segunda-feira, 23 de setembro de 2019

A renovação da vida política na Madeira

Ontem, pela 12ª vez, realizaram-se as eleições legislativas na Região Autónoma da Madeira e, pela primeira vez nesse percurso político de 43 anos, nenhum partido obteve a maioria absoluta, pelo que terá que haver coligações ou acordos parlamentares para formar governo.
A Madeira esteve demasiado tempo dependente do mesmo governo de maioria que, embora com toda a legitimidade democrática, condenava os partidos da oposição a um papel irrelevante na vida política regional. Isso acontecia desde 1976 quando se realizaram as primeiras eleições para a Assembleia Legislativa da Região em que participaram 107.265 eleitores, que deram a vitória ao PSD liderado por Alberto João Jardim com 59,6% dos votos. Depois realizaram-se eleições em 1980, 1984 e 1988 e, em todas elas, o PSD obteve mais de 60% dos votos. Nas eleições de 1992 e até às eleições de 2004, o PSD continuou a ganhar com maioria absoluta, mas a sua votação entrou na casa dos 50%. Nas eleições de 2011 e 2015, o PSD ainda ganhou com maioria absoluta, mas a votação entrou na casa dos 40%.
Nas eleições que ontem se realizaram e em que votaram 143.190 eleitores, o PSD agora dirigido por Miguel Albuquerque obteve 39,4% dos votos, passando de 24 para 21 deputados. Pela primeira vez em 43 anos, o PSD não obteve a maioria absoluta o que significa que, como hoje diz o Diário de Notícias da Madeira, o “PSD já não manda sozinho”. Essa foi a primeira surpresa que nos chegou do arquipélago da Madeira. A outra surpresa que veio da Madeira foi a subida vertiginosa do PS que obteve 35,7% dos votos e passou de 7 para 19 deputados, afirmando-se como uma verdadeira alternativa aos governos dirigidos desde 1976 pelo PSD.
Os outros partidos conseguiram eleger 7 deputados mas, definitivamente, a Região Autónoma da Madeira parece ter rejeitado o jardinismo e adoptado a bipolarização pós-jardinista. Ora esta renovação da vida política é boa para os madeirenses (e portosantenses), pois podem alternativamente escolher “entre a carne ou o peixe”.

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