B-29 americano, comandado pelo tenente-coronel Paul Tibbets, lançou uma bomba atómica sobre a cidade japonesa de Hiroshima, de que resultou a morte imediata de mais de 70.000 pessoas. Três dias depois, uma segunda bomba atómica foi lançada sobre Nagasaki, estimando-se que tenham sido mortas mais 80.000 pessoas.
O avião de Paul Tibbets foi baptizado como “Enola Gay” e ambos ficaram na História como os responsáveis pelo primeiro ataque nuclear contra seres humanos a que a Humanidade assistiu, embora o presidente Harry Truman tivesse dito à tripulação do avião, após o seu regresso aos Estados Unidos: “não percam o sono por terem cumprido esta missão; a decisão foi minha, vocês não podiam escolher”.
São muito poucos os jornais que evocam esta triste efeméride nas suas edições de hoje e a excepção é o diário francês L’Humanité, que dedica toda a sua primeira página ao “terror nuclear”.
A partir de Hiroshima e Nagasaki, a ameaça nuclear passou a perturbar as nossas vidas e a manter a humanidade intranquila, pois haverá uma dezena de países que já dispõem da arma nuclear. Cada um deles, sobretudo os Estados Unidos e a Rússia, parecem viver num “equilíbrio de terror”, porque demasiadas vezes tratam das suas rivalidades e das suas conflitualidades com o olho posto nos respectivos arsenais nucleares.  
A cidade de Hiroshima reergueu-se da catástrofe de 1945 e hoje recebe um número recorde de países nas cerimónias evocativas do “dia em que a cidade desapareceu”, embora três potências nucleares – China, Rússia e Paquistão – estejam ausentes.
Que o “espírito de Hiroshima”, que visa promover a paz no mundo e a abolição das armas nucleares, seja reforçado para o bem da humanidade.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Brasil reage às provocações de Bolsonaro

A notícia que chegou do Brasil não surpreendeu ninguém, pois era sabido que o ex-presidente Jair Bolsonaro se afirmara humilhado com as medidas de coação tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo as buscas judiciais domiciliárias e o uso de tornozeleira, o que fez com que reagisse muito mal e o levasse ao não cumprimento do que lhe estava determinado. Era de esperar essa atitude. Agora, por ordem do ministro Alexandre de Moraes do STF, foi-lhe imposta prisão domiciliária e terá de cumprir uma série de medidas cautelares. Além de usar a tornozeleira electrónica, ele está proibido de receber visitas sem autorização judicial e terá muitas restrições ao uso de telemóvel. Além disso, o não cumprimento destas condições poderá levar a que seja decretada a sua prisão preventiva em unidade prisional.
Esta decisão anunciada pelo jornal A Tarde de Salvador e por outros jornais brasileiros, parece marcar o fim da tolerância do STF para com o ex-presidente, face às reiteradas provocações de Jair Bolsonaro, provavelmente excitado pelo seu aliado Donald Trump, que insiste em meter-se onde não é chamado. Segundo o STF, Bolsonaro insiste no uso indireto das redes sociais, através de filhos e amigos, que é uma prática que lhe está vedada desde fevereiro, mas que continua a manter para atacar o sistema eleitoral brasileiro, o STF e os seus juízes e, até mesmo, para defender a intervenção estrangeira no país.
Na história do Brasil, Jair Bolsonaro é o primeiro presidente a ser preso por subversão institucional, esperando-se que seja julgado a partir de setembro, mas só o tempo dirá como vai evoluir esta situação, que é muito complexa.

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

O "mundo celta" e a sua riqueza cultural

A cidade bretã de Lorient recebeu a 54ª edição do Festival Intercéltico que se realiza desde 1971. Trata-se de um evento que envolve populações com culturas e sentimentos celtas e que habitam nas Astúrias, Bretanha, Cornualha, Escócia, Galiza, Irlanda e País de Gales, mas também a diáspora celta que se fixou no Quebec e em várias regiões dos Estados Unidos, da Austrália e da Nova Zelândia.
Apesar do festival ter um vasto programa cultural e muita música, segundo os relatos da imprensa, o Grande Desfile das Nações Celtas é o seu ponto mais alto, sendo aguardado por milhares de pessoas ansiosas e entusiasmadas pelos sons e pelos trajes celtas de mais de três mil artistas, dançarinos e músicos, que marcham em cortejo pelas ruas da cidade, sob grandes aplausos do público.
La Grande Parade des Nations Celtes realizou-se no passado domingo e durou mais de três horas. Na cabeça do cortejo  desfilaram “as bandeiras das nações celtas”, logo seguidas pela Bagad de Lann-Bihoué, a famosa banda bretã composta por gaitas de foles, bombardas e tambores que é a bagad da Marinha Francesa e que a representa em diversos eventos nacionais e internacionais.
O cortejo deste ano teve a participação de 61 agrupamentos provenientes do “mundo celta”, sobretudo muitas bagad ou bandas de música celta, podendo aqui ser destacadas a Banda de Gaitas La Reina del Truébano (Astúrias), a Lorient Festival Highland Dance Team (Escócia), o Grupo de Baile San Félix de Candás (Astúrias), a Bagad New-York (Bretanha/USA), a Interceltic Scottish Pipe Band (Escócia), a Bagad An Hanternoz (Bretanha), o Cercle Quic-en-Groigne (Saint-Malo), o Treorchy Male Choir (País de Gales), a Bagad Naoned (Nantes), a Skeealyn Vannin (Ilha de Man) e a Bagad Sonerien an Oriant (Lorient), entre muitas outras.
Foi uma grande festa que pode ser vista online na plataforma you tube e o jornal Le Télégramme, que se publica em Lorient, dedicou-lhe a sua primeira página, mas La Grande Parade des Nations Celtes mostra que a geografia política da Europa não está bem resolvida, como mostrou o “mundo celta” e o seu festival.

