Óbidos – Rua Direita
Na principal rua da atraente vila de Óbidos, está colocada uma placa que assinala a realização de uma reunião conspiratória que foi decisiva no processo que conduziu ao 25 de Abril de 1974 e à queda do regime do Estado Novo.
Esse regime, habitualmente conotado com a longa governação de Salazar, foi implantado em 1926 e conservou-se no poder até 1974, isto é, durante quase 48 anos.
Após a 2ª Guerra Mundial e a vitória dos países democráticos, o regime isolou-se progressivamente da comunidade internacional, perseguiu as oposições, rejeitou a democratização, opôs-se à descolonização e decidiu-se por uma guerra colonial que se arrastou por cerca de 13 anos.
Ao longo dos anos sucederam-se algumas tentativas de mudança do regime por via eleitoral e por via armada, mas sempre sem sucesso.
Até que em 1973, a partir de uma contestação corporativa, começou a germinar no seio dos mais jovens oficiais das Forças Armadas a ideia de derrube do regime e, numa reunião plenária e clandestina realizada no Monte Sobral, em Alcáçovas, no dia 9 de Setembro de 1973, nasceu o Movimento dos Capitães, que mais tarde deu origem ao MFA – Movimento das Forças Armadas.
Muito clandestinamente, devido aos olhares e aos ouvidos da polícia política, os contactos e as adesões alargaram-se do Exército à Marinha e à Força Aérea e, numa reunião realizada em 24 de Novembro, foi defendida pela primeira vez, a tese de um golpe militar.
Depois, no dia 1 de Dezembro de 1973, realizou-se uma reunião plenária em Óbidos, onde a tese do golpe militar ganhou apoios e se perspectivou com um carácter revolucionário, para além de ter eleito a primeira Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães, constituída por 19 oficiais, além de terem sido escolhidos os Generais Costa Gomes e António de Spínola para servirem como emblemas de credibilidade para o Movimento.
Menos de 5 meses depois o MFA depôs o regime do Estado Novo, anunciou um programa político e abriu as portas à Democracia. Foi há 37 anos!
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