domingo, 27 de março de 2011

O efeito dominó

Quando um jornal europeu e, neste caso espanhol, chama Portugal à sua primeira página, então é porque o assunto é muito importante para a Espanha, para a Europa e, naturalmente, para Portugal.
Trata-se do problema do défice e da dívida portuguesas que a edição do ABC salienta, devido às crescentes dificuldades para controlar essas variáveis. Desde há muito tempo que um problema português não suscitava tanto interesse na Europa. É que, apesar da economia portuguesa representar apenas cerca de 2% da economia europeia, o problema não é exclusivamente português e tem a ver com a crise europeia. De forma semelhante ao que se dizia em 1975, também Merkel, Sarkozy e Barroso não estão preocupados, agora, com o que se passa junto ao Tejo, mas sobretudo com aquilo que se pode vir a passar junto dos rios deles.
Perante a crise financeira portuguesa, há muitas vozes, interna e internacionalmente, que sugerem que Portugal recorra à ajuda externa para satisfazer os seus compromissos e necessidades de financiamento, através do BCE e do FMI. Assim fizeram a Grécia e a Irlanda. Porém, outras vozes, incluindo a do Primeiro-Ministro demissionário e de outros líderes europeus, consideram que esse caminho representa a entrada num perigoso ciclo, se os países europeus passarem a recorrer à ajuda externa sempre que surgirem dificuldades.
É o chamado efeito dominó em que, um após outro, cada país cairá nas garras do FMI e das suas severas regras. É este efeito que os países do Euro querem travar em defesa da moeda única. Daí o inequívoco apoio que as instituições e os líderes europeus expressaram, para que Portugal seja o primeiro país a resistir e não o terceiro país a cair na armadilha do FMI. Durante as próximas semanas será à volta desta problemática que muito se falará em Portugal.

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