Ontem, pela 12ª vez, realizaram-se as eleições
legislativas na Região Autónoma da Madeira e, pela primeira vez nesse percurso
político de 43 anos, nenhum partido obteve a maioria absoluta, pelo que terá
que haver coligações ou acordos parlamentares para formar governo.
A Madeira esteve demasiado tempo dependente do mesmo
governo de maioria que, embora com toda a legitimidade democrática, condenava
os partidos da oposição a um papel irrelevante na vida política regional. Isso
acontecia desde 1976 quando se realizaram as primeiras eleições para a
Assembleia Legislativa da Região em que participaram 107.265 eleitores, que
deram a vitória ao PSD liderado por Alberto João Jardim com 59,6% dos votos.
Depois realizaram-se eleições em 1980, 1984 e 1988 e, em todas elas, o PSD
obteve mais de 60% dos votos. Nas eleições de 1992 e até às eleições de 2004, o
PSD continuou a ganhar com maioria absoluta, mas a sua votação entrou na casa
dos 50%. Nas eleições de 2011 e 2015, o PSD ainda ganhou com maioria absoluta,
mas a votação entrou na casa dos 40%.
Nas eleições que ontem se realizaram e em que votaram
143.190 eleitores, o PSD agora dirigido por Miguel Albuquerque obteve 39,4% dos
votos, passando de 24 para 21 deputados. Pela primeira vez em 43 anos, o PSD não
obteve a maioria absoluta o que significa que, como hoje diz o Diário
de Notícias da Madeira, o “PSD já não manda sozinho”. Essa foi a
primeira surpresa que nos chegou do arquipélago da Madeira. A outra surpresa que veio da Madeira foi a subida
vertiginosa do PS que obteve 35,7% dos votos e passou de 7 para 19 deputados,
afirmando-se como uma verdadeira alternativa aos governos dirigidos desde 1976
pelo PSD.
Os outros partidos conseguiram eleger 7 deputados
mas, definitivamente, a Região Autónoma da Madeira parece ter rejeitado o jardinismo e adoptado a bipolarização pós-jardinista.
Ora esta renovação da vida política é boa para os madeirenses (e portosantenses), pois podem alternativamente escolher “entre
a carne ou o peixe”.
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