domingo, 3 de agosto de 2025

O Donald já meteu esta Europa no bolso

Desde há muitos meses que temos escrito nesta janela que a Europa, a “velha Europa” que tem sido o símbolo da civilização actual e que foi inspiradora do progresso humano que circula pelo mundo, atravessa uma crise profunda por não ter líderes à altura das circunstâncias e tão só umas figuras menores, deambulando vaidades por cimeiras que as televisões promovem. Provavelmente, alguns deles nem leram o Tratado de Roma, até porque ainda não eram nascidos. As Ursulas e os Macrons, os Boris Johnson e os Mark Rutte são produtos de marketing, sem sabedoria nem substância, que parecem obedecer a um poder que vem do outro lado do Atlântico e que tremem perante um qualquer fanfarrão que os receba na sala oval da Casa Branca, com pose intimidatória e agressiva.
Na sua edição de hoje, a propósito da génese de uma nova ordem mundial, o jornal El País escolheu como principal o título “Trump desnuda a Europa”. De facto, é incrível e desoladora a forma como Donald Trump humilha toda a gente e, especialmente, a debilitada Europa, à qual retirou qualquer influência nos conflitos da Ucrânia e de Gaza e à qual até exige a compra de equipamento militar, “dificilmente compatível com o seu estado de bem-estar social”. Com 27 soberanias na União Europeia e com 27 projectos políticos de variadas tonalidades, os eleitores europeus não vão aceitar facilmente aquilo que os seus líderes se propõem fazer para satisfazer a vontade do Donald em que, de forma ostensiva para com todo o mundo, procura fazer a “America Grande outra vez”.
Há realmente um problema sério na Europa e são poucos os que reagem, pois a maioria parece aceitar a situação com subserviência, como se ela não existisse e opta por “esconder a cabeça na areia”.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O ataque de Trump à economia brasileira

A obsessiva política de Donald Trump de “fazer a América grande outra vez”, está a perturbar o mundo e a gerar um clima de guerra comercial, com ameaças e muito pânico nos mercados, nos agentes económicos e até nas populações americanas que vão passar a pagar mais pelos produtos importados de que gostam. O fanfarrão Donald ameaça tudo e todos com as famosas tarifas alfandegárias, misturando o comércio com humilhações às soberanias nacionais, ou com represálias pelo reconhecimento da Palestina ou, no caso do Brasil, com o pronunciamento judicial do ex-presidente Jair. Aparentemente, o Donald atira em todas as direcções e, até agora, não há notícia de quem lhe tenha feito frente, com excepção do Brasil e do Canadá e, por isso, as novas tarifas anunciadas às exportações para os Estados Unidos, que vão dos 10% aos 50%, penalizam cerca de sete dezenas de países, embora os mais atingidos pareçam ser o Brasil, o Canadá e a Suiça. 
No caso do Brasil, o Donald quer ajudar o seu amigo Jair Bolsonaro que, tal como ele no Capitólio, também parece que quis fazer um golpe de estado. Porém, o governo brasileiro não alinha com os diktats trumpistas, nem a justiça brasileira aceita pressões internas e externas no “caso Bolsonaro”, o que tem dado origem a uma crise diplomática, de que resulta a vingança do Donald que fixou a taxa aduaneira de 50% para os produtos brasileiros que entrem nos Estados Unidos a partir de 6 de Agosto, embora estejam anunciados 694 produtos que ficam de fora.
Como já foi salientado por quem sabe, estas tarifas alfandegárias são “uma transferência unilateral de riqueza”, ou mesmo uma extorsão que Donald Trump está a fazer. Porém, no seu editorial da edição de ontem, o jornal O POVO que se publica na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, diz que “é preciso calma e firmeza para avaliar o impacto das medidas”. Terá que ser assim, até porque há quem pense que serão os próprios consumidores americanos que se irão zangar com o Donald

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Desigualdade social e pobreza em Angola

Por razões históricas, culturais e emocionais, Angola é um país irmão de Portugal. O traço mais evidente desta relação fraterna é a língua portuguesa, que faz com que o que se passa em Portugal interesse aos angolanos, da mesma forma que o que se passa em Angola interessa aos portugueses.
É por isso que a notícia revelada pelo jornal O País na sua edição de hoje, na qual informa que nas províncias de Luanda, Huíla, Huambo e Ícolo e Bengo houve “arruaças e vandalismo com saldo de 22 mortes, 197 feridos e 1.214 detidos”, desperta a atenção dos portugueses e, naturalmente, gera muita preocupação.
Desde o início de Julho que se vinham realizando acções de protesto contra o aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes, uma medida de política económica com que o governo de Angola pretende reduzir os subsídios a esses bens e serviços, com vista à estabilização das suas finanças públicas.
Na sequência de uma paralisação convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) para a passada segunda-feira como protesto contra esses aumentos, que teve o apoio das populações, surgiram desacatos, tumultos e pilhagens, por vezes muito violentos, em várias províncias de Angola. A Polícia Nacional de Angola interveio para conter esses desacatos e foi acusada de recorrer ao uso excessivo e desproporcionado da força, inclusivamente por balear alguns manifestantes.
O que se espera é que a paz social regresse rapidamente às cidades angolanas e que as autoridades adoptem políticas que contribuam para a redução da pobreza e para a diminuição das profundas desigualdades sociais angolanas, que são sempre focos de muita tensão e até podem afectar a coesão nacional.

