No próximo dia 6
de Outubro vão realizar-se eleições legislativas em Portugal e, nos termos da
lei que estipula que a campanha eleitoral se inicia no 14º dia anterior ao dia
da votação, temos que essa campanha começou ontem.
Há 10.811.436
eleitores inscritos nos cadernos eleitorais (CNE), o que significa um aumento de 1,1 milhões de eleitores face
às eleições de 2015, porque foi introduzida a regra do recenseamento eleitoral
automático junto dos emigrantes, através do cartão do cidadão. Para um país
cuja população residente é de 10.283.822 habitantes (Pordata)
são demasiados eleitores. Isto é um exagero ou mesmo uma fantasia. O sistema de
recenseamento e os cadernos eleitorais têm que ser revistos. É uma exigência democrática.
Entretanto, nos
próximos 12 dias vamos ser bombardeados com uma campanha que se soma a uma
pré-campanha que, embora cordial e sem grandes ansiedades, foi muito longa,
tendo incluído muitas acções de campanha e vários debates na televisão e na
rádio, provavelmente pouco esclarecedores porque os candidatos prometem tudo,
mesmo quando sabem que não podem cumprir as suas promessas. A partir de agora
as televisões vão estar entopidas com imagens das caravanas e dos candidatos
nas ruas e nos mercados, que vão agitar bandeirinhas e distribuir folhetos,
bonés e canetas.
Porém, os
estrategas dos partidos sabem que o efeito das
campanhas eleitorais não altera significativamente as intenções de voto já
decididas pelos eleitores antes da campanha eleitoral, ou que os seus efeitos
serão mínimos. Esta conclusão já foi tirada há muitos anos pelo sociólogo
americano Paul Lazarsfeld (The People’s
Choice, 1944), que verificou que “só uma pequeníssima percentagem de gente
pode ser considerada indecisa ao ponto de poder ser convertida pela propaganda”
e que, mesmo os eleitores indecisos, são mais sensíveis às pressões sociais e
familiares do que às campanhas e à propaganda eleitoral. Certamente por
conhecerem esta teoria de base científica, os partidos deixaram de fazer os
grandes comícios, embora continuem a gastar muito dinheiro em cartazes e no merchandising. Será que vale a pena
gastar tanto dinheiro e cansar os eleitores com demasiadas aparições e
discursos que, eventualmente, podem produzir o efeito perverso de os afastar
das mesas de voto? Porém, a campanha eleitoral já está na estrada...
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