Quando
há poucos dias visitamos Goa, pudemos apreciar como ainda estavam presentes as
emoções de muitos goeses que se referiam à visita do Primeiro-Ministro António
Costa como um acontecimento que só gerara sentimentos de entusiasmo semelhantes, quando da visita privada do General Vassalo e Silva em 1980 e da visita oficial
do Presidente Mário Soares em 1992. De facto, quando nos dias 11 e 12 de
Janeiro visitou oficialmente a terra de origem do seu pai, António Costa foi recebido
como um filho da terra e como o primeiro chefe de governo europeu de origem
goesa, mas também soube cativar o entusiasmo popular quando afirmou sentir-se
orgulhoso das suas origens e revelar que o pai o tratava por Babush, uma
palavra que em concanim significa menino.
Os
goeses gostaram de António Costa que soube impor-se pela sua simpatia.
A
edição de Fevereiro da revista Goa Today dedicou-lhe a sua primeira
página, que inclui cinco artigos distribuídos por nove páginas e publica doze
fotografias do Primeiro-Ministro
português. Nunca tinha sido dado tanto espaço editorial a Portugal ou aos
portugueses. São textos muito laudatórios e que não são nada habituais na
imprensa goesa, pois ainda há alguns receios pela afirmação de sentimentos de
portugalidade, em consequência dos traumáticos acontecimentos de 1961. Se as visitas
do navio-escola Sagres ainda mobilizaram
o protesto de uma dúzia de activistas da Goa, Daman & Diu Freedom Fighters
Association, o facto é que António Costa os calou. Contudo, se nada de
substantivo for feito imediatamente para incrementar as relações culturais e
outras entre Portugal e Goa, esta visita perder-se-á no tempo e a memória
portuguesa continuará a declinar em Goa. António Costa deve ter ficado a saber que ou Portugal investe culturalmente em Goa, ou Goa prosseguirá na sua caminhada para a indianização cultural.
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