A continuada submissão da Europa

Apesar de ainda ser uma espécie de “farol da civilização”, há uma lenta agonia da Europa na sua relação com a América e com a Ásia, como prova a irrelevância que vai tendo em todas as matérias internacionais de natureza política, económica e militar.
Depois de quatro meses de incerteza tarifária, aconteceu no passado domingo na Escócia um acordo entre Donald Trump e Ursula von der Leyen, pelo qual os Estados Unidos vão aplicar uma taxa alfandegária de 15% à generalidade das exportações da União Europeia, que ainda fica obrigada a investir 600 mil milhões de dólares nos Estados Unidos, sobretudo em energia e armamento. Embora a taxa de 15% seja mais leve do que os 25% que já vigoravam para a indústria automóvel, representa um forte aumento em relação à taxa de 2,5% que estava em vigor.
Este acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia, começou por ser aplaudido pelos dois lados do Atlântico, mas rapidamente surgiram dúvidas sobre se foi uma capitulação, como escreveu o jornal La Dépêche du Midi, ou se foi simplesmente um caso de pragmatismo. Para alguns pragmáticos, a União Europeia estava ameaçada com taxas de 30% e ao conseguir taxas de 15% conseguiu um bom acordo, embora o Reino Unido tivesse conseguido taxas de 10%. Porém, muitos líderes políticos e empresariais europeus já criticaram o acordo em termos muito duros e consideraram-no escandaloso, tendo o primeiro-ministro francês dito que foi “um dia sombrio” e que a União Europeia, que é “uma aliança de povos livres se resignou à submissão”. Mais curioso e mais realista foi o comentário do empresário francês Arnaud Bertrand que disse que o acordo é “uma transferência unilateral de riqueza” e que "se parece bastante com o tipo de tratado desigual que as potências coloniais costumavam impor no século XIX, só que, desta vez, a Europa é a vítima". 
Donald Trump impôs a sua vontade e não fez qualquer cedência, enquanto Ursula von der Leyen lhe deu uma boa ajuda para ele levar por diante o Make America Great Again. Muita asneira tem feito esta senhora, o que nos faz pensar sempre em Jacques Dellors, um "Senhor Europa" como não houve outro.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Uma nova esperança para a Palestina

Nos últimos dias vários países ocidentais parecem ter acordado de uma longa cumplicidade com o regime extremista e genocida de Benjamin Netanyahu, cada vez mais um carrasco do povo palestiniano, a coberto de querer acabar com o Hamas.
Depois de muitas hesitações, a questão dos “dois estados” - um estado árabe e um estado judeu independentes e cooperantes, ou da Palestina e de Israel - que nasceu há muitos anos e foi adoptada pela ONU, voltou a estar em cima da mesa.
Durante a recente Conferência Internacional da ONU sobre a questão palestiniana, o seu secretário-geral António Guterres falou alto e bem, exigindo o fim da guerra e da crueldade sobre Gaza, o fim das tentativas israelitas para destruir Gaza e anexar a Cisjordânia, defendendo a unificação de Gaza e da Cisjordânia e o reconhecimento dos estados de Israel e da Palestina. No mesmo sentido se pronunciou, pela primeira vez e de forma clara, o governo português pela voz do ministro Rangel, o que se vivamente se saúda.
Antes, a Islândia e a Suécia tinham reconhecido o estado da Palestina, a que se juntaram em Maio de 2024, a Espanha, a Irlanda, a Eslovénia e a Noruega. Agora, é a França e o Reino Unido que anunciam poder vir a reconhecer a Palestina no próximo mês de Setembro e até Portugal dá sinais de ter acordado.
A imprensa britânica deu grande destaque às declarações de Keir Starmer, tal como a imprensa francesa fizera das afirmações de Emmanuel Macron. Pelo contrário, a imprensa portuguesa não deu qualquer destaque à declaração do Ministro dos Negócios Estrangeiros, nem mostrou solidariedade para com António Guterres, nem apoio ao povo palestiniano. A imprensa portuguesa anda preocupada com outras coisas, não só os incêndios florestais o que é normal, mas sobretudo com os milhões que fazem do futebol um caso de loucura e de subdesenvolvimento completo, à volta de Gyokeres, João Félix, Luis Suárez, Ivanovic ou Bednarek - o chamado jornalismo da treta.

terça-feira, 29 de julho de 2025

A novíssima Roig Arena ilumina Valência

O jornal elPeriódico que se publica em Barcelona destaca na sua edição de hoje a novíssima Roig Arena, um complexo cultural e arquitectónico que aloja onde um recinto multieventos, que foi construído em Valência e que será inaugurado no próximo dia 6 de setembro.
Na cidade natal de Santiago Calatrava, cuja obra é a marca dominante da Cidade das Artes e das Ciências, emblemática da cidade de Valência e o seu destino turístico mais importante, além de ser um dos “12 Tesouros de Espanha”, a Roig Arena já ilumina a cidade, como salienta o jornal catalão em título de primeira página.
O novo equipamento é uma notável obra de arquitectura que começou a ser construído em 29 de junho de 2020 e que é uma iniciativa do empresário Juan Roig que, para o efeito, criou uma empresa – Licampa 1617 SL – para conceber e realizar o projecto que terá uma concessão de 50 anos, após o que reverterá para o Município de Valência. O recinto ocupa uma área de 47 mil metros quadrados e terá capacidade para 15.600 pessoas em jogos de basquetebol e 18.600 em concertos, contando também com um parque de estacionamento para 1.300 viaturas. “El interior del recinto, com una altura de 35 metros, tiene las dimensiones de una catedral”, diz o elPeródico.
Com um investimento de cerca de 300 milhões de euros, a Roig Arena converte uma zona degradada da cidade, situada a cerca de mil metros da Cidade das Artes e das Ciências, numa nova centralidade para a cidade de Valência, que atrairá pessoas, actividades e recursos.
A Roig Arena será a casa do Valencia Basket e pretende ser um elemento de promoção do desporto e da cultura, apresentando concertos e, com data já marcada para breve, o Campeonato da Europa de Andebol.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Tadej Pogacar dominou o Tour de France

