A corrupção está a mobilizar o aparelho judicial e a dominar o debate
político em Espanha. “Cerco a la corrupcion”, titula hoje o diário ABC.
Actualmente, há quase dois milhares de espanhóis constituídos arguidos em diversos
processos de corrupção, entre os quais se incluem antigos e actuais ministros,
banqueiros, autarcas, o ex-presidente do FMI Rodrigo Rato, o filho do ex-presidente
catalão Jordi Pujol e até a infanta Cristina, irmã do rei. Para os espanhóis, a
corrupção é, depois do desemprego, o maior problema nacional e, só no passado
mês de Outubro, enquanto decorriam mais de 1700 investigações judiciais dirigidas
a cinco centenas de dirigentes políticos, foram constituídos mais 141 arguidos.
Além de agentes políticos e de dirigentes da administração pública, as
investigações em curso visam empresários, advogados, sindicalistas e outros
cidadãos.
Em Março de 2009 a prestigiada revista The
Economist publicou um artigo intitulado Why
is Spain so corrupt? e o seu autor interrogava-se quanto às razões porque
países como a Espanha, França, Itália ou Portugal tinham tão elevados níveis de
corrupção, afirmando que se tratava de
um problema cultural do sul da Europa.
Portanto, a corrupção não é apenas um problema espanhol.
Em Portugal também há corrupção, mas o seu combate não tem tido a mesma
intensidade do que acontece na vizinha Espanha, mas em contrapartida esse
combate está muito mais influenciado pelo comportamento sensacionalista e
irresponsável de alguma comunicação social. Enquanto em Espanha o segredo de
justiça é respeitado, em Portugal reina a impunidade em relação às continuadas
e criminosas violações do segredo de justiça e, mesmo quando apenas há suspeitas
ou se está sob investigação, a generalidade dos media
aposta na presunção de culpabilidade dos cidadãos e contribui para a sua
condenação pela opinião pública, quando ainda nem sequer estão acusados. Ora isso não devia acontecer porque nos afasta da verdade e da justiça.
A título de curiosidade, no Corruption
Perceptions Index 2013 divulgado pela Transparency
International encontramos a França (22º), Portugal (33º), Espanha (40º),
Itália (69º) e a Grécia (80º). Entre os 28 países membros da União Europeia, o
nosso país ocupa a 13ª posição, o que significa que em termos de corrupção
estamos melhor do que a média europeia, o que deve surpreender muitos
dirigentes europeus.
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