A Europa está a viver uma situação de incerteza e de grande inquietação, por causa da crise financeira, mas também da falta de valores. Existe o risco de desagregação do projecto europeu, não apenas no que se refere à moeda única, mas também em relação a tudo o que já tinha sido conseguido num quadro de solidariedade europeia. Há optimistas que esperam soluções, mas há cépticos que já não acreditam. Diz-se muita coisa num sentido e diz-se o seu contrário. Fala-se em refundação ou até em reinvenção da Europa. Fala-se em duas Europas ou de uma Europa a duas velocidades.
Os ideais de Robert Schuman, Konrad Adenauer, Jean Monnet ou Paul Henri Spaak estão sem continuadores e a Europa está refém de interesses nacionais e de dirigentes sem chama, que se limitam a reflectir os interesses directos dos seus eleitorados para se manterem no poder. Sem visão nem desígnio. Sem perspectiva histórica.
Esta crise vem de longe, de muito longe, havendo muitas teorias explicativas para esta progressiva decadência que está associada ao envelhecimento demográfico, a um generoso modelo social e a uma escalada de consumo que não são sustentáveis, a uma indisciplina orçamental que desrespeita os compromissos de Maastrich e a muitos outros erros causados pela ganância e pela cegueira de políticos, eurocratas e financeiros.
Em Maio de 2010 tocaram os alarmes. Nessa altura The Economist abordou a crise da dívida pela primeira vez com o título Acropolis Now e, desde então, o tema passou a ter presença regular nas suas primeiras páginas, com frequentes notícias sobre as crises da Grécia e do euro. Significativamente, a crise portuguesa nunca despertou o interesse da primeira página do The Economist, vá-se lá saber porquê. Agora, a prestigiada revista pergunta: Is this really the end?
Por cá, houve muita gente que com arrogância, ignorância e ânsia de se encaixar (na Caixa Geral de Depósitos e noutras poltronas douradas) não quis ver nada disto.
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