Terminou ontem em Paris a 112ª edição do Tour de France que teve como vencedor indiscutível o ciclista esloveno Tadej Pogacar que, aos 26 anos de idade, ganhou pela quarta vez a prova maior do ciclismo mundial.
De 5 a 27 de julho foram percorridos 3.302 quilómetros, distribuídos por 21 etapas, tendo este fenómeno do desporto internacional triunfado em quatro etapas, brilhado nas etapas de montanha e também nas etapas contra-relógio.
Através das imagens televisivas e da excelência das reportagens apresentadas, todos puderam ver a superioridade de Tadej Pogacar sobre os outros ciclistas e o enorme entusiasmo com que os franceses acompanham o Tour de France.
A prova terminou nos Champs-Elysées, em Paris, numa festa com enorme entusiasmo popular que, inesperadamente, também foi uma disputadíssima etapa, o que levou a edição de hoje do jornal L’Équipe a dedicar-lhe a palavra “épique”.
Depois de Pogacar classificaram-se o dinamarquês Jonas Vingegaard e o alemão Florian Lipowitz. Terminaram a prova 160 ciclistas, tendo Nélson Oliveira (Movistar Team) obtido o 74º lugar da classificação geral, enquanto João Almeida (UAE Team Emirates) desistiu na sequência de uma queda em que fracturou uma costela.
No dia 23 de agosto começa La Vuelta a España. Espera-se que João Almeida esteja recuperado, que participe e que possa lutar por uma boa classificação.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

A fome agudiza a tragédia palestiniana

O que se passa em Gaza é uma vergonha para o mundo civilizado, é a barbárie mais cruel que se possa conceber e só pode gerar a indignação e a revolta da humanidade, embora muitos líderes mundiais continuem a pactuar com o extremismo israelita e a bestialidade de Benjamin Netanyahu.
“Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”, assim escreveu Sophia de Mello Breyner na “Cantata da Paz”, um poema musicado em 1970 por Francisco Fanhais, que apelava ao fim da guerra e ao respeito pela dignidade humana. Nos dias que passam, este poema tornou-se tão actual como quando foi escrito, então em sinal de revolta contra as guerras, contra todas as guerras, desde o Vietname até à Guiné-Bissau.
Em Gaza, depois das bombas, da destruição indiferenciada e de milhares de mortos, a fome alastra e a situação humanitária degrada-se. Um quarto das crianças em Gaza está subnutrida e, de acordo com a edição de ontem do diário francês Libération, “mais de uma centena de ONG denunciam ‘une famine de masse’ ou uma fome generalizada no enclave, onde as mortes por desnutrição se multiplicam por falta da ajuda alimentar que está bloqueada por Israel”.
Nas suas edições de hoje, alguns jornais internacionais de referência publicam expressivas fotografias que denunciam os efeitos da fome na população de Gaza.
Dizem alguns jornais que, perante o agravamento da situação, a União Europeia renovou as ameaças a Israel e não excluiu a adopção de sanções, caso o regime extremista de Netanyahu não cumpra o acordo firmado no início do mês de Julho sobre a melhoria da crise humanitária em Gaza. 
Que falta de vergonha...
Que conversa medíocre... 
Que tristeza de Europa!

terça-feira, 22 de julho de 2025

End This Horror Now. Now. Now.

A Europa que foi a bússola da humanidade durante muitos séculos, tem andado à deriva e a ser governada por dirigentes menores, incapazes e vaidosos, que cada vez são menos escutados no mundo. Um dos mais chocantes aspectos da política europeia é a forma como têm sido apoiados os sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia e, inversamente, como nada tem sido feito em relação à brutalidade e à desumanidade israelita contra os palestinianos, sem uma crítica ou um veemente protesto. Algumas declarações avulsas de um ou outro dirigente, não apagam a cumplicidade europeia para com os horrores que os extremistas israelitas de Netanyahu praticam diariamente sobre o esfomeado e humilhado povo palestiniano.
Acontece que a imprensa é dominada pelos grandes interesses e que as suas linhas editoriais são cada vez menos independentes, sendo dominadas pela desinformação e, por isso, não é habitual que um qualquer jornal levante a sua voz para condenar Israel pelo continuado massacre sobre o povo palestiniano. Por isso, a edição de hoje do jornal britânico Daily Mirror merece o nosso destaque, ao escrever END THIS HORROR NOW, em linha com o conteúdo de um manifesto ontem divulgado.
Diz o jornal que o Reino Unido se juntou a 24 outros países num manifesto pedindo o fim da guerra, quando mais 85 palestinianos foram mortos, apenas porque suplicavam por água e por comida. O manifesto diz o seguinte: 

"Nós, os signatários listados abaixo, unimo-nos com uma mensagem simples e urgente: a guerra em Gaza deve terminar agora. O sofrimento dos civis em Gaza atingiu novos patamares. O modelo de prestação de ajuda do governo israelita é perigoso, alimenta a instabilidade e priva os residentes de Gaza da dignidade humana. A negação, por parte do governo israelita, de assistência humanitária essencial à população civil é inaceitável. Israel deve cumprir as suas obrigações ao abrigo do Direito Internacional Humanitário.”

