A UNESCO acaba de inscrever no Registo da Memória do Mundo o conjunto de
manuscritos medievais dos Comentários do
Apocalipse do Beato de Liébana existentes na Península Ibérica, em
resultado de uma candidatura conjunta de Portugal e Espanha, apresentada em
2014 e intitulada Manuscritos do Comentário do Apocalipse (Beatus de Liébana) na Tradição
Ibérica. O conjunto inclui onze manuscritos, nove existentes
em Espanha e dois que se encontram em Portugal, um dos quais é o códice conhecido como o Apocalipse de Lorvão, datado do séc. XII que pertence ao Arquivo Nacional da
Torre do Tombo e, o outro, é o códice conhecido como o Apocalipse de Alcobaça, existente na Biblioteca Nacional, que
foi produzido no Mosteiro de Alcobaça no início do séc. XIII.
A história remonta ao séc. VIII quando as Astúrias foram o reduto da
resistência ibérica contra a invasão muçulmana. Aí, no ano de 786, o padre
Beato de Liébana escreveu o Comentário do Apocalipse como uma interpretação do
último livro do Novo Testamento para que os cristãos comuns conseguissem
entender a linguagem simbólica do seu texto. No século XII o monge Egas, no Mosteiro
do Lorvão, fez uma cópia do texto do Beato de Liébana que ficou conhecida como Apocalipse de Lorvão,
ilustrando-a com 66 iluminuras e incluindo comentários pessoais. Como o
original do século VIII se perdeu, no século XIII foi feita no Mosteiro de
Alcobaça uma cópia a partir do Apocalipse do Lorvão do monge Egas, a que se chamou Comentário ao
Apocalipse do Beato de Liébana ou Apocalipse de Alcobaça. Únicos no seu género, estes códices são considerados uma expressão
cultural e artística de grande relevância produzida na Península Ibérica e com
grande disseminação no resto da Europa medieval.
No seu site, a UNESCO diz que aqueles manuscritos são “considerados os mais
bonitos e originais produzidos pela civilização medieval ocidental”. Com esta
classificação a Memória do Mundo da UNESCO passa a ter oito inscrições
portuguesas.
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