Com este título,
a última edição da revista Visão inclui uma reportagem que
informa que a cidade de Lisboa tem quase cinco mil edifícios devolutos, todos
em mau estado de conservação ou a desmoronar-se.
As causas desta
situação, que se tem agravado nos últimos anos, são diversas e complexas. São
apontadas o êxodo que nos últimos anos tem afastado as pessoas do centro para
as periferias, os problemas de heranças em que os herdeiros não se entendem
quanto ao destino do imóvel, a exigente burocracia camarária em relação aos
projectos de construção ou reconstrução, a rigidez das rendas que ainda não
estimula os senhorios a fazer obras e a especulação imobiliária que prefere as
construções novas e mais rentáveis do que a reabilitação de prédios antigos.
Todas estas causas podem sintetizar-se em especulação imobiliária e crise
económica.
Dizem os
especialistas que a lei devia facilitar a reconstrução e dificultar a
construção, como acontece na França e na Suíça, mas também que, se os
proprietários não dão uso à propriedade, o Estado deve intervir e expropriá-la,
para a negociar depois a preço justo. A situação ainda é mais complexa porque
com a actual crise faltam recursos para tantas obras e, para além disso,
actualmente não há gente para encher tanta casa vazia. Porém, é preciso salvar
a cidade abandonada e encontrar soluções com urgência, até porque a
defesa do património e a reabilitação urbana podem ser boas saídas para a crise económica que
atravessamos. Foi isso que John Maynard Keynes nos ensinou!
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