A declaração é assinada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Polónia, Portugal, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido.
Portugal assinou. Finalmente, houve uma tomada de posição. O corajoso Rangel devia ter vergonha por ter esperado tanto tempo.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

O Brasil é dos brasileiros!!

Por estar à frente da mais poderosa nação do mundo, o presidente Donald Trump tem vindo a comportar-se com arrogância pessoal, fanatismo ideológico e com todo o tipo de ameaças, mostrando uma enorme falta de respeito pela soberania dos outros estados.
Não é preciso dar exemplos do que o trumpismo vem fazendo no mundo, ameaçador e vingativo, dando o dito por não dito e reduzindo a sua acção política a uma simples contabilidade de custos e proveitos, sob o lema do MAGA (Make America Great Again), sempre inscrito no seu boné vermelho.
Agora chegou a vez do Brasil. O Donald não gostou que os BRICS se tivessem reunido no Brasil e condenassem o ataque americano ao Irão, nem que pedissem para os israelitas abandonarem Gaza e para que acabassem com a sua cruel ofensiva contra os palestinianos. Além disso o Donald tratou de criticar a justiça brasileira por acusar Jair Bolsonaro de tentativa de golpe de estado, o que é uma grosseira intromissão nos assuntos de um estado soberano.
Já depois disto e por ordem do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Jair passou a usar uma tornozeleira e vai passar a ter que cumprir várias regras comportamentais, enquanto a sua casa foi objecto de buscas judiciais. Furioso, o brasileiro de que o Donald tanto gosta, veio afirmar que “é a suprema humilhação”.
Nos Estados Unidos foram retirados os vistos a vários ministros brasileiros, incluindo Alexandre de Moraes, enquanto os empresários brasileiros dos sectores industrial e agrícola se têm unido em torno do vice-presidente Geraldo Alckmin, como se sempre tivessem sido apoiantes do governo de Lula.
Como diz a mais recente edição da revista Veja, “o tarifaço do presidente americano,  ajuda a popularidade de Lula e faz a oposição se dividir entre defender Bolsonaro ou os interesses do país”. 
Com determinação e coragem, Lula fez-se fotografar com um boné azul onde se lê “O Brasil é dos brasileiros” e responde-lhe: Thank you Mr. Trump!
Era bom que esta disputa se ficasse pelos bonés...

sábado, 19 de julho de 2025

O melhor inimigo de cada um…

As relações entre Donald Trump e Vladimir Putin são um enigma da política internacional e um motivo de inquietação para o mundo. Nos últimos meses lemos as mais diferentes versões e declarações sobre estes dois líderes mundiais e ficamos sem saber se são amigos, se são amigos de conveniência, se são parceiros de negócios, ou se são apenas indivíduos que se conhecem há muito tempo e que se toleram. 
A revista alemã Der Spiegel dedica a sua última edição a esse assunto com o título "Sein Bester Feind" (o seu melhor inimigo) e, na capa, as expressões exibidas por Trump e por Putin, ajudam-nos a compreender a relação entre ambos. Segundo salienta a revista, “Donald Trump há muito que admira publicamente Putin pela sua força”, mas “agora, o presidente dos Estados Unidos está cada vez mais irritado com o governante russo”. Nos últimos doze anos Trump elogiou Putin – “inteligente e brilhante”, “ele sabe como fazer as coisas”, um “pacificador” e ainda disse que “se dava bem com ele” e que poderia “tornar-se o seu melhor amigo”.
A revista refere ainda que “Donald Trump há muito tempo bajula Vladimir Putin e Boris Johnson até disse que ele tinha um ‘fascínio homoerótico’ pelo presidente russo”, perguntando como surgiu a ruptura entre ambos e como pode a zanga de Trump com Putin influenciar a guerra na Ucrânia.
Donald Trump disse, muitas vezes, que com ele na presidência nunca teria havido guerra na Ucrânia e repetiu, também muitas vezes, que acabaria com a guerra em 24 horas. Agora ele estará desiludido com Putin, porque ele não cede nas suas exigências territoriais e não aceita o acordo que lhe foi proposto, pelo que decidiu enviar mais armas para a Ucrânia - a ser pagas pelos contribuintes europeus, como sentenciou esse imbecil do Mark Rutte.
O mundo depende cada vez mais de homens como estes. É um imbróglio, até porque, manifestamente, nem um nem o outro dão qualquer importância ao Macron, ao Starmer, ao Merz, à Ursula, ao Costa, isto é, aos líderes europeus que continuam a fazer cimeiras sobre cimeiras e a assistir com indiferença à criminosa crueldade israelita contra os seus vizinhos.

terça-feira, 15 de julho de 2025

A NATO assume envolvimento na Ucrânia

A guerra da Ucrânia já dura há muito tempo e parece evidente que os defensores da paz têm perdido no confronto com os apoiantes da guerra, embora a distorção noticiosa, a manipulação informativa e a intensa propaganda não permitam saber exactamente o que se passa, nem o que querem as partes em confronto.
Donald Trump sempre afirmou que acabaria com a guerra em 24 horas e parece que tentou a paz com o seu amigo Putin, mas desde que arranjou um secretário-geral da NATO sem dignidade e sem vergonha, viu que tinha uma janela de oportunidade para fazer negócio e vender a produção do seu aparelho industrial. Esse cretino que é Mark Rutte passou a ser o interlocutor privilegiado do Donald e senta-se presidencialmente na Casa Branca ao seu lado, como mostra a edição de hoje do Financial Times. Nenhum outro jornal de referência mostra a fotografia deste encontro, o que também demonstra que se trata de uma operação do mundo dos negócios, isto é, os americanos fornecem o material e os europeus pagam tudo, como foi desejo expresso da parceria entre Donald Trump e o seu lacaio Mark Rutte. O negócio à frente da diplomacia e da política, tal como Trump sempre aspirou.
Porém, o Donald dá as armas que os europeus vão pagar, mas também deu 50 dias ao seu sócio, ou simplesmente amigo Putin, para parar a guerra e aceitar a paz.
Humildemente não sei o que vai acontecer, mas esta entrada já indisfarçada da NATO no conflito sob o comando de Rutte e a teimosia russa de Putin em garantir a posse dos territórios ocupados não casam nada bem, como também não é de esperar que a Rússia aceite este tipo de ultimatos trumpianos.
Entretanto, deve haver muitos líderes europeus que não se reveem neste comportamento bajulatório, indecente e indigno de Mark Rutte e não estejam para o aturar, nem para apoiar o envolvimento directo da NATO na Ucrânia.

