Lisboa: avenida 24 de Julho |
Desde os fins de
Maio até quase ao fim de Junho, muitas ruas e praças da cidade de Lisboa são
tomadas pelo azul aroxeado das flores dos jacarandás (jacarandá mimosifolia), uma árvore exótica cujo nome tupi-guarani
revela a sua origem sul-americana. A árvore foi introduzida em Portugal pelo
botânico Félix de Avelar Brotero quando dirigiu o Jardim Botânico no primeiro
quartel do século XIX, tendo sido aclimatizado e depois plantado por toda a
cidade de Lisboa e, em menor escala, em outras localidades. Dizem os livros que
o jacarandá tem o tronco um pouco retorcido e a copa arredondada, irregular,
arejada e rala, perdendo a folhagem no inverno e que tem raízes aprumadas e
profundas que não danificam os pisos das calçadas lisboetas, razão porque que
passou a ser muito utilizada na ornamentação das ruas, praças e parques da
cidade.
Porém, o que verdadeiramente
destaca o jacarandá é o seu florescimento a partir de Maio, que constitui um
fascinante espectáculo de azul aroxeado que alastra um pouco por todo o lado e que,
com a luminosidade característica da cidade de Lisboa, lhe dá um ar tropical único que
não é atlântico, nem é mediterrânico. Por isso, os jacarandás são um prazer para a vista, ao mesmo tempo que insinuam as
paragens brasileiras e inspiram muitos lisboetas a fotografar e a escrever sobre
este quase ex-libris da cidade de
Lisboa, que tanto encanta os lisboetas (excepção feita aos automobilistas que
estacionam junto das floridas árvores) e os turistas. Seguramente que, aos elementos que formam o eixo dominante da identidade lisboeta, como o estuário do Tejo, os monumentos e as igrejas, a memória histórica, o fado, as marchas populares, os cacilheiros, o SLB e o SCP, o pastel de Belém, a Tendinha, o João do Grão e tantas outras coisas boas da nossa cidade, teremos que acrescentar o nosso amigo jacarandá. Com toda a justiça!
Sem comentários:
Enviar um comentário