A generalidade
dos países marítimos conserva tradições e evoca memórias do seu passado de
ligação ao mar, através de diversas manifestações que visam a preservação desse
legado. Uma dessas manifestações é a chamada revista naval, um evento em que um
significativo número de navios de vários países se reúne e desfila a propósito
de um acontecimento considerado relevante para o país organizador.
É com esse
espírito que a Austrália organiza no porto de Sydney, entre os dias 3 e 11 de
Outubro, a International Fleet Review (IFR), na qual participam 40 navios de
guerra e 17 veleiros de cerca de duas dezenas de países. O evento comemora o primeiro centenário da entrada no porto de Sydney da nova Royal Australian Navy: no dia 4 de Outubro de 1913 entraram na baía de Sydney o
navio-chefe HMAS Australia, à frente
dos HMAS Melbourne, Sydney, Encounter, Warrego, Parramatta e Yarra, tendo então sido saudados por milhares de pessoas. Foi um
momento de grande exaltação patriótica e de orgulho nacional que, como reconhecem os
historiadores, muito contribuiu para a afirmação e para o progresso da
Austrália.
Apesar do período de crise por que passa a Europa, a tradição
marítima europeia estará presente na baía de Sydney por navios da Grã-Bretanha, França,
Espanha e Holanda. A imprensa australiana destaca este evento e o The
Sydney Morning Herald titula “Sails of the century”, apresentando uma sugestiva imagem em
que um veleiro navega, tendo por fundo a Sydney Harbour Bridge, um dos
ex-libris da cidade. E aqui está, como um país jovem e quase sem história arranja pretextos para reforçar a sua coesão nacional, enquanto por aqui vamos assistindo à destruição de símbolos marcantes da nossa história por gente sem estatuto cultural, que até nos governa.
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