domingo, 13 de julho de 2025

A memória de Elcano regressou à Corunha

A edição de hoje do jornal El Ideal Gallego que se publica na cidade da Corunha desde 1917, insere uma bela fotografia a toda a largura da sua primeira página, na qual se vê o navio-escola Juan Sebastián de Elcano a aproximar-se da Torre de Hércules, o histórico farol que se encontra à entrada do porto.
A Torre de Hércules foi construída pelos Romanos no século I d.C. sobre um rochedo de 57 metros de altitude e tem 55 metros de altura, dos quais 34 correspondem à construção romana e 21 metros foram acrescentados quando a torre foi restaurada no século XVIII. No ano de 2009 a Torre de Hércules foi inscrita pela UNESCO na sua Lista do Património Mundial.
O jornal destaca em título que “Elcano” regressou à Corunha, numa dupla alusão à visita do veleiro e às celebrações do 5º centenário da partida da expedição de Garcia Jofre de Loaysa para as Molucas, a que os espanhóis então chamavam islas del Poniente, na qual tomou parte o experiente Juan Sebastián de Elcano. 
A expedição de Loaysa largou da Corunha e foi a primeira que o Imperador Carlos V enviou às Molucas, depois de Fernão de Magalhães ter descoberto em 1519, o estreito que liga o Atlântico ao Pacífico. Nessa expedição, que partiu da Corunha no dia 15 de julho de 1525, participaram sete navios, mas só um chegou ao seu destino e, tanto Elcano como Loaysa, morreram antes de chegar às Molucas.

sábado, 12 de julho de 2025

Um Lula corajoso face ao vingativo Donald

As retaliações anunciadas por Donald Trump contra o Brasil são mais um exemplo da perigosidade deste indivíduo vingativo, narcisista e poderoso. Hoje, já ninguém tem dúvidas de que o seu comportamento imprevisível e demasiado ambicioso pode trazer graves consequências para o comércio mundial e, naturalmente, também para os Estados Unidos.
O comércio internacional consiste na troca de bens e serviços entre os diferentes países e, segundo a teoria oitocentista de David Ricardo cujos princípios continuam válidos, tanto os países exportadores como os países importadores têm vantagens comparativas ao produzir certos bens e serviços e ao importar outros bens ou serviços. Por isso, quando o Donald ameaça ou aplica tarifas aduaneiras está a atingir os seus parceiros comerciais, mas também está a dar tiros nos pés e a afectar os sectores da economia americana que assenta nas importações.A imprensa brasileira tem procurado analisar algumas das possíveis consequências para a sua economia deste novo “trumpian model” e o jornal A Tribuna, que se publica em Santos, destaca o braço de ferro entre os EUA e o Brasil, bem como as possíveis perturbações para o seu porto. Outros jornais que veiculam interesses específicos de outros estados, designadamente no Rio Grande do Sul, também reflectem as suas preocupações pelos efeitos que o “trumpian model” possa ter nas agro-indústrias. As tarifas impostas pelo Donald são uma forma de apoio a Bolsonaro, a contas com a Justiça, mas “podem sair pela culatra” e ter um efeito contrário, podendo ser vistas como um ataque à soberania dos brasileiros e daí que o presidente Lula da Silva já tenha afirmado que protegerá o seu povo e as empresas brasileiras.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Trump ameaça o Brasil, mas Lula é firme

O presidente Donald Trump tem-se multiplicado em atitudes violadoras das normas de convívio internacional, por vezes com grosseria e sempre com arrogância, parecendo desafiar as soberanias de alguns países. Ameaçou o Canadá e a Dinamarca, deu luz verde a Netanyahu para destruir Gaza e criar uma Riviera de Médio Oriente, atacou o Irão sem ter quaisquer provas de que este país tinha ou preparava bombas nucleares e está agora a desafiar o Brasil ao impor taxas aduaneiras de 50% aos produtos brasileiros.
Esta medida surgiu como reacção punitiva aos países que integram o bloco das economias emergentes, designados como BRICS – dez estados-membros e dez parceiros-candidatos – entre os quais a China, a Índia, a Rússia e o Brasil, que representam 46% da população mundial e que realizaram recentemente a sua cimeira no Rio de Janeiro.
Donald Trump não gostou que os BRICS condenassem o ataque ao Irão e pedissem que Israel abandonasse Gaza, mas também veio declarar que era “terrível” a forma como está a ser tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é acusado pela Justiça brasileira por tentativa de golpe de estado, acusando o Brasil de estar a fazer “caça às bruxas”.
Naturalmente, o presidente Lula da Silva devolveu a carta de protesto que recebera do Donald e, num comunicado oficial publicado no jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que “a defesa da democracia no Brasil compete aos brasileiros”, “que ninguém está acima da lei” e que “somos um país soberano e não aceitamos a interferência ou tutela de quem quer que seja”.
Que pena não haver dirigentes na Europa com a firmeza de Lula da Silva.

