Nos últimos dias
a agenda da imprensa sul-americana tem sido ocupada, não pela Venezuela ou pelo
Chile, mas pela Bolívia, onde Evo Morales exercia a presidência desde 2006 e,
aparentemente, com grande apoio popular.
Acontece que se
realizaram eleições gerais no passado dia 20 de Outubro, tendo sido anunciada a
vitória de Evo Morales para mais um mandato presidencial. A oposição boliviana
denunciou de imediato que houve grossa fraude eleitoral e contestou aquele resultado,
pedindo uma nova votação que fosse fiscalizada pela comunidade internacional,
ao mesmo tempo que veio protestar para as ruas. As contestações do nosso tempo
começam sempre por um pretexto mais ou menos justo, mas a seguir vem a
reivindicação por uma vida melhor e por menos desigualdade social, por vezes de
forma violenta. Antigamente, este tipo de contestação só acontecia nos regimes totalitários, mas agora também está a acontecer nas democracias.
Na Bolívia, um enorme
país mas apenas com 10 milhões de habitantes, a contestação subiu de tom e,
como tem sido habitual um pouco por todo o mundo, os grupos radicais depressa
passaram a tomar conta dos protestos que se tornaram violentos. O governo
boliviano até avisou que estava a caminho um golpe de estado, sobretudo depois de
alguns quartéis da Polícia, incluindo na cidade de La Paz, terem decidido não
reprimir as manifestações. Entretanto, a Organização dos Estados Americanos
declarou que as eleições foram fraudulentas e, no mesmo dia, Evo Morales
convocou novas eleições. Já era tarde. Os chefes militares pediram a Evo
Morales que abandonasse o seu cargo para que a paz voltasse ao país e ele
renunciou pouco depois. O primeiro presidente de origem indígena da Bolívia
aceitou a oferta do México e seguiu para o exílio.
Só os próximos
dias nos ajudarão a compreender o que se passou, mas a realidade é que, por motivos aparentemente bem diferentes, sopram ventos muito frescos na Bolívia, no Chile e na Venezuela.
Sem comentários:
Enviar um comentário