O Jornal
de Angola evocou na sua edição de ontem os heróis da Baixa do Cassanje,
que em Janeiro de 1961 foram vítimas da repressão colonial portuguesa. Trata-se
de um episódio pouco conhecido do colonialismo português, como de resto são os
acontecimentos de Batepá (S. Tomé e Príncipe, 1953). do Pidjiguiti
(Guiné-Bissau, 1959) e de Mueda (Moçambique, 1960).
Nos primeiros dias de
Janeiro de 1961, os trabalhadores das plantações algodoeiras da companhia
luso-belga Cotonang, na Baixa do Cassanje, decidiram fazer um protesto contra
as suas condições de trabalho e armaram-se de catanas e canhangulos, desafiando
as autoridades portuguesas e destruindo plantações, casas e pontes. Este
movimento tinha sido incentivado pela recente independência do Congo Belga, uma
vez que os povos do Congo e os daquela região angolana tinham raízes étnicas e
culturais comuns e, portanto, se os povos do Congo já eram independentes, os
povos daquela região também tinham essa aspiração. Os colonos portugueses foram
os primeiros a reprimir o protesto, mas o Exército também foi chamado, tal como
a Força Aérea. Os relatos diferem quanto ao que se passou, mas perderam-se
muitas vidas na repressão que ficou conhecida como o “massacre da Baixa do
Cassanje”.
As autoridades angolanas assinalam a efeméride como uma data de
celebração nacional, considerada o Dia dos Mártires da Repressão Colonial, em
que segundo os angolanos “morreram milhares de pessoas”, embora alguns estudos
refiram que “teria havido entre duzentas e trezentas mortes entre os revoltosos”.
Apesar
de se tratar de um acontecimento muito grave, não foi noticiado na imprensa
portuguesa da época, o que torna mais difícil o apuramento da verdade.
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