Texas: meteorologia, geografia e tragédia

No passado fim-de-semana, a área central do estado americano do Texas e em especial o condado de Kerr, foi atingida por chuvas torrenciais que provocaram grandes enxurradas e inundações que, de acordo com a edição de ontem do jornal The Dallas Morning News já causaram 109 mortes, havendo ainda 160 pessoas desaparecidas.
A tragédia teve enorme repercussão pelo elevado número de perda de vidas e de bens materiais, incluindo casas e automóveis arrastados pelas águas, mas também por ocorrer no Verão, a época menos provável para que acontecesse. O governador do Texas, Greg Abbott, afirmou que “ninguém esperava uma parede de água de quase nove metros de altura”, referindo-se ao que aconteceu no rio Guadalupe que, em 45 minutos, subiu oito metros e transbordou.
A área por onde passa o rio Guadalupe tem uma geografia propensa a chuvas torrenciais e é conhecida como Flash Flood Alley (o beco das enchentes relâmpago), resultantes de fenómenos meteorológicos locais – o ar quente do golfo do México (que Trump quer que se chame golfo da América) encontra uma fileira de penhascos e colinas íngremes nesta região e condensa-se, podendo dar origem a chuvas intensas, que enchem rapidamente os rios, porque os terrenos naquela região não absorvem a água das chuvas. O fenómeno é conhecido e acontece por vezes, mas desta vez não foi previsto ou foi anunciado tardiamente, porque o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) “tinha perdido quase 600 dos seus cerca de 4 mil funcionários”, conforme a administração Trump decidiu em relação ao NWS e outras agências que foram “ forçadas a reduzir a sua força de trabalho”.
No Texas, como em muitas outras regiões do planeta, as medidas economicistas apressadas podem conduzir a grandes tragédias.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Pamplona e as Fiestas de San Fermin

Começaram ontem em Pamplona, na região autónoma de Navarra, e vão decorrer até ao dia 14 de Julho, as Fiestas de San Fermin ou Sanfermines, que são uma das mais animadas e mais afamadas festas espanholas, pois atraem centenas de milhares de visitantes.
As Sanfermines têm origem muito antiga, mas a sua fama surgiu através da obra do escritor americano Ernest Hemingway e do seu livro The Sun Also Rises, traduzido em Portugal como Fiesta. As festas iniciaram-se ontem com o lançamento de fogo-de-artifício, ou chupinazo, lançado da sacada do palácio governamental e terminam à meia-noite do dia 14 de Julho. Entre os dias 7 e o dia 14 decorrem, todos os dias às 8 horas da manhã, os famosos encierros, isto é, largadas de touros que percorrem três ruas do centro histórico de Pamplona, na distância de 849 metros, que normalmente duram três a quatro minutos e, quase sempre, provocam acidentes mais ou menos graves no público que a eles assiste. Dizem as crónicas que, entre 1922 e 2009, morreram 15 pessoas nos encierros das Sanfermines.
A intensa mediatização internacional das Sanfermines atrai manifestações diversas, que procuram afirmar as suas mensagens na fiesta, enquanto plataforma comunicacional de excelência. Assim aconteceu ontem, quando a organização homenageou o povo da Palestina, enquanto um grupo de activistas protestou contra as touradas durante as festividades.
Porém, como mostra a edição de hoje do Diario de Navarra, as gentes de Pamplona gostam demasiado das suas Sanfermines.

R.I.P. Amadeu Garcia dos Santos

Na passada sexta-feira faleceu na sua casa em Lisboa, com 89 anos de idade, o General Amadeu Garcia dos Santos, um homem com fortes ligações ao movimento militar do 25 de Abril de 1974, a cujos ideais se manteve sempre ligado com absoluta coerência. 
Na operação libertadora que devolveu aos portugueses a Liberdade, a Democracia e a Paz, o então tenente-coronel do Exército Português tinha 38 anos de idade e era um dos mais graduados militares que, com grande coragem e patriotismo, estiveram no Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas, instalado num pavilhão do Regimento de Engenharia Nº 1, na Pontinha. Nessa medida, foi um dos mais determinantes militares que participaram na Operação Viragem Histórica, como responsável pela concepção e montagem das transmissões, uma área em que era perito por ser engenheiro, as quais asseguraram o sucesso das acções militares.
Após ter cumprido essa importante missão “regressou a casa”, mas as suas qualidades de inteligência e de competência “obrigaram-no” a aceitar os cargos de Chefe da Casa Militar do Presidente Eanes, de chefe do Estado-Maior do Exército e de presidente da Junta Autónoma de Estradas, onde o seu desempenho foi muito elogiado pela sua competência, coerência e frontalidade.
O general Garcia dos Santos foi um dedicado servidor da Democracia e dos ideais do 25 de Abril, que sempre defendeu com firmeza, designadamente como presidente da Assembleia Geral da Associação 25 de Abril, de que era sócio fundador, pelo que o seu nome figura, com toda a justiça, na galeria dos militares que mais se destacaram na preparação e na execução das operações do “dia inicial, inteiro e limpo”, como Sophia de Melo Breyner se referiu ao dia 25 de Abril de 1974.
Com o seu exemplo de coragem, de discrição e de inteligência, ele foi um dos grandes portugueses da sua geração e um dos símbolos maiores do 25 de Abril.

domingo, 6 de julho de 2025

Será que a China já ganhou?

É cada vez mais um lugar comum dizer-se que o mundo está sob os ventos da insegurança e da incerteza, não só devido aos conflitos que estão a desafiar a estabilidade em diversas regiões do globo, mas também por causa da rivalidade e da competição entre o Ocidente e o Oriente, ou entre o velho mundo que tem dominado o planeta e o novo mundo que está a despontar no continente asiático e que rejeita o modelo unipolar que tem dirigido o nosso planeta. A mais recente edição do Courrier International pergunta mesmo “se a China já ganhou” e, em subtítulo, escreve:
“Perante um Donald Trump errático que alienou parte do mundo, o regime chinês posiciona-se como um polo de estabilidade, tecendo pacientemente a sua teia. E parece mais forte do que nunca.”
A ilustração da capa desta edição é esclarecedora e “vale mais do que mil palavras”, com uma mancha de tinta vermelha em movimento que ameaça o planeta, pois já corre sobre a África e sobre a Europa, começando a cobrir o Atlântico.
A revista salienta que com a sua obcessão pelas tarifas alfandegárias, o presidente Donald Trump está a acelerar o advento de um “século asiático”, que está a ser construído em torno da China, acrescentando que essas tarifas se tornaram “a cola que une os países asiáticos”, levando-os a criar novos mecanismos de cooperação económica e comercial entre si.
Entretanto, a nossa Europa vai mergulhando na irrelevância, ou mesmo na decadência, com os seus dirigentes dominados por “esta vaidade a quem chamamos Fama”, como tão bem os definiu Luís de Camões, há quinhentos anos.

sábado, 5 de julho de 2025

Viva a independência de Cabo Verde

A República de Cabo Verde celebra hoje 50 anos de independência e está anunciada uma grande celebração oficial que conta com a presença de quatro chefes de Estado, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa. Aqui, também saudamos essa efeméride e associamo-nos ao semanário Nação que se publica na Cidade da Praia.
O país consta de um arquipélago de dez ilhas com uma superfície total de cerca de 4.033 km2, que fica situado na costa ocidental africana na latitude do Senegal. Descoberto pelos navegadores portugueses e colonizado desde meados do século XV, o arquipélago esteve sob soberania portuguesa até à proclamação da sua independência no dia 5 de Julho de 1975. A reivindicação independentista foi dirigida por Amílcar Cabral e pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), embora só tivesse tido expressão armada na Guiné. Porém, o sentido descolonizador do movimento do 25 de Abril em Portugal e os princípios da Carta das Nações Unidas, levaram a que, através do Acordo de Argel de 26 de Agosto de 1974, o governo português tivesse reconhecido formalmente "o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência".
Desde então, a República de Cabo Verde afirmou-se na cena internacional como um exemplo no contexto dos países africanos, com uma população instruída e com bons índices de desenvolvimento económico e social. O sentimento nacional é grande entre a população e “não há saudades do tempo colonial”, embora Portugal seja uma referência permanente para os cabo-verdianos, pela língua, pelas tradições culturais, pela memória histórica, pelos seus emigrantes que vivem em Portugal e pelo entusiasmo com o futebol, mas também por coisas que os portugueses muito apreciam como as mornas e coladeiras e por essa maravilha gastronómica que é a cachupa.
O país de Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Pedro Pires, Cesária Évora, Germano de Almeida, Corsino Fortes, Titina, Bana, B Leza, Tito Paris e tantas outras ilustres personalidades, é um grande país. E aqui neste velho Portugal, onde gostamos de chamar “nuestros hermanos” aos espanhõis e irmãos aos brasileiros, o que haveremos de chamar às gentes de Cabo Verde, que nos estão tão próximas histórica e culturalmente e que aprenderam connosco a dizer sodade?

Tour de France 2025: le départ et la fête!

A 112ª edição do Tour de France começa hoje em Lille e até ao dia 27 de Julho, os 204 ciclistas de 23 equipas irão percorrer 3.338,8 quilómetros distribuídos por 21 etapas. Dizem as crónicas que a corrida deste ano promete ser uma das edições mais emocionantes e exigentes da história recente, pela previsível luta entre o esloveno Tajed Pogacar (vencedor em 2020, 2021 e 2024), o dinamarquês Jonas Vingegaard (vencedor em 2022 e 2023) e o belga Remco Evenepoel, embora haja outros ciclistas dispostos a entrar nesta disputa, como Primoz Roglic, Adam Yates, Matteo Jorgenson e, naturalmente, o português João Almeida.
O Tour de France é a prova rainha do ciclismo mundial e é uma das provas desportivas que mais interesse despertam. A sua transmissão televisiva, que será assegurada pela RTP, é um “espectáculo dentro do espectáculo”, constituindo um programa de informação  turístico-cultural de grande qualidade.
Na prova deste ano participam os portugueses João Almeida e Nélson Oliveira e, naturalmente, espera-se que nos possam dar algumas alegrias.
Os portugueses não têm grande historial no Tour de France. Na classificação geral, Joaquim Agostinho é, até agora, o português mais bem classificado de sempre, com o 3.º lugar em 1978 e 1979. Seguem-se João Almeida com o 4º posto em 2024, José Azevedo com o 5.º posto em 2004 e Alves Barbosa com o 10.º lugar em 1956.
Este ano, o nosso João Almeida tem a obrigação contratual de ajudar Tajed Pogacar que é o seu chefe de equipa, mas todos esperamos que os dois portugueses possam juntar o seu nome ao dos cinco compatriotas que já venceram etapas no Tour de France: Joaquim Agostinho (4), Acácio da Silva (3), Rui Costa (3), Paulo Ferreira (1) e Sérgio Paulinho (1).
A corrida começa hoje e o jornal La Voix du Nord é apenas um dos jornais franceses que assinalou a partida desta grande festa desportiva